Figuras do Movimento Operário: Pedro Checa “O Homem do Partido”
O Camarada José Diaz, com frases simples e claras como lhe era peculiar, caracterizou o nosso inesquecível Pedro Checa como “o homem do Partido”. Esta breve caracterização é a mais completa e justa que poderia fazer daquele que foi um grande dirigente de nosso Partido. Título tão honroso só podem conquistar aqueles que, como Checa, possuía inúmeras condições e qualidades excepcionais.
Em Checa fundiu-se com a sua inteligência e facilidade de assimilação da ideologia marxista, uma grande capacidade política e de trabalho e, a estas qualidades, somavam-se seus dotes de organizador de massas, — características que faziam dele um grande dirigente político e um organizador extraordinário. Isto nos dá uma idéia da estatura política de Pedro Checa. Além disso, nele se conjugavam uma tempera bolchevique e uma grande firmeza revolucionária. Nem nas situações mais complexas Pedro Checa deixava-se cair em pânico, e nos momentos mais graves ele sabia enfrentar e resolver os problemas mais difíceis com serenidade e decisão. Tinha um ilimitado carinho para com o Partido, amava de todo o coração o seu povo, no qual confiava inteiramente, porque sabia do que ele era capaz; conhecia suas lutas e estava convencido de que o povo espanhol jamais deixaria de lutar pela liberdade e pela independência da Espanha. Era um inimigo ferrenho da presunção e da vaidade e detestava aqueles que apenas queriam aparecer e eram incapazes de realizar qualquer coisa de concreto. Sua simplicidade e modéstia pessoais tornavam-no ainda mais querido por todos os que com ele tratavam. Era de uma grande honestidade revolucionária, disciplinado e com exato sentido da responsabilidade; inimigo da improvisação, e da superficialidade, estudava sem descanso, de dia ou de noite, em qualquer momento que podia dispor de algum tempo. Estava completamente entregue ao Partido, à sua luta, à causa da classe operária e do povo, e sentia pela Espanha o carinho de um grande patriota, pela Espanha independente, livre e feliz, à que ele consagrou sua luta até o último momento de sua vida. Como ele era assim, queria também que todos os comunistas assim o fossem. Trabalhou e lutou sem descanso para consegui-lo tendo obtido grandes êxitos nesse seu empenho. Os continuadores de sua obra no Partido, recordaremos sempre seus ensinamentos e experiências e, inspirados no seu trabalho, no seu método e no seu estilo, em suas condições e qualidades, levaremos a bom termo e com rapidez aquilo que foi sua grande ambição: forjar um Partido politicamente firme, grande pela quantidade de membros e pela sua influência, e consolidado organicamente em todos os rincões de nossa amada Espanha, capaz de impulsionar e acelerar a libertação do nosso povo.
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Em todos os momentos o Partido foi a principal preocupação de Checa. Dedicava ao Partido toda a sua atenção, fazendo grandes esforços para que ele estivesse sempre, política e organicamente, em condições de cumprir devidamente com seu papel de vanguarda, de impulsionador e realizador principal das tarefas da vitória em cada momento determinado. Pedro Checa sabia muito bem que só um Partido com uma linha política justa, com uma organização eficaz e com quadros capazes poderia impulsionar num ritmo crescente a luta das massas por seus objetivos imediatos e suas aspirações mais amplas. No Pleno do Comitê Central do Partido, em novembro de 1937, referindo-se ao Partido, assinalou com firmeza a necessidade de “unir todo o conjunto do Partido em uma linha única, em uma só direção; de assegurar que todos os nossos militantes, todas as nossas organizações no país, sigam uma linha idêntica em todos os momentos”, e insistia na necessidade de “garantir que todo o Partido em seu conjunto, sem nenhuma exceção, se mobilizasse pelo cumprimento daquela linha.”
