O termo “cultura” tem origem latina e significa cultivar o solo, cuidar. É um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos que se aprende e se transmite aos contemporâneos e aos vindouros. Sua conquista está intimamente relacionada com a qualidade da informação a que o ser se predispõe. Como disse Charles Colton, “a má informação é mais desesperadora que a não-informação.” Levando-se em conta o tipo de programação das emissoras de televisão brasileiras, deve-se questionar sobre a qualidade dessa atividade cultural preferida por nosso povo.

As emissoras de televisão no Brasil operam em caráter de concessão governamental. Portanto, passou da hora de o governo revisar as grades de programação obrigando as emissoras a um upgrade e exigindo conteúdos de caráter fundamentalmente educativo ou informativo. Chega de histórias que não enriquecem a vida e de adaptações de acordo com o índice de audiência. Não é cultura transformar a casa de cada brasileiro numa sala de delegacia de polícia ou apresentar temas que demonstram realidades de seres ou personagens que têm vida cômoda e que representam menos que 1% da população.

A preocupação das emissoras está voltada ao lucro oriundo de seus anunciantes. Simplesmente aceitar programas de baixo nível que nada acrescentam culturalmente é esquecer os objetivos maiores dessa forte ferramenta cultural. Eu me pergunto: o que a televisão brasileira acrescenta de útil e construtivo ao povo? Diversão? Ilusão? Ou será um culto à violência?

Há uma velada intenção de que nosso povo não adquira mesmo alguma cultura. Sou obrigado a interpretar a pesquisa do IPEA de outra forma: 78% das pessoas que deveriam receber alguma informação cultural estão magnetizadas à frente da TV recebendo lixo em vez de conhecimento ou de algo que acrescentasse alguma riqueza útil a suas vidas.

Vivemos outro momento de escravidão: somos escravos da comunicação. A arte de oprimir os povos modificou-se. O violador das multidões não é a força bélica, mas o conteúdo cultural. Violação que nem mesmo é percebida pelos violados, como dizia Fernando Pessoa, “cultura não é ler muito, nem saber muito; é conhecer muito.” Como nossa TV pouco traz de importante e lucra com isso, será que não está na hora de uma nova abolição? Ou no mínimo de pensar no assunto?

Inclusão social ou erradicação de pobreza passam invariavelmente por aumento de cultura, como disse o famoso palestrante motivacional Jim Rohn. Você pode julgar a conta bancária de uma pessoa pelo tamanho de sua biblioteca. O guru do marketing Dan Kennedy toca no mesmo assunto e afirma ter observado que pessoas com pequenas contas bancárias não costumam ter bibliotecas, mas geralmente têm aparelhos de televisão bem grandes.

Para que os brasileiros tenham uma vida digna são necessárias empresas fortes e competitivas que gerem empregos e renda. Isso é impossível se dirigentes empresariais e seus colaboradores não tiverem cultura.

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Carlos Alberto Pompeu de Toledo Soares é diretor da Gcapts Consultoria especializada em reestruturação empresarial -acumula mais de 20 anos de experiência nas áreas de desenvolvimento de Organizações,recursos humanos, finanças e marketing [email protected] www.gcapts.com

Fonte: Jornal do Brasil