A Guerra é Inevitável
Ao arsenal da preparação guerreira imperialista foi adicionado uma deslavada falsificação dos ensinamentos de Marx, Lênin e Stálin no que se refere à questão da guerra. Pelotões de escribas a serviço de Wall Street, estão tentando dizer ao povo que o marxismo-leninismo proclama a inevitabilidade de um conflito armado entre os dois sistemas sociais, o socialismo e o capitalismo. À “ameaça” de uma ofensiva de paz os diplomatas americanos antepõem hoje sistematicamente o grito de que os marxistas sinceros acreditam por força que a guerra é inevitável. É evidente que apenas os testas de ferro, policiais e traidores — todos eles aplicados estudantes do materialismo dialético — têm permissão para “ensinar e advogar” o marxismo sem ser processado. O mais recente dos peritos a doutrinar sobre o ponto de vista do socialismo acerca da guerra colabora com o nome de “Historicus” na revista trimestral “Foreign Affairs”, órgão oficioso do Departamento de Estado norte-americano(2).
Efetivamente, certos pessoas apegaram-se muito depressa à presunção de que a guerra “está na primeira esquina”. Este foi, realmente, o maior erro dentre os muitos cometidos pelo Cardial Mindszenty. Ele confiou demasiadamente nos exércitos e nas bombas atômicas da santa aliança que, sob a liderança dos imperialistas americanos, abençoados pelo Papa, restaurariam o estado clerical monárquico na Hungria. Tais erros têm sido e sem dúvida continuarão a ser cometidos por vários setores da reação internacional. Pago e seduzido pelo “Colosso Americano”, cada latifundiário que perde suas propriedades considera-se uma espécie de delegado andante dos Estados Unidos, estimulado pela “inevitabilidade da próxima guerra”.
Mas, não são apenas os reacionários e seus agentes as vítimas dos pregadores da guerra inevitável. Verdadeiras vítimas, infelizmente, podem ser também encontradas entre pessoas progressistas que recorrem à imprensa capitalista em busca de ensinamentos sobre o marxismo-leninismo. E o efeito desta crença fatalista na inevitabilidade da guerra entre a URSS e os Estados Unidos é altamente perigoso, pois deixa as pessoas desarmadas diante de seus piores inimigos. Não se combate um terremoto, nem a chegada do inverno. E não é a luta contra a guerra “inevitável” coisa absolutamente sem nexo, por tratar-se de uma luta dificílima, acarretando perigos e sacrifícios e exigindo grande coragem, inteligência e determinação?
A questão não é meramente retórica. Na Alemanha de Hitler, antes da irrupção da Segunda Guerra Mundial, uma das propagandas formas de capitulação ao nazismo revestia-se deste mesmo conceito de inevitabilidade..
Nada podia ser feito, argumentava muita gente. Lutar seria sacrificar-se inutilmente. Tudo, enfim, caberia aos “bravos” DURANTE a guerra e DEPOIS da guerra.
É Possível a Coexistência de Regimes Diferentes
O campo americano da guerra tem o maior interesse em fomentar esta teoria da guerra inevitável, mascarando-a com uma deturpada concepção marxista-leninista. É uma justificativa para gigantescos planos armamentistas e para o desenvolvimento de uma economia de guerra em tempo de paz, arcando o povo com sua imensa carga. É uma justificativa para re-nazificar a Alemanha e re-militarizar o Japão, para intervir em favor de todos os grupos, classes e camarilhas reacionárias, para construir bases militares em todos os quadrantes do mundo. É um pretexto para esmagar as liberdades civis tradicionais E PARA A GRADUAL TRANSFORMAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO BURGUÊS NUM ESTADO SEMI-FASCISTA, MILITAR E POLICIAL.
Todas as tentativas do governo da União Soviética para chegar a um entendimento com os Estados Unidos são desdenhosamente repelidas. Nada de conversa com Stálin! Nada de tornar a bomba atômica ilegal! A guerra é inevitável, como os marxistas supostamente dizem, e a guerra quente é apenas uma questão de tempo.