Tais palavras têm uma grande atualidade. Em condições de legalidade ou de semi-legalidade, quando existem possibilidades de discutir livre e democraticamente os problemas, estas questões se resolvem com certa facilidade. Porém, quando se vive sob a dominação franquista, na mais absoluta ilegalidade, quando as perseguições aos comunistas atingem proporções extraordinárias, quando existem enormes dificuldades para se poder trabalhar, — como acontece hoje na Espanha, — Unificar em uma única linha e direção, assim como conseguir que todos os nossos militantes e organizações permaneçam ativas em todo o País, é uma tarefa de enorme importância. Podemos afirmar com orgulho que isto está sendo realizado na Espanha pelos nossos camaradas, porque eles se inspiram nos ensinamentos de Checa e não esquecem os seus conselhos em nenhum momento. Não só na Espanha, mas em toda parte onde existem comunistas espanhóis, eles marcham sob uma única linha e direção, trabalhando pelo mesmo objetivo: derrubar para sempre o regime franquista e conseguir uma Espanha independente, livre e democrática.
É claro que isto representa um fato muito positivo, sobretudo se levamos em conta as dificuldades que existem para dirigir o Partido e manter contactos e ligações regulares com os seus organismos, disseminados por todo o país; o mesmo acontece com os comunistas que se encontram no exterior, em diversos países, afastados milhares de milhas da direção do Partido.
Sempre foi uma preocupação de Checa destacar o caráter e o papel do Partido; nunca perdia a oportunidade para insistir, de uma forma ou de outra, sobre tão importante questão. Em seu artigo sobre a morte de nosso querido Secretário Geral — camarada José Diaz referindo-se aos tempos passados e assinalando o que devia ser o Partido, afirmava:
“Este Partido, o Partido da classe operária espanhola, deve estar em condições de prever o curso dos acontecimentos e preparar os trabalhadores para enfrentá-los; deve compreender a etapa da revolução e seus objetivos democráticos; deve assegurar com sua linha, com sua estratégia e sua tática, o concurso dos aliados naturais necessários ao proletariado, especialmente os camponeses; deve compreender e assegurar, no curso da própria luta, o papel dirigente do proletariado no bloco das forças populares.”
Para nós é claro que o Partido é uma parte inseparável da classe operária, e que ele tem de ser, acima de tudo, o destacamento de vanguarda da mesma classe. O Partido não pode limitar-se a registrar o que pensa a classe operária, ou como ela vive; não pode marchar a reboque dela nem abandonar à espontaneidade o desenvolvimento da luta; tem que marchar à frente da classe operária, dirigindo-a, orientando-a, conduzindo-a. Como disse Chega, uma de suas missões é prever o curso dos acontecimentos e preparar os trabalhadores para enfrentá-los, assegurando para essa luta o concurso dos aliados naturais e acidentais do proletariado. O papel dirigente do Partido Comunista nas lutas da classe operária tem de ser conquistado. Checa nos ensinou que, para merecer e conquistar a confiança das massas operárias, é preciso realizar um trabalho diário entre as massas, armado com uma política acertada.
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Uma das coisas que constituía a maior preocupação de Checa era a unidade do Partido, a unidade de pensamento, de vontade e de ação, completa e absoluta, de todos os membros do Partido. Ele compreendia muito bem que o Partido é uma unidade de vontade que exclui todo o fracionismo, toda a divisão dentro de suas fileiras, A unidade, a coesão revolucionária e a agilidade combativa do Partido representam o tesouro mais precioso, e por isso lutou denodada e constantemente nosso inesquecível Secretário de Organização.
