A Conspirata dos Agressores Contra a Paz e a Independência dos Povos

O XI Congresso de nosso Partido, reunido em Estrasburgo em junho de 1947, alertou o povo da França contra as terríveis ameaças que o expansionismo norte-americano faz pesar sobre a paz do mundo e sobre a independência das nações. Nosso Congresso denunciou os políticos reacionários e outros aventureiros que incitam abertamente ao desencadeamento de uma terceira guerra mundial. Dizíamos então:

“Os povos querem a paz e saberão defendê-la. Os povos não se deixam impressionar pelos discursos atômicos e os gestos provocadores. Eles farão recuar os provocadores de uma nova guerra”.
E proclamávamos nossa vontade de

“permanecermos fiéis ao espírito de nossos heróis, ao espírito de nossos mártires, mortos para que a França viva, uma França livre e independente”.
Alguns meses mais tarde, em outubro de 1947, a primeira Conferência de Informação dos Partidos Comunistas fazia uma análise aprofundada das transformações ocorridas na situação internacional, logo depois da segunda guerra mundial e nos primeiros anos de após-guerra.

Zhdanov recordara que o resultado mais importante da primara guerra mundial foi a ruptura da frente única do imperialismo e o fato de a Rússia se ter destacado do sistema capitalista mundial. O capitalismo não é mais O SISTEMA ÚNICO UNIVERAL da economia mundial; ao lado do sistema capitalista, existe O SISTEMA SOCIALISTA que cresce, prospera, e afirma sua superioridade desempenhando o papel decisivo na vitória das Nações Unidas sobre a Alemanha hitlerista. A divisão do mundo em dois sistemas econômicos opostos, tal é precisamente, conforme nos diz Stálin, o indício essencial DA CRISE GERAL DO SISTEMA CAPITALISTA.

O resultado da segunda guerra mundial, com a derrota do fascismo, com o enfraquecimento das posições mundiais do capitalismo e o fortalecimento do movimento anti-fascista, foi o fato de se ter destacado toda uma série de países da Europa central e oriental do sistema imperialista e de se haver instaurado regimes de democracia popular nesses país. A correlação de forças entre os dois sistemas — o socialista e o capitalista — modificou-se de maneira decisiva em favor do socialismo.

À Declaração adotada pela primeira Conferência dos Partidos Comunistas mostrava que após a guerra haviam-se formado dois campos na arena mundial e que seus objetivos e suas tarefas eram radicalmente opostos; a Declaração denunciava os planos de agressão do campo imperialista dirigido pelos Estados Unidos, planos que tendem à instauração da dominação mundial do imperialismo anglo-americano e ao esmagamento da democracia; ela desmascarava a traição dos dirigentes socialistas de direita, auxiliares zelosos dos imperialistas em todas as suas empresas mais reacionárias.

Os provocadores de guerra e seus agentes acolheram com gritos de furor as resoluções da primeira Conferência de Informação dos Partidos Comunistas, notadamente a decisão de constituir-se entre os Partidos interessados um Bureau de Informação, tendo como tarefa organizar o intercambio de experiências e, em caso de necessidade, a coordenação da atividade dos Partidos Comunistas na base do livre consentimento. Todos aqueles que dependem da Internacional do capitalismo e seus múltiplos agentes, tal como o COMISCO, uivaram e babaram contra nós. Mas cuidaram de evitar a publicação sequer, de uma linha do informe de Zhdanov e da Declaração dos Partidos Comunistas. Eles receavam que os homens do povo, de cuja boa fé abusavam com mentiras e calúnias, pudessem convencer-se muito rapidamente da justeza destes textos históricos, plenamente confirmados por todo o curso posterior dos acontecimentos.

“A luta entre os dois campos, entre o campo imperialista e o campo anti-imperialista, se desenvolve nas condições de acentuação da crise geral do capitalismo, do enfraquecimento das forças do capitalismo e do fortalecimento das forças do socialismo e da democracia”.
O Fortalecimento do Campo Democrático

ESTA apreciação da primeira Conferência dos Partidos Comunistas não foi confirmada? Desde outubro de 1947, consideráveis transformações ocorreram ainda na situação internacional. A correlação de forças continuou a se modificar em favor do campo da paz, da democracia e do socialismo.

De um lado, constatamos o fortalecimento sensível do campo democrático, com o prodigioso desenvolvimento da produção na União Soviética e o poderio crescente do país socialista, com a consolidação econômica e política dos países de democracia popular, que avançam pelo caminho do socialismo, a vitória histórica da Revolução chinesa, a criação da República popular alemã, a consolidação dos Partidos Comunistas e o desenvolvimento do movimento operário e democrático nos países capitalistas, o fortalecimento da luta libertadora dos povos coloniais e a amplitude do movimento dos partidários da paz no mundo.

                                                          Aumenta o Perigo de Guerra

POR OUTRO lado, constatamos uma nova retração das bases do sistema capitalista, a agravação de todas as contradições do capitalismo: entre o capital e o trabalho, entre os países capitalistas rivais, entre os povos submetidos à opressão colonial e os conquistadores imperialistas A crise econômica começou nos Estados Unidos e avança pela Europa. Constatamos um novo aprofundamento da crise geral do sistema capitalista, um enfraquecimento contínuo do campo imperialista e anti-democrático. Entretanto, é preciso não tirar destas constatações objetivas a conclusão errônea e extremamente prejudicial à causa da paz, de que o perigo de guerra diminuiu. Quanto mais a reação imperialista se vê numa situação desesperada, tanto mais furiosa ela se torna e mais cresce o perigo das aventuras militares.

No último período, desenharam-se com mais nitidez ainda as duas linhas da política mundial: a do campo democrático e anti-imperialista, tendo à frente a União Soviética e conduzindo uma luta perseverante e consequente contra os provocadores de guerra, pela paz entre os povos, pela democracia e pela independência de todas as nações, grandes e pequenas; e a do campo imperialista e anti-democrático, dirigido pelos Estados Unidos, que quer escravizar os outros países, esmagar as forças operárias e democráticas, explorar mais duramente ainda os trabalhadores da cidade e dos campos, manter ou recolocar sob seu jugo os povos coloniais, restaurar o poder dos capitalistas e dos grandes proprietários de terra nos países de democracia popular e na União Soviética, conquistar pela violência novos mercados e novas fontes de matérias primas, instaurar a hegemonia dos anglo-americanos sobre o mundo, em suma, desencadear uma nova guerra imperialista.

Demonstramos no Congresso de Estrasburgo que os capitalistas americanos auferiram lucros fabulosos durante a guerra e que desenvolvem consideravelmente seu aparelho de produção. Terminada a guerra, quiseram conservar o mesmo volume de sua produção, a fim de prosseguir embolsando enormes lucros. Os capitalistas norte-americanos visam consolidar sua situação de monopólio sobre o mercado mundial. Eles estão em busca de escoadouros para suas mercadorias e de colocação para seus capitais, eles utilizam a fundo sua potência econômica, política e militar para conservar e ampliar as posições conquistadas durante a guerra, em detrimento dos países vencidos e também dos países vencedores como a Inglaterra e a França, que estão reduzidos à categoria de satélites.

                                                A Política Expansionista dos Estados Unidos

ESTA política conquistadora e expansionista dos Estados Unidos afirmou-se com uma brutalidade sempre crescente. Ela achou sua expressão no que se chamou a “doutrina Truman”. O Presidente dos Estados Unidos glorifica a “liberdade de empreendimento”, isto é, a “liberdade” para os trustes norte-americanos explorarem o mundo inteiro, a “liberdade” para os lobos devorarem os carneiros. Já o nosso velho Blanqui tinha exclamado:

“O que eles chamam liberdade, a livre atividade individual, é o reino do capital associado, o jogo livre e sem entraves da especulação, o povo escravo do salário, impotente para lutar contra a dominação das coalizões financeiras, sofrendo sua lei pelo jogo deste mecanismo de pretensa liberdade”.
O sr. Truman reivindica para seu país a missão de “proteger” a liberdade de empresa em toda a face da terra, como necessidade para aguerra. Os “princípios” trumanianos foram desenvolvidos num livro de título sugestivo — “Para a dominação mundial” — escrito por um trotskista americano, James Burnham, e publicado numa coleção que o degaullista Raymond Aron dirige. À página 242, o autor faz o que ele próprio chama “o resumo de certas regras de pensamento e de conduta políticas”:

É preciso reconhecer que a paz não ê nem pode ser o objetivo da política exterior;
É preciso renunciar ao que resta da doutrina sobre “a igualdade das nações”. Os Estados Unidos deveriam apresentar-se abertamente como candidatos à direção da política mundial;
É preciso abandonar inteiramente o princípio de “não-intervenção nos negócios internos das outras nações”, que já não passa de uma forma vazia. Para as questões que afetem a política mundial, a conduta normal deverá ser uma intervenção;
Os Estados Unidos terão de admitir a necessidade duma propaganda mundial como arma política indispensável no mundo moderno;
Os amigos terão de ser discriminados dos inimigos. A regra deverá consistir em dar aos amigos toda a ajuda possível — econômica, política, em alimentos, máquinas, dinheiro, armas — e nada, menos que nada aos inimigos;
Como aplicação da regra 5.ª, nenhum favor será prestado aos comunistas ou a seus amigos, e as razões da recusa serão dadas francamente: nada a tal pessoa ou tal organização ou tal país, porque é comunista;
Será preciso fazer uma declaração prática de não colaboração com a União Soviética;
Enfim, esta política não poderá ser posta em prática a não ser que os Estados Unidos sejam capazes de empregar a força, se estão decididos a isso e se este fato é conhecido”.
Vê-se por esta citação um pouco longa mas tão significativa, com que imprudência os ideólogos do imperialismo norte-americano expõem doravante as “regras” duma política exterior cujo objetivo “NÃO É E NEM PODE SER A PAZ”, duma política exterior que confessa cinicamente seus fins: “PELA DOMINAÇÃO MUNDIAL”. E realmente a prática dos imperialistas norte-americanos inspira-se estreitamente nestas “regras”.

                                                       A Preparação Duma Terceira Guerra Mundial

TODA a política do bloco imperialista, dirigido pelos Estados Unidos, nada mais representa do que a preparação duma terceira guerra mundial. Os imperialistas norte-americanos desenvolvem em todos os continentes uma enorme atividade política, econômica, militar e ideológica. Eles se esforçam por açambarcar em toda parte as matérias estratégicas que lhes são necessárias para preparar a guerra. Eles incrementam febrilmente a organização de suas bases de agressão, militares, navais e aéreas, através do mundo inteiro. A “defesa do hemisfério ocidental”, como dizem eles hipocritamente, passa pelo cabo Norte, pelo Elba, Dardanelos, Irã, Singapura, Indochina e Japão. A doutrina de Monroe: “a América para os Americanos” será transformada na doutrina de Truman: “o mundo inteiro para os capitalistas norte-americanos”.

É para preparar a nova guerra que os imperialistas americanos dão apoio sem reserva aos ditadores fascistas, a Franco, Tsaldaris, Tito. Eles sustentam por toda parte os agrupamentos da reação, os resíduos do fascismo na Itália, os do vichiismo revivido pelo degaullismo na França. Eles querem recolocar Leopoldo III no trono da Bélgica. Eles se esforçam por recolocar no poder os remanescentes dos regimes caducos, condenados pelos povos, tais como os Andérs, Chiang Kai-Chek e seus bandos. Eles empregam todos os traidores em seus serviços de espionagem, em suas brigadas de espiões, de provocadores e agentes diversionistas. O imperialismo norte-americano tornou-se o centro da reação internacional.

As despesas militares dos Estados Unidos, em 1949, foram 20 vezes superiores às de 1939. Elas se elevam a 25 bilhões de dólares, ou seja, DEZ MIL BILHÕES de francos, incluindo-se aí as despesas com a energia atômica, a estocagem das matérias estratégicas e a organização do bloco dos agressores batizada de “ajuda” à Europa. No curso do próximo exercício, este montante de despesas de guerra se elevará a perto de 30 bilhões de dólares, isto é, 71% do orçamento total, contra 1% para a instrução pública e menos de 1% para a proteção à saúde.

Durante certo tempo os imperialistas norte-americanos tinham utilizado a chantagem de sua diplomacia atômica para assegurar-se a dominação do mundo. O Presidente Truman declarou que estava decidido a, se for o caso, dar uma vez mais a ordem de lançar a bomba atômica. Os americanos tinham então a ilusão de possuir com exclusividade a arma atômica. Eles queriam intimidar o povo soviético e seu governo que não têm o hábito de tremer, conforme Hitler verificou. Eles queriam sobretudo fazer crer a seus satélites que o monopólio da arma atômica asseguraria uma vitória sem risco ao bloco dos agressores.

           O Plano de Escravização Econômica e Política da Europa Pelos Imperialistas Americanos

OS PROVOCADORES de guerra não quiseram levar a sério a declaração de Molotov, em novembro de 1947, sobre o fato de que o segredo da arma atômica não existia mais. E eis aí que Truman, lançando a consternação no campo dos provocadores de guerra, proclamou, ele próprio, que a União Soviética possuía a arma atômica. Truman tirou daí, no entanto, a conclusão que era melhor, em tais condições, aceitar a proposta da União Soviética no sentido da interdição da arma atômica? Absolutamente. Ordenou foi a fabricação da bomba de hidrogênio, a super-bomba H, cujo efeito destruidor seria mais terrível ainda. Uma só dessas bombas, conforme declarou o grande sábio Einstein, pode envenenar a atmosfera e tornar a vida completamente impossível no globo.

política expansionista dos Estados Unidos reveste-se de uma forma particularmente rapace, com o Plano Marshall que denunciamos, desde o início, como um plano de escravização econômica e política da Europa pelos imperialistas norte-americanos, como um plano de preparação para a guerra.

Mostramos então que o Plano Marshall não tinha absolutamente “objetivos generosos e desinteressados”, de capitalistas filantropos humanizados, como era apresentado pelos dirigentes socialistas, apologistas servis de seus patrões americanos. Explicamos então que os capitalistas norte-americanos não podiam ter em vista restaurar, na França ou outros países, indústrias que lhes fariam concorrência, mas sim assegurar a colocação de seus próprios produtos industriais e agrícolas. Afirmamos então que os créditos relativamente fracos — menos de 5% dos países beneficiários — não seriam concedidos senão em condições incompatíveis com a honra e a independência das nações. Afirmamos então que o Plano Marshall asseguraria como prioridade o reerguimento da Alemanha Ocidental, de sua indústria de guerra e que liquidaria as reparações devidas à França e aos países vítimas da agressão hitlerista. Os acontecimentos nos deram razão.

Agora ninguém mais acredita na “generosidade” americana. Quanto mais os povos são atingidos pelos “benefícios” norte-americanos, tanto mais soçobram na miséria e na escravidão. O Plano Marshall, longe de “sanear” a economia da Europa Ocidental, provocou novas dificuldades e agravou a crise. A falência do Plano Marshall foi reconhecida pelos próprios governantes. Na última reunião da OCE – por contrassenso denominada “organismo de cooperação econômica” – os representantes dos diferentes países marshallizados assinaram uma ata de sessão de falência. Em feroz oposição uns aos outros, eles nada mais conseguiram que designar um “conciliador político”.

Conhece-se a “Carta Aberta de um Industrial Francês ao Presidente Truman”, publicada na “Vie Financiére” de 22 de setembro de 1949:

“Antes do surgimento do plano, os negócios marchavam bem e havia trabalho para todo o mundo. Hoje só se fala de novas taxas e aumento de impostos, tudo aumenta… Tudo, salvo as possibilidades de saida desse intrincado, as vendas e o trabalho diminuem por toda parte e por toda parte há perversão, por toda parte se diminuem as horas de trabalho…”
É que os Estados Unidos, por meio de contratos draconianos e constrangindo os outros países à desvalorização de suas moedas, se reservaram parte do leão no comércio da Europa Ocidental. Isso pode ser julgado pelo quadro seguinte:

                                         

Os processos comerciais dos americanos lembram a maneira de Harpagão, que emprestava a juros usurários e constrangia seus devedores a adquirir, a alto preço, objetos inesperados e supérfluos, tal como o famoso crocodilo empalhado. Os Estados Unidos fornecem muito pouco equipamento industrial, mas, por outro lado, fornecem víveres e produtos que concorrem seriamente com a produção dos países marshalizados.

