No dia cinco de agosto de 1895, na cidade inglesa de Londres, morre Friedrich Engels. Seu corpo foi cremado e lançado ao mar de Eastbourne. Sem sua atuação ativa e suas contribuições, o marxismo, nas palavras de Coggiola, “não teria existido”. Apesar de ser extremamente importante para o marxismo, suas obras são, de um modo geral, apresentadas como um apêndice, como algo secundário e de menor valor em relação às obras de Marx. A sua influência sobre Marx e outros detalhes sobre sua vida, sua obra e suas colaborações são ignorados sistematicamente. Em torno dessa discussão, o estudo em tela possui um duplo objetivo: o de refletir sobre o papel exercido por Engels, ou seja, suas contribuições no campo da teoria e da prática como líder socialista, sua participação na parceria com Marx e sua influência sobre ele; e também localizar e identificar os possíveis motivos que culminaram na sua ausência na literatura marxista e não marxista, nos debates acadêmicos, nas referências bibliográficas, nas escolas, sindicatos, partidos políticos e no imaginário popular.

A atuação indispensável de Engels na formulação do marxismo 

“Sem Friedrich Engels, não teria existido o marxismo” (1995, p. 9). Essa afirmação é de autoria de Coggiola, encontra-se na sua obra Engels: o segundo violino: “Refere-se ao fato de que a obra de Engels, tanto literária quanto prática, constitui junto com a de Marx um todo orgânico inseparável, que deu sua formulação teórica mais profunda, assim como a sua estruturação política mais expressiva, ao desenvolvimento do proletariado moderno”. (1995, p. 9) 

O processo pelo qual se formulou o materialismo histórico não é resultado das ações individuais empreendidas por Marx ou por Engels, pois “‘sozinho’, nem sequer Marx teria ‘concebido’ qualquer coisa” (COGGIOLA, 1995, p. 09-10).

Lênin, em uma pequena nota biográfica sobre Engels, afirma que “desde o dia em que o destino juntou Karl Marx e Friedrich Engels, a obra a que os dois amigos consagraram toda sua vida converteu-se numa obra comum” (1979, p. 28). O arcabouço teórico e metodológico que constitui o marxismo foi desenvolvido pelos dois ao longo de quase 40 anos de parceria política, intelectual e pessoal. Após o falecimento de Marx em 1883, Engels assumiu a liderança do movimento socialista internacional, dando continuidade ao desenvolvimento da teoria marxista. Publicou os tomos dois e três de O Capital e novas edições de outras obras de Marx; escreveu diversos artigos, ensaios, prefácios e posfácios e publicou seus próprios livros; de seu gabinete na Regent’s Park Road, em Londres, orientava política e teoricamente diversas organizações socialistas internacionais e se correspondia com socialistas de inúmeros países; além de realizar, em sua residência, reuniões políticas. Segundo o seu biógrafo Tristran Hunt, após o falecimento de Marx, Engels torna-se o “primeiro violino” e se mantém ativo política e intelectualmente até os últimos momentos de sua vida.  

Existem diversas razões para superarmos a ideia de que a principal função de Engels era ser o amigo de Marx, ou de que Engels era aquele que sustentava materialmente Marx e sua família, ou aquele que colaborava com Marx em suas obras. Essas ideias em nada ajudam a compreender o papel de Engels na formação da corrente político filosófica do marxismo, ao contrário, dificultam, além de subestimar por completo o real significado de suas colaborações e representarem sua figura de modo caricato. Segundo Rodrigo Castelo Branco, “Engels foi um pensador original, e não apenas um amigo e colaborador de Marx. Ele teve, até 1844, um desenvolvimento intelectual e político autônomo e chegou ao comunismo, ao materialismo e à crítica da economia política antes de Marx, fato negligenciado pela maioria dos marxistas”. (2005, p. 02) (2)

Nas Recordações Pessoais de Karl Marx, o socialista franco cubano e genro de Marx, Paul Lafargue, ressalta que Engels “era o alter ego de Marx” (2005, p. 152). Nesse depoimento, menciona também que Marx e Engels “desde a juventude se desenvolveram juntos e paralelamente, vivendo na mais íntima comunhão de ideias e sentimentos” (Ibidem). Apesar de Engels ter se estabelecido em Manchester e Marx em Londres, “continuaram, entretanto, a comunicar-se quase diariamente, emitindo opiniões sobre o que ia acontecendo, política e economicamente, assim como dando conta de sua atividade intelectual” (Op. cit.: 153). Lênin ressalta que o distanciamento geográfico “não os impediu de estar em estreito contato espiritual; escreviam-se quase todos os dias” (1979, p. 32). Lafargue descreve a profundidade da parceria existente entre os “fundadores do materialismo histórico”: “a opinião de Engels estava, para Marx, acima de qualquer outra, porque era o único homem que considerava com capacidade para ser seu colaborador. Para ele, Engels era uma audiência completa”; Marx descrevia “com satisfação todas as qualidades morais e intelectuais de Engels” (2005, p. 153).