O Partido, firmemente unido ante os elementos de divisionismo, demonstrou toda as vezes que foi necessário que tem sabido assimilar com a devida convicção uma das características que Checa mais se esforçou para incutir-lhe: a firmeza de sua unidade, unidade que nunca nenhum inimigo pôde ou poderá destruir. É preciso notar que os falangistas e a gestapo realizaram e realizam ainda um enorme trabalho de provocação contra nosso Partido, um trabalho orientado no sentido de dividi-lo e de em seguida enfrentá-lo, ao mesmo tempo que se esforçam para desviar sua orientação e impedir suas atividades, empregando desde a mais sutil provocação até a repressão mais selvagem. O veneno do oportunismo e do sectarismo foi semeado por esses assassinos e provocadores, porém sempre encontraram pela frente a unidade, a firmeza e a decisão dos comunistas, ante suas provocações e manobras. A experiência nos ensina que é preciso lutar implacavelmente, desmascarando-os perante o Partido e o povo, como provocadores e agentes do inimigo, expulsando sem contemplações de nossas fileiras aos que procuram quebrar nossa unidade e nossa disciplina. Isto é necessário para que se possa lutar com êxito contra o franquismo e, ainda mais, como nos ensinou Checa, “é preciso sermos mais severos ainda em nossa vigilância”, lutando sem tréguas contra os trotskistas contra-revolucionários, contra os oportunistas e os sectários incorrigíveis.
Os ensinamentos de Pedro Checa são um guia luminoso para nossa ação, para a organização da luta contra os tiranos que escravizam o nosso povo. hoje mais do que nunca as experiências de seu trabalho devem servir-nos para aperfeiçoarmos a organização do Partido e impulsionarmos a luta pela liberdade da Espanha. Isto suscita ante nós mesmos a grande tarefa de fortalecer nosso Partido, de torná-lo politicamente mais capaz e mais ágil, a custa do aprimoramento da formação política e dos conhecimentos teóricos de cada um dos seus componentes, consolidando e desenvolvendo sua organização nas cidades, vilas e aldeias, nas fábricas e no campo, em todos os recantos de nossa amada Pátria, pois, somente assim, estaremos em condições de acelerar a luta até fazê-la desembocar na insurreição nacional contra o regime criminoso de Franco e da Falange.
Os problemas de organização do Partido foram sempre uma das principais preocupações de nosso grande camarada. “Ali onde faz falta uma ajuda no trabalho de Organização — dizia José Diaz — ali está o camarada Checa, resolvendo problemas de organização e ditando normas precisas, como compete a um grande Secretário”. Seu carinho pela organização do Partido era imenso. Nos momentos mais difíceis de nossa luta soube enfrentar com acerto e com sentido de responsabilidade as tarefas mais complexas. Em plena guerra de independência de nossa Pátria, Checa insistia constantemente sobre a importância da organização com essas palavras: “Temos um grande Partido, que conta com uma enorme influência entre as massas, com dezenas de milhares de membros. Mas, para que o Partido esteja em condições de garantir a realização das tarefas traçadas isto não é bastante; é imprescindível uma justa e poderosa organização.”
Inspirados em seus ensinamentos nossos camaradas na Espanha compreenderam a enorme importância desta tarefa e, empregando todos os esforços necessários, souberam criar uma ampla rede de organizações em todo o país. Hoje nosso Partido está organizado em toda parte em nossa Pátria, principalmente nos centros fundamentais e decisivos da luta contra o regime franquista. Nossos militantes sabem que não é suficiente ter uma justa linha política de União Nacional, fundamentada na realidade da Espanha, como a única que pode salvar e salvará nosso povo do desastre a que foi arrastado por Franco e pela Falange, mas sim, precisamos — além disso — que nossa organização esteja à altura das exigência da luta e que nos permita levar nossa linha política às massas, facilitando a execução das tarefas essenciais que se nos apresentam.
Nas atuais condições de nosso país á organização do Partido deve ser uma preocupação permanente de todos os camaradas, pois, da eficiência da mesma depende em grande parte o desenvolvimento da organização das lutas do povo contra o regime franquista e a Falange. Checa sabia perfeitamente onde concentrar, em cada momento, a atenção principal do Partido. Esforçava-se para tornar compreensível a todos os militantes as formas de luta e de organização que correspondiam às condições do movimento em dado momento, adotando métodos de luta e formas de organização que facilitassem às massas o caminho para a conquista das suas aspirações imediatas. Isto, no momento, é de suma importância, quando existem tantas dificuldades para o nosso trabalho. Nas atuais condições de luta é imprescindível saber adaptar nossa organização às peculiaridades concretas de cada lugar, nas cidades e no campo, nas fábricas, no Exército e entre os guerrilheiros, nas prisões, etc., pois não podemos nem devemos utilizar um mesmo padrão para todos os lugares, quando as condições, possibilidades e dificuldades não são idênticas e, inclusive, os problemas e as tarefas são diferentes, embora os objetivos políticos principais sejam os mesmos. Isto ainda é mais importante se levamos em conta que nosso Partido deve trabalhar com a maior audácia e iniciativa, resolvendo os problemas o mais acertadamente possível em cada região, província, cidade ou fábrica, sem esperar muitas vezes o conselho e a orientação dos organismos superiores, os quais — em mais de uma ocasião — se vêm impossibilitados pelas dificuldades de contacto e ligação, de poder realizar esta tarefa.
