No último debate presidencial, o jornalista Reinaldo Azevedo fez uma pergunta bastante simples sobre dívida interna para Bolsonaro, mas que o fez perder o chão. Durante o minuto de resposta, o candidato ficou tenso como se estivesse acabado de ficar nu diante de todo o país. O mito da força e da ordem derreteu ao vivo e se transformou em um garotinho assustado, com olhar vazio. Ficou perdido como o meme do John Travolta. Foi possível enxergar em seu semblante “sofrimento interior”, ‘desequilíbrio emocional” e “angústia”— os mesmos sentimentos que o acometeram quando o deputado do PSB carioca Carlos Minc o chamou de machista, homofóbico e racista, como consta no processo que abriu contra o ex-ministro.

Entre um silêncio interminável e outro, falou qualquer coisa que lhe veio à cabeça, sem nenhuma conexão com a pergunta, e apresentou soluções constrangedoramente infantis como: “fazer com que empregados e patrões sejam amigos, e não inimigos”. Escolhido para comentar a resposta, Ciro Gomes teve a chance de escancarar ainda mais o despreparo de um candidato minúsculo, mas preferiu ser cortês, talvez para não parecer arrogante aos olhos do eleitor. Se uma pergunta trivial sobre economia causou todo esse estrago no emocional de Bolsonaro, não é difícil imaginar como seria o seu comportamento na hora de tomar grandes decisões, administrar conflitos e atender demandas complexas de uma sociedade que passa por crises de toda ordem.

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