“L’Aube” de 30 de agosto de 1949 publicava a opinião dum belga sobre a causa principal da crise econômica em seu país:

“Em primeiro lugar os acordos da Bélgica com os Estados Unidos. Toda esta prosperidade que vos espanta, todos estes automóveis rutilantes, compridos e amplos como “Pullman” são um pouco o sinal de nossa domesticação. E há setores em que o desemprego surgiu porque a concorrência norte-americana se apresentava muito ativa”.
O mesmo acontece na França, observamos ao jornal do Presidente do Conselho, responsável n.° 1 pela marshallização de nosso país.

O sr. Hoffman, diretor geral do Plano Marshall, convida os países da Europa Ocidental a aumentar suas exportações. Para onde poderiam exportar?

Para os Estados Unidos? Ao mesmo tempo em que exigem dos países marshalizados a diminuição ou a supressão de suas tarifas aduaneiras, os Estados Unidos se entrincheiram por trás de impostos proibitivos ou recusam licenças de importação. A Dinamarca, apesar de seus protestos, viu recusada nos Estados Unidos a entrada de seu principal produto, a manteiga.

Exportar nos países marshallizados? Para reservar os mercados desses países para si, os Estados Unidos opõem entraves ao comércio normal entre eles. O “Figaro” de 26 de janeiro de 1950 nos mostra que o governo norte-americano não pode permitir que a Europa Ocidental, supra as suas próprias necessidades alimentares:

“Tal situação comprometeria toda a política agrícola norte-americana e arriscaria a deixar os Estados Unidos com a totalidade de seus excedentes de cereais exportáveis sem escoadouro”.
O governo francês foi repreendido porque, baseando-se no acordo de Washington que o autoriza a exportar um milhão de quintais de trigo, destes remeteu 300.000 quintais para a Holanda. O funcionário norteamericano fez questão de declarar: “NÃO TOMAMOS NENHUMA MEDIDA PUNITIVA”. Vê-se por essas palavras incríveis a natureza das relações entre os Estados Unidos e os países que eles submetem por meio duma verdadeira chantagem econômica e política.

Até os turcos se queixam de que os Estados Unidos lhes fecham as portas de todos os mercados para o tabaco, cuja venda constitui um terço das exportações da Turquia. Os Ingleses, tendo perdido sua antiga preponderância, tendo deixado de ser os banqueiros do mundo e transferindo esse papel aos americanos, tentam conservar algumas posições e insinuar-se como estando num brilhante segundo lugar. Mas os norteamericanos querem sua total subordinação. A nova guerra do petróleo é um aspecto da pressão exercida sobre a Inglaterra pelos Estados Unidos.

“La France Industrielle” afirmava a 6 de maio de 1949:

“Se isto continuar, o fim do Plano Marshall trará certamente o isolamento econômico entre os países da Europa Ocidental e entre essa parte da Europa e os Estados Unidos”.
Exportar para os países do Leste? Os americanos proíbem seus satélites todo comércio normal com a União Soviética e com ás democracias populares. Sabe-se pela provocação de Beauregard e, mais recentemente ainda, pela exploração vergonhosa do processo do espião Rebineau, com que zelo os governantes franceses executam, por sua parte, as palavras de ordem americanas. Nosso país está assim privado de escoadouros para sua indústria e deve suportar os preços de monopólio dos fornecedores norteamericanos.

Os Estados Unidos impuseram aos países que eles dominam a “lei americana”. Esta lei deixa naturalmente só aos Estados Unidos o direito de decidir acerca do volume dos créditos. A administração americana do Plano Marshall pode mesmo suprimir qualquer crédito se achar que “em virtude de modificação na situação, a ajuda fornecida não é mais compatível com o interesse nacional dos Estados Unidos”. Os americanos possuem assim um meio de pressão sobre os governos dos países marshalizados.
A administração do Plano Marshall força a presença em todos os países satélites de um verdadeiro exército de funcionários americanos que não passam de agentes que trabalham pela subordinação total desses países. Entrc esses funcionários estão os encarregados da informação, isto é, da propaganda americana por intermédio da imprensa, do livro, do rádio, do cinema, do teatro. Os créditos do Plano Marshall previam 15 milhões de dólares para essa obra de envenenamento das consciências e de preparação para a guerra. Sabe-se também que uma outra equipe de funcionários do Plano Marshall tem como única ocupação provocar intrigas e manobras contra os sindicatos; foram os inspiradores da cisão sindical e os financiadores de Bouzanquet & Cia.

                                                       O Pacto do Atlântico

O Plano Marshall, instrumento de preparação para a guerra, foi completado pela nova Santa Aliança de Bruxelas, concluída entre os Estados colonialistas da Europa Ocidental, em seguida pelos acordos de Londres, que instalaram em Fontainebleau um estado-maior estrangeiro, e pela União Européia, expressão política do bloco ocidental, finalmente pelo Pacto do Atlântico e pelo Plano de Ajuda militar.

O Pacto do Atlântico visa reunir, sob a direção dos imperialistas americanos e para sua guerra contra a União Soviética e contra as Democracias Populares, todos os recursos humanos e materiais dos países participantes. Os países signatários perderam toda possibilidade de realizar uma política independente e nacional. São os piões que os Estados Unidos manobram para atingir seus objetivos de agressão.

O Pacto do Atlântico visa reprimir a resistência dos povos da Europa contra a política de guerra dos Estados Unidos e de seus cúmplices dos governos marshallizados. Ele legitima antecipadamente a intervenção americana nos assuntos internos dos países da Europa Ocidental.

Dizíamos, já em abril de 1948, em Buffalo, que o Plano Marshall faria de nossos filhos vítimas de antemão sacrificadas nos campos de batalha da guerra dos capitalistas. Os homens do Partido americano na Franca jogaram com o escândalo e a calúnia.

Contudo, o sr. Etienne Gilson, membro do MRP e da Academia Francesa, afirmou, mais tarde, a respeito do Pacto do Atlântico:

“Nada mais claro, o que procuraram nos comprar com dólares foi uma vez mais o nosso sangue”.
A 10 de janeiro de 1950, os dois jornais socialistas: Le Populaire e Franc-Tireur, reconheciam que o plano geral, elaborado pelos estados maiores e os ministros da guerra dos doze países do Pacto do Atlântico, reservava aos franceses o papel de “gendarmes da Europa”. As armas e o equipamento, bem pagos, aliás, serão fornecidos pelos Estados Unidos.

E o jornalista de L’Aurore, especialista portanto em anti-comunismo, parecia manifestar, escrevendo na edição de 18 de janeiro deste ano:

“Um sincero movimento de revolta diante da idéia de que o francês seria ainda mais uma vez a princinal vitima de um novo conflito. Enquanto os anglo-saxões realizariam uma guerra aérea e marítima de luxo, cairiam cinquenta soldados de infantaria franceses contra um aviador americano”.
Imaginai camaradas, os gritos de furor que provocariam tais palavras se publicadas em nosso “L’Humanité”.

O general Bradley, chefe do estado-maior do Pacto do Atlântico clarou que reservava ao nosso país o papel de “cabeça de ponte”, isto é de ponto de partida para a agressão anti-soviética. De qualquer modo, segundo a expressão de outro militar americano, seríamos o “piso atômico”. Um deputado americano de nome Poage, num discurso, publicado a 4 de novembro de 1949, nos anais dos processos-verbais do Congresso americano, teve o cinismo de declarar:

“Poderíamos dar aos nossos aliados uma garantia somente: a de que faríamos, da melhor forma, o trabalho de destruição dos meios de transporte e de produção, como nenhum dos exércitos que percorreram esse território nos últimos dez séculos. Destruiremos todas as pontes, inundaremos todas as minas, arrazaremos todas as chaminés de usinas na Bélgica e no Norte da França. Demoliremos tudo…”
Pobre terra de Flandres e de Artois, periodicamente assolada pela guerra e que o labor e a tenacidade de uma população ardente cobre de tão belas lavouras, pobres cidades dez vezes arrazadas e sempre construidas, eis aqui as agradáveis perspectivas de destruição e de morte que muito simplesmente quer nos oferecer o representante da nova raça dos eleitos, esse selvagem do Texas mais bárbaro que os índios exterminados pelos seus avós. Não há um meio de fazer levantar em seus túmulos os 100.000 mortos do planalto de Lorette?

Os imperialistas americanos, os Cannon, os Poage, se gabam de evitar a guerra para a juventude americana, recrutando carne de canhão na França e também na Alemanha. Os imperialistas anglo-americanos calcaram aos pés as decisões da Ialta e de Potsdam que previam a dcsnazificação, a desmilitarização e democratização da Alemanha, que se devia considerar como um todo. Dividiram a Alemanha; organizaram um Estado da Alemanha Ocidental cuja indústria restabelecem ativamente, a fim de “que possa representar o seu papel na prova de força cedo ou tarde inevitável com a União Soviética”, segundo as declarações do sr. Paul Schaeffer, outro deputado americano.

                A Alemanha Ocidental, Centro de Preparação da Guerra Anti-Soviética

A ALEMANHA Ocidental as bases econômicas e políticas da burguesia capitalista foram mantidas. Os magnatas do Rhur, restabelecidos na posse de suas empresas de mineração e siderúrgicas, novamente gozam de uma situação preponderante. Os antigos nazistas, todos os que sustentaram Hitler nos seus crimes contra a humanidade, encontram-se de novo nos postos de comando. E estes capitalistas, estes nazistas se mostram cada vez mais exigentes à medida que cresce o servilismo do Figaro que tem a ousadia de fanquear as suas colunas às feras de Hitler; libertos da obrigação de pagar as reparações, cevados com capitais americanos, como aconteceu após à primeira guerra mundial, fascistas e capitalistas alemães desenvolvem abertamente uma intensa propaganda chovinista e impregnada do espírito de vingança. Os seus “ministros” proclamam que à Alemanha não cabe nenhuma responsabilidade pelo deseneadeamento das duas guerras mundiais.

Guilherme II e Hitler foram dois pobres cordeiros. Vozes se levantaram do outro lado do Reno para exigir o que chamam de “volta da Alsacia e da Lorena à Alemanha”. Enquanto isso não acontece, exigem a fusão da Lorena e do Ruhr num vasto combinado que seria dominado pelos Krupp e os Thyssen.

O sr. Adenauer foi ainda mais longe. Propôs a fusão total da França e da Alemanha Ocidental numa única nação. O general De Gaulle, com os aplausos de Churchill, manifestou a sua aprovação entusiástica a esta reedição do programa de Montoire, a essa aliança dos negociantes de canhões, como a caracterizou com justeza o nosso camarada Max Reimann, secretário geral do Partido Comunista da Alemanha Ocidental.

Longe de se levantar contra a política alemã dos anglo-americanos, os nossos governantes sacrificaram a ela os direitos da França à sua própria segurança e às reparações. Bidault, pelo acordo de Moscou com Marshall e Bevin, renuncia às reparações em troca de um apoio aleatório à sua política sarrense. A União Soviética reclamava que o pagamento das reparações fosse pela produção corrente da Alemanha. Bidault rompeu com a solidariedade de interesses que ligava o nosso país à União Soviética no problema alemão. Colocou o nosso país nas mesmas posições anglo-americanas; e o levou para o campo dos fautores de guerra.

Havíamos demonstrado em Strasburgo que o acordo a respeito do carvão era engodo. Sobre isto, podemos dizer mais alguma cousa. O Ministro dos Negócios Estrangeiros, ao responder, em 16 de fevereiro de 1950, a uma pergunta escrita pelo sr. Charles Serre, afirmou que:

“Em 1949, o excedente das receitas que as minas alemães obtiveram de suas exportações para a França, em relação à receita que teriam recolhido pela venda do mesmo carvão no mercado interno alemão, pode ser avaliado em 42 milhões de marcos alemães, ou sejam três bilhões e quinhentos milhões de francos franceses”.
Assim, em vez de receber gratuitamente o carvão alemão a título de reparações, pagamo-lo mais caro que os próprios alemães. Somos nós que pagamos reparações aos alemães, somos nós que financiamos o restabelecimento industrial da Alemanha.

Já se trata do problema de se reorganizar o exército alemão. O Presidente do Conselho da Alemanha Ocidental em Bonn, Adenauer, declarou-o abertamente:

“Unidades militares alemães deverão fazer parte do exército europeu. Os contingentes alemães devem ter direitos iguais aos dos outros contigentes nacionais”.
Por aí se vê que tínhamos razão em protestar na Assembléia Nacional, no ano passado, contra o próximo enquadramento de nossos soldados pelos assassinos de Oradour-sur-Glane. Todas as mentiras, todas essas hipocrisias não podem prevalecer contra os fatos. O general Billotte, um dos principais artífices da conspirata degaulista, declarou recentemente, conforme se lê em “Combat” de 10 de dezembro de 1949:

“Não temos necessidade de ser hipócritas. É evidente que será necessário considerar uma linha de defesa no Elba, e constituição de um exército alemão é problema que se apresenta de modo evidente”.
Churchill, um dos mais raivosos instigadores de uma nova guerra, considera igualmente que a Alemanha deve ser rearmada. Sabe-se que um estado-maior alemão permanece organizado, dispondo de um serviço de espionagem, conforme confessava o “Figaro” de 25 de janeiro de 1950. O general alemão Guderian seria desde já o conselheiro do estado-maior americano na Alemanha. Os alemães acabam de ser autorizados a reiniciar pesquisas sobre a energia atômica.

Assim, nas nossas fronteiras se reconstitui o poderio industrial, político e, dentro em breve, também a potência militar da Alemanha. Como não ficar inquieto o povo da França, três vezes atacado em três quartos de século pelo agressor alemão?

O Pacto do Atlântico impõe aos povos a carga arrazadora das despesas militares cada vez mais elevadas. Na França, fora as despesas para a guerra do Viet-Nam que chegaram à quantia de 165 bilhões no último ano — mais de 500 bilhões desde o início da guerra imunda — as despesas milítares se elevam a cerca de 600 bilhões de francos por ano. O aumento em relação a 1938, ano de grandes despesas militares, é de 88%. Na lnglaterra o aumento é de 114%, tendo as despesas passado de 1 bilhão e 400 milhões para 3 bilhões de dólares (1.200 bilhões de francos); nos países de Benelux [BElgië, NEderland e LUXembourg] o aumento é de 186%, ou seja de 350 milhões para 1 bilhão dólares; nos países escandinavos, de 400%, ou sejam de 100 para 500 milhões de dólares.

Esse acréscimo considerável das despesas militares faz pesar a ameaça de uma catástrofe sobre a vida econômica de todos esses países. Constitui uma das causas essenciais das dificuldades financeiras do Estado e do empobrecimento das massas trabalhadoras.

                                         A Carga Esmagadora das Despesas Militares

OS ESTADOS UNIDOS se reservaram à fabricação das principais armas de guerra. Assim matam dois coelhos com uma só cajadada: os monopólios americanos conseguem maiores lucros e o estado-maior amerieano coloca sob a sua direção geral todas as forças armadas do bloco de agressão, esse exército ocidental com seu armamento padronizado e seu equipamento uniforme. Torna-se impossível distinguir os nossos praças de um soldado inglês, belga ou americano.

Mas, nem a fabricação intensiva do material de guerra para todos os seus associados do campo imperialista, nem o Plano Marshall permitiram aos capitalistas americanos manter o volume de sua produção e evitar a crise.

Em 1949, apesar da colocação de mercadorias no valor de 5.900 bilhões a título do Plano Marshall, a cifra total das exportações americanas diminuiu em um bilhão de dólares, cerca de 10%. No decurso de um ano, de outubro de 1948 a outubro de 1949, o volume da produção industrial baixou de 22%, a extração do carvão diminuiu de 31 %, e se verificou uma diminuição de 20% no transporte dos produtos industriais. Em 1949 as aplicações de capitais na indústria diminuiram de 15%, de 27% nos transportes por estradas e por água. Cerca de 4.600 empresas faliram nos três primeiros meses de 1949. De 1945 a 1948, as dívidas dos particulares se elevaram de 82 bilhões de dólares a 131 bilhões, as de diversas sociedades de 99 a 132 bilhões de dólares. As cifras de venda das grandes lojas baixaram de 14%, o que traduz a diminuição do nível de vida das massas trabalhadoras.