Uma das questões principais, nas condições de dominação franquista, é manter contacto entre os diferentes organismos do Partido, de cima para baixo e de baixo para cima. Só existindo este contacto permanente e regular se pode orientar politicamente o trabalho nos diferentes ramos e lugares, transmitindo não somente as idéias principais de nossa linha política como, também, a orientação concreta de acordo com a situação existente em cada lugar. Isto permitirá aos organismos dirigentes do Partido conhecer com maiores detalhes os problemas que preocupam as massas e o povo, contribuindo com seus conselhos e opiniões para a sua solução eficaz.
Pedro Checa preocupava-se com todos os problemas do Partido, do mais importante ao mais insignificante. Sabia, porém, destacar entre o conjunto das tarefas que se apresentavam, precisamente aquela fundamental, cuja solução constituía o ponto central, e cujo cumprimento assegurava a solução acertada das demais tarefas imediatas. Como exemplo podemos lembrar que, durante a nossa guerra, assinalando as tarefas ligadas à organização Pedro Checa insistia constantemente na necessidade de reforçarmos e dedicar todos os esforços ao trabalho político e de organização no Exército, não somente porque ali se encontrava a quase totalidade dos militantes mas, também, porque o que decidia, fundamentalmente, naqueles momentos, era o Exército, e das condições de eficiência do mesmo dependia, decisivamente, a vitória do povo. Por isso é que Checa insistia tanto em tudo o que se relacionava com as tarefas de tornar cada vez mais eficiente o Exército, a indústria de guerra, as reservas, a disciplina, etc. Nas atuais condições de luta, a organização do Partido — e tudo o que se relaciona com esta tarefa central, ligações, contactos, etc. — é uma das questões centrais para nós. Uma organização eficiente, ao mesmo tempo que permite levar a nossa linha política às mais amplas massas, facilita a mobilização das mesmas para os seus objetivos e aspirações imediatas, favorece em todo o país o desenvolvimento da organização das lutas populares até as formas mais elevadas de luta, até culminar na insurreição nacional vitoriosa.
Pedro Checa não era daqueles que caíam no desespero quando as coisas não marchavam como deviam; procurava evitar que o Partido não se adiantasse ou se atrasasse muito em relação à marcha do movimento em geral e compreendia que este devia encabeçá-lo e dirigi-lo, como diz o camarada Stálin, sem “perder o ritmo”. Ele não era daqueles que julgavam necessário ter que ganhar tudo numa única batalha. Sabia perfeitamente do que se tratava e do que se *trata hoje é de ganhar tais ou quais batalhas, tais ou quais combates no caminho do triunfo total. A batalha que temos de ganhar no momento presente, e rapidamente, é a de liquidar o regime franquista e conseguir que a Espanha libertada marche pela estrada do progresso e da felicidade.
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O mais importante no trabalho de organização — ensina-nos Lenin e Stálin — é escolher os homens e assegurar a execução das resoluções estabelecidas. Neste sentido Checa realizou um imenso trabalho. Uma de suas maiores preocupações foi sempre a seleção e a justa utilização dos homens capazes de garantir a aplicação das decisões e acordos do Partido. No Pleno de março de 1937, referindo-se a este problema, afirmava: “Precisamos de conhecer a fundo o nosso Partido, precisamos de conhecer, um por um, todos os nossos militantes, conhecê-los pessoalmente, saber do que eles são capazes, seus dotes, atividades, sua história, suas características, para saber em qualquer momento indicá-los para aqueles trabalhos em que possam ser mais úteis.”