Considerando todos os aspectos abordados, podemos afirmar que o termo marxismo implica não apenas em considerar as ideias e ações políticas de Marx, mas também em conceber de forma significativa a biografia de Engels, com suas ideias e práticas políticas no seio do movimento operário internacional. Sem a sua atuação, o marxismo simplesmente não existiria tal como o conhecemos hoje, ou nem se quer existiria. A influência de Engels sobre Marx e no movimento operário possui uma tal envergadura que José Paulo Netto, em relação à obra de Engels A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra, será enfático ao afirmar  que “é a partir desse livro que o projeto comunista começa a deixar o plano do ideal para expressar uma tendência do processo histórico real” (2004, p. 43).

A influência do “general” (3) sobre o “mouro” (4) 

Um fato que contribuiu significativamente para a aproximação entre Marx e Engels foi o ensaio escrito por Engels em 1844, intitulado “Esboço de uma crítica da economia política”, enviado aos Anais franco-alemães do qual Marx fazia parte. Quando Marx leu o Esboço, ficou impressionado com a originalidade de Engels ao discutir sobre “a exploração e destruição da classe trabalhadora, a oscilação entre prosperidade e crise. Imediatamente, Marx começou a corresponder-se com Engels, e resolveu estudar tudo dos economistas ingleses que já fora traduzido para o francês” (WILSON, 1986, p. 137).

Foi no pioneirismo de Engels que Marx finalmente encontrou o instrumento mais apropriado para compreender de forma mais capilarizada o desenvolvimento da sociedade e suas contradições internas, a economia: “Era preciso encontrar uma base econômica para a luta de classes. Já vimos de que modo Friedrich Engels veio a compreender a importância da economia como consequência de sua experiência em Manchester” (WILSON, 1986, p. 141-2).

Segundo Netto, Engels “dá o primeiro, e fundamental, passo para a crítica comunista à ordem burguesa embasada na investigação da economia” (2010, p. 29, grifos do autor). É preciso lembrar que o primeiro tomo de O Capital tem como subtítulo Crítica da Economia Política, uma clara demonstração da presença invisível de Engels nesta obra substanciosa. Gorender faz uma interessante observação a cerca deste assunto: “foi de Engels a primeira incursão no terreno econômico: em princípios de 1844, publicava o Esboço de uma Crítica da Economia Política. O opúsculo causou tanta impressão no espírito de Marx que este… passados muito anos, fez questão de citá-lo como um trabalho genial. É que, naquelas escassas páginas, despontavam, sem dúvida, intuições seminais decisivas”. (1979, p. VII, grifos do autor)

O Esboço de Engels era, segundo Marx, “genial”, assim como pode ser verificado no prefácio de Para Crítica da Economia Política, de 1859.  De acordo com Mauro Castelo Branco de Moura: “… a publicação do Deutsch-Französische Jarbüncher do artigo de Engels intitulado Umrisse zu einer Kritik der Nationalökonomie despertou Marx para os estudos de economia política e para a necessidade de sua crítica, que deram como resultado imediato a elaboração dos cadernos que ensejaram a publicação póstuma dos famosos Manuscritos Econômicos-Filosóficos de 1844”. (2007, p. 55, grifos do autor)

Marx afirmou que Engels “chegou por outro caminho (…) ao mesmo resultado que eu” (1982, p. 26). Sobre a trajetória político intelectual dos dois revolucionários, Netto faz uma interessante reflexão: “O jovem Engels movimenta-se para a perspectiva operário-revolucionária a partir da sua experiência direta na sociedade capitalista constituída, da sua análise da organização econômica e social que lhe é própria. Quanto a Marx, a sua evolução no sentido da mesma postura é prioritariamente mediatizada pelas instâncias da reflexão filosófica; somente quando começa a compreender que a filosofia, enquanto tal, é impotente para transformar a realidade, ele se volta para uma alternativa metafilosófica – e o proletariado a que se refere, em 1844, não é ainda a classe operária histórico e real que Engels já conhece bem” (2004, p. 39).

A divisão de trabalho e ajuda mútua 

Marx e Engels trabalhavam em conjunto dividindo as tarefas, tanto práticas quanto intelectuais, além disso, um colaborava com o outro, escrevendo, discutindo, aconselhando, opinando, apresentando propostas etc. Engels, no prefácio à segunda edição do livro Anti-Duhring, expõe brevemente um pouco dessa ajuda mútua que existia entre ambos: “(…) o décimo capítulo da parte segunda, consagrada à economia política (Sobre a história crítica) foi escrito por Marx. Infelizmente, eu o tive de resumir por motivos extrínsecos. Era, aliás, hábito nosso ajudarmo-nos mutuamente na especialização de cada um”. (1979, p. 09)