Há nos Estados Unidos 15 milhões de desempregados completos e parciais e 40 milhões no conjunto do mundo capitalista. É verdade que os patrões americanos julgam que para os operários a “liberdade” consiste no direito de procurar trabalho. O representante da associação patronal americana declara que o “pleno emprego” e a “livre iniciativa” são incompatíveis. A classe patronal americana tem necessidade de um numeroso exército de reserva de desempregados para fazer pressão sobre os salários dos trabalhadores ocupados. O sr. Truman declarou ao redator do “New York Times”, em 15 de fevereiro:

“Um certo número de desempregados totais — ou sejam de três a cinco milhões para os Estados Unidos — é suportável. É boa cousa que a procura de trabalho se manifeste sempre. É saudável para a economia da nação”.
Tal é o regime tão gabado pelos homens do partido americano na França. É o regime do Tacão de Ferro que esmaga impiedosamente o operário, o desempregado, porque “é saudável para a economia da nação”, isto é, para os lucros dos capitalistas.

A política de preparação para a guerra tem por consequência inevitável a agravação da sorte dos trabalhadores. As pesadas despesas militares fazem aumentar os impostos que as massas trabalhadoras suportam direta ou indiretamente. O custo da vida aumenta, mas os salários são mantidos em índices de fome.

Nas fábricas que trabalham para a guerra, são os ritmos acelerados de trabalho que matam o operário em alguns anos. Nos ramos da indústria que não trabalham para a guerra, são as dispensas do trabalho, a falta de emprego.

                                                            Processo de Fascistização

AO MESMO tempo em que lançam um ataque geral contra o nível de vida das massas trabalhadoras, os governos vassalos dos imperialistas americanos prosseguem a sua ofensiva contra os direitos políticos e as liberdades dos trabalhadores. A política de preparação para a guerra é acompanhada da tentativa de asfixiamento do movimento operário e democrático. A repressão policial, as leis anti-sindicais, as leis super-celeradas preparam a fascistização e a militarização dos países do bloco imperialista.

Já em 1927, no XV° Confesso do Partido Comunista da União Soviética, o camarada Stálin declarava:

Para fazer a guerra, não é suficiente aumentar os armamentos nem organizar novas coalizões. É preciso também reforçar a retaguarda dos países capitalistas. Nenhum país capitalista pode lançar-se numa guerra de envergadura sem ter preliminarmente garantido a sua retaguarda, sem haver “domado” os seus operários, as “suas” colônias. Assim se explica a fascistização gradual da política dos governos burgueses”.
Não são os Estados Unidos o tipo do Estado policial, ao mesmo tempo que o paraíso dos gangsters? Os dois marcham juntos, como começamos a constatar na França. A imprensa americana informa que um “grande” crime — um assassinato, um roubo sensacional — é cometido nos Estados Unidos de 19 em 19 segundos. O total dos “grandes” crimes chegou no ano passado a 1.686.670, batendo todos os recordes, índice de civilização, não é verdade? É que a polícia dos Estados Unidos, muito numerosa e muito bem equipada, é utilizada sobretudo contra o movimento operário e contra os elementos progressistas.

Os valorosos dirigentes do Partido Comunista dos Estados Unidos foram condenados a pesadas penas de prisão somente pela propaganda das idéias que triunfarão na América, como já triunfaram nos territórios onde vive e prospera atualmente UM TERÇO da humanidade.

Segundo nos informou o jornal “La Croix”, os Estados Unidos o país da espionagem, da delação organizada e “glorificada”. A comissão que se intitula de Investigação das atividades anti-americanas, com o seu presidente recentemente condenado como escroque, é uma Inquisição. Intensifica o racismo nos Estados Unidos. Os homens de côr são confinados nos seus bairros especiais. Devem viajar em vagões ou compartimentos que lhes são especialmente destinados; não são admitidos nos cafés, restaurantes e hotéis frequentados pelos brancos. São vítimas de linchamentos, isto é, são maltratados e assassinados por brancos que têm certeza de não serem punidos.

E é esse país em vias de fascistização que se ousa apresentar como terra da liberdade! Já há vinte anos, porém, o socialista André Philip escrevia à página 38 de “O Problema Operário nos Estados Unidos”:

“… apesar do caráter pseudo-democrátieo da Constituição americana e da presença da estátua da Liberdade na entrada do porto de Nova York, os Estados Unidos são o tipo mais perfeito da ditadura capitalista”.
Que há de espantoso, portanto, que os Estados Unidos ponham novamente-de pé e sustentem em toda parte os regimes fascistas e que ordenem que sejam tomadas entre nós e em outras partes medidas policiais e antidemocráticas que abrem caminho ao fascismo?

                                      A Camarilha de Espiões e de Assassinos de Tito

A SEGUNDA Conferência de Informação dos Partidos Comunistas foi bem inspirada ao desmascarar resolutamente a política traidora de Tito e de seu bando de espiões e assassinos a soldo do imperialismo. Muito rapidamente, Tito e sua camarilha passaram do desvio nacionalista burguês, da renúncia ao internacionalismo proletário, para as posições do antisoviétismo o mais vulgar e o mais virulento. Tito e sua camarilha se desmascararam bem depressa como cínicos agentes dos fautores de guerra na sua política de agressão contra a União Soviética. Mostraram-se como sendo efetivamente uma última manifestação do trotskismo, esse grupo de choque da contra-revolução.

Tito e o seu bando de policiais arrancaram o seu país do campo da paz e do socialismo e venderam-no aos capitalistas americanos. Essa camarilha de aventureiros, tendo traído a confiança dos trabalhadores e do povo, exerce o poder apoiando-se nos kulaks e nos antigos privilegiados, e reinstala o capitalismo nas suas antigas posições. A Iugoslávia se tornou um país de ditadura fascista, em Estado policial, uma vasta prisão onde se assinam os melhores filhos do povo, os que permanecem fieis à sua pátria e a seu ideal comunista e internacionalista.

Uma tarefa particular foi confiada a Tito pelos imperialistas americanos. Em ligação com os traidores de sua laia, cabia-lhe organizar complôs dirigidos contra os novos regimes nos países de democracia popular, derrubar o poder da classe operária e da democracia avançada e restabelecer a ditadura fascista, a fim de tirar esses países do campo da democracia e da paz e transformá-los em base de agressão contra a União Soviética. O processo dos espiões Rajk e Brankov em Budapeste, o do traidor Kostov em Sofia lançaram luz sobre as manobras criminosas de Tito e de sua camarilha. Reduziram a nada as esperanças dos imperialistas.

Uma outra tarefa foi confiada a Tito pelos seus patrões: tentar lançar a confusão no seio do movimento operário internacional e do vasto movimento mundial dos partidários da paz. O fracasso dos fautores de guerra a esse respeito patenteia-se aos olhos de todos. Os Partidos Comunistas, esclarecidos pelas resoluções do Birô de Informação, condenaram unanimemente Tito e o seu bando. As organizações e movimentos democráticos isolaram rapidamente alguns pequenos burgueses timoratos que acreditavam poder mascarar a sua deserção do campo da paz sob frases em honra de Tito e de seu regime policial.

O bloco dos agressores imperialistas, que prepara abertamente uma nova guerra mundial, esforça-se por destruir, um após outros, os laços da cooperação internacional estabelecidos entre os povos após as provações comuns da segunda guerra mundial. Antes de tudo os imperialistas se esforçam por isolar a União Soviética e as Democracias Populares. Sabotam a Organização das Nações Unidas; desacreditam-na ao sabotar as decisões que poderiam servir à causa da paz e do entendimento entre os povos, tal como a resolução que condenava Franco e seu regime. Recusam-se a admitir a China Popular na ONU para manter ali o delegado de Chiang Kai-Shek, sua criatura. Visam transformar a ONU numa nova sociedade das Nações que se tornaria, como a antiga organização de Genebra, um instrumento de sua política de agressão. Acheson falou recentemente da “diplomacia total” dos americanos, uma diplomacia de mentiras, de chantagens, de violências e de guerra.

                                                         A Preparação Ideológica Para a Guerra

O CAMPO imperialista conduz uma furiosa campanha de preparação ideológica para a guerra. Esforça-se por desenvolver uma verdade histeria de guerra. Da mesma forma que Hitler, os imperialistas içam a bandeira desmoralizada do “anti-comunismo”. Os povos sabem, porém, o que lhes custou o anti-comunismo de Hitler, dos muniquistas e outros vichistas. Sob a bandeira do anti-comunismo unem-se todos os fautores guerra e seus despresíveis agentes, na primeira fila dos quais estão os dirigentes socialistas de direita.

À força de mentiras e de calúnias, mil e uma vezes repetidas pela imprensa e pelo rádio, os fautores de guerra tentam excitar os povos contra a União Soviética e as Democracias Populares. Ao mesmo tempo, ostentam as cores mais atraentes do “paraíso americano” com os seus milhões de desempregados, a sua sociedade terrorista Ku-Klux-Klan e seus gangters de toda espécie. Todavia, os livros, os filmes onde se reflete mais ou menos a realidade social e política dos Estados Unidos, dão uma ideia pouco alviçareira desse país. Não são mais do que histórias de bandidos, de espiões, de policiais, entrecortadas de episódios pornográficos. Trata-se de uma literatura e de um cinema que não podem senão embrutecer, c orromper e aviltar. Disso se tem prova suficiente pelas tragédias que provacam entre certa parte da juventude. Temos o dever de levantar um protesto indignado contra essa tentativa monstruosa de envenenamento da alma de nossas crianças.

Dessa maneira, como outrora os agressores fascistas, os impcrialistas anglo-americanos preparam a guerra em todos os sentidos e por todos os meios. A ameaça é extremamente grave. A paz está suspensa por um fio. Mas os povos, mas os milhões e milhões de homens simples têm a vontade e a possibilidade de impedir a guerra e de salvar a paz, sob a condição de todos se unirem e agirem em conjunto.

 II — Os Progresso do Campo da Paz, da Democracia e do Socialismo. As Realizações Grandiosas da União Soviética

EM FACE do campo imperialista e anti-democrático, repleto de contradições, sossobrando na crise econômica e prosseguindo com maior encarniçamento na sua política de preparação para a guerra, ergue-se o campo democrático e anti-imperialista, o campo do socialismo e da paz que não pára de progredir e se reforçar.

Em primeiro lugar se desenvolve cada vez mais o poderio da União Soviética. Este constitui um desmentido categórico às esperanças insensatas e criminosas dos hitleristas que haviam concebido o projeto, bem acima de suas possibilidades, de aniquilar a União Soviética e reinar sobre os seus imensos territórios. Trata-se também de um desmentido ao cálulos dos reacionários ingleses e americanos que atrasaram o mais possível a abertura da segunda frente na esperança de enfraquecer a União Soviética e constrangê-la a se submeter à sua vontade.

Ora, apesar das perdas terríveis que sofreu, apesar dos imensos sacrifícios em vida humana que padeceu, sem comparação, por exemplo, com as perdas americanas em material e em homens, a União Soviética saiu daguerra mais forte ainda, mais confiante ainda nas suas forças inesgotáveis.

A reconstrução das cidades e das aldeias devastadas, das fábricas destruídas, processa-se em ritmo impressionante. A produção da indústria soviética ultrapassa emmais de 50% o nível de 1940, último ano antes da guerra. Em outubro último atingia as cifras previstas para o fim de 1950. O seu progresso se processa sem solução de continuidade. Foi de 20% em 1949.

A produção global da agricultura ultrapassa igualmente as cifras de antes da guerra. A colheita dos cereais atingiu, no ano passado, UM BILHÃO E DUZENTOS E CINQÜENTA MILHÕES DE QUINTAIS. A colheita do algodão, do linho, da beterraba, da batata é, igualmente, superior a de antes da guerra. O gado, muito diminuído em vista das necessidades do tempo de guerra, e pela pilhagem dos hitleristas, é rapidamente reconstituído.

A realização do vasto plano stalinista de transformação da natureaa se processa com êxito. Empreendeu-se a tarefa de arborizar imensas regiões semi-desertas. No ano passado os agricultores soviéticos quase duplicaram as quotas pre-estabelecidas para a plantação das florestas. A mecanização e a eletrificação fazem rápidos progressos no campo. O trabalho agrícola se identifica cada vez mais com o trabalho industrial. As velhas contradições entre a cidade e o campo desaparecem.

Sobre a base de um desenvolvimento prodigioso da economia nacional, o nível de vida material e cultural dos homens soviéticos se eleva constantemente. Os salários dos operários aumentam, assim como as rendas dos camponeses kolkhozianos. A ampliação da produção e o aumento da produtividade do trabalho permitiram reduzir três vezes, após o fim da guerra, os preços dos gêneros alimentícios e das mercadorias de grande consumo. A última baixa, acolhida com alegria pelo povo soviético e saudada pelos trabalhadores e os democratas do mundo inteiro como uma nova vitória do campo da paz, elevou de 15 a 60%a redução total estabelecida para os preços dos produtos de consumo corrente.

Que diferença com o que se passa entre nós e nos outros países capitalistas onde as condições de existência dos trabalhadores e das pessoas modestas se tornam cada vez mais penosas!

Em quatro anos construiram-se ou restauraram-se na URSS, 72 milhões de metros quadrados de superfície habitável, mais de 2.600.000 novos imóveis, 5.200 empresas de importância diversa e milhares de novas escolas e bibliotecas, de clubes, teatros e cinemas.

Mais de 36 milhões de alunos frequentam os estabelecimentos escolares, primários e secundários e os institutos técnicos — 1.128.000 estudantes, 316.000 a mais do que antes da guerra — se instruem nos estabelecimentos de estudos superiores.

Os progressos inauditos da ciência e da técnica socialistas se firmaram em todos os domínios, inclusive no da energia atômica, onde os americanos acreditavam manter monopólio. Como se existisse um único domínio onde a ciência socialista e a técnica socialista pudessem estar em situação de inferioridade em relação aos países capitalistas, mesmo os mais avançados! É fato conhecido que os imperialistas freiam o desenvolvimento científico e técnico e não se interessam senão pelas descobertas e pelos processos que lhes permitem multiplicar os engenhos de destruição e de morte. Enquanto assim agem, no país soviético a ciência é colocada inteiramente a serviço do povo e é estimulada pela participação do povo no progresso geral e, enfim, as descobertas e os novos progressos técnicos encontram um campo de aplicação ilimitados nas obras de paz e da vida.

As geniais previsões da Paul Langevin se tornam realidade. A energia atômica vem permitir o deslocamento de montanhas, a modificação do curso dos rios, a transformação de desertos de areia em mares que exercerão uma influência benéfica sobre o regime das águas e sobre o clima ou então em novas zonas de culturas que garantirão um bem estar maior ainda aos povos soviéticos.

Naturalmente, na medida em que os imperialistas americanos continuam a fabricar e a armazenar bombas atômicas, o país socialista é constrangido a fabricá-las também. Que isso lance confusão nas fileiras dos fautores de guerra, compreende-se. Mas os partidários da paz saúdam a posse da arma atômica pela União Soviética, como uma vitória da paz. Tanto mais que a União Soviética, embora de posse da arma atômica, continua a exigir que se proiba o seu emprego em qualquer que seja a circunstância.

As eleições ao Soviet Supremo, em 12 de março último, foram uma nova manifestação do poderio da União Soviética. Cerca de 111 milhões de eleitores e de eleitoras de todas as nacionalidades, trabalhadores, kolkhozianos e intelectuais proclamaram a sua profunda afeição, a sua confiança inquebrantável no Partido Bolchevique, no grande Stálin, que os guiaram nas épocas de vicissitudes e os conduziram à vitória. Proclamaram a indestrutível unidade moral e política do povo soviético que nenhuma força no mundo é capaz de fazer voltar atrás, em direção ao capitalismo.

                                                    A Política de Paz da União Soviética

A POLÍTICA de paz da União Soviética contribui de maneira decisiva para a consolidação e o reforçamento do campo da paz e da democracia.

A política de paz da União Soviética corresponde às aspirações de todos os povos. Encontra os seus fundamentos na própria natureza do regime socialista livre das contradições inerentes ao sistema capitalista.

Ali não se encontra a exploração do homem pelo homem. Não existem ali, também, as crises econômicas, o desemprego, a riqueza de uma minoria possuidora, ao preço da miséria da maioria.