Checa sentia um grande carinho, pelos homens do Partido. Sua preocupação pela educação e pela formação política dos militantes era extraordinária. Considerava e preparava os homens do Partido com grande zelo e meticulosidade, para que soubessem cumprir eficientemente sua missão de artífices, orientadores e mobilizadores do povo no luta contra o fascismo e o franquismo na Espanha. Esta era uma das preocupações do grande mestre e forjador de quadros do nosso Partido. Discutia com os camaradas, até os menores detalhes, assuntos desta ordem: problemas os mais complexos e difíceis de natureza política ou de organização, regras de conspiração, métodos de trabalho na ilegalidade, etc. Para ele tudo o que se relacionasse com os militantes tinha importância: não se limitava apenas a estudar em cada um suas condições e qualidades, seus defeitos, etc. Também preocupava-se em saber como cada um deles vivia, que problemas particulares os absorviam, enfim, tudo, absolutamente tudo o que se relacionasse com um militante interessava-o. Em muitos casos ajudava aos camaradas a resolver, inclusive, os seus casos particulares, sempre que um deles não era capaz de resolvê-los por si só. Ele foi um grande organizador e forjador de admiráveis, firmes e aguerridos combatentes da causa de nosso povo. No Pleno de março citado, falando sobre a nossa política de quadros, Checa dizia:
“Deste modo poderemos, com a maior audácia, incorporar aos postos de direção os camaradas que julgarmos necessários. Com a maior audácia, sim, mas também com o máximo de conhecimento, porque, neste caso, não basta encher-se a boca dizendo que é preciso promover quadros com toda a rapidez; é preciso fazê-lo, sim, mas com conhecimento de causa, e para isso é necessário estudar o Partido e realizar um trabalho sistemático do Partido e dos próprios militantes. E, acima de tudo, ter sempre presente que a afluência constante de militantes ao Partido obriga-nos a operar com rapidez para verificarmos se se encontram entre esses militantes que vêm a nós, como foram muitas vezes encontrados — magníficos elementos de direção. Aqui mesmo tivemos ocasião de comprovar como camaradas recém-ingressados em nossas fileiras demonstraram ter grande madureza política. E o mesmo acontece, noutro terreno e noutra escala, em todos os círculos, células e organizações de nosso Partido.”
Ele foi o grande realizador da fusão dos velhos e novos quadros no Partido, levando à prática com grande êxito essa tarefa já assinalada por José Diaz, de que não há velhos e novos militantes, de que uma vez no Partido todos têm os mesmos direitos e os mesmos deveres. Checa conseguiu com o seu trabalho tenaz e paciente dar a todos a possibilidade de se desenvolverem e cumprirem com os seus deveres de militante. Em mais de uma ocasião criticou severamente a alguns dirigentes e organismos do Partido que realizavam uma política “caudilhesca”, reminiscência da política sectária do grupo Bullejos. “Contudo — dizia Checa — utilizam-se métodos que matam a iniciativa, a faculdade, criadora dos novos membros que vêm ao Partido.”
Era extremamente cuidadoso na seleção dos homens; sabia, em cada caso, onde podia ser utilizado e onde daria maior rendimento cada quadro do Partido. Sua grande preocupação era completar a educação dos quadros e dos militantes, fazendo de cada um um comunista capaz, intrépido e aguerrido. Ele sabia muito bem “que não somos” — como disse Dimitrov — uma sociedade científica”, mas um movimento combativo, que está constantemente na linha de fogo. Nossos militantes lutaram e lutam na primeira linha contra os verdugos de nosso povo. O franquismo e a Falange, sob a direção da Gestapo, ceva-se especialmente neles, assassina-os, sepulta-os nos cárceres, e campos de concentração, submete-os às mais desumanas e terríveis torturas, mas, apesar de tudo, eles se mantêm firmes como uma rocha, temperados ao fogo da luta, educados no marxismo-leninismo-stalinismo por mestres como Pedro Checa.