No entanto, a verdade sobre o marxismo-leninismo é exatamente o contrário. O órgão do Bureau de Informação dos Partidos Comunistas e Operários denomina-se POR UMA PAZ DURADOURA, POR UMA DEMOCRACIA POPULAR. Efetivamente, tanto quanto depende dos marxistas do mundo inteiro, HAVERÁ uma paz duradoura, pois os marxistas são inimigos ferrenhos de toda guerra imperialista. Eles não consideram a guerra como um instrumento para acelerar a subida do socialismo ao poder. Acreditam firmemente que os sistemas socialistas e capitalistas podem viver lado a lado sem guerra. Cumpre não esquecer que nos trinta anos decorridos desde o fim da intervenção americana na Rússia em 1919, os Estados Unidos e a União Soviética viveram juntos em paz. Foram mesmo aliados na decisiva guerra contra Hitler e o Japão!
Toda a história do movimento marxista e do primeiro estado socialista está inseparavelmente ligada à luta contra a agressão imperialista. A cisão na Segunda Internacional ocorreu ao deflagrar a Primeira Guerra Mundial, porque os verdadeiros marxistas recusaram-se a aderir ao campo dos imperialistas guerreiros, ao contrário da maior parte dos líderes socialistas de todos os países — o mesmo tipo de socialistas que são hoje os principais agentes dos belicistas de Wall Street na Europa. O primeiro ato do jovem governo soviético ao subir ao poder foi lançar o apelo em favor da Paz, a 8 de novembro de 1917, redigido por Lênin, no qual todos os povos e governos envolvidos na guerra eram instados a iniciar imediatas negociações visando uma paz justa, sem opressão de qualquer nação e sem conquista de territórios.
Lênin e Stálin repudiaram a “teoria” dos provocadores trotskistas, segundo a qual o Estado socialista seria inevitavelmente destruído se a “revolução mundial” não triunfasse pelo menos nos principais países capitalistas, e que, portanto, a tarefa do Exército Vermelho era servir de instrumento para a deflagração desta revolução mundial. Sem dúvida, Lênin e Stálin tinham na mais alta conta o apoio ao jovem Estado socialista por parte dos operários e trabalhadores dos demais países — cumpre lembrar a resistência dos operários britânicos à intervenção inglesa ao lado da reação polonesa, bem como a importância da revolução alemã de novembro de 1918, que eliminou o vergonhoso tratado de Brest-Litovsk. Entretanto, os dois grandes lideres marxistas sempre acentuaram a possibilidade da construção do socialismo em um só país, especialmente num país tão imenso e potencialmente rico como a União Soviética, sem intervenção em outros países a fim de alcançar “a vitória da revolução mundial”. LÉNIN E STÁLIN VIAM NA PAZ O FATOR ESSENCIAL PARA A CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO SOCIALISMO E DO COMUNISMO NA UNIÃO SOVIÉTICA.
A história da União Soviética tem dado provas da verdade fundamental deste ponto de vista marxista.
Durante os anos da intervenção contra a jovem União Soviética, a economia socialista não pôde ser desenvolvida. Somente no término da guerra de intervenção, isto é, em 1921,
“pôde a República Soviética dedicar-se pacificamente ao seu desenvolvimento econômico. As feridas da guerra precisavam ser cicatrizadas”(3).
Da mesma forma, durante a guerra terrivelmente destruidora da Alemanha de Hitler contra a União Soviética, a economia socialista não pôde realizar avanços tão notáveis como nos anos de paz. Somente ao terminar a última guerra, foi a União Soviética capaz de dedicar-se a novos avanços. Segundo Stálin,
“tendo terminado a guerra vitoriosamente, a União Soviética ingressou num novo período pacífico de seu desenvolvimento econômico”.
Num período PACÍFICO de seu desenvolvimento! Não numa nova economia de guerra para
preparar a agressão contra os Estados Unidos ou quem quer que seja!
Que a União Soviética não tenha saído desta guerra como um mendigo prostrado e desamparado, conforme os inimigos declarados e os falsos amigos desejavam, mas poderosa e hoje economicamente mais forte que em 1940, é apenas mais uma prova do vasto poder do sistema socialista. ENTRETANTO, SOMENTE OS IDIOTAS CONSUMADOS AFIRMARÃO QUE A UNIÃO SOVIÉTICA “PRECISAVA” DA GUERRA A FIM DE TORNAR-SE MAIS FORTE. Sem esta guerra, sem a necessidade de sacrificar milhões de vidas e bilhões de dólares, a JOVEM União Soviética socialista estaria muito mais perto de ultrapassar a produção industrial da VELHA nação americana capitalista.
