A China passa, nesse momento, por uma alta nos preços do carvão, o que tem causado preocupações de que uma crise energética de desenvolva no país.

A transição energética pela qual vive a China é fator importante de análise para se entender essa situação, bem como ter em perspectiva os problemas geopolíticos que o país enfrenta com a Austrália, de quem suspendeu a importação de carvão, fonte de 10% do que era utilizado desse recurso natural na China.

A rápida retomada da economia chinesa após a pandemia é uma das causas da crise energética. Após a pandemia, segundo Elias, a China se consolidou ainda mais como a fábrica do mundo, o que levou a um aumento da demanda de 15%, enquanto a oferta de energia aumentou apenas 5%.

Por outro lado, o governo chinês colocou metas ousadas na redução da emissão de carbono, sendo que o carvão representa 60% da matriz de energia chinesa. O problema é que o governo central impôs regras para uma transição energética que criou desequilíbrios regionais. 

No entanto, Elias chama a atenção para a incompreensão (deliberada) do ocidente sobre a realidade chinesa. As análises catastrofistas constantes sobre a China, como um sistema econômico insustentável, sempre voltam a cada crise conjuntural no país. Assim como aconteceu com o alarde em torno do caso Evergrande, o economista não duvida que, muito em breve, o tema da crise energética não seja mais pauta da imprensa ocidental, conforme o governo já tenha resolvido os desequilíbrios.

A transição energética, conforme explica Elias, envolve a meta ousada de zerar a emissão de carbono até 2060, com ordens às províncias de redução de uso do carvão. Apenas 10% do carvão usado na indústria chinesa vem da Austrália, país em conflito geopolítico com a China, o que levou a quebra de fornecimento australiano.

Ele pontua as diversas transições complexas e simultâneas que o governo chinês vem fazendo, como a de propriedade e da dinâmica de acumulação, que, em algum momento, trarão em seu bojo contradições de redução do crescimento econômico, somadas ao desafio do aumento da produtividade do trabalho e do enfrentamento às pressões do imperialismo. 

O tratamento que a imprensa brasileira dá ao tema, também é questionado, conforme a crise energética brasileira tem um fundo totalmente distinto da chinesa, por envolver problemas hídricos.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião da Fundação Maurício Grabois