O arsenal epistolário entre o “general” e o “mouro” revela em minúcias as partes íntimas dessa relação. Em agosto de 1862, Marx envia uma carta a Engels, na qual pede sua opinião sobre um determinado assunto que considerava complexo: “deixe-me dizer uma ou duas palavras sobre o que, no texto, será uma questão longa e complexa, de modo que você possa me dar a sua opinião sobre o assunto” (1985, p. 394, tradução livre). Em uma outra carta, também do mês de agosto de 1862, Marx faz um pedido a Engels: “(…) você poderia vir para cá por alguns dias? Na minha crítica, demoli um tanto da velharia que há uma série de pontos a respeito de que eu gostaria de consultá-lo antes de dar continuidade. Discutir estas questões por escrito é cansativo tanto para você quanto para mim”. (1985, p. 411, tradução livre)

Em janeiro de 1858, em uma carta, Marx faz uma série de perguntas a Engels e pede dados empíricos sobre questões práticas da fábrica onde este trabalhava, pede também informações sobre a “circulação de capital e suas variações em diferentes tipos de negócios, entre outras coisas. Se você puder me dar qualquer informação sobre o assunto, seria muito bem-vinda” (1983, p. 256, tradução livre). Nessas três epístolas (5) de Marx a Engels, fica clara a participação ativa de Engels nas investigações de Marx no processo de elaboração d’O Capital. Nesse período, Engels divide seu tempo entre o trabalho na fábrica, da qual sua família era sócia, e suas atividades políticas e intelectuais com Marx. 

Buonicore chama a atenção para o fato de que um conjunto de ideias expressas por Engels em uma carta destinada a Marx, em três de dezembro de 1851, irá compor o famoso livro assinado por Marx, o 18 Brumário de Luiz Bonaparte: “A história da França alcançou um estágio completamente cômico. Não poderia haver nada mais ridículo que esta paródia de 18 Brumário realizada em tempos de paz, com a ajuda de soldados descontentes, pelo ser mais insignificante do mundo e que não encontrou até agora (…) nenhuma resistência (…). Nem torturando o espírito durante todo um ano se poderia criar comédia mais linda. Na verdade, parece que o velho Hegel dirige de sua tumba a história no papel de espírito mundial, cuidando com a maior atenção a que todos os acontecimentos apareçam duas vezes: a primeira sob a forma de tragédia e a segunda na forma miserável de farsa. Caussidiere por Danton, Louis Blanc por Robespierre, Barthelemy por Saint-Just, Flocon por Carnot, e o lunático Louis Napoleão, com meia dúzia de oficiais desconhecidos e cheios de dívidas em vez do pequeno cabo Napoleão I com sua turma de marechais”. (ENGELS, 1851 apud BUONICORE, 2013, s.p) (6)

Um outro ponto interessante, que merece ser mencionado, são os artigos escritos por Engels e assinados por Marx para as edições do jornal estadunidense The New York Daily Tribune, na década de 1850. Por três motivos, Marx pede a Engels que escreva os artigos por ele: o primeiro seria que Marx necessitava aprofundar suas investigações sobre economia e precisava de tempo para se dedicar a esse objetivo; o segundo motivo, Marx desejava receber o dinheiro pago por cada artigo para sustentar sua própria família; e o terceiro motivo, seria o fato de que Engels dominava melhor a língua inglesa do que Marx. Esse acontecimento só ocorreu devido à divisão de trabalho que existia entre os dois, cada um ficava responsável por realizar determinadas tarefas. “A colaboração ao longo de muitos anos no jornal progressista americano The New York Daily Tribune é um brilhantíssimo exemplo da unidade das concepções ideológicas e da amizade de Marx e Engels” (Instituto de Marxismo-Leninismo CC-PCUS. Friedrich Engels Biografia, 1986, p. 203). Segundo Stedman Jones, “uma colaboração desse tipo não duraria muito tempo se tratasse de uma relação entre mestre e discípulo, entre criador e divulgador. Ela funcionou porque a teoria de partida era ‘copropriedade’, de modo que ambos se sentiram igualmente empenhados em sua ampliação mediante a elaboração de uma teoria específica do modo de produção capitalista”. (1983, p. 417)

A ideia de “copropriedade”, da qual fala Stedman Jones, é expressada pelo próprio Marx quando este afirmou que “os pontos decisivos de nossa opinião foram indicados cientificamente pela primeira vez, ainda que apenas de uma forma polêmica, em meu escrito Miséria da Filosofia” (1982, p. 26, grifos meus). Apesar de se tratar de uma obra de autoria de Marx, não se tratam de ideias exclusivamente concebidas por ele. Marx afirma claramente que esse livro expõe as ideias elaboradas e desenvolvidas dentro de um projeto de parceria entre dois cérebros pensantes, entre ele e o “general”.