Foi sempre sua preocupação que o Partido fosse como que uma fonte inesgotável de grandes lutadores, forjados na solução dos mais difíceis problemas; quadros capazes de batalhar e de dirigir, saindo airosos das dificuldades. Estes são os homens que na Espanha desempenham a direção de nosso Partido e da luta, com orgulho e com êxito, e que sabem avançar nas mais difíceis condições.
O problema dos quadros, hoje, continua sendo um grande problema para nós. Ao Partido acorrem milhares e milhares de novos militantes, atraídos por sua justa política e pelo comportamento heróico de nossos camaradas na dura prova desta hora. Isto exige de nós um grande esforço para entrosar e fundir — como Pedro Checa nos ensinou — estes novos camaradas com os velhos militantes do Partido. Tomando como base os ensinamentos do nosso querido dirigente, devemos superar-nos cada dia e forjar centenas e centenas de novos quadros, capazes de enfrentar a luta desigual contra o franquismo. Perdemos inúmeros e muitos bons camaradas; um grande número de nossos melhores quadros está encerrado nas masmorras franquistas, outros encontram-se enfermos e fisicamente inutilizados para o trabalho no momento. Ao lado disto, as tarefas são cada dia mais amplas e complexas, a luta exige mais esforço e maior capacidade. É preciso pois, compreender que só estaremos em condições de enfrentar com êxito a situação se realizarmos uma justa política de quadros, uma política que nos permita capacitar milhares e milhares de camaradas no mais curto prazo, colocando-os em condições de ocupar os postos de dicção e de trabalho que, de acordo com suas, condições e qualidades, cada um possa desempenhar da melhor maneira.
Checa foi um novo tipo de dirigente do povo, vinculado ao próprio povo, ensinando-o e aprendendo com ele. Legou-nos a experiência de um novo estilo no trabalho, o estilo leninista-stalinista. Ele soube aplicar com grande acerto os conselhos do nosso grande mestre — Lenin. Este costumava opor — disse Stalin — ao palavrório revolucionário, o trabalho simples e cotidiano, acentuando com ele que o arbitrismo “revolucionário” é contrário ao espírito e à letra do autêntico leninismo. Menos frases pomposas — dizia Lenin — e mais trabalho cotidiano, simples… Menos alarido político e maior atenção aos fatos mais simples, porém vivos. Stalin caracterizou de charlatões “honrados” a esses comunistas aos quais Lenin se refere. Checa deixou-nos um estilo e um método que não devemos esquecer e que, pelo contrário, estamos obrigados a desenvolver ao máximo no seio do Partido: o método leninista-stalinista de focalizar os problemas e resolver as questões. Temos que dedicar toda a nossa capacidade e paixão, como ele o fazia, na educação política dos membros do Partido. Fazer de cada comunista um dirigente popular, capaz de dar ao povo tudo o que sabe e o que significa. Dirigentes que, desenvolvendo-se com a própria sabedoria popular, sejam capazes de elevar a consciência política e combativa das grandes massas para alcançarem o triunfo sobre seus inimigos.
Ele sempre se preocupou em colocar, tanto os militantes como cada uma das organizações do Partido, em condições de saber enfrentar adequada e audazmente os problemas mais complexos, e de resolvê-los sempre da maneira mais acertada. O esforço e os ensinamentos de Checa foram de grande valor para criar as condições favoráveis em que se desenvolve atualmente o Partido Comunista e a luta anti-franquista.