Aí está, pois, uma das decisivas diferenças entre um estado socialista e um capitalista. Num estado socialista, os armamentos e as guerras de defesa são obstáculos — obstáculos historicamente inelutáveis enquanto existirem poderosos Estados imperialistas — ao ritmo do desenvolvimento econômico. Não há classe, grupo ou pessoa, num Estado socialista, que possa auferir um centavo de lucro com armamentos e guerras. Pelo contrário: a quantidade de material e de trabalho humano utilizados na fabricação de armamentos e na guerra defensiva não pôde ser empregada no desenvolvimento do progresso social, material e cultural para toda a nação, assim como para o indivíduo. Outrossim, numa sociedade socialista jamais ocorre a crise de super-produção que o capitalismo tem experimentado periodicamente desde 1825 — crise que volta hoje a estender sua sombra sobre a economia capitalista americana.
Daí não serem as guerras e os armamentos necessários ao socialismo para assegurar o nível de “pleno emprego” e para converter em chauvinismo imperialista as tensões sociais resultantes da exploração e da crise econômica. Uma economia socialista não precisa exportar capitais. Todo o povo e toda a riqueza do país dedicam-se à tarefa de acelerar o desenvolvimento do socialismo e enriquecer a vida de todos.
Todas estas razões de ordem material e moral fazem do estado socialista o principal lutador em prol do desarmamento, o advogado consequente das relações pacíficas entre o estado socialista e os estados capitalistas, em favor de acordos e entendimentos.
Propostas de desarmamento foram feitas em nome da URSS na defunta Liga das Nações, por Litvinov, mas todas elas foram em vão. E foi com a alegação de “propaganda” que Warren A. Austin respondeu recentemente às propostas de paz do representante soviético nas Nações Unidas visando a interdição da bomba atômica e a redução de um terço dos armamentos dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança. Se o campo da guerra conseguir desencadear um criminoso conflito mundial, esta alegação será lembrada como o cínico símbolo do imperialismo americano, quando povos forem queimados, envenenados e atacados a gases, quando cidades e aldeias forem destruídas.
A Posição Histórica dos Comunistas em Favor da Paz
A preservação da paz como princípio básico da política socialista tem sido afirmada repetidas vezes pelos líderes marxistas. Lênin, por exemplo, declarou em 1921 no Nono Congresso dos Soviets de toda a Rússia que “faremos tudo ao nosso alcance para que a paz seja mantida”. Stálin, seguindo a tradição de Lênin, declarou no 17.° Congresso do Partido Comunista da União Soviética em 1934:
“Em meio a este vozerio de guerra que empolga inúmeros países, a URSS tem observado durante estes anos, firme e indomitavelmente, a sua posição de paz, lutando contra a ameaça de guerra, lutando para preservar a paz, procurando contacto com aqueles países que de uma forma ou de outra são pela preservação da paz, denunciando e rasgando a máscara daqueles que se estão preparando para a guerra e provocando-a.
Que faz a URSS confiar nesta difícil e complexa luta pela paz?
1 — Seu crescente poderio econômico e político.
2 — O apoio moral de milhões de trabalhadores de todos os países que estão interessados na preservação da paz.
3 — O bom senso daqueles países que por este ou aquele motivo não estão interessados em perturbar a paz e que desejam desenvolver relações comerciais com um cliente tão pontual como a URSS.
4 — Finalmente, o nosso glorioso exército que está pronto para defender o nosso país contra um ataque do exterior”.
Na entrevista com Haroid E. Stassen em 1947, Stálin foi inquirido se não havia declarado na sessão Plenária de 1937 e no 18.° Congresso ao Partido em 1947 que a cooperação entre os dois sistemas era impossível. Stálin respondeu então, em termos inequívocos:
“Não houve um único congresso do Partido ou sessão plenária do Comitê Central do Partido Comunista em que eu dissesse ou pudesse dizer que a cooperação entre os dois sistemas era impossível. E disse, de fato, que havia o cerco capitalista e o perigo de um ataque contra a URSS. Se uma parte não deseja cooperar, isso quer dizer que existe uma ameaça de ataque. E realmente a Alemanha, não desejando cooperar com a URSS, atacou a URSS. Poderia a URSS ter cooperado com a Alemanha? Sim! Mas os alemães não desejavam cooperar. Por outro lado, a URSS poderia ter cooperado com a Alemanha, da mesma forma que com qualquer outro país. Como o sr. vê, isto se prende à esfera do desejo e não à possibilidade de cooperação. É necessário fazer uma distinção entre a possibilidade de cooperação e o desejo de cooperar. A possibilidade de cooperação sempre existe. Mas nem sempre está presente o desejo de cooperar. Se uma das partes não deseja cooperar, então o resultado será um conflito, a guerra”.