A modéstia de Engels 

Alguns estudiosos apontam a modéstia de Engels como um dos fatores que teria contribuído decisivamente para supervalorizar Marx e desvalorizar a imagem de Engels. Engels sempre adotou uma postura de se apagar para permitir que Marx pudesse brilhar; na orquestra, se considerava o “segundo violino”, reconhecendo Marx como uma pessoa de destacada inteligência e o grande mentor do movimento comunista. Nas palavras de Lênin, “Engels, em geral com toda razão, sempre se apagou diante de Marx” (1979, p. 33). Engels sempre se posicionava como um ator coadjuvante que ficava à sombra de Marx, dando, frequentemente, mais créditos a seu amigo. Numa certa passagem do Anti-Durhing, Engels faz questão de enfatizar a contribuição diferenciada dada por cada um: “uma observação de passagem: tendo sido criada por Marx, e em menor escala por mim, a concepção exposta neste livro, não conviria que eu publicasse a revelia de meu amigo” (1979, p. 09, grifos meus). Em uma nota em sua obra Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia Clássica Alemã, de 1886, Engels dá um importante esclarecimento sobre as contribuições dele e de Marx: “Eu próprio não posso negar que, antes e durante a minha colaboração de quarenta anos com Marx, tive uma certa quota-parte autônoma, tanto na fundação como, nomeadamente, na elaboração da teoria. Mas, a maior parte dos pensamentos diretores fundamentais, particularmente no domínio econômico e histórico, e, especialmente, a aguda formulação definitiva dela, pertencem a Marx. Àquilo com que eu contribuí, também Marx podia – quando muito, excetuando alguns ramos especiais – ter muito bem chegado sem mim. Ao que Marx realizou, eu não teria chegado. Marx estava mais acima, via mais longe, abarcava mais e mais rapidamente, do que todos nós, os outros. Marx era um gênio, nós, os outros, no máximo talentosos. Sem ele, a teoria não seria hoje, de longe, aquilo que é. Ela tem, portanto, também com razão, o nome dele”. (Nota de Engels, 1886) (7)

A modéstia de Engels não expressa com toda veracidade sua participação em relação à formulação do pensamento comunista, pois, nas correspondências e em sua própria trajetória, fica claro o peso de suas colaborações. No projeto de parceria entre os dois socialistas, Engels, em função da divisão do trabalho, teria ficado com a tarefa de apresentar na imprensa periódica suas concepções sobre assuntos variados em oposição a opiniões diversas. Desse modo, ficaria assegurado a tarefa de Marx de se dedicar com exclusividade a sua obra magna (BUONICORE, 2013). De acordo com Buonicore, foi dentro desse planejamento que: “Engels produziu AntiDühring (1877), Do socialismo utópico ao científico (1880), As origens da família, da propriedade privada e do Estado (1884), Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã (1886) e os manuscritos que, depois de sua morte, dariam origem à Dialética da natureza. Mesmo estes textos, muito criticados pela maioria dos ‘marxistas ocidentais’, tiveram o dedo, ou melhor, a contribuição intelectual, do velho Marx”. (Op. cit.: 02)

A “inferioridade” intelectual de Engels

Há quem diga que Marx era intelectualmente muito superior a Engels, e esse seria, também, um dos motivos que contribuiu para que Engels fosse apagado, pois a diferença intelectual entre os dois seria gritante. A inteligência de Marx era, na verdade, superior a de qualquer outro intelectual de sua época, e estava acima da média, isso era notável, pois ele tinha uma enorme capacidade de apreender, lia e escrevia com muita facilidade, era um cientista rigoroso. Em suas memórias, Lafargue comenta que Marx não aceitava informações de segunda mão, e que ele era capaz de se deslocar até a biblioteca do British Museum e revirar livros e mais livros apenas para confirmar uma única informação, que muitas vezes era pouco relevante. Marx era extremamente exigente intelectualmente: “Sua consciência literária era tão severa quanto sua consciência científica. Não só jamais se basearia em fato de que não tivesse plena certeza, como não se permitiria abordar pontos que não tivesse estudado a fundo. Só publicava alguma coisa após refazê-la tantas vezes quantas julgasse necessário, até atingir a forma adequada. Não podia suportar a ideia de oferecer ao público um estudo insuficientemente trabalhado”. (2005, p. 147)

Marx não media esforços para buscar o máximo de coerência e profundidade em suas análises. O rigor de suas investigações científicas se refletia em sua escrita, recheada de argumentos profundos, de inúmeros exemplos para atestar um fato com o mais elevado nível de conhecimento nos temas abordados. Marx “não se utilizava jamais de um fato, uma cifra ou de uma data sem que se apoiasse nas fontes mais autorizadas” (Op. cit.: 146).

Sobre a “inferioridade” intelectual de Engels em relação ao seu grande amigo, Oswaldo Coggiola faz uma observação perspicaz acerca dos artigos escritos por Engels e assinados por Marx na década de 1850: “Até o século XX, ninguém notou que os artigos sobre a Alemanha no New York Daily Tribune (reunidos no volume Revolução e Contra-Revolução na Alemanha) não pertenciam a seu signatário Marx, mas a Engels (foi necessária uma descoberta documental para estabelecer este fato)”. (1995, p. 23)