Nas situações mais graves os homens do Partido, forjados na escola e na experiência desse mestre de organização que foi Pedro Checa, tem sabido elevar o Partido, organizá-lo nacionalmente, fazê-lo desempenhar como está fazendo o papel fundamental de animador e de dirigente de primeira linha na luta e na unidade dos anti-franquistas e patriotas. Ele sempre nos ensinou a não esquecermos nunca que essa luta e essa unidade eram e são a base de nosso êxito. Lembrava-nos constantemente a necessidade de trabalhar de maneira justa junto com o povo, unindo-se e lutando com todos os demais espanhóis honrados. Por isso, preocupou-se sempre com os aliados na luta; para ele era essencial conseguir a unidade da classe operária na ação contra o franquismo, pois, só assim se poderia conseguir que marchassem com ela não apenas os seus aliados naturais, diretos — os camponeses e as massas populares — mas, também, os aliados indiretos, acidentais, do campo da burguesia. Tinha grande preocupação, e lutava sempre, denodadamente, para trazer à luta, ao lado da classe operária, as suas reservas principais e secundárias.
Pedro Checa compreendeu de maneira clara os conselhos de Lenin e aplicava-os sempre, à medida em que as condições o exigiam. Sabia que era preciso, e é preciso sempre, aproveitar tudo aquilo que no campo do inimigo possa favorecer a luta e acelerar a consecução dos objetivos estabelecidos. Tinha uma compreensão muito clara sobre a política de aliados e sabia utilizar todos aqueles elementos que, aparentemente sem expressão, favorecessem a causa da classe operária, do povo e da liberdade da Espanha. Seria absurdo — como dizia Lenin — “renunciar de antemão a toda manobra, a toda utilização (ainda que não seja senão temporária) do antagonismo de interesses existentes entre os inimigos; aos acordos e compromissos com possíveis aliados (ainda que sejam provisórios, inconsistentes, vacilantes, condicionais). Não é isto algo infinitamente ridículo? Não se parece isto ao caso daquele que numa ascensão difícil a uma montanha inexplorada, na qual ninguém houvesse posto os pés antes, renunciasse de antemão a fazer zigzagues, a voltar atrás às vezes, a prescindir da direção escolhida a princípio e a experimentar outras direções?”
Nossos camaradas na Espanha souberam aproveitar os ensinamentos de Checa; esforçaram-se e esforçam-se ainda para unificar a classe operária e, em torno dela, os camponeses; esforçaram-se e esforçam-se para realizar a unidade das forças democráticas, republicanas e progressistas, da Espanha na luta contra o franquismo, atraindo a esta união e a esta luta todas as forças patrióticas e anti-franquistas de nossa pátria. Graças em grande parte ao esforço heróico de nossos militantes, hoje o povo espanhol tem um organismo unitário que agrupa em seu seio as forças republicanas e patrióticas mais importantes da Espanha para a luta pela liberdade e a independência pátria — a Junta Suprema de União Nacional — que organiza e mobiliza os espanhóis na grande batalha para libertar o solo pátrio dos verdugos franquistas e falangistas.
Porque a luta na Espanha tem hoje a altura que tem? É porque o Partido orgânica e politicamente soube elevá-la, e elevar a si próprio, ao nível do que está reclamando a causa suprema da Espanha; porque ele se supera constantemente; porque se mantém unido como uma rocha em torno da sua justa linha política, do Comitê Central e de seu chefe máximo a camarada Pasionária. Por isso, por sua justa linha política, por sua organização e sua luta heróica, a autoridade moral e política do Partido entre as massas cresceu extraordinariamente. Sua influência e sua força são maiores do que nunca. O carinho de todo o povo para com o Partido é enorme. Isto, precisamente, nos dá maiores responsabilidades e faz com que dependa em muito do nosso trabalho, de nossa organização, impulsionar e ampliar ao máximo a luta pela liberdade e pela independência da Espanha.
Não há dúvida de que entre as massas, operárias e camponesas, entre o povo espanhol em geral, existe uma grande vontade para apoiar o Partido na sua linha e na sua luta. Isto exige que intensifiquemos o nosso trabalho e amplifiquemos a nossa organização, para acelerar a vitória do povo espanhol. Existem na Espanha todas as condições objetivas para cumprir rapidamente essa tarefa. O descontentamento e o mal estar do povo são enormes; o ódio ao regime de Franco e da Falange causador da situação de miséria e de fome por que atravessa a Espanha — é imenso. Existe nas massas um forte espírito de luta e de combatividade, manifestado em múltiplas ocasiões. Tudo depende, pois, de sabermos utilizar e canalizar esse descontentamento e esse desejo de luta de nosso povo.