Stassen disse nessa ocasião: “O desejo deve ser mútuo”. E Stálin respondeu prontamente:
“Sim. E eu quero ressaltar o fato de que a Rússia deseja cooperar”.
Stálin reiterou esta posição em sua resposta à carta aberta de Wallace no ano passado:
“A despeito das divergências nos sistemas econômicos e nas ideologias, a coexistência destes sistemas e a solução pacífica das divergência entre a URSS e os Estados Unidos não são apenas possíveis, mas absolutamente necessárias ao interesse da paz universal”.
Os marxistas-leninistas não têm dúvida de que a competição pacífica entre a União Soviética e as Democracias Populares de um lado, demonstrará cada vez mais a superioridade do Socialismo sobre o Capitalismo, sua superioridade material, cultural, social e política. As guerras entre os dois sistemas não são “necessárias” para induzir os oprimidos e explorados a lutarem pela melhoria de sua existência contra os opressores. As duras necessidades da vida, a própria experiência dos povos com seus exploradores e opressores, juntamente com os exemplos da superioridade do socialismo os ensinará a avançar na estrada para o socialismo.
Os marxistas-leninistas estão absolutamente convencidos do triunfo do socialismo no mundo; acreditam nas possibilidades ilimitadas do progresso na União Soviética e nos países que marcham para o socialismo, vêem numa nova guerra um obstáculo a este progresso; sabem que tal guerra destruirá dezenas de milhões de trabalhadores de ambos os sistemas e de todas as terras, bem como o trabalho de suas mãos e cérebros. E é exatamente por estes motivos que os marxistas-leninistas lutam pela paz, pelo desarmamento, pelo fim do envenenamento chauvinista imperialista dos povos — em suma, pela coexistência pacífica dos dois sistemas, pela coexistência pacífica dos Estados Unidos e da URSS.
Há Condições Para Derrotar os Incendiários de Guerra
Esta luta obstinada e complexa pela paz não é uma tática de fraqueza; NASCE DA PRÓPRIA FORÇA. Nenhuma concentração de forças imperialistas contra a União Soviética pode ser maior do que foi na segunda Guerra Mundial, quando os imperialistas alemães e japoneses dominavam a Europa e uma grande parte da Ásia. Foi o sistema Socialista, a União Soviética, mais fraca do que hoje, relativamente falando, que derrotou a Alemanha e as principais forças de terra do Japão.
Ao poder da União Soviética, hoje muito maior do que durante a Segunda Guerra Mundial, foram acrescentadas as centenas de milhões de pessoas das Democracias Populares, da vitoriosa revolução chinesa, o fortalecimento do movimento de libertação nacional em numerosos países bem como o fortalecimento do movimento comunista nos países capitalistas. É verdade que o imperialismo americano saiu mais forte da Segunda Guerra Mundial, porém mais forte apenas em relação às forças capitalistas e imperialistas seriamente enfraquecidas. Na realidade, saiu mais fraco em relação às forças sociais e progressistas, em relação a todas as Nações e povos que se libertaram do sistema imperialista ou que estão em processo de libertação.
Estas modificações na correlação de forças entre os dois campos após a Segunda Guerra Mundial são decisivas em comparação com a situação reinante antes da guerra.
Antes de 1941, a correlação de forças entre a paz e a guerra era tal que a guerra não podia ser evitada, dada à FIRME resolução dos imperialistas de provocar e iniciar o conflito. O campo da paz, sob a liderança da União Soviética, já era capaz de esmagar os agressores, mas não ainda de impedir a guerra. Hoje, depois dessa guerra, o colossal reforçamento do campo da paz, mais uma vez sob a orientação da poderosa União Soviética, tem uma oportunidade muito maior de evitar a erupção de uma nova guerra mundial. Estivesse a decisão apenas nas mãos dos dirigentes dos Estados Unidos e da Inglaterra, a guerra seria de fato inevitável. Mas tal não é o caso. A política dos líderes imperialistas é de agressão e de desencadeamento da guerra, mas, conforme assinalou Stálin,
“os horrores da última guerra acham-se vivos demais na memória dos povos, e as forças sociais que lutam pela paz são bastante poderosas para que os discípulos de Churchill as possam dominar e encaminhá-las no sentido de uma nova guerra”.