Um outro fato interessante é que o capítulo X de Anti-Düring foi escrito por Marx. A autoria desse texto só foi revelada por Engels no prefácio à segunda edição de 1885, dois anos depois da morte do mouro e sete anos após o lançamento da primeira edição da obra: “li o manuscrito inteiro antes da impressão; e o décimo capítulo da parte segunda, consagrada à economia política (Sobre a história crítica), foi escrito por Marx. Infelizmente, eu o tive de resumir por motivos extrínsecos” (ENGELS, 1990, p. 09, grifos do autor). No primeiro exemplo, Engels escreve e Marx assina, já no segundo, acontece o inverso, Marx é o autor, porém é Engels quem assina. A partir desses dois fatos, coloca-se a seguinte interrogação: se, realmente, era absurda a diferença intelectual entre Marx e Engels, então, por que foi  preciso uma “descoberta documental” (no caso do primeiro exemplo) e a revelação espontânea de Engels (referente ao segundo exemplo)  para perceber esta suposta diferença?

Os artigos escritos por Engels e assinados por Marx ao jornal estadunidense, e o capítulo sobre economia política escrito por Marx em Anti-Düring são uma prova da “completa afinidade de opiniões entre esses dois personagens” (2013, p. 04) e de que “a descoberta e desenvolvimento do materialismo histórico é obra inseparável desses dois formidáveis pensadores” (Op. cit.: 03).

A avalanche de críticas 

O que é motivo de uma avalanche de críticas e é considerado, por muitos teóricos, como o calcanhar de Aquiles de Engels são seus textos que compõe a coletânea A Dialética da natureza, escrito durante a década de 1870 e início dos anos de 1880, e publicado décadas depois de sua morte. Por causa desses textos, Engels é acusado por alguns de querer naturalizar o universo social dos homens; outros, ao contrário, o acusam de querer humanizar a natureza. Muitos de seus detratores compreendem que Engels enxergava na dialética uma lei da natureza e não um método de análise da realidade objetiva. Com base nessas interpretações, Engels é qualificado (ou desqualificado) como mecanicista, cientificista, naturalista, evolucionista e positivista. Para Buonicore, “não deixa de ser irônico que o maior crítico do positivismo e do economicismo no interior do movimento socialista seja, posteriormente, acusado de ser seu principal introdutor e incentivador” (2007, p. 10).  O esforço empreendido por Engels neste projeto intelectual era aplicar as categorias dialéticas materialistas aos fenômenos da natureza para, assim, se posicionar criticamente em relação às teorias de Büchner, Vogt e Moleschott. Engels enxergava nestes o “aparecimento da vulgar popularização materialista, em que o materialismo devia compensar a falta de ciência” (ENGELS, 1976, p. 126) e apontava os motivos de seu esforço intelectual: “a presunção [dos materialistas vulgares] de aplicar a teoria da Natureza à sociedade e de reformar o socialismo. Por isso, somos forçados a tomar nota deles” (Op. cit.: 127).

Stedman Jones afirma veementemente que: “Engels não aceitava essa acentuação tardo-positivista-evolucionista das leis naturais de desenvolvimento, concebidas em termos de simples causalidade transitiva procedente segundo uma diretriz unilinear do natural, através do econômico-tecnológico, até o político e o ideológico”. (1983, p. 383)

Ao empreender este trabalho, Engels “tinha perfeita consciência de que não era infalível e de que o movimento operário não desejava Papas ou escrituras reveladas” (HALDANE, 1976, p.11).

Na divisão do trabalho que existia entre o mouro e o general, ficou a cargo deste último a tarefa de se posicionar dialeticamente sobre as teorias do “materialismo vulgar” e do “positivismo naturalista”. No período de formulação de A Dialética da Natureza, Marx foi um leitor privilegiado e também colaborou com reflexões e opiniões (8), um “certo número de citações de filósofos gregos” (Op. cit.: 08) foram encontrados nestes manuscritos com a caligrafia de Marx, o que comprova sua participação invisível e seu consenso. As críticas a Engels acabaram atingindo o próprio Marx, pois, “se erros positivistas existem neste trabalho, Marx, no mínimo, compartilhou amplamente deles” (BUONICORE, 2007, p. 10).

A marginalização de Engels

A pesar das inúmeras contribuições de Engels na formação teórico metodológica do marxismo e da literatura marxiana, este autor permanece apagado e esquecido nas universidades, nos artigos acadêmicos, nos livros de escolas, nos manuais de sociologia, nos partidos políticos, nos sindicatos e no imaginário popular. As obras de coautoria, como o Manifesto do Partido Comunista e A Ideologia Alemã, em muitos casos, são tratadas como se fossem de autoria exclusiva de Marx; ainda que saibam da existência da coautoria, na prática, apenas Marx é lembrado. Um exemplo ilustrativo é o tratamento que o sociólogo Marshall Berman dá ao panfleto de 1848, em sua obra Tudo que é Sólido se Desmanchar no Ar (título extraído do próprio manifesto). Berman relaciona quase que exclusivamente as ideias contida no Manifesto Comunista à figura de Marx e se refere apenas a ele como “um dos primeiros e grandes modernistas” (1986, p. 125). Engels praticamente não aparece nos escritos de Berman.