A União Soviética não possui capitais para obter lucros pela exploração dos povos coloniais ou em vias de colonização. Não há, de sua parte, nenhuma tendência à conquista de territórios alheios. Não há nenhum motivo, no país socialista, que possa levá-lo a escolher entre a crise ou a guerra, ao contrário do que acontece com os capitalistas americanos que declaram abertamente:

“Entre a crise ou a guerra, escolhemos a guerra”.
Se o capitalismo é a guerra, o socialismo é a paz. Eis por que, ao responder a perguntas que acreditavam ser embaraçosas para nós, pude afirmar, com toda tranquilidade, que a União Soviética jamais se encontrou, que não pode se encontrar, que não se encontrará jamais na posição do agressor.

A União Soviética, o seu governo permaneceram firmemente fiéis à política de paz definida por Lênin no primeiro dia da Revolução de Outubro. Essa política de paz é baseada sobre o respeito aos direitos e à independência de todos os povos, grandes e pequenos. O povo soviético, absorvido pela tarefa magnífica de edificação do comunismo, quer a paz. Tem necessidade da paz. Está, além disso, convencido de que o seu sistema socialista não pode assegurar-lhe senão a vitória numa emulação pacífica com o sistema capitalista. Lênin e Stálin insistiram sempre sobre as possibilidades de uma coexistência pacífica entre o sistema socialista e o sistema capitalista. Stálin afirmava em 1934:

“A nossa política exterior é clara. É a política de manutenção da paz e de estreitamento das relações comerciais com todos os países. A URSS não tenciona ameaçar ninguém e, com maior razão ainda, atacar quem quer que seja. Somos pela paz e defendemos a causa da paz. Mas não tememos as ameaças e estamos dispostos a responder golpe por golpe aos fautores da guerra.”(1)
O governo soviético nunca deixou passar uma oportunidade de servir à causa da paz. As suas propostas, apresentadas à última assembléia das Nações Unidas sobre a redução de um terço dos armamentos das grandes potências, sobre a proibição sem reservas da arma atômica e adoção de medidas próprias a assegurar o controle de uma tal proibição, sobre a conclusão, enfim, de um pacto de paz entre as cinco potências: Estados Unidos, Inglaterra, França, China e União Soviética, foram acolhidas pelos povos como uma contribuição preciosa ao esforço dos combatentes da paz, como um novo golpe vibrado contra os fautores de guerra.

                                              Os Êxitos das Democracias Populares

GRAÇAS à ajuda fraternal e verdadeiramente desinteressada da União Soviética, os países de Democracia Popular se encontram igualmente em pleno progresso econômico. A produção industrial na Polônia aumentou de 75% em relação à produção de antes da guerra; na Hungria e na Tehecoslováquia, de 40%; na Rumânia, de 37% (54% na siderurgia); na Bulgária, de 100%; na Albânia, que quase não possuía indústria sob o antigo regime, mais de 400%. Neste último país o poder popular mandou construir as primeiras estradas de ferro, duas linhas que percorrem em conjunto mais de cem quilômetros.

Em relação ao nível de antes da guerra, a produção agrícola é superior em 12% na Polônia, de 36 a 48%, segundo as culturas, na Rumânia. Em relação a 1938, a superfície semeada de trigo havia aumentado, no ano Passado, em 112% na Albânia e em 40% na Tehecoslováquia.

Em todos esses países o nível de vida das massas aumentou grandemente.

Na Polônia o consumo médio de trigo por habitante aumentou de 29%, de 19% para a carne, 64% para o açúcar, 55% para os tecidos. Na Hungria o aumento médio foi de 110% em julho de 1949. Os camponeses da Democracia Populares deixaram de morrer de fome ao lado das ricas colheitas que faziam para os seus patrões, os grandes senhores rurais que destinavam a maior parte da produção à exportação. Hoje os camponeses poloneses, húngaros, rumenos, tchecos, albaneses e búlgaros possuem a terra em que trabalham. Recebem máquinas, adubos, do poder popular que nacionalizou as grandes empresas industriais, os transportes e os bancos. Os países de Democracia Popular se consolidam econômica e politicamente. A classe operária, exercendo o poder em aliança estreita com as camadas profundas do campesinato trabalhador, ali estabelece com êxito os fundamentos do socialismo.

Que contraste com a Iugoslávia, que Tito e tua camarilha recolocaram sob o jugo dos imperialistas anglo-americanos! Toda a economia desse país foi arruinada pelos titoistas; as minas e as fábricas passaram novamente para o controle dos monopólios americanos que açambarcam a produção das matérias primas estratégicas. As finanças, apesar das injeçõs de dólares, estão inteiramente desorganizadas. Os kulaks reinam nos campos. O abastecimento dos operários quase não existe, porque os armazens do Estado estão vazios e os traficantes dominam o mercado livre. Os preços aumentam e os salários reais diminuem. As condições de vida dos trabalhadores pioram dia a dia.

Ao contrário, os êxitos das Democracias Populares são prova de que, para se reconstruir um país e desenvolver a sua produção, de forma alguma era obrigatória a submissão ao “diktat” dos imperialistas americannos, a aprovação do Plano Marshall e dos outros tratados que escravizam os povos, conduzem à guerra e não provocam em toda a parte senão dificuldades, ruinas e miséria.

           A Criação da República Democrática Alemã, Grande Êxito Para o Campo da Paz

A CRIAÇÃO da República Democrática Alemã, com a sua capital em Berlim, é um grande êxito para o campo da paz. No seu telegrama à Wilhelm Pieck e à Grotewohl, o camarada Stálin saudou o nascimento da República Democrática Alemã como constituindo uma viragem na história da Europa:

“Está fora de dúvida que a existência de uma Alemanha pacífica e democrática, aliada à existência da pacífica União Soviética, exclui a possibilidade de novas guerras na Europa, põe fim às efusões de sangue na Europa e torna impossível a transformação dos países europeus em vassalos dos imperialistas mundiais.”
A mensagem de Stálin pôs fim às especulações e às esperanças que os imperialistas anglo-saxões depositavam numa Alemanha inteiramente submissa aos seus intuitos de agressão.

Na Alemanha Democrática, procedeu-se à expropiação das propriedades territoriais da nobreza, à distribuição das terras, à nacionalização das grandes empresas. Foram liquidadas, assim, as bases econômicas e políticas da reação pan-germânica e do fascismo. A classe operária e os democratas estão no poder. O governo de Berlim declara compreender as exigências inquietas de nosso povo em matéria de segurança. Declara que em toda a medida do possível, o povo alemão deve reparar o mal causado por Hitler e os nazistas à França e à toda Europa.

Assim, surgem enfim as possibilidades de uma verdadeira reconciliação com o povo alemão, no respeito dos direitos da França à segurança e às reparações, no respeito mútuo da independência e da integridade de nossos dois países.

Nós, que jamais confundimos o povo alemão com o carrasco Hitler, nós, que nunca fomos guiados por preocupações mesquinhas de vingança, nós, enfim, que unimos, ao patriotismo mais intransigente, um vigoroso espírito de intemaeionalismo proletário, saudámos calorosamente a República Democrática Alemã.

O entendimento com o povo alemão, senhor dos seus destinos, livre dos seus maus pastores, eis a verdadeira e única solução para o agudo problema das relações entre a França e a Alemanha, ao passo que o entendimento dos srs. Bidault e Schuman com os capitalistas e antigos nazistas da Alemanha de Bonn, sem falar na fusão total proposta pela dupla Adenauer—De Gaulle, só pode conduzir nosso país a novos dissabores, a novas catástrofes.

                                                   A Vitória da Revolução Chinesa

O OUTRO fato que testemunha a consolidação das forças anti-imperialistas e os progressos do campo da democracia e da paz, se encontra no desenvolvimento, cercado de êxito, do movimento de libertação nacional nos países coloniais e dependentes. O povo chinês alcançou uma vitória grandiosa sobre o regime corrupto do Kuomintang para cujo apoio os americanos, pela iniciativa do general Marshall, gastaram 6.500 bilhões de dólares. O povo chinês, guiado pelo Partido Comunista e pelo seu eminente chefe o camarada Mao Tsé-Tung, pôs fim para sempre à sua escravizaçao milenar pelos senhores feudais e à exploração colonial de que era vitima há cerca de um século. A vitória da Revolução Chinesa constitui uma derrota muito séria para os imperialistas americanos que haviam sonhado fazer da China uma colônia sua e uma praça d’armas contra a União Soviética. A vitória da Revolução Chinesa abriu nova e enorme brecha no sistema imperialista mundial; estimula em toda a Ásia e entre todos os povos coloniais e dependentes a vontade de libertação nacional.

A aliança fraternal entre a União Soviética e a República Popular da China, a entrada da China na família dos Estados democráticos constituem um aumento considerável do campo de paz e uma nova modificação na relaçao de forças em favor da democracia e do socialismo.

                                  Os Êxitos do Movimento Operário e Democrático

DE PRAGA à Pequim, do Elba ao Pacífico, 800 milhões de seres humanos vivem sob a bandeira da liberdade e da paz, e trabalham para a edificação de um mundo melhor que não conhecerá mais a exploração, miséria e a guerra.

A vitória da Revolução Chinesa é uma vitória dos princípios invencíveis do leninismo que guiaram a atividade dos dirigentes da classe operária e do povo da China, os militantes formados na escola do grande Stálin que os ajuda com os seus sábios conselhos há mais de trinta anos.

A Ásia, afora os territórios da União Soviética, há muito que não contava senão com um único país democrático: a República Popular da Mongólia. Atualmente, o regime democrático se estendeu sobre dois terços da Ásia, com a República Popular da China, com a República Popular da Coréia, que aspira à sua unidade nacional, e com a República Democrática do Viet-Nam em sua justa luta pela independência.

O reforçamento do campo democrático se manifesta nos êxitos do movimento democrático e sobretudo do movimento operário através de todo mundo. Sob o assalto da reação e apesar das ferozes campanhas dirigidas contra eles, os Partidos Comunistas consolidam e estendem a sua influência e sua organização. O Partido Comunista Italiano passou de 1.600.000 para 2.359.000 membros. O Partido Socialitsa Italiano, ligado aos comunistas por um pacto sólido de unidade de ação, triplicou seus efetivos e conta atualmente com 652.000 membros, venceu as manobras divisionistas do traidor Saragat e de seus acólitos. As greves se multiplicam em todo os países capitalistas da Europa e da América.

A classe operária unida trava na Itália uma batalha corajosa contra a escravização de seu país aos patrões americanos, contra a política de reação e de guerra do governo de Gasperi, o Bidault italiano, que prepara a volta do fascimo e para isso faz votar, também ele, leis super-celeradas.

Na Bélgica, a classe operária realiza a sua unidade numa luta decidida contra a volta do rei Leopoldo. Os trabalhadores belgas, instruídos pela experiência trágica de 1940, sabem que, com Leopoldo, seria um passo para a fascistização e para a guerra. Passando por cima dos habituais conselhos de “prudência” e de “espera” de seus dirigentes, os trabalhadores socialistas participaram das grandes greves que acolheram a primeira declaração depois do voto de Leopoldo, homem dos americanos.

Saudamos fraternalmente os trabalhadores da Itália e da Bélgica manifestamos-lhes os nossos ardorosos sentimentos de solidariedade na nossa batalha comum contra a reação e a guerra.

                      O Reforçamento das Organizações Operárias e Democráticas

REFORÇAM-SE as grandes organizações operárias e democráticas internacionais. Os sindicatos aderentes à Federação Mundial contam com 72 milhões de membros. A Federação Democrática Internacional das Mulheres agrupa 80 milhões de membros em 59 países. Desenvolve no mundo inteiro uma atividade fecunda. O seu Congresso de Budapeste e a sua recente Conferência das Mulheres da Ásia constituíram importantes manifestações de luta pela democracia e pela paz. A Federação Mundial da Juventude Democrática conta 60 milhões de membros em 72 países. Organizou em Praga e em Budapeste magníficas demonstrações de jovens contra a guerra, pela paz.

                                    Os Êxitos do Movimento dos Partidários da Paz

ENFIM, os progressos constantes do campo democrático são atestados pelo desenvolvimento do poderoso movimento mundial dos partidários da paz que agrupa centenas e centenas de milhões de homens e mulheres.

Trata-se de uma confirmação brilhante das palavras de Stálin, no, sentido de que:

“Os horrores da guerra recente estão demasiadamente vivos na memória dos povos e as forças sociais partidárias da paz são bastante grandes para que os discípulos de Churchill em matéria de agressão possam lograr êxito e encaminhá-las no sentido de uma nova guerra”.
A vontade de paz dos povos é tão grande que os fautores de guerra maiscínicos se limitam a fazer declarações hipócritas sobre a paz. Para serem reeleitos, Truman e Churchill se comprometeram a reiniciar negociações diretas com a União Soviética para o estabelecimento das condições de paz.

Nunca em toda a história se viu uma tal concentração internacional de povos, uma tal frente da paz organizada no mundo inteiro. Se o campo dos agressores imperialistas se reduz a um bloco de Estados cujos governos começam primeiro por lutar contra os seus próprios povos, O campo democrático e anti-imperialista não é um BLOCO restrito a delimitações geográficas quaisquer. Apoia-se, sem dúvida, sobre Estados poderosos cujos governos gozam da confiança e do apoio de seus povos, mas tem um caráter universal; conta com partidários em todos os países do campo imperialista, é apoiado pelos trabalhadores de todos os países capitalistas, pelos oprimidos de todos os países coloniais.

O movimento dos partidários da paz compreende operários, camponeses, intelectuais. O Congresso Mundial dos Partidários da Paz reuniu em Paris, no ano passado, os representantes de 600 milhões de homens e de mulheres, de opiniões e de religiões diversas, comunistas, socialistas, republicanos liberais, católicos, protestantes, livres-pensadores. O Congresso teve uma repercussão considerável. Elegeu um Comitê Mundial e recomendou a organização, em cada país, de Comitês Nacionais para a defesa da paz.

O Comitê Mundial dos Partidários da Paz realizou várias sessões muito importantes ao desenvolvimento e à coordenação da ação dos partidários da paz através de todo o mundo. Delegações compostas de eminentes representantes de diferentes países apresentaram, perante os Parlamentos das principais nações, o programa de paz do Congresso Mundial. A delegação que devia se dirigir para os Estados Unidos não conseguiu obter as permissões necessárias. Por outro lado, os presidentes das duas Assembléias que constituem o Parlamento soviético receberam solenemente a Delegação do Comitê permanente do Congresso Mundial. O camarada Kuzniétsov, presidente do Soviet das Nacionalidades, falando em nome dos dois presidentes, assinalou que:

“As propostas do Comitê permanente dos partidários da paz, estipulando a redução geral dos armamentos e a interdição das armas atômicas, encontrarão o acolhimento e o apoio absoluto dos povos da União Soviética. Essas propostas respondem à vontade de consolidação da paz no mundo, que sempre anima a União Soviética”.
O camarada Kuzniétsov assegurou à Delegação do Comitê Mundial que as suas propostas serão submetidas ao exame do Soviét Supremo da URSS.

                             O Apelo do Comitê Mundial dos Partidários da Paz

O COMITÊ Mundial dos Partidários da Paz, reunido em Estocolmo, acaba de lançar o seguinte apelo:

“Exigimos a interdição absoluta da arma atômica, arma de terror e de exterminação em massa das populações.
Exigimos o estabelecimento de um rigoroso controle internacional para garantir a aplicação dessa medida de interdição.
Consideramos o governo que o primeiro utilizar, contra qualquer país, a arma atômica, cometerá um crime contra a humanidade e será tratado como criminoso de guerra.
Apelamos para todos os homens de boa vontade do mundo no sentido de assinar este apelo”.
Mais de cem assinaturas de personalidades eminentes, de sábios, escritores, de jornalistas, de parlamentares, de líderes sindicais, figurram ao pé do apelo inicial em seguida aos nomes, universalmente conhecidos e respeitados, de JOLIOT-CURIE, alto comissário para a energia atômica, membro do Instituto, Prêmio Nobel, ROGGE, ex-procurador geral dos Estados Unidos; EMI HSIAO, escritor chinês; FADEEV, escritor soviético; LOUIS SAILLANT, secretário geral da FMS; o PROFESSOR BERNAL, célebre físico inglês; PIETRO NENNI, secretário geral do Partido Socialista italiano, etc.