O aumento do poder material e humano das forças do campo da paz, juntamente com o desejo geral de paz dos povos dentro do sistema capitalista, tornam a luta pela coexistência pacífica incomparavelmente mais esperançosa do que antes da Segunda Guerra Mundial.Jamais na história do imperialismo teve a luta contra uma nova guerra mundial imperialista melhor oportunidade de êxito do que no atual período.Contanto, porém, que se eliminem, especialmente nos Estados Unidos, o fatalismo e o ceticismo, esses arqui-exterminadores da luta.
Cada um de nós representa uma força nesta sempre mutável “correlação de forças”. Nossa persistência e nossa atividade nesta batalha pela paz fortalece o campo da paz, e nosso pessimismo quanto ao sucesso dessa batalha, nossa capitulação fatalista aos belicistas, nossas sectárias preocupações de ordem particular fortalecem o outro campo, isto é, o campo guerreiro.
A questão sobre se haverá uma nova e terrível guerra jamais poderá ser decidida abstratamente, jamais poderá ser respondida de antemão com um sim ou um não, mas apenas pelos resultados de uma batalha mundial pela paz que se processa através de cem meios e formas, em cada país com força diferente, com altos e baixos.
É claro que os imperialistas americanos procuram febrilmente alterar esta correlação de forças favoráveis à preservação da paz. E este é o significado do novo pacto de agressão imperialista, o novo Pacto Anti-Comintern, desta vez chamado “Pacto de Defesa do Atlântico Norte”. Ao chamar de agressora a União Soviética, ao taxar caluniosamente o marxismo de incitador de guerra, os imperialistas estão seguindo de perto a tática de Hitler e dos imperialistas alemães, que também tentaram mascarar seus objetivos com o mito de que o marxismo e o bolchevismo (e também os judeus) tinham desígnios agressivos contra os pobres alemães.
Mas, perguntam-nos, como pode a doutrina marxista conciliar sua própria tese de que a coexistência pacífica dos dois sistemas é não apenas possível, como até torna mais fácil a vitória do socialismo e do comunismo, com a afirmativa também marxista de que todos os caminhos conduzem ao comunismo?
Os resultados das duas guerras mundiais provaram o que se quer dizer quando se afirma que “todos os caminhos levam ao comunismo”. O resultado da primeira guerra mundial, que foi deflagrada contra a vontade de todos os verdadeiros marxistas, foi o triunfo do socialismo numa sexta parte do mundo. De uma previsão marxista, o socialismo transformou-se numa realidade histórica. Uma nova era havia começado para os povos.
O resultado da segunda Guerra Mundial, que novamente irrompeu contra o desejo e contra todos os esforços da União Soviética e de todos os verdadeiros marxistas, foi a separação de outros Estados e povos do sistema imperialista. Esta separação — que de maneira alguma chegou ao fim — não pôde ser impedida pelos imperialistas, graças à existência da União Soviética. A crise do imperialismo, que teve início em 1914, tornou-se ainda mais aguda, ainda mais fatídica para os dominadores imperialistas.
Uma terceira guerra mundial seria uma luta de vida e morte entre as forças do progresso e a reação, trazendo incalculável miséria para os povos do mundo inteiro. QUEM QUER QUE DESEJE TAL GUERRA A FIM DE”ACELERAR” O SOCIALISMO OU É UM PROVOCADOR OU UM CONSUMADO IMBECIL. Por conseguinte, todos os marxistas sérios lutarão contra os advogados de uma nova guerra mundial, qualquer que seja a máscara que eles possam usar. Ao mesmo tempo, nenhum marxista sincero pode ter qualquer dúvida de que uma terceira guerra mundial resultaria num enfraquecimento ainda maior do sistema imperialista e reuniria massas ainda maiores em torno dos marxistas e dos países liderados pelos marxistas contra os culpados deste novo crime.
A decidida luta dos marxistas por uma paz duradoura não quer dizer que eles se tenham tornado pacifistas. O socialismo é um sistema de paz, mas nada tem a ver com o pacifismo pequeno burguês. Se atacado, revidará com todas as suas forças. Foi o que fez com absoluto êxito o primeiro Estado dos trabalhadores ao subir ao poder, e depois contra os agressores alemães e japoneses. Não pode haver dúvida de que a União Soviética e as Democracias Populares e todas as nações que se estão libertando do sistema imperialista farão a mesma coisa amanhã, se atacadas. A LUTA PELA PAZ NÃO QUER EM ABSOLUTO DIZER QUE OS TRABALHADORES VITORIOSOS DESISTIRÃO “PACIFICAMENTE” DE SEU PODER, DE SEU AVANÇO PARA O SOCIALISMO, DE SUA INDEPENDÊNCIA.