Em uma nota do texto “Karl Marx”, das autoras Márcia Gardênia Monteiro de Oliveira e Tania Quintaneiro, pertencente à obra de introdução ao pensamento sociológico intitulada Um Toque de Clássicos (9), há uma afirmação sobre Engels que justifica o esquecimento deste intelectual: “Friedrich Engels (1820-1895) foi o grande colaborador de Marx. (…) Optamos por não lhe dar aqui o mesmo tratamento dado a Marx, que de fato elaborou os principais fundamentos teóricos que dão coerência ao sistema marxista de interpretação” (2003, p. 27).

No índice de nomes do tomo três das Obras Escolhidas de Lênin (coletânea de textos e discursos), da editora Alfa-Omega, é nítida a diferença de tratamento da editora entre Marx e Engels. No índice de nomes, Engels é definido como “um dos fundadores do comunismo científico, dirigente e mestre do proletariado internacional, amigo e companheiro de Karl Marx” (1980: 734), enquanto Marx é descrito como o “fundador do comunismo científico, pensador brilhante, guia e mestre do proletariado mundial” (Op. cit.: 741). É claramente perceptível que Engels é compreendido como um teórico de menor importância em relação à figura de Marx. Engels é creditado como “um dos fundadores do comunismo científico”, enquanto Marx é considerado “o fundador”. Marx é identificado como um “pensador brilhante”, mas esse elogio, por outro lado, não é feito a Engels. Na nota sobre Engels, é mencionado o fato de que este era “amigo e companheiro” de Marx, porém a nota sobre Marx não menciona que o mouro era amigo e companheiro do general. A única observação em comum nestas duas notas, que os igualaria, é o reconhecimento de que ambos eram líderes e mestres do proletariado internacional; no restante, a comparação entre os dois é desproporcional.

Diversos teóricos hierarquizam as figuras de Marx e Engels por meio do estabelecimento de critérios de contribuições atribuídas a cada um. Na pior das hipóteses, este tipo de empreendimento, no mínimo, tende a considerar a existência das obras de Engels e de suas contribuições, ainda que estas não sejam plenamente reconhecidas. Mas o que de fato vem ocorrendo na prática, na cotidianidade, é o esquecimento sistematizado da figura de Engels nos mais diversos espaços. Seus livros não são lidos nas universidades; nos cursos de sociologia e ciências sociais, apenas Marx é considerado um dos fundadores clássicos da disciplina sociológica (ao lado de Durkheim e Weber), Engels sequer é lembrado.

Um outro exemplo que serve para ilustrar a marginalização de Engels são os recentes acontecimentos na política e no judiciário brasileiro. Três promotores (10) do Ministério Público do Estado de São Paulo solicitaram a prisão preventiva do ex presidente da República Luís Inácio “Lula” da Silva, que é suspeito nas investigações da Lava-Jato (11). Na justificativa do pedido de prisão, os promotores cometeram uma “gafe”, que acabou gerando muitas piadas na internet. No documento, os promotores alegam que “as atuais condutas do denunciado [Lula] certamente deixariam Marx e Hegel envergonhados” (2016, p. 173, grifos meu). Na verdade, eles queriam referir-se a Marx e Engels e não Marx e Hegel. O outro erro cometido por esses juristas, nessa mesma frase, foi associar Lula aos fundadores do materialismo histórico, supondo que o ex presidente fosse comunista ou marxista. Dois erros incomensuráveis cometidos em uma única frase. Esse fato demonstra a falta de clareza por parte dos promotores sobre a teoria marxista e a ciência política. A confusão entre Hegel e Engels, cometida pelos promotores, é um fato que, mais uma vez, demonstra o quanto o general é amplamente esquecido, o que leva as pessoas a cometerem erros dessa natureza – bem mais difíceis de acontecer com Marx, por exemplo, pois o mouro é uma lembrança viva, já Engels é uma ideia vaga na memória coletiva, e, quando lembrado, é confundido com outros autores.

Sem Engels, Marx não seria Marx e sem Marx, Engels não seria Engels, um contribuiu para a formação político e intelectual do outro. Dentro do projeto de parceria, ambos deram enormes e inúmeras contribuições para a solidificação do chamado socialismo científico, da concepção de lutas de classes, do materialismo histórico, da dialética, da mais-valia, do trabalho, da alienação e da economia. Tudo isso se deu ao longo de quase 40 anos de parceria ininterrupta, que só se interrompeu com o falecimento de Marx no ano de 1883. 

As contribuições de Engels em diversos campos do conhecimento 

Em sua obra de 1844/1845 (A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra), Engels contribuiu para a sociologia urbana e para a ecologia, ao descrever e analisar as condições de mobilidade urbana, a violência policial, as habitações insalubres dos operários, a divisão espacial das cidades por classes sociais, por nacionalidade e por ofício, e por verificar a poluição do ar, das ruas e dos rios das cidades inglesas. Suas contribuições também foram intensas no que diz respeito às relações de opressão do sexo masculino sobre o feminino (que, atualmente, são chamadas eufemisticamente de “relações de gênero”). Wendy Goldman faz duas observações interessantes a este aspecto, a primeira seria que “o primeiro trabalho marxista a abordar a questão da mulher diretamente foi A situação da classe trabalhadora na Inglaterra” (2014, p. 49); a segunda observação é que “em A Origem…, Engels forneceu a expressão mais completa do pensamento marxista sobre as mulheres e a família, apresentando uma análise da opressão às mulheres baseada nas relações de produção mutáveis” (Op. cit.: 61).

