Pedro Parente caiu. A pressão exercida pela paralisação dos caminhoneiros, a construção nacional da greve dos petroleiros e petroquímicos e a justa revolta da população com os preços do diesel, da gasolina e do gás de cozinha retiraram Parente da presidência da Petrobrás.

O golpismo, no entanto, continua. Desde que assumiu o governo por meio de um golpe, o ilegítimo Michel Temer vem impondo uma política entreguista e privatizante, que vira as costas para o povo e acena somente para o mercado. E ao que tudo indica, essa inversão de prioridades não está perto de acabar.

Trajetória entreguista

Pedro Parente foi colocado na presidência da Petrobrás para dar andamento ao projeto entreguista do governo ilegítimo de Michel Temer. Infelizmente, é possível dizer que Parente cumpriu com parte da sua tarefa. Nos dois anos que ficou à frente da estatal, ele acelerou o processo de entrega do pré-sal para outras petrolíferas e implantou a nova política de reajustes dos derivados nas refinarias, submetendo-os ao mercado internacional.

A capacidade de refino foi drasticamente reduzida, obrigando o Brasil a aumentar as importações. Em leilões que mais pareciam doações, Parente colocou à venda importantes refinarias do país, entre elas a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária. A política entreguista não parou aí: o ex-presidente tentou impor a saída da Petrobrás do ramo dos fertilizantes, tentando forçar a entrega da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR) e de várias outras ao capital estrangeiro.

Enquanto esse desmonte acontecia, os setores comprometidos com a soberania nacional e com o desenvolvimento do país já vinham alertando a sociedade sobre os perigos dessa política de privatização. Não deu outra: os efeitos do entreguismo atingiram toda a população.

De julho de 2016 a maio de 2017, o preço do diesel aumentou 57,8% nas refinarias e a gasolina teve reajuste de 57,1%. Essa política desastrosa levou o país ao caos com a paralisação dos caminhoneiros e com a indignação da população. Além disso, a elevação média de 70% no preço do gás de cozinha levou 1,2 milhão de famílias brasileiras a voltarem a cozinhar a lenha, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Não há dúvidas: o Brasil regrediu 20 anos em apenas dois.

O projeto golpista continua

Sem dúvidas, a queda de Parente representa uma vitória para os petroleiros e petroquímicos, que exerceram grande pressão denunciando os desmandos do ex-presidente. No entanto, a entrada de Ivan Monteiro no comando da Petrobrás não interrompe a política privatizante que dominou a estatal nos últimos anos.

Monteiro tende a dar continuidade ao desinvestimento e a venda de ativos da estatal. Ele e Parente são frutos do mesmo projeto entreguista que assumiu o comando da Petrobrás desde o golpe de 2016 no Brasil. Para esse setor, a empresa não passa de um “quintal” do mercado internacional. Por isso, é importante salientar que se a queda de Parente é uma vitória, a superação do projeto golpista é um grande desafio.

O que está sendo feito?

Os sindicatos ligados à Federação Única dos Petroleiros (FUP), entre eles o Sindiquímica-PR, vão se reunir no próximo dia 12 para dar continuidade à construção da greve por tempo indeterminado, já aprovada pelos petroleiros e petroquímicos do país.

Além disso, a resistência ao desmonte da Petrobrás também está sendo tocada em Brasília. Por meio da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), foi solicitada a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para desvendar os interesses golpistas por trás da atual política de preços da Petrobrás.

As consequências catastróficas da política entreguista do golpista Michel Temer estão cada vez mais claras para a população. Esse é o momento de intensificar a mobilização contra a entrega do patrimônio nacional aos interesses do capital financeiro internacional. Para isso, não basta derrubar Parente: é preciso derrotar o golpismo.