Tão pouco a luta pela paz quer dizer que os trabalhadores abram mão de sua luta contra os exploradores ou que os povos e nações oprimidas estão capitulando. Tal capitulação, mesmo se fosse possível, não reforçaria a frente da paz. Pelo contrário, encorajaria o desejo de guerra dos exploradores e opressores. A resistência à opressão detém os forjadores da guerra. Assim é que os imperialistas americanos suspiram com desalento porque a vitória dos comunistas chineses lhes está “roubando” uma base para a guerra contra a União Soviética, ao mesmo tempo que clamam que o espírito combativo dos operários franceses e italianos está tornando muito duvidoso o “valor” da França e da Itália numa guerra contra a União Soviética. E quem pode negar que a heróico batalha do
povo grego pela independência está fortalecendo a frente da paz?
A luta pela paz não quer dizer que os progressistas se recusarão a apoiar certas guerras, isto é, as guerras de libertação, do oprimido contra o opressor, como a dos indo-chineses contra os imperialistas franceses, dos indonésios contra os imperialistas holandeses, dos malaios contra o imperialismo britânico, dos israelitas contra os carrascos árabes do imperialismo britânico, ou a guerra revolucionária do povo chinês contra a reação chinesa amparada pelo imperialismo.
O marxismo exige uma análise exata de cada guerra à base de dados concretos. Assim, escreveu Lênin:
“Toda guerra em que as partes em luta oprimem países ou nações estrangeiras, lutando pela divisão do saque e para decidir ‘quem deve oprimir e roubar mais’, não pode ser outra coisa senão imperialista… A guerra é a continuação da política desta ou daquela classe, e em toda sociedade de classes, escravagista, feudal ou capitalista, tem havido guerras que continuaram a política das classes opressoras. Mas tem havido também guerras que continuarão a política das classes oprimidas” (Para a Revisão de um Programa do Partido).
Se, por um lado, a União Soviética e todos os países em marcha para o socialismo estão se orientando no sentido de concentrar todas as forças em prol da paz no mundo, todos os povos amantes da paz, por outro lado, irresistivelmente se orientam na direção da União Soviética. Se a União Soviética, onde a exploração do homem pelo homem e toda forma de opressão nacional foram abolidas, é a aliada natural de todos os que combatem para pôr termo à exploração e a opressão nacional, todos os povos explorados e oprimidos inevitavelmente vêem na União Soviética seu baluarte histórico.
É por isso que todos os marxistas dizem, apesar de todo o uivar dos imperialistas e seus agentes, QUE A POLÍTICA DA UNIÃO SOVIÉTICA FOI E É JUSTA E ÚTIL A TODA A HUMANIDADE, E QUE A POLÍTICA DOS IMPERIALISTAS É ERRADA E NOCIVA MESMO AOS POVOS DE SEUS PAÍSES E A TODOS OS DEMAIS POVOS.
Muitos americanos começaram a compreender o papel da União Soviética durante a 2a. Guerra Mundial. E hão de compreender novamente, ainda que tenham sido iludidos temporariamente pela venenosa propaganda imperialista. A vida — a luta de classes — há de ensiná-los outra vez, E AINDA MAIS COMPLETAMENTE, a grande verdade histórica de que a União Soviética não é inimiga dos americanos mas sua amiga e a verdadeira aliada. A posição marxista-leninista a respeito da paz é uma valiosa ponte entre as massas por vezes um tanto confusas e politicamente atrasadas, que DESEJAM a paz, e aqueles que consciente e consequentemente LUTAM PELA PAZ. Os trabalhadores aos quais se procura hoje fazer crer que a União Soviética e os marxistas são seus inimigos, são os nossos amigos e camaradas de amanhã que irão garantir a vitória da paz e do progresso.
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Notas de rodapé:
(1) Membro do Partido Comunista da Alemanha (veja biografia) (nota do MIA)
(2) Ver a replica de George Siskind a “Historicus”: “Como Historicus deturpa a História” — “Political Affairs”. fevereiro de 49 — Nova Iorque.
(3) História do Partido Comunista (bolchevique) da URSS. págs. 100 — Edições Horizonte — Rio.
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“Já se foram os tempos em que se podia explorar e oprimir tranquilamente as colônias e os países dependentes”
(“O marxismo e o problema nacional e colonial” — STÁLIN)