Engels também deu contribuições bastante interessantes ao campo da religiosidade; segundo Michael Löwy, “Engels é um dos primeiros sociólogos da religião” (12), por conta de seus diversos textos que tratam da religiosidade, como o clássico A Guerra dos Camponeses na Alemanha (1850). Os assuntos militares relacionado às táticas, às estratégias, às inovações técnicas e às questões políticas e econômicas envolvidas nos conflitos armados também foram objetos de estudo do “general”, o que lhe permitiu desenvolver, ao longo de algumas décadas, uma teoria do “papel da violência na história”. A perspectiva de classe (o ponto de vista de interesse do proletariado), adotada por Engels, lhe proporcionou uma determinada relação sujeito-objeto, que lhe permitiu extrair da realidade suas mais diversificadas, variadas e “múltiplas determinações” (NETTO, 2011, p. 53), o que talvez justificaria, de algum modo, suas contribuições em diversos campos do conhecimento.

A guisa de conclusão 

Engels escreveu diversos artigos, assinados apenas por Marx, para a imprensa americana, nos anos de 1850. Ajudou Marx, em todos os sentidos e de diversas formas, a escrever O Capital. Marx deu significativas contribuições ao Anti-Durhing, inclusive escreveu o capítulo X. Quando Engels escreveu A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, teve como base um caderno com anotações de Marx sobre a obra de Lewis Morgan, A Sociedade Antiga, conforme revelado por Engels no prefácio à primeira edição de 1884: “Meu trabalho só debilmente pode substituir aquele que o meu falecido amigo não chegou a escrever. Disponho, entretanto, não só dos excertos detalhados que Marx retirou à obra de Morgan, como também de suas anotações críticas, que reproduzo aqui sempre que cabíveis”. (1974, p. 02)

Após a morte de Marx, Engels ficou responsável por publicar os Tomos II e III de O Capital, e, ao fazer esta árdua tarefa, se envolveu de tal modo que concluiu raciocínios inacabados, organizou a ordem dos assuntos, fez inúmeras observações em notas e também: “escreveu por inteiro o capítulo 4 do Livro III, sobre a rotação do capital e sua respectiva influência na taxa de lucro. Escreveu ainda vários prefácios, admiráveis pelo tratamento de problemas básicos e pela força polêmica, bem como dois suplementos ao Livro III: sobre a lei do valor e formação da taxa média de lucro e sobre a Bolsa”. (GORENDER, 2013, p. 28)

Por conta dessa atuação como editor e curador da obra de Marx, alguns estudiosos, como o próprio Gorender, afirmam que Engels é coautor desses dois tomos de O Capital. Essa ideia segue na direção das convicções de Lênin, quando este afirmou que “estes dois tomos de O Capital são, com efeito, obra de ambos, de Marx e Engels” (1979, p. 33).

“Os dois fundadores do materialismo histórico” trabalharam juntos na composição das obras A sagrada Família (1845), na qual fazem uma fortíssima crítica aos irmãos Bruno e Edgar Bauer; A Ideologia Alemã (1847), enveredando uma crítica contundente às concepções de Feuerbach, Bruno Bauer e Max Stirner (13); e um dos panfletos mais conhecidos da história da humanidade, O Manifesto do Partido Comunista, elaborado entre 1847 e 1848. Juntos desenvolveram uma série de artigos, prefácios e circulares internas, da Liga dos Comunistas e da Primeira Internacional, além, é claro, de um ajudar o outro em suas empreitadas político-intelectuais.

Existia entre os dois intelectuais uma afinidade de ideias tão grande que suas diferenças quase se anulavam. Para obter um conhecimento profundo sobre a obra marxiana, é fundamental, essencial e irredutível conhecer a obra de Engels, pois, sem isso, por mais que se conheça a obra completa de Marx, sempre será um conhecimento parcial. Pensar em Marx é, inexoravelmente, pensar em Engels e vice versa. A obra que os dois edificaram tornou-se uma obra em comum.

Independentemente das acusações feitas ao “general” ou da ideia que o próprio Engels fazia de si mesmo (expressada através de sua modéstia exagerada), o que existe é uma profunda harmonia na parceria entre ele e o “mouro”. O que existiu entre os dois, ao longo de quatro décadas, foram contribuições e influências recíprocas, e este fato, por si só, é mais que suficiente para provar a relevância de Engels. Sabemos que Engels não era apenas uma pessoa que ajudava Marx e sua família financeiramente, sabemos também que as inúmeras correspondências entre os dois contextualizam essa íntima relação e que esta parceria rendeu inúmeras descobertas científicas, e produziu um arcabouço teórico, político, econômico, epistemológico, metodológico e filosófico, que influenciou gerações dos séculos XIX e XX, e continua a influenciar no século XXI. Mas, apesar disso, pensar em Marx e Engels como parceiros políticos e intelectuais demanda um certo esforço de imaginação, pois suas imagens encontram-se descoladas uma da outra.

