Caro Augusto,

Escrevo para lembrar do seu aniversário de 61 anos. Por aqui estamos em pandemia que vem matando tantos conhecidos, amigos, camaradas tão facilmente… de causar terror. O Brasil, formado com povo tão solidário, está à frente em número de mortes no mundo por conta de uma política de Estado. O governo contribui sobremaneira para o morticínio. A morte é a política pública mais eficaz do momento.

Quando muitos diziam que a vitória de Bolsonaro era improvável, você levantava dúvidas sobre essa improbabilidade. Lembro você mostrando que as “surpresas” na história não eram tão raras e que, em geral, o povo é quem saía perdendo. Não deu outra.

O PCdoB segue para o seu 15º Congresso. Já vamos sentindo a ebulição em torno desse momento que sempre é de debate e efervescência da democracia interna. Já temos projeto de resolução nas mãos da militância, os quadros estão debatendo junto com os filiados. E, assim, em Congresso, seguimos em marcha batida para as comemorações do Centenário.

Lembra do nosso projeto iconográfico? Vai de vento em popa! Aquelas centenas/milhares de imagens, que juntos conseguimos angariar, vão dando forma à uma narrativa pelas imagens dos comunistas no Brasil. E agora, que estamos fechando o livro, não param de aparecer novas fotos, uma mais linda que a outra. A equipe toda está reunida em torno disso. Vai ficar da pontinha da orelha.

Acabamos de imprimir a sua biografia do Dynéas Aguiar. Ficou linda. Está sendo uma grande oportunidade para a militância e o público em geral conhecerem o “Careca” e esse período largo da história do Partido que você teceu de forma tão brilhante. E o panorama histórico que você construiu sobre o Centenário do PC do Brasil será lançado em formato de livro, ainda este ano.

Lembra do projeto sobre o Astrojildo Pereira? Você tinha razão! Astrojildo escreveu para mais de um milhar de artigos, cartas e ensaios. Organizamos de forma cronológica e um terço está digitado. Em breve lançaremos este que foi o seu último projeto: Textos de Astrojildo Pereira, o principal dos fundadores do Partido Comunista do Brasil.

O Centro de Documentação e Memória (CDM) da Fundação Maurício Grabois, que tive a alegria de construir ao seu lado, está adaptado ao momento de pandemia e quarentena. Alguns estados, quadros, cidades pedem materiais e vão preparando a hora “H” do centenário. Estamos aguardando a quarentena passar para continuar recebendo material; e a fila está grande. Até o seu acervo, que você cultivava com tanto zelo, será incorporado.

Augusto, você precisa ver como ficou a nova revista Princípios! Um primor! Alentada, quadrimestral, com textos que envolvem pesquisadores, professores, intelectuais de vários lugares. Da Escola Nacional do PCdoB você teria o maior orgulho, também. O Núcleo de Estado e Classe, que você concebeu e coordenava está retomando as atividades… como você faz falta.

Lembra de quando você falava que nós precisávamos produzir vídeo e atuar na luta de ideias pelo audiovisual e até chegamos a fazer alguns bem toscamente? Pois então, hoje temos um trabalho profissionalíssimo na TV Grabois! Temos Youtubers, programação diária e vamos crescendo e nos desenvolvendo também neste sentido.

Com a sua partida, em 2020, foi feita na revista Margem Esquerda uma homenagem a você. Adivinha quem fez o texto? Nossa querida Marly Vianna. Que texto emocionante, você precisava ver. Um extenso espectro de intelectuais, militantes e personalidade lamentaram (e lamentam!) a sua partida.

De tempos em tempos tenho notícias de Sônia, Clara e D. Dolores. Se nós aqui sentimos a sua falta, imagina para quem você foi companheiro, pai e filho? Seguimos adiante, mesmo com a saudade incessante.

Me despeço dizendo que todos em casa mandam lembranças.

Um grande abraço, amigo e camarada, Augusto. Parabéns pelo seu dia.

Fernando Garcia