Quais são as questões fundamentais que se nos apresentam no momento atual? Nossa tarefa central consiste em conseguir que o Partido se coloque em condições eficientes de dirigir, orientar e organizar as massas em todos os recantos do país, e em todos os sentidos, na luta diária por suas aspirações imediatas, até chegarmos ao levantamento geral que liberte nossa amada Espanha de seus opressores franquistas e falangistas.
Temos um grande Partido, com uma linha política justa, com muitos milhares de aderentes, com grande simpatia e influência entre as massas, porém, como nos ensinou Checa, isto não é suficiente. É necessário ainda realizar um esforço supremo para elevar a organização do Partido à altura das exigências da luta atual. Só assim estaremos em condições de elevar as ações e a organização das massas ao nível da sua combatividade e do seu espírito de luta. Para realizar estas importantes tarefas é necessário desenvolver uma audaz política de promoção de quadros; estimular e ajudar os nossos quadros no caminho de compreender e aplicar nossa linha política e de desenvolver nossa organização. Temos que saber extrair centenas e centenas de novos quadros dessa fonte inesgotável que é o Partido e o povo espanhóis; é nosso dever fundir, entrosar os velhos e novos militantes no trabalho diário do Partido, na luta contra o regime opressor da Espanha .
É preciso consolidar, normalizar e regularizar os contactos e ligações entre os organismos do Partido, tanto no âmbito nacional como no do Partido, com as demais organizações ou núcleos existentes no país. Nesta base estaremos em condições de orientar melhor o Partido e de conhecer os problemas que existem em cada lugar, o que nos permitira, em última análise, um trabalho maior e mais eficiente.
É imprescindível levar até às suas últimas conseqüências os métodos de trabalho conspirativos, aperfeiçoando ao máximo nosso trabalho ilegal. Não devemos esquecer os ensinamentos de Checa neste particular. É preciso que sejamos muito exigentes conosco mesmos. Nenhum descuido, falta ou erro pode justificar-se no trabalho clandestino, sobretudo quando dele pode depender, e depende em muitos casos, não só a vida de nossos quadros — o que já é suficiente para que não possamos ter descuidos — mas a nossa própria organização. O sentido de responsabilidade deve ser elevado ao máximo; nestes momentos não se pode tolerar irresponsabilidade de quem quer que seja, nem no trabalho nem na conduta, pois isto pode custar muito caro não só a quem o pratica como também ao próprio Partido. O controle das tarefas deve ser realizado com toda a meticulosidade; a pontualidade, a seriedade no trabalho, são condições essenciais para o êxito de nossa luta.
É necessário acentuar mais e mais o sentido da vigilância. Cada militante é obrigado a lutar decididamente contra toda tentativa de quebra da unidade e da disciplina do Partido. Checa ensinou-nos a darvalor à disciplina com o seu próprio exemplo. Ele sabia que sem disciplina e unidade o Partido não poderia cumprir sua missão; discíplina férrea mas não “cega”, e sim consciente, á qual não exclui a critica ao Partido e a expressão de opiniões diferentes dentro do mesmo. Pelo contrário, um militante disciplinado critica os defeitos, as faltas e os erros com o fim de corrigi-los; expressa sua opinião livremente, como é norma no,Partido, mas acata as decisões deste e os acordos da maioria. A, luta permanente e sem quartel para manter e consolidar a unidade do Partido é uma tarefa que nunca deve ser esquecida por nenhum camarada.
Que os ensinamentos e o exemplo de nosso grande dirigente e amigo Pedro Checa, nos iluminem em nosso caminho. Unidos ferreamente em torno da linha política do Partido, sob a direção bolchevique de nosso glorioso Comitê Central e de nossa querida dirigente Pasionária, marchemos para a frente sem descanso, pela independência e pela liberdade da Espanha.