Diante das grandes contribuições atribuídas à figura de Engels na elaboração do materialismo histórico e do socialismo científico, e também à sociologia urbana, à ecologia, à sociologia da religião, à história, às ciências militares, ao feminismo, à ciência política, à filosofia, entre outras áreas de conhecimento, nos resta fazer apenas uma pergunta: será que não é hora de adotarmos uma nova postura, que compreenda de forma prioritária, significativa e relevante suas obras em relação à literatura marxiana e marxista, que nos leve a conceber uma teoria do marxismo-engelsiano? Acerca desta problemática, Hunt afirma: “Se a voz de Marx está se fazendo ouvir outra vez em nossos dias, então também está na hora de despir Engels de sua modéstia e permitir que suas ideias profundamente iconoclastas sejam exploradas independentemente da memória de Marx”. (2010, p. 17) 

Notas 

(1)   Graduando em Sociologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), editor da Revista Ensaios e membro do Núcleo de Estudos Cidadania, Trabalho e Arte (Nectar-UFF).  Email: [email protected]

(2) Rodrigo Castelo Branco. A Contribuição dos Textos Juvenis de Engels à Crítica da Economia Política. Disponível em: <http://www.unicamp.br/cemarx/ANAIS IV COLOQUIO/comunica??es/GT1/gt1m2c5.pdf>.

(3) Apelido dado a Engels devido aos seus textos militares, ao fato de ter sido militar voluntariamente quando jovem e por possuir uma postura corporal que lembrava um militar.

(4) De acordo com Paul Lafargue, as filhas de Marx “não o chamavam de ‘pai’, mas sim de ‘Mouro’, apelido que haviam dado a ele por causa de sua cor mate, de sua barba e cabelos negros (2005: 149).

(5) Essas cartas são mencionadas por Tristran Hunt (biógrafo de Engels) em Comunista de Casaca: A Vida Revolucionária de Friedrich Engels, 2010: 226-227.

(6) Tradução em inglês disponível na obra KARL MARX. FREDERICK ENGELS. Collected Works (MECW). Volume 38. Marx and Engels. 1844-1851. 1982: 503-506.

(7) ENGELS, Friedrich. Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia Clássica Alemã. Disponível em: <https://www.marxists.org/portugues/marx/1886/mes/fim.htm>. Originalmente publicado em: Marx e Engels. Obras Escolhidas em três tomos. Tomo III. Lisboa: Editorial Avante, 1982, pp. 378-421.

(8) Um conjunto de correspondência entre Marx e Engels discute sobre as ciências da natureza e a dialética. Duas destas cartas são de extrema importância, porque revelam a imersão dos dois nessas discussões: uma enviada por Engels a Marx no dia 30 de maio de 1873 e outra, em resposta, enviada por Marx a Engels no dia 31 de maio. Essas correspondências podem ser encontradas em  Marx, K. e Engels, F. Collected Works (MECW). Vol. 44. 1870 a 1873. Londres:  Ed. Lawrence & Wishart, 1989. pp. 500-06. 

(9) Autoras desta obra são Márcia Gardênia Monteiro de Oliveira, Tania Quintaneiro e Maria Ligia de Oliveira Barbosa.

(10) São eles: Cassio Roberto Conserino, José Carlos Guillem Blat e Fernando Henrique de Moraes Araújo.

(11) De acordo com o Ministério Público Federal, a Operação Lava-Jato investiga um grandioso esquema de lavagem e desvio de dinheiro, que envolve um complexo arranjo muito bem articulado entre executivos da Petrobras, grandes empreiteiras e agentes políticos. A operação recebeu esse nome devido ao fato de que uma rede de postos de combustíveis e lava a jatos de  automóveis era utilizada para movimentar recursos ilícitos por uma das organizações criminosas investigadas. Ver: <http://lavajato.mpf.mp.br/entenda-o-caso>.

(12) Essa afirmação encontra-se em uma palestra ministrada por Löwy, intitulada “Engels como Sociólogo da Religião” (Curso/aula 02). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=cXzd57sYOg4>.

(13) O objetivo maior da “crítica roedora dos ratos” era alcançar o autoesclarecimento dos autores, como explica Marx: “o manuscrito, dois grossos volumes in octavo, já havia chegado há muito tempo à editora em Westfália quando fomos informados de que a impressão fora impedida por circunstâncias adversas. Abandonamos o manuscrito à crítica roedora dos ratos, tanto mais a gosto já havíamos atingido o fim principal a compreensão de si mesmo” (1982:26). A Ideologia Alemã foi publicada pela primeira vez somente em 1932.

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