No final do mês passado, o embaixador dos EUA na Colômbia, William Brownfeld, declarou que “os EUA formalizarão, dentro de alguns dias, acordos para criação de bases militares em mais dois países da região” – sem, contudo, identificá-los – “a fim de não se criar mais perturbação”, tranquilizou.

Entretanto, estas declarações provocaram clima de perturbação, especificamente, assim que foi anunciada a vilegiatura de Arturo Valenzuela, secretário-adjunto para América Latina da Secretaria do Estado dos EUA, pelo Peru, Equador e, Colômbia.

O clima esquentou quando – ainda no Peru – Valenzuela “revelou” que “Brasil e EUA concluíram acordo para criação e instalação de mais uma base na região e, especificamente, uma base de operações no âmbito da guerra contra as drogas nos arredores da cidade do Rio de Janeiro”.

A instalação da base, que seria incluída no novo acordo de defesa entre os dois países, finalmente, não foi incluída no texto do acordo que formalizaram em Washington o secretário da Defesa dos EUA e ex-arquiaraponga da Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA, Robert Gates, e o ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim. Naturalmente, ninguém poderá, contudo, excluir a eventualidade de existência de outros planos de instalação de bases, mas estes não foram incluídos no novo acordo.

Volta da Rússia

De acordo com o teor do novo acordo, conforme foi divulgado pela Secretaria da Defesa (Pentágono) dos EUA, está prevista a ampliação da cooperação militar entre os dois países, “em comprometidos campos de interesse comum, incluindo a pesquisa e o desenvolvimento, apoio logístico, segurança das tecnologias e, aquisição de serviços e produtos defensivos”.

Adicionalmente, o acordo prevê “a possibilidade para amplo intercâmbio de informações no setor de experiência operacional, tecnologia de defesa, assim como, operações de paz e também maior extensão, conjugando treinamento e exercícios militares conjuntos”.

Enquanto parecia que a América Latina estava iniciando uma nova época, eis que chegou aqui, “no quintal” (abaixo do Rio Grande), o secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, com objetivo de manter conversações relativas à “revisão” do acordo formalizado ano passado, prevendo a instalação de sete bases militares norte-americanas em todo o território da Colômbia. Acordo que provocou uma tormenta de violentas reações em toda a América Latina.

Gates chegou à Colômbia vindo do Peru, onde destacou que “os acordos dos EUA na região e a instalação de bases militares não constituem ameaça para a região e não se destinam a um destinatário anônimo”, insinuando a Venezuela. Um esclarecimento que não convenceu ninguém.

Não pode, também, passar despercebida a intervenção da Rússia na região, com seu presidente, Dmitri Medvedev, declarando que “a Rússia está de volta à América Latina e, se isto não agrada a alguns, tanto faz para nós”, ou seja, eles que se danem.

Seja lá como for, é grande a movimentação dos EUA nos últimos tempos e, especialmente, durante os consideráveis eventos do ano passado, isto é, o golpe de Estado em Honduras, a volta da Quarta Frota Naval dos EUA nas águas da região, a formalização do acordo para a instalação das sete bases na Colômbia e os novos acordos que, espera-se, serão formalizados, relativos à instalação da mais duas bases militares norte-americanos em países da América Latina não identificados, confirmam a mais agressiva postura dos EUA para com a região e a criação de um “estado de assédio militar”, que traz à lembrança as antigas cinzentas e sangrentas épocas para a América Latina que, a exemplo de então, também, hoje, visa golpear movimentos populares e medidas filo-populares que têm sido adotadas pelos governos da Venezuela, Bolívia e Equador.

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Fonte: Monitor Mercantil