As pesquisas de intenção de voto divulgadas desde segunda-feira – que se estenderão até a véspera das eleições –, os números e a percepção da disputa, que os grandes meios de comunicação e os robôs nas redes fabricam a partir deles, tentarão criar na opinião pública a falsa imagem de que se forma uma torrente que poderá levar Bolsonaro a obter uma grande vantagem no primeiro turno ou mesmo de já vencer o pleito.
 
O campo democrático e progressista está repelindo essa ofensiva e intensifica a campanha da chapa Haddad-Manuela, que passa a fazer combate aberto a Bolsonaro vinculando-o a Temer e ao corte de direitos. Haddad demonstra grande resiliência e qualidades e apoiado no povo, respaldado por Lula, consolidou a segunda posição.

Os eleitores e as eleitoras, bem como a militância do campo progressista devem manter o sangue frio, redobrar os ânimos. Afinal, parafraseando um pensador e revolucionário chinês, tínhamos desde o início a consciência de que essa disputa pela Presidência da República não seria um convite para um jantar, para um baile de gala.

Sabíamos, de antemão, que seria uma eleição sob um Estado de exceção. Não restou um terço sequer da democracia reconquistada em 1985 desde o golpe que empoleirou Temer. A nojenta delação do rebotalho Palocci, mesmo refugada pelo Ministério Público, foi validada e publicada pelo juiz Moro. Isso, às vésperas do primeiro turno. Quer prova maior do que essa de que há um Estado de exceção rivalizando e sufocando o Estado de Direito? Outra: o ex-presidente Lula segue encarcerado como preso político e, na prática, incomunicável.

Examinemos o crescimento de Bolsonaro. A linha ascendente dele começa desde a facada criminosa. A grande mídia foi colocando aos poucos uma auréola de anjo no candidato cujo símbolo da campanha é uma arma. Na última semana, houve a falência definitiva da campanha do tucano Geraldo Alckmin. Desertores em bandos a abandonam e aderem à de Bolsonaro. Estruturas de candidaturas a governador, antes com o tucano, aberta ou dissimuladamente passaram a servir a campanha do PSL. O status quo econômico-financeiro, crescentemente os militares, grande parte do complexo dos monopólios de comunicação, convergem para Bolsonaro.

Contra Haddad é desferido um ataque cerrado de um arco amplo de forças. Haddad e Manuela são alvos de um turbilhão de fake news a partir de um esquema sofisticado de guerra midiática. Mesmo assim, entremeio a essa saraivada, Haddad consegue o êxito de firmar-se em segundo lugar.

Até o dia 7, quando se realiza o primeiro turno, com todos os meios disponíveis temos que disseminar, sem meias palavras, a verdade para o eleitorado. Com duas mensagens.

Primeiro. Bolsonaro, se eleito, será um Temer piorado. Sim, seria um governo “forte”, no sentido ditatorial, mas não com o objetivo de proporcionar segurança ao povo como propagandeiam. Seria exatamente o contrário. Um governo “forte”, de porrete na mão, para arrancar do povo o pouco que resta de direitos. Acabar com o 13º salário e com o que sobrou dos direitos assegurados pela CLT; na prática liquidar com a aposentadoria; cobrar mensalidades na universidade pública; retirar dinheiro do Sistema Único de Saúde (SUS) piorando ainda mais o atendimento; enfim, terminar “o trabalho sujo” que Temer não conseguiu concluir.

Segundo. É imperativa, imediatamente, uma tomada de posição de toda pessoa que tem a democracia como um dos principais bens de uma nação. Objetivamente, pela polarização instaurada, Bolsonaro é o risco real de ditadura e Haddad é a restauração da democracia e do Estado Democrático de Direito. Os que hoje ainda hesitam precisam refletir: governo de tipo autoritário, de matriz fascista, se sabe como começa, mas não se sabe como termina. E, novamente, se destaca: A chapa Haddad-Manuela está não só credenciada, mas é chamada a erguer alto a bandeira da democracia contra a ameaça real de ditadura.

Vamos rumo ao segundo turno, rumo à vitória: nas ruas, nas redes, no trabalho, no âmbito da família, da igreja, das escolas, dos bares, dialogar, persuadir os indecisos, esclarecer equivocados, repelir a mentira.