Não há dúvida nenhuma de que o apelo patético do Comitê Mundial exigindo a interdição da bomba atômica terá uma profunda repercussão e que milhões e milhões de assinaturas virão apoiá-lo nas próximas semanas. De nossa parte, faremos esforços nesse sentido na França.

O Congresso dos Intelectuais de Wroclaw constituiu uma grande manifestação internacional dos sábios, dos escritores e dos artistas para a defesa da paz e da cultura.

Em todos os países a classe operária se colocou na frente do combate pela paz. Os doqueiros de Alger, de Marselha, de Saint-Nazaire, de La Pallice, de Rotterdam, de Anvers, de Gênova e de Livorno se recusam a desembarcar o material de guerra americano e os marítimos e os ferroviários recusam-se a transportá-lo.

A nossa afirmação solene de que o povo da França não fará, nunca fará a guerra contra a União Soviética, a nossa firme declaração sobre a atitude que tomariam todos os trabalhadores se algum dia os agressores do Pacto do Atlântico ousassem desencadear a sua guerra anti-soviética, tiveram ampla repercussão em toda a parte. Repetidas pelos dirigentes comunistas, pelos militantes operários em todos os países capitalistas, tiveram um valor de advertência para os fautores de guerra e um apelo à vigilância e à ação para os trabalhadores e todos os outros amigos da paz. Contribuíram para a mobilização e a organização das forças da paz em todo o mundo.

                                A Oposição à Guerra se Intensifica nos Estados Unidos

NOS PRÓPRIOS Estados Unidos aumentam os protestos contra a guerra. Longe de tranquilizar os seus compatriotas, ao tentar persuadi-los de que a bomba H restabeleceria a superioridade de seu país, o presidente Truman provocou entre eles novas inquietações. O povo americano julga que, se a União Soviética possui a arma atômica, não há nenhuma razão em crer que ela seja incapaz de igualmente fabricar uma superbomba ou qualquer outro engenho de destruição e de guerra. Não obstante as afirmativas em contrário desses dirigentes, o povo americano pensa que desta vez o seu território não seria poupado pela guerra. Cresce a oposição contra a política de guerra do governo americano. Multiplicam-se os protestos contra a decisão de se fabricar a bomba de hidrogênio.

Os deputados que apoiam Truman e Acheson, semelhantes a esse democrata da Califórnia, são obrigados a reconhecer que os seus eleitores “estão antes de mais nada interessados na paz”. A “Conferência sindical nacional pela defesa da paz” lançou uma campanha com o objetivo de reunir um milhão de assinaturas em um memorial que expressa a vontade de paz do povo americano e exigindo sem demora a realização d« uma conferência entre os Estados Unidos e a União Soviética.

Por ocasião da realização do Congresso do Partido Progressista de Wallace, em fevereiro último, o secretário do Partido Trabalhista americano publicou uma declaração afirmando que o problema da paz constitui problema capital para o Partido Progressista, e que o povo americano deve impedir o renascimento do nazismo na Alemanha, fazer cessar o apoio a Franco e obter o reconhecimento da China popular.

Uma organização de agricultores de Montana votou uma resolução convidando o governo americano a modificar o curso de sua política exterior e a elaborar uma política de cooperação com a União Soviética.

Em 15 de fevereiro, em New York, dois mil sábios e intelectuais, reunidos em assembléia, votaram, por unanimidade, uma resolução reclamando negociações com a União Soviética, a terminação da guerra fria e a interdição da arma atômica.

Um grupo de ex-combatentes, que reúne brancos e homens de côr, decidiu organizar manifestações contra a remessa de armamentos para a Europa.

O Conselho das igrejas protestantes e os maiores sábios da América exigem a interdição da bomba atômica e protestam contra a decisão de se fabricar a bomba de hidrogênio. O Conselho ecumênico das igrejas protestantes, pela unanimidade de seus membros europeus e americanos, condenou igualmente a bomba de hidrogênio e reclama o início de negociações entre as grandes potências!

                                               O Movimento Pela Paz na França

NA FRANÇA, as duas Sessões Plenárias Nacionais dos Combatentes da Liberdade e da Paz sublinharam a amplitude crescente do movimento de massas contra a guerra. O Conselho Nacional, eleito em novembro de 1948, pôde apresentar um balanço bastante positivo da ação pela paz conduzida sob a sua direção:

a carta aberta ao presidente Truman, apoiada por 1.200.000 assinaturas e proclamando notadamente: “Negamos ao nosso governo o direito de assinar o Pacto do Atlântico contra os compromissos assumidos pelo povo francês e aos quais este tenciona permanecer fiel. Recusamo-nos a considerar que esse pacto empenha a palavra da França”.
a participação no Congresso Mundial e a organização da grandiosa reunião de Búffalo, em abril de 1949;
a participação na Jornada Internacional de luta contra a guerra em 2 de outubro último, estabelecida pelo Congresso Mundial, de acordo com a proposta do Congresso de Milão da Federação Sindical Mundial;
o memorial pela paz, coberto de oito milhões de assinaturas exigindo principalmente a denúncia do Pacto do Atlântico e fim da guerra do Viet-Nam;
a organização de numerosas reuniões e manifestações contra o renascimento do perigo alemão, pela defesa dos direitos da França à sua segurança e às reparações;
a participação na Quinzena internacional contra a bomba atômica e pelo apoio às propostas soviéticas sobre a redução dos armamentos e a absoluta interdição da arma atômica;
a manifestação da Praça da Concórdia contra o general Bradley;
a poderosa manifestação, convocada pelo XIV.º Conselho Distrital, contra a pretensão do general De Gaulle em se fazer acompanhar de honras oficiais da porta de Orléans aos paços do Conselho Municipal;
o completo apoio à ação corajosa dos doqueiros, dos marítimos, dos ferroviários, que foram os primeiros a travar lutas pela paz.
As assembléias nacionais de março último adotaram, com entusiasmo, resoluções que vão reforçar ainda mais a luta pela paz, apesar da repressão policial, apesar das leis super-celeradas. Chamaram a atenção dos Combatentes da Paz sobre a necessidade de se consolidar e se desenvolver a organização do movimento em torno dos conselhos comunais e nos comitês de defesa da paz nas empresas e nas aldeias.

Assim, através do todo o mundo, as forcas da paz, em progresso constante, se mostram cada vez mais ativas. Os imperialistas perdem as suas posições uma após outra. A correlação de forças se torna cada vez mais favorável ao campo da paz, ao campo da democracia e do socialismo.

Porém, uma vez mais, não se deve chegar à conclusão perigosa de que todo o perigo esteja afastado. Pelo contrário, os imperialistas, pelo fato de se sentirem condenados, se tornam ainda mais enraivecidos. Não é senão redobrando a vigilância e a ação que os Partidários da Paz e os povos derrotarão os planos monstruosos dos agressores imperialistas e tornarão a guerra impossível.

                                                           III — A França à Beira do Abismo

É DENTRO do quadro da situação internacional, caracterizada pela agressividade crescente do campo imperialista e pela resistência cada vez mais forte que lhe opõe o campo democrático, que é preciso ver a situação da França.

Procedamos, em primeiro lugar, a uma breve apreciação histórica. O nosso país figurava entre os vencedores da primeira guerra mundial. Na realidade, sofreu então um golpe muito grave do qual ainda não se refez. A França sofreu duramente com a perda de 1.700.000 homens mortos ou desaparecidos.

A devolução da Alsácia e da Lorena e a exploração de um imenso império colonial não puderam evitar o declínio do imperialismo francês. Antes de 1914, a França estava em segundo lugar entre as potências imperialistas no que diz, respeito à exportação de capitais, com 60 bilhões de francos. Vinha após a Inglaterra que exportava então de 75 a 100 bilhões de francos, e precedia a Alemanha cuja exportação era de 44 bilhões. Os Estados Unidos ofereciam então possibilidades de colocação para o capital estrangeiro.

A primeira guerra, empobreceu a França, que se endividou. A sua participação nas exportações de capitais diminuiu consideravelmente. E já, entre as duas guerras, os credores americanos, muito exigentes pelo pagamento das dividas francesas, privaram o nosso país de seu direito às reparações.

A reconstrução das regiões devastadas, financiada por meio da inflação, deu por algum tempo a ilusão de prosperidade. A depreciação do franco estimulou as exportações dos produtos industriais. Mas indícios de decadência surgiam. A produção industrial, que atingira o seu ponto culminante em 1929, em breve caiu abaixo das cifras de 1913, para nunca mais alcançar os índices de 1929.

                                                                  A Situação Econômica

O QUADRO seguinte demonstra a evolução da produção industrial na França, nos Estados Unidos e na União Soviética:

                                                

Estas cifras assinalam, em primeiro lugar, em face do desenvolvimento vertiginoso da indústria socialista da União Soviética, a estagnação da indústria francesa, que permaneceu no nível de 1913.

Em relação aos Estados Unidos, encontramos uma constatação da lei formulada por Lênin, sobre o desenvolvimento desigual dos países capitalistas.

Tomemos agora por exemplo algumas indústrias de base (para 1913 acrescentamos a produção da Lorena à da França do tratado de Francfort):

                                                

A nossa produção de carvão é ligeiramente superior à de 1913; a produção de ferro fundido, apesar do importante aumento de 1949, É INFERIOR à de 1913. Não se constata um progresso sério senão para o aço cuja produção permanece, porém, inferior à de 1929 e diminui após os últimos meses de 1949.

Devemos, porém, comparar a nossa produção siderúrgica a de outros países:

                         

                                         A Sabotagem da Reconstrução Nacional

VE-SE que a França não progrediu nada durante os últimos quarenta anos, enquanto os seus concorrentes imperialistas continuaram a se desenvolver.

Já em nosso Congresso de Villeurbanne, em 1936, lançamos um grito de alarma. Denunciamos os males causados pela oligarquia financeira das “200 famílias” que, na sua sede de lucros, condenam o nosso país à decadência. Demonstráramos de que imensos recursos poderia dispor a França e como seria feliz a vida dos franceses, se todos os seus recursos, monopolizados por uma minoria de parasitas, fossem utilizados para o bem da nação.

Em consequência de nossos esforços para unir a classe operária e todo o país republicano contra o fascismo e contra os trustes capitalistas, a Frente Popular triunfou nas eleições legislativas de 1936. A situação melhorou sensivelmente. Mas os capitalistas, condenados pelo sufrágio universal, proclamaram abertamente: “Preferimos Hitler à Frente Popular”. Sabotaram a reconstrução nacional. Expatriaram os seus capitais, o que agravou as dificuldades financeiras do Estado e provocou o marasmo na indústria e no comércio.

A grande burguesia pôs à mostra as raízes de classe de sua defecção nacional, de seu derrotismo, de sua traição aos interesses da nação. Os seus burgueses que até então, alardeavam patriotismo, os seus ideólogos que haviam excitado o nacionalismo e o chovinismo, fizeram a descoberta de que eram “europeus” e “internacionalistas”. Não eram, e não são, senão capitalistas de espirito cosmopolita, já dizia Jaurès, acionistas à cata de dividendos e nada mais os liga à França, a seu solo, a suas tradições nacionais.

Esses capitalistas, esses fascistas bateram palmas à “não intervenção” decretada por Léon Blum para favorecer a agressão de Franco, ajudado por Hitler e Mussolini, contra a República espanhola. Aplaudiram a traição de Munique, assinada por Daladier e aprovada pela Câmara unaninemente, com exceção do grupo comunista. Saudaram como feliz acontecimento a derrota militar de 1940 e a ocupação hitlerista que permitiram o golpe de Estado do traidor Pétain.

O povo resistiu, porém, aos invasores e aos traidores. A classe operária, guiada pelo Partido Comunista, foi a alma da Resistência. A França foi libertada pelos seus filhos com a ajuda dos aliados e, em primeiro lugar, pelo Exército Soviético, que lutou por muito tempo sozinho contra todo o exército hitlerista e acabou por esmagar os seus últimos destacamenlos em Berlim.

Na data da libertação a França se encontrava terrivelmente enfraquecida. Fora pilhada, devastada, arruinada. A classe operária, tendo tomado parte decisiva no combate e no sacrifício, exigia transformações. Impôs as nacionalizações; imprimiu um curso novo no sentido de uma democracia verdadeira, de uma democracia tal como a definia Condorcet…

“em que todas as instituições sociais devem ter por objetivo a melhoria social, moral, intelectual e física da classe mais numerosa e mais pobre”.
Atendendo ao nosso apelo, a classe operária desenvolveu um esforço notável para restabelecer os transportes e as fábricas. Os mineiros, a partir de 1946, ultrapassavam a sua produção de 1938. Toda a indústria se desenvolvia. Tornava-se possível encarar o futuro com confiança.

as a grande burguesia, que chafurdara na lama e no sangue da colaboração e que arriara a sua bandeira na data da libertação, de forma alguma entregara as armas, Dentro em breve, sob a direção e com a ajuda dos imperialistas americanos, reagrupou as suas forças, por um momento dispersas. Vichiistas e degaulistas esqueceram-se de suas brigas de família. A partir do segundo plebiscito, em junho de 1946, a direção do MRP constituia um bloco com De Gaulle e a pior reação contra forças unidas da classe operária e da democracia. A nossa luta vigorosa permitiu porém, modificar a disposição das forças políticas, por ocasião do terceiro plebiscito, em novembro do 1946. O aspirante a ditador sofreu então uma séria derrota.

A influência de nosso Partido cresce em todas as eleições. Os ministros comunistas trabalham para o bem do povo. Os americanos disseram um “basta!” a tal situação. Em abril de 1947 forçaram-nos a abandonar o governo. Todo o mundo, aliás, compreende por que. É porque nos opomos resolutamente aos projetos de hegemonia mundial e de guerra dos imperialistas americanos. É porque não queremos permitir que colonizem o nosso país, nem que seja transformado em praça d’armas para a guerra dos capitalistas americanos contra a União Soviética. É por que estamos firmemente dedicados à causa da paz e da independência nacional. É por que, fiéis à memória de nossos mártires e ao mandato recebido do povo, lutamos e lutaremos sem desfalecimentos por uma França democratica, livre e independente.

É preciso lembrar que foi o partido socialista, com os seus Ramadier e seus Moch, que assumiu a responsabilidade de afastar os ministros comunistas e de abolir o princípio da maioria exigida pelo sufrágio universal. Os patrões americanos apanharam a França nas redes do Plano Marshall. Desse fato resultaram consequências desastrosas para o nosso país. Paralisou-se a reconstrução. A produção não aumenta. Vários ramos da economia nacional experimentam mesmo um retrocesso; alguns foram inteiramente liquidados. É o caso da indústria aeronáutica, no país onde se construíram e se lançaram aos ares os primeiros aeroplanos. Compreende-se melhor agora os objetivos visados pelos inspiradores das canpanhas caluniosas contra Tillon e seu meritório esforço no sentido de dar de novo à França uma aviação digna de nossos pioneiros do ar. Procurava-se livrar os produtores americanos de qualnuer concorrência francesa, mesmo reduzida, no nosso próprio mercado. Procurava-se privar a França de uma aviação militar que seria um meio de defesa nacional real, uma garantia de indenpendência. A França não produz mais aviões; agora são os americanos que nos vendem aviões para constituir as esquadrilhas do exército ocidental que Bradley e Montgomery comandam.

                                             O Marasmo da Indústria Francesa

A PRODUÇÃO de alumínio diminui, mas a nossa bauxita é novamente exportada para a Alemanha. As indústrias mecânicas e têxteis estão em retrocesso. A indústria de couros e peles não consegue alcançar os níveis de sua produção de antes da guerra. A média diária da carga dos vagões em janeiro último diminuiu de 14% em relação à média de 1948 e de 16% à de 1938. O governo projeta suprimir um terço de nossas vias férreas e fechar todas as estações de mediana importância nas linhas que permanecerem em funcionamento.

O número de desempregados aumenta diariamente: há mais de 500.000 desocupados totais e parciais atualmente. As estimativas oficiais estão longe de indicar a extensão do desemprego, em razão da manutenção da legislação vichyista que opõe obstáculos à criação de fundos locais de desemprego e à inscrição da maioria dos desocupados.

Pode-se encontrar um índice mais flagrante do marasmo da indústria francesa do que os dias de inatividade impostos aos mineiros, porque o carvão se acumula na boca das minas? E, contudo, a produção carbonífera não foi além de 52 milhões de toneladas em 1949, quando o plano Monnet previra 62 milhões de toneladas no ano passado!

A atividade maior de certas indústrias extrativas e das empresas que produzem para a guerra não concorre senão para assinalar, por um lado, a nova agravação da desigualdade no desenvolvimento dos diversos ramos de economia nacional e, por outro lado, o caráter de dependência cada vez maior de toda a economia francesa.

O sr. Pellenc, anti-comunista notório, reconhecera no ano passado que o Plano Marshall e o abandono do Plano Monnet tendiam a transformar o nosso país em colônia americana.

Num relatório apresentado ao Conselho da República, o sr. Pellenc afirmava que o plano Monnet

“.. .procurava a independência econômica ao modernizar e desenvolver todos os setores essenciais da produção francesa, importando, em caso de necessidade, matérias primas destinadas a ser transformadas para o consumo ou exportação.”
O plano Monnet, incompatível com o Plano Marshall, foi abandonado em proveito de um

“… plano quadrienal orientado no sentido da produção agrícola e da produção de matérias primas industriais… A produção de artigos fabricados torna-se um objetivo secundário …”
E conclui o sr. Pellenc:

“Pode-se assinalar que essa nova orientação apresenta alguma analogia com a que se quis impor à França nos primeiros meses da ocupação”.
Quer dizer que os nossos governantes aplicaram, em proveito dos imperialistas americanos, o programa de colonização e de eseravização da França que os traidores de Vichy punham em prática em proveito de Hitler.

                                     A Agricultura Francesa Está Ameaçada

Não é somente a indústria francesa que se encontra ameaçada, mas também a agricultura. Já falámos da advertência dirigida pelos americanos ao governo francês por que este permitira a venda de um pouco de trigo a Holanda. O Plano Marshall coloca igualmente em dificuldades os produtores de beterraba, os plantadores de fumo, os Viticultores.

s agricultores franceses receberam a ordem de reduzir de 70.000 hectares, ou seja cerca de 20%, a semeadura de beterraba. Isso permitirá aos capitalistas americanos a colocação de seu açúcar no nosso mercado. A França é obrigada a comprar fumo nos Estados Unidos e os agricultores franceses estão ameaçados de ruína.

A Assembléia Nacional votou uma lei para o controle e a interdição de certas bebidas que contêm elementos tóxicos. Os americanos protestaram. Desejariam inundar o nosso mercado de coca-cola, à base de cafeína. Parece que o seu único desejo é de nos ensinar a… arrotar. O circuspecto jornal “Le Monde” tem ostentado esse propósito… Eis, porém, deque maneira um jornal suísso, “A Gazeta de Lausanne”, se manifestou em sua edição de 6 de março, a propósito da campanha americana:

“Na realidade, por trás dessas puerilidades se oeultam poderosos interesses que a vivacidade dos reacionários amricanos permite facilmente suspeitar… Pode-se afirmar que se trata de uma ameaça séria para um setor importante da economia francesa, uma concorrência temível para a indústria das águas gazosas, sucos de fruta, da cerveja e, sobretudo, para a viticultura. A Coca-Cola Corporation é, com efeito, uma das mais poderosas sociedades dos Estados Unidos… Para a conquista do mercado francês, a empresa americana firma com os concessionários de seus produtos um contrato típico, onde a mesma se reserva a parte do leão: a proibição da venda de qualquer outro produto; a proibição ao comcessionário de ceder a sua firma sem prévia autorização da empresa americana: direito de controle; a fixação de uma taxa elevada de lucros que permitirão à Coca-Cola Corporation repatriar, ao cabo de três anos, até 10 milhões de dólares por ano”.
Em outros termos, um tributo complementar de 4 bilhões de francos por ano!

Os Interesses da França Exigem o Restabelecimento das Relações Comerciais com os Países do Leste-Euroupeu

O Plano Marshall proibe ao nosso país comerciar com a União Soviética e os países de Democracia Popular, o que nos causa um grave prejuízo.

Em 1938, 34% do MANGANÊS necessário às nossas fundições de aço que importávamos vinham da URSS; as porcentagens correspondentes aos outros produtos que importávamos da URSS eram as seguintes: 19% para o linho; 38% para as peles; 24% para o alcatrão de carvão de pedra; 16,5% para o óleo combustível; 23% para a madeira bruta. Em 1948, entre as “importações” da URSS que não atingiram senão a 0,3% do total das importações francesas, não compramos nem madeira, nem manganês, nem produtos do petróleo.

Em 1938, 15% de nossas exportações de ligas de ferro, 15,6% das exportações de máquinas-ferramentas e 14% das exportações de fios e cabos elétricos iam para a URSS. Em 1948, as “exportações” francesas para a URSS (0,006% das exportações francesas totais) não comportavam nenhum desses produtos.

No decurso das recentes negociações comerciais os representantes soviéticos teriam proposto, segundo nos revela “L’Usine Nouvelle” de 23 de setembro de 1949, que a URSS forneceria à França MANGANÊS, milho, linho, etc. A seu turno, a URSS estaria inclinada a nos comprar: produtos siderúrgicos, material rodante, máquinas agrícolas, ferramentas e tratores, assim como outros artigos — estando todas essas mercadorias mencionadas na relação dos produtos cuja exportação para a Europa Oriental foi proibida pelos americanos:

“Considerar-se-ia, escreve “L’Usine Nouvelle”, “solicitar a Washington a revisão, num espirito mais liberal, do problema das trocas com a Europa Oriental”.
Assim, o governo francês está reduzido à condição de mendigar à Washington a autorização para enviar produtos franceses para a URSS para poder restabelecer um sistema de trocas, muito precioso para o nosso país.

Os propagandistas do Plano Marshall afirmam que o Estado leva vantagem com a liberação, a seu proveito, dos fundos depositados em conta especial, como contrapartida dos artigos fornecidos “gratuitamente” pelos americanos. Notemos, em primeiro lugar, que é a administração americana que decide sobre a data, o montante e o emprego das quantias liberadas; possui, assim, um meio suplementar de pressão sobre os nossos governantes. Constatemos em seguida que o crédito de 250 bilhões concedido pelo Plano Marshall está longe de compensar os 600 bilhões de despesas militares impostas ao nosso país pelos americanos. E para que exército? Para uma

“…seção de exército, comandada e controlada pelo estrangeiro, não dispondo de seu armamento pesado senão com a autorização do estrangeiro, e que não mais possui independência e autonomia,”
como o nosso amigo, o general Petit, declarou com firmeza por ocasião da realização das recentes Assembléias Nacionais da Liberdade e da Paz.

A enorme carga das despesas militares esmaga o nosso povo e torna impossível qualquer equilíbrio financeiro. A despeito das centenas de bilhões de novos impostos, a despeito dos empréstimos forçados e dos descontos excepcionais aos quais se ligam os nomes “muito populares” de Mayer, Queuille e de Petsche, o equilíbrio do orçamento não se efetua senão sobre o papel. O déficit persiste. As despesas do Estado se elevam à cifra fantástica de 2.300 bilhões de francos contra 717 bilhões em 1.947, quando estávamos no governo. Três vezes mais.

Depois que os ministros comunistas foram afastados dos seus postos, o valor do franco diminuiu de dois terços em virtude de quatro desvalorizações sucessivas. Continua a inflação. De abril de 1947 a março de 1950, o total do papel moeda em circulação passou de 800 bilhões a mais de 1.300, apesar da retirada da circulação das notas de 5.000 francos ordenada por René Mayer.

                                                            Preços, Salários e Lucros

AUMENTOU consideravelmente o custo da vida. Sobre a base de 100 em 1938, o índice oficial dos preços a varejo em Paris, índice quenão revela todas as despesas domésticas de um trabalhador, passou de 837 em abril de 1947 a 1.922 em fevereiro de 1950. Ao mesmo tempo, o índice dos preços por atacado passou de 847 a 2.063.

Os salários estão longe de acompanhar tal progressão. Segundo os dados que nos são fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística, sobre a base de 100 em 1938, os salários em Paris apresentam os seguintes coeficientes:

                                                               

Um documento oficial nos revela que em 100 assalariados, 21 ganham menos de 10.000 francos nas Bocas do Ródano; 27 em Lille-Roubaix-Tourcoing; 26 no Ródano; 36 em Haute-Garonne; 31 em Haute-Vienne 35 na Côte-d’Or. Se se considera os salários inferiores a 12.000 francos, em 100 assalariados, as cifras respectivas desses departamentos se elevam a 32, 44, 32, 52, 53 e 51, mais da metade dos trabalhadores não tem salário de 12.000 francos por mês nesses departamentos.

A classe patronal pretende justificar tal situação ao mencionar o “salário social” — os abonos-família, os seguros sociais, as realizações das empresas, etc. Cabe-nos observar que os fundos dos seguros sociais são alimentados, em parte, pelas quantias descontadas dos próprios salarios dos trabalhadores. Mencionemos a propósito a constatação de “Le Monde” de 21 de fevereiro de 1950:

“Acreditou-se erroneamente que o novo salário social seria um ganho líquido: descontou-se porém, e bastante, do salário que passa diretamente às mãos do trabalhador”.
Com efeito, a partir de 1938, o nível de vida dos trabalhadores baixou em mais da metade. A parte da classe operária na renda nacional diminui constantemente, como se pode verificar pelo quadro seguinte:

                            

Acrescentava, ainda, “Le Monde” no aludido artigo:

“O problema pode ser enunciado da seguinte maneira: do progresso econômico verificado no decurso deste meio-século, os operários se beneficiaram sob a forma de férias e assistência social; em menor proporção, por um aumento de seu salário real”.
Embora formulada em termos prudentes, essa opinião do grande jornal burguês se resume no seguinte: Na medida em que houve progresso, é o capital que dele se beneficia integralmente, e a classe operária permanece tão miserável quanto antes. Porque o “repouso”, se não se leva em conta o que é causado pela falta de trabalho, se limita a um dia de trabalho mais curto e às férias remuneradas, arrancadas da classe patronal por meio de grandes lutas. Mas é preciso não deixar de mencionar que a intensificação do trabalho obriga o trabalhador a um esforço muito maior e consome mais depressa ainda as suas energias, mesmo com o limite de oito horas para um dia de trabalho.

Na realidade, a parte do operário no produto de seu trabalho diminuiu em proveito do capitalista e o próprio salário real diminuiu.

A classe operária está reduzida a um estado de sub-alimentação crônica. Em relação ao século passado, o consumo médio por dia e por habitante diminuiu em Paris e nas grandes cidades. Em relação à carne, baixou de 215 gramas em 1865 a 112 gramas em 1948.

Assim se verifica a tese de Marx sobre o empobrecimento das massas trabalhadoras em relação ao enriquecimento inaudito dos capitalistas.

“A acumulação da riqueza cm um polo significa a acumularão, no polo oposto, da miséria, de sofrimentos, da escravidão, da ignorância, do embrutecimento e da degradação moral da classe que produz o próprio capital”.(2)
A política de preparação para a guerra que decorre do Plano Marshall e do Pacto do Atlântico, agrava ainda mais a exploração dos trabalhadores. A miséria aumenta em todas as camadas da população trabalhadora. Se os operários têm um salário notoriamente insuficiente, os desempregados segurados não recebem senão 150 francos por dia em Paris e somente 100 francos nas aldeias que têm menos de 5.000 habitantes. Os funcionários continuam aguardando nma verdadeira reestruturação e a aplicação do estatuto que elaboramos e que foi aprovado unanimemente pela Assembléia Nacional. Os ex-combatentes, as vítimas da guerra não conseguem o reajustamento de suas pensões. Os antigos prisioneiros de guerra não dispõem de um pecúlio. Os trabalhadores em idade avançada devem viver com 4.000 francos por mês, em Paris, e menos ainda nas províncias.

O governo, executor dócil da vontade patronal, se opõe ao reajustamento dos salários e ao aumento imediato de 3.000 francos exigido pelos trabalhadores. Recusou-o aos seus próprios assalariados das empresas nacionais. Coloca a sua polícia à disposição da classe patronal contra os trabalhadores em greve. Opõe-se, de modo geral, à melhoria das condições de vida das massas.

  A Guerra no Viet-Nam faz Parte dos Planos de Preparação de uma Terceira Guerra Mundial

Há mais de anos e meio uma guerra injusta, uma guerra criminosa é feita contra o povo do Viet-Nam. Essa guerra de bantitismo colonial semeia a devastação e a morte entre um povo que não exigia senão viver em paz e numa união fraternal com o povo da França. Essa guerra, além dos bilhões e bilhões de francos, já custou a nosso país a perda de dezenas de milhares de jovens.

Tal guerra se processa em resultado da violação dos acordos de 6 de março, que reconheciam ao povo do Viet-Nam o direito de possuir uma administração própria, o direito de possuir o seu exército nacional, a suapolícia e as suas próprias finanças. O presidente Ho Chi Minh, que eu saúdo em nome do todos vós, foi recebido em Paris cercado das deferências devidas a um chefe de Estado estrangeiro.

Mas os colonialistas não se resignam à perca de seus odiosos previlégios. Não admitiram que as relações entre a França e o Viet-Nam fossem estabelecidas sobre bases novas, sobre o direito dos povos a dispor de si mesmos. Manobraram e usaram de astúcias e hiprocrisia para tomar pé, com o consentimento do povo vietnamita, no norte do país. Uma vez no local, lançaram mão de provocação para desemcadear a guerra, quebrar os compromissos assumidos e recolocar sob seu julgo o povo do Viet-Nam. Não alcançaram, porém, esse objetivo, apesar de todos os seus esforços, apesar das atrocidades incríveis de que se tornaram culpados, apesar da sinistra comédia dos acordos celebrados com Bao Daí, imperador das “boites” noturnas.

Toda a população do Viet-Nam apoia o seu governo, o seu presidente Ho Chi Minh. O governo vietnamita controla 90% doterritório nacional. Foi reconhecido pelas duas maiores nações do globo, pela União Soviética e pela República Popular da China.

Os entendimentos havidos com o sr. Jessup, representante pessoal de Truman, lançam luz sobre novos aspectos da guerra colonial contra oViet-Nam. Trata-se, doravante, de obrigar a juventude da França a morrer para que fique garantida a organizaão de uma praça d’armas americana nas fronteiras da nova China. A guerra do Viet-Nam entra no quadro da preparação de uma terceira guerra mundial, da mesma forma que a guerra contra o povo abexim se incluía no quadro de preparação da segunda guerra mundial. Desde já, lutar pela paz imediata no Vie-Nam, sustentar ativamente o direito do povo vietnamita em dispor livremente de seu próprio destino, inclusive o direito de se separar da França, o direito à sua completa independência, é lutar contra a deflagração da terceira guerra mundial.

Quanto ao povo vietnamita, este acaba de fazer sentir aos imperialistas americanos, pela magnífica demonstração de Saigon, que não têm nenhuma possibilidade de substituírem os colonialistas franceses que exalam os últimos estertores e de arrastarem o Viet-Nam na guerra contra a China Popular e contra a União Soviética. Os navios americanos, que haviam subido o rio Saigon até a grande cidade do mesmo nome, tiveram que levantar âncora precipitadamente diante do protesto popular, não sem haverem antes experimentado o fogo dos morteiros do exército democrático.

Combater de Modo Resoluto a Política Ferozmente Reacionária e Colonizadora do Governo

O espírito de rapina, a vontade de manter os povos sob o tacão do colonialismo – que estão na origem da guerra contra o Viet-Nam – explicam também a política violentamente reacionária dos imperialistas franceses em todas as suas colônias. Sob a denominação hipócrita de União Francesa, são, de fato, os piores processos do colonialismo que renascem em Madagascar assim como em toda a África, do Mediterrâneo ao Atlântico e ao Congo.

A monstruosa provocação encenada contra o povo de Madagascar, a destruição de suas aldeias, a condenação e a detenção arbitrária de seus representantes, os métodos de terror policial na África ocidental e equatorial, as perseguições e as condenações iníquas contra os valentes militantes da União Democrática Africana e a repressão selvagem contra as populações do norte da África constituem o balanço dos colonialistas.

E, ainda aqui, a preparação para a guerra representa um papel importante. Os imperialistas americanos não procuram somente vencer economicamente os seus concorrentes em todos estes territórios e reinar de fato sob a autoridade nominal da França. Têm em vista também a organização de suas bases de agressão e suas linhas de comunicações através de toda a África.

Um jornalista de “L’Aube”, na edição de 28 de fevereiro de 1949 interrogava Coste Floret, que voltava de uma viagem pela África:

“Quais são as razões profundas da nova organização militar na África?”
O ex-ministro das Colônias respondeu:

“Elas têm a sua razão de ser em vista do lugar proeminente e novo, que a África em sua totalidade, vem de ocupar que, durante um possível terceiro conflito mundial, como em 1942 e 1943, será na África que, uma vez mais, serão criadas as condições para a vitória”.
Ignoremos o termo pedante retirado do vocabulário hitlerista: a geopolítica. Retenhamos a confissão de que a política governamental na África é ditada por considerações sobre a estratégia mundial, isto é, a estratégia do bloco dos agressores, dirigido pelos imperialistas americanos.

Encontramos aí uma razão a mais para denunciar e combater essa política ferozmente reacionária e colonizadora, para apoiar na prática a luta dos povos da África pela sua liberdade e sua independência. E também para apoiar, na própria França, os trabalhadores procedentes das colônias, particularmente os norte-africanos, que os patrões exploram ferozmente, pagando-lhes salários de fome. Para esses trabalhadores, devemos reivindicar e obter um salário igual por um trabalho igual; devemos obter melhores condições de habitação, reclamar para eles todos os direitos políticos e agir de maneira que efetivamente venham a considerar como irmãos os seus companheiros proletários da França.

                                 Uma Política de Reação, de Miséria e de Guerra

A CRESCENTE oposição das massas à política governamental de reação, de miséria e de guerra inquieta seriamente os patrões americanos. Eles deploram abertamente em sua imprensa a falta de entusiasmo do povo da França pelos “benefícios” do Plano Marshall. Consideram-no ingrato porque diz não à guerra e à eseravização. Pressionam os nossos governantes no sentido de tomar medidas de coerção e de repressão contra a classe operária, contra os militantes progressistas, contra o Partido Comunista. É preciso reconhecer que os governos presididos sucessivamente por Ramadier, Schuman, Queuille e Bidault não se fizeram de rogados. Com Jules Moch, por muito tempo na direção da polícia, desencadearam uma repressão violenta contra os trabalhadores e contra todos os partidários da liberdade e da paz. Os créditos para a polícia passaram de 29 bilhões em 1947 para 79 bilhões em 1950. As liberdades elementares dos trabalhadores, o direito de livre sindicaliznção, o direito de greve, o direito de reunião e de manifestação são sistematicamente volentados. As requisições arbitrárias suprimem de fato o direito de greve para os trabalhadoras do gás, da eletricidade e dos grandes serviços públicos. Os operários, os militantes do movimento democrático, os jornalistas, arbitrariamente condenados, são privados de seus direitos cívicos, enquanto que os antigos colaboraeionistas e os traidores são perdoados e postos em liberdade.

O governo faz uma perseguição de caráter xenófobo contra os trabalhadores imigrados espanhóis, poloneses, húngaros e de outras nacionalidades. Dissolve organizações democráticas compostas de amigos da França, de autênticos resistentes que combateram pela libertação de nosso país. Expulsa os militantes dessas organizações. Esses ataques visam enfraquecer o movimento operário pela perseguição contra os trabalhadores imigrados e pelas tentativas de provocar a divisão entre franceses e imigrados. Visam, também, enfraquecer a amizade entre o povo da Franca e os povos das Democracias Populares e favorecer os planos de agressão dos imperialistas americanos.

A recusa, da concessão de vistos nos passaportes dos camaradas dos Partidos irmãos desses países, dos camaradas alemães e dos camaradas, finlandeses que deveriam assstir ao nosso Congresso, correspondem aos mesmos objetivos. Eis onde se encontra a verdadeira “cortina de ferro”. Eis as medidas que tendem a criar um abismo entre os povos e contra as quais protestamos com indignação. Ao mesmo tempo manifestamos aos camaradas que não puderam vir ao nosso Congresso, assim como a seus Partidos e a seus povos, os nossos sentimentos mais fraternais e mais calorosos.

As imunidades dos parlamentares comunistas são violadas. Os nossos deputados são atingidos pela censura com a exclusão temporária da Assembléia porque, na tribuna, usam a linguagem viril dos trabalhadores que os elegeram. O presidente da Assembléia, descendo à mais vil ignomínia, manda as forças da polícia invadirem a sala das sessões. Tal fito não se repetira depois do 18 Brunário e depois da expulsão do deputado Manuel pelos ultra-realistas da Restauração. Os inimigos do povo preparam uma lei eleitoral que teria por efeito privar os franceses que votam pelos comunistas, um terço da nação, da representação a que têm direito.

Bidault, que presidiu, durante certo tempo, o Conselho Nacional da resistência, faz votar as leis super-celeradas para tentar, em vão, opor um dique à massa de protestos populares que cresce, e crescerá sempre, contra a guerra imunda do Viet-Nam e contra os preparativos para uma agressão à URSS.

Ao mesmo tempo, o rádio e a imprensa americanizados prosseguem na sua campanha sistemática de calúnias e de excitações contra os militantes comunistas e contra todos os Combatentes da Liberdade e da Paz. Trata-se de criar artificialmente, segundo os processos hitleristas, uma atmosfera de progrom contra a classe operária, as suas organizações, os seus militantes e contra o conjunto do movimento democrático.

                                  Prepara-se a Vinda ao Poder do General De Gaulle

POR MEIO de tal campanha e com a ajuda das leis celeradas que permitiriam privar dos seus dirigentes as organizações operárias e democráticas, prepara-se a vinda ao poder do general De Gaulle. Denunciámos, baseados em informações seguras, o complô degaulista contra a classe operária e contra a República. Os planos do inimigo fracassaram. É de toda conveniência, porém, que nos mantenhamos vigilantes, que denunciemos e combatamos os preparativos do complô reacionário, que nos oponhamos às manifestações e exercícios preparatórios dos bandos facciosos e preparemos, assim, a classe operária e todos os republicanos unidos para um revide imediato e fulminante contra toda tentativa de assalto fascista.

O povo da França já viu De Gaulle em atividade nos dezoito meses que se seguiram à Libertação. Que fez então o aspirante a ditador? Empreendeu ele seriamente a solução dos problemas vitais que já naquela época se apresentavam a nosso país, no plano econômico e social? Fez na prática uma política exterior tão compreensiva dos interesses nacionais que tenha forçado a adesão dos nossos antigos aliados?

No poder, De Gaulle revelou a sua qualidade de representante dos interesses de classe da burguesia reacionária. Sua exclusiva preocupação foi a de opor obstáculos às transformações decisivas esperadas e exigidas pelo povo, manter o velho aparelho da dominação burguesa, proteger contra a justiça popular os altos funcionários e os generais que haviam servido a Pétain e a Hitler. Logo que checou a Paris, De Gaulle manifestou a sua hostilidade à verdadeira resistência, a seus homens, às suas organizações, ao Conselho Nacional da Resistência e aos comitês locais e departamentais da Libertação.

Cabe a De Gaulle a responsabilidade pelos acontecimentos de Damasco que liquidaram a influência secular da França no Oriente Próximo. E foram esses homens que provocaram a guerra contra o Viet-Nam.

De Gaulle, em matéria de política exterior, especulava com as possíveis divergências entre os Aliados. Não tinha vontade de aplicar honestamente o pacto franco-soviético de amizade e aliança que fora renovar em Moscou. Agravou durante todo um período as relaçôes entre a Fiança e a Inglaterra. Comportou-se de maneira indigna com o presidente Roosevelt.

E agora? De Gaulle, em matéria de política interna, preconiza o regime do porrete. Quer o Estado forte, como outrora La Rocque e Pétain. E, da mesma forma que estes, preconiza “a associação do trabalho e do capital”. Tal política nos atrasa em mais de um século, levando-nos à adoção do programa de Sismondi. Com a agravante de que Sismondi, espantado pelos progressos do capitalismo então em ascensão, exprimia o sonho do pequeno burguês que desejaria uma impossível volta ao pasasdo enquanto que De Gaulle representa a política do grande capital que quer por todos os meios, esmagar a classe operária e explorar todo o povo.

No domínio da política exterior, De Gaulle está de acordo com Bidault, com Queuille, com Herriot, com Guy Mollet. Da mesma forma que estes, aprova o Plano Marshall e o Pacto do Atlântico. Prega, há muito tempo, a cruzada anti-soviética. Aprova a fusão da França com a Alemanha Ocidental.

                                     Um Regime Policial, Um Regime de Lama e de Sangue

O POVO da França não pode aprovar tal programa de reação, de abdicação nacional e de guerra. Não lhe resta outro recurso senão se levantar vigorosamente contra o complô degolista e contra o governo que o favorece.

O governo que ordena perseguições aos militantes operários e aos combatentes da paz, o governo que favorece os preparativos do complô fascista, é também o governo que quis ocultar ao país a verdade sobre o escandalo da negociata dos cheques e sobre outros generais e políticos corrompidos. Foi a insistência de Jacques Duclos que impôs a formação de uma comissão de inquérito. E a tenacidade de Kriegel-Valrimont que permite, pouco a pouco, levantar o veu sobre as manobras dos corruptores e dos corrompidos.

O povo teve a revelação do que se passa por trás dos bastidores da guerra imunda. Soube por quais interesses de vís traficantes corre o sangue da juventude da França e do povo vietnamita. Mas o povo sobretudo teve conhecimento, com indignação, de que um Ramadier, ministro da Defesa Nacional, um Jules Moch, ministro do Interior, um Queuille, então presidente do Conselho, tentaram sufocar o escândalo e que faltaram gravemente ao cumprimento dos devores de seu cargo ao ordenarem o arquivamento do processo. O pretexto invocado foi o de que o chefe de exército — trazido à baila pelo seu amigo, um escroque, um ex-P. P. F. e colaborador da Gestapo, condecorado por Teitgen — tinha sido o negociador do Pacto do Atlântico que se tratava então de assinar. Os governantes não queriam que o povo pudesse julgar o Pacto de agressão à luz das edificantes revelações do escândalo.

Na realidade, é todo o regime que se acha comprometido pela negociata dos cheques, um regime de guerra, um regime policial, um regime de lama e sangue.

                      Uma Política de Retrocesso Intelectual e de Obscurantismo

HÁ AINDA um domínio onde a intervenção do imperialismo americano, por meio do Plano Marshall e do Pacto do Atlântico, agrava as tendências acentuadas a uma decadência irremediável: é no domínio intelectual. Exerce-se pressão cada vez maior contra o pensamento e a ciência franceses.

O general Revers, “esse grande homem honrado”, revelou, de volta dos Estados Unidos, que os patrões americanos consideravam indesejável a presença dos comunistas nas atividades da pesquisa científica. O sr. Delbos, que foi o ministro da “não intervenção”, se incumbiu, então, da tarefa de afastar Georges Teissier de suas funções. Para aumentar os seus méritos, provocou o afastamento do cargo de outra glória da ciência francesa, Henri Wallon, pioneiro da pedagogia científica, suspenso pelo governo de Vichy e ex-ministro da Libertação.

A imprensa do partido americano multiplica os seus ataques e as suas calúnias contra o maior sábio francês de nossa época, contra nosso camarada Joliot-Curie, construtor da primeira pilha atômica na França e cuja demissão é reclamada a altos brados.

Uma política de retrocesso intelectual, de obscurantismo, de encorajamento a tudo o que escraviza e degrada o homem, assinala o grau de degenevescência atual da burguesia. Da mesma forma que na época da “ordem moral”, como na época de Vichy, chovem as demissões, a repressão se abate sobre os professores que ousem criticar o governo, que se oponham a guerra do Viet-Nam, ou que ditem uma página de Anatole France a seus alunos. Querem obrigar o magistério francês a apoiar a política de guerra americana. Querem nos dotar de uma universidade de tipo americano, onde a palavra paz será considerada como um crime, como “um propósito de desmoralização do exército e da nação e um insulto ao ministro”.

                                                   Somos os Continuadores da França

REDUZ-SE cada vez mais a verba orçamentária destinada ao ensino, deixam-se os laboratórios sem recursos. Milhares de crianças não encontram lugar nos estabelecimentos escolares. Periga a escola laica. Quantos laboratórios, quantas escolas não poderiam ser construídas com uma parte dos 600 bilhões de francos tragados pelos orçamentos de guerra e de morte!

As traduções de obras americanas — embora o seu total, que ia além de 800 em 1948, tenha descido a menos de 400 em 1949 — as revistas americanas de grande tiragem que têm por objetivo habituar os seus leitores a pensar “à americana” e prepará-los para a guerra “inevitável”, os jornais de escândalos e de folhetins anti-comunistas e anti-soviéticos copiados dos modelos de Chicago; os filmes imbecilizantes impostos por Holywood; as campanhas caluniosas contra a União Soviética, orquestradas em toda a imprensa, como aconteceu por ocasião do processo do traidor Kravchenco; a inversão de capitais americanos nos jornais franceses; tudo isso ilustra a pressão considerável dos imperialistas americanos no plano ideológico. Mas tudo isso ilustra igualmente a abdicação de uma classe. É a abdicação da burguesia francesa que perdeu, ao mesmo tempo que o sentido do interesse nacional, a lembrança de nossas tradições intelectuais, as nossas qualidades de gosto, de medida, de elegância e de probidade — tudo o que fez a grandeza de nosso país. Somente nós aparecemos como guardiães da herança moral e intelectual da França. Somente nós, somos os continuadores da França.

Se a pressão ideológica do inimigo se acentuou, a nossa resistência, por um fenômeno dialético, assinalado por Marx, reforçou-se consideravelmente.

Às nossas revistas existentes, a principal das quais, na frente intelectual, era “La Pensée”, acrescentamos “La Nouvelle Critique”, revista do marxismo militante; a acolhida que lhe reservou a juventude estudantil demonstra a que ponto deseja se instruir e lutar por uma sociedade melhor.

Pedimos aos nossos escritores, aos nossos filósofos, aos nossos pintores e aos nossos artistas lutarem tendo por base as posições ideológicas e políticas da classe operária. Às obras decadentes dos estetas burgueses, partidários da arte pela arte, ao pessimismo sem saída e ao obscurantismo retrógrado dos “filosofos” existencialistas, ao formalismo dos pintores para quem a arte começa a partir do momento em que um quadro não tem conteúdo, temos oposto uma arte que se inspirara no realismo socialista e será compreendida pela classe operária, uma arte que ajudará a classe operária na sua luta libertadora.

Semelhante arte não enriquece apenas um povo. Ao propor ao escritor e ao artista grandes temas, ela os eleva, recoloca-os na grande tradição francesa, alarga os seus horizontes, franqueia o caminho a um novo classicismo.

Temos a alegria e o orgulho em sermos compreendidos e aprovados por uma notável pléiade de escritores e de artistas que colocam todo seu talento a serviço do povo. Não posso mencionar todos os seus nomes porque são muitos e por isso peço-lhes desculpar-me. Permitam-me, porém, saudar especialmente Aragon e seu livro “Os Comunistas”, assim como Fougeron e a sua última tela “O Assassínio do Comunista André Houllier”, que os nossos camaradas do Sena ofereceram a Stálin.

Os nossos inimigos se mostram espantados e indignados ao nos ver tomar posição relativamente aos problemas da literatura e da arte. Pretendem enxergar nisso uma ingerência intolerável num domínio reservado ao espírito, do qual seriam os servidores fieis e desinteressados.

.De há muito os mestres do pensamento marxista mostraram o que oculta por trás das grandes palavras sobre a “liberdade da arte”. Na sociedade capitalista não há arte livre. O escritor e o artista dependem dos potentados do dinheiro que controlam o mercado do pensamento e fazem as cotações dos talentos da mesma forma que os valores da Bolsa. Somos nós que queremos libertar o artista da sujeição que o degrada e que esgota a sua inspiração.

São os capitalistas que contratam escritores, dão-lhes palavras de ordem, impoem-lhes tarefas. São eles que confinam os artistas a uma arte sem conteúdo e sem motivo. Quanto a nós, somente pedimos aos homens de pensamento, aos homens de arte uma renovação de acordo com as grandes tradições que triunfaram nas épocas de esplendor literário e artístico. Os grandes mestres são grandes pelo conteúdo de suas obras. Para esse conteúdo sempre encontraram a forma adequada.

O conteúdo social da nossa época, que exige expressão nos livros de nossos escritores, nas telas de nossos pintores, nas sinfonias de nossos músicos, é a grande ascensão das forças populares, a luta entre o novo e o velho, do velho que recua em toda a parte do mundo diante do ímpeto das formas de uma nova vida.

Exigir que a arte seja o espelho dessa realidade, exigir ao artista que se liberte dos entraves que o condenam à prostituição intelectual e à esterilidade, é vivificar a arte e elevar o artista. Que, em nossa época, o escritor ou artista mais profundo, mais consequente, se veja levado a assumir as posições ideológicas e políticas da classe operária, é uma prova de que todos os valores culturais passaram hoje para o lado do proletariado.

Também, quando chamamos os escritores e os artistas a ocupar o lugar que lhes cabe no grande combate pela emancipação humana, temos conciência de defender ao mesmo tempo o futuro da cultura e a liberdade do artista. Temos conciência de defender, nesse plano, como em todos os outros, a causa da França que queremos arrancar da decadência econômica, política e intelectual, a fim de que brilhe, com um esplendor novo, no mundo inteiro.

                                                              IV — A Batalha Pela Paz

A BATALHA pela paz se desenvolve no nosso país com uma amplitude crescente e sob as mais diversas formas: reuniões, manifestações, memoriais, votação pela paz, ações de massa contra a fabricação e o transporte de material de guerra. O fato capital a se assinalar é a parte cada vez maior assumida pela classe operária nessa batalha.

Os doqueiros da Algéria, da Tunísia e da França se recusam a caregar armas contra os seus irmãos vietnamitas. Recusam-se a descarregar o material de guerra americano para a agressão contra os seus irmãos Soviéticos. Navios ingleses ou americanos têm viajado de porto a porto sem poder apanhar o seu carregamento de material de morte. Há três semanas que o governo vem indicando, diariamente, um porto diferente para a atracação do Dixmude e de seu primeiro carregamento de armas americanas.

Os marítimos franceses recusam-se a transportar o material de guerra. Em Marselha retardam a partida dos navios. Em Ruão, as tripulações de treze navios descem para terra em solidariedade com os doqueiros de Oran, e se comprometem a não transportar material de guerra.

Toda a população de Marselha, de La Pallice e de Saint-Nazaire apóia os doqueiros. Em Marselha os operários de todas as corporações respondem, com a greve às provocações policiais no porto e à prisão de militantes. Em Nice, a população deita ao mar uma plataforma do lançamento de V-2.

Os ferroviários recusam-so a fazer circular os trens que conduzem material de guerra: em Dercy, apoiados por uma manifestação dos trabalhadores do bairro, desligam a locomotiva de um trem carregado de material de guerra; em Lyon e em Oullins reeusam-se a fornecer a máquina para um trem carregado de lagartas; fazem-no parar, em seguida dão-lhe outro destino e em toda a parte em que possam provocam manifestações contra a guerra. Os mecânicos e motoristas de Nantes e Brest resolvem não mais transportar material de guerra. Em toda a parte os ferroviários são apoiados por manifestações populares.

Em Grenoble, em Saint-Picrre-des-Corps e em Valence a população faz parar os trens carregados de material de guerra. Em Roanne dois mil partidários da paz manifestam-se contra a partida de um trem, a despeito do enorme aparato policial e de suas brutalidades de costume; 21 manifestantes foram presos e transferidos para Lyon e estão ameaçados de perseguição de acordo com as novas leis super-celeradas. Nesse sentido, o sr. Bidault, deputado do Loire, se preocupa especialmente com os trabalhadores do seu departamento.

A luta contra a fabricação de material de guerra assume um caráter de massa. Por meio da greve, os operários impedem a fabricação de bombas na empresa Bonvillain, em Choisy, ou coronhas de fuzil na empresa Montupet, em Nanterre. Nestes dois casos a população apoia inteiramente os grevistas. Na empresa Charlin, em Montrouge, nas Forjas de Crau, no Ródano, os operários obrigam os seus patrões a recusar encomendas de guerra. Nas usinas de Fives-Lilte, em Givers, os trabalhadores recusam-se a fabricar as torres para os tanques.

Assim, a luta contra a guerra se desenvolve seriamente. Não se trata, porém, senão de um começo. Para destroçar os fautores de guerra, é indispensável arrastar massas cada vez mais amplas para a batalha da paz.

É evidente que o povo quer a paz. Mas a vontade apenas não é bastante; essa vontade deve se manifestar na ação. A tarefa mais urgente consiste em transformar a indiscutível vontade de paz das massas populares em ações resolutas e múltiplas contra os agressores imperialistas e os seus preparativos de guerra.

Para isso, é preciso que expliquemos e tornemos a explicar, em primeiro lugar, a todos aqueles que o inimigo engana à força de mentiras e de calúnias, quais são as causas profundas do perigo de guerra. À luz dos fatos, é necessário que mostremos às grandes massas as contradições desse mundo capitalista apodrecido, desse sistema em agonia, que engendra as crises e as guerras. É necessário que nos lembremos sem cessar deste profundo pensamento que Jaurès exprimiu numa imagem surpreendente:

“O capitalismo traz em si a guerra como a nuvem traz a tempestade”.
Após haver desmascarado os agressores imperialistas, é neccssário que desvendemos, segundo a recomendação de Lênin, o mistério da preparação para a guerra. É necessário que denunciemos as intrigas, as manobras dos fautores de guerra; é necessário responder às suas campanhas de calúnias, de divisionismo e de provocação, organizar o boicote dos filmes, dos jornais, dos programas radiofônicos, dos agrupamentos e dos homens que fazem a propaganda de guerra.

                     O Povo Francês Não Fará, Jamais, A Guerra Contra a URSS

AS NOSSAS declarações sobre a oposição do povo da França à guerra anti-soviética fizeram uivar os chacais imperialistas e os seus lacaios da imprensa, porque elas rasgaram o veu de hipocrisia por trás do qual os agressores queriam dissimular os seus preparativos de guerra.

Acusamos os capitalistas americanos, seus associados e seus agentes de prepararem uma nova guerra mundial.

Refutamos a odiosa calúnia que os fautores de guerra espalham sem cessar contra a União Soviética com o objetivo de mascarar o seu jogo criminoso. Os canalhas pretendem que a União Soviética constitui uma ameaça para a paz, quando toda a política do país socialista não tem sido, desde há trinta e dois anos, senão uma luta contínua pela paz e pela independência dos povos.

Como sempre acontece em tais casos, o barulho feito pelo próprio adversário, o excesso de seus ataques contra nós, fazem as pessoas honestas ficarem com a pulga atrás da orelha, pessoas essas que não crêem na ameaça de guerra. Esses homens e essas mulheres começaram a refletir seriamente. A experiência de um passado recente torna-os desconfiados em relação a governantes que têm por regra mentir. Os heróis da não-intervenção, os homens da “drole de guerre”, da farsa de guerra contra os nazistas, nos caluniaram odiosamente antes de colocar o nosso Partido na ilegalidade e de nos despojar arbitrariamente dos mandatos que nos foram delegados pelo povo. Mas, em seguida, o povo pôde se convencer de quanto tínhamos tido razão.

Pelas nossas declarações, tínhamos enfim correspondido aos sentimentos profundos do internacionalismo proletário que anima os trabalhadores revolucionários. Demonstramos ser, como sempre, franceses patriotas, que amam profundamente o seu país, preocupados com o seu futuro, com a sua independência e, ao mesmo tempo, trabalhadores internacionalistas, fiéis ao secular apelo de Marx e Engels:

“Proletários de todos os países, uni-vos!”
É como franceses e como proletários que defendemos a amizade franco-soviética e que lutamos contra a preparação para a agressão anti-soviética. Como franceses que se lembram, com o dizia outrora De Gaulle, no “Journal Officiel” de 23 de dezembro de 1944, que:

“Foram antes de mais nada os esforços do povo russo e seu admirável exército que permitiram a libertação do território metropolitano francês.”
Como patriotas que não se esqueceram desta verdade proclamada em 20 de janeiro de 1942 por De Gaulle, pela rádio de Londres:

“Para desgraça geral, muito frequentemente no decorrer dos séculos a aliança franco-russa foi impedida ou prejudicada pela intriga ou pela incompreensão. Ela se torna uma necessidade imperiosa em cada momento decisivo da história. Eis por que a França combatente vai unir o seu esforço renascemte ao esforço da União Soviética.”
E defendemos a amizade franco-soviétiea como proletários, por tudo o que o movimento operário internacional deve à Revolução Socialista de Outubro que abriu uma nova era na história da humanidade, que deu vida aos sonhos de emancipação social de nossos pais e de nossos avós.

Estivemos desde o começo, ao lado da Revolução Socialista de Outubro. Defendêmo-la quando era fraca, quando fazia face aos complôs internos e à intervenção exterior, na ocasião em que André Marty e seus camaradas do Mar Negro salvaram a honra da França, quando a fome imperava ali, em consequência de um bloqueio criminoso e da seca prolongada. Há mais de trinta anos que isso aconteceu.

Tínhamos fé na Revolução Socialista. Tínhamos fé em Lênin e Stálin. E estávamos com a razão. A Revolução de Outubro salvou a França e o mundo da barbárie fascista.

Como poderíamos nós ser menos positivos, menos ardentes na expressão de nossos sentimentos de afeição e de solidariedade para com os nossos irmãos soviéticos, após trinta anos de provas comuns, quando a União Soviética, cada vez mais forte, aponta a todos os povos o caminho do socialismo, o caminho da felicidade e da paz?

É também como franceses patriotas e como proletários internaeionalistas que lutamos contra a guerra imunda ao Viet-Nam. Sim, é porque amamos a França que sentimos aflição e vergonha ao simples pensamento dos crimes que se cometem em seu nome. Jamais as palavras de Marx nos pareceram mais verdadeiras e mais atuais:

“Um povo que oprime outro não pode ser um povo livre.”
Como não apoiar a luta do povo vietnamita pela sua independência quando nós próprios lutamos contra a escravização de nosso país?

                                                            Não, a Guerra Não é Inevitável

ALGUNS declaram que a guerra é INEVITÁVEL. Devemos combater energicamente um pensamento tão falso e tão nocivo.

Já por ocasião da realização da Conferência do Sena, no ano passado, havíamos condenado essa opinião e uma outra também igualmente errada e mais prejudicial ainda. Trata-se da opinião de alguns que dizem:

“Em suma, tanto pior se a guerra estourar. Tudo irá pelos ares e por isso acabaremos mais depressa com o capitalismo.”
Objetivamente, os que raciocinam assim se tornam cúmplices dos fautores de guerra. As suas afirmações, já dizíamos no ano passado:

“… levam água ao moinho dos caluniadores da União Soviética e dos comunistas, ao moinho dos fautores de guerra..”
Durante vinte anos após a primeira guerra mundial, os dirigentes socialistas, Blum e Paul Faure, afirmaram caluniosamente que a União Soviética queria a guerra, porque, diziam eles, os comunistas russos não podiam edificar o socialismo em seu país sem uma revolução nos outros países e que a guerra — segundo os caluniadores social-democratas — era a condição para uma nova revolução. Os dirigentes socialistas pretendiam então, como François Mauriac hoje, que nós, os comunistas franceses, queríamos a guerra porque era o único meio com que contávamos para tomar o poder. Os fautores de guerra reeditam as suas velhas calúnias contra a União Soviética e contra nós porque projetam lançar de novo os povos nos horrores da guerra. Devemos condenar impiedosament toda a palavra, mesmo isolada, que possa fazer eco nas nossas fileiras às calúnias dos fautores de guerra.

Por qual aberração pode-se esquecer que os povos pagam sempre as despesas da guerra, são dizimados, sangrados até a última gota e arruinados pela guerra? E que não há luta mais necessária do que a lutpa pela paz?

Não, a guerra não é inevitável. Grandes modificações se verificaram na correlação de forças, comparativamente a 1914 e 1939. Hoje as forças de paz, organizando-se e agindo no mundo inteiro, são bastante grandes e bastante podererosas para fazer recuar a guerra.

Não, a guerra não é inevitável. Do fato de que, nas condições do regime capitalista, a guerra é sempre possível, não se segue que os novos devam se resginar a isso. Os povos podem desde já, derrotar os planos dos fautores da guerra imperialista. Podem, no desenvolvimento de sua ação, impor as transformações políticas e sociais que, para sempre, darão fim à guerra, ao acabarem com o regime de exploração e de opressão que engendra as guerras.

Outro aspecto importante da luta pela paz é a denúncia, a refutação permanente e sistemática das mentiras do inimigo. A nossa época é a época da mentira. Lênin escreveu, há mais de trinta anos:

“A tendência a mascarar o imperialismo de todas as maneiras — tal é o sinal dos tempos.”(3)
Mascarar o imperialismo, mentir e tornar a mentir, mentir — observava Lênin — para causar medo. O rádio mente, a imprensa marshallizada memte, o cinema mente, o teatro mente. As palavras perderam assim significação. As noções tradicionais mudam de sentido.

Os imperialistas, como outrora Hitler, preparam ativamente a guerra tendo sempre a palavra PAZ na boca. Mas proíbe-se falar em PAZ nas escolas, e os patriotas que lutam pela PAZ são atirados nas prisões.

Os imperialistas, como outrora Hitler, falam da Europa, mas para desta excluir dois terços. O “Parlamento Europeu” o “governo mundial” são tantas outras palavras enganadoras para dissimular a escravizarão dos povos da Europa Ocidental aos imperialistas americanos e para ocultar os preparativos de guerra anti-soviética. Já em 1915 Lênin escrevia a respeito:

“Bem entendido, há possibilidades de acordos temporários entre capitalistas e entre potências capitalistas. É nesse sentido que se pode conceber os Estados Unidos da Europa, como uma convenção entre capitalistas europeus, mas… convenção baseada em que? Unicamente baseada numa política comum para esmagar o socialismo na Europa, para conservar as colônias, das quais se apoderaram por banditismo…”
Essas afirmações se aplicam, palavra por palavra, ao parlamento europeu e à pretensa assembléia de Estrasburgo.

As frases dos dirigentes do S. F. I. O. sobre a “limitação” da “soberania nacional” constituem uma especulação desavergonhada sobre o espírito internacionalista dos trabalhadores. Pode-se constatar, a esse respeito, o fracasso completo dos “mundialistas” e de seu chefe, Garry Davis, que acaba de voltar à América. Que ele se una ali aos americanos que lutam no seu próprio país contra a política de guerra de Truman e de seu governo, que lute ali pela interdição da arma atômica. Será melhor do que a tentativa de desarmar ideologicamente o movimento operário e dividir os partidários da paz nos países que o imperialismo americano arrasta à reboque do seu carro de guerra.

                                                  A Condição do Êxito: a União Pela Ação

A VIGILÂNCIA e a ação dos partidários da paz fizeram fracassar os planos dos imperialistas americanos e de seu agente Garry Davis. O movimento dos Combatentes da Liberdade e da Paz reforça-se cada vez mais. Por ocasião das recentes assembléias nacionais, vimos nas mesmas tribunas homens e mulheres unidos acima de diferenças de partido, de opinião e de crença, porque têm no coração o mesmo amor pela França, o mesmo amor pela República e pela Paz. Devemos trabalhar com todas as nossas forças pela aplicação das decisões dessas assembléias nacionais com o objetivo da estender sem cessar o movimento e sua ação e contribuir em toda a parte para a eleição dos Conselhos comunais e dos Comitês de defesa da paz.

A união é a condição do êxito das forças da paz. A união pela ação. Todas as camadas da população, operários, componeses, pequena burguesia, homens, mulheres e jovens; todas as organizações operárias e democráticas, sindicatos, cooperativas, clubes esportivos, associações de ex-combatentes, associações de donas de casa, sociedades culturais, educativas ou religiosas; todas as personalidades, sábios, escritores, jornalistas, parlamentares; todos os homens e todas as mulheres que se pronunciam pela defesa da paz têm o seu lugar no movimento dos partidários da paz.

Cremos útil tornar a declarar que nós, comunistas, ao mesmo tempo em que exigimos o direito de manifestar o nosso ponto de vista em qualquer circunstância, admitimos perfeitamente que outros pensem de modo diferente sobre certos problemas, inclusive sobre a questão tão importan te das causas profundas da nova ameaça de guerra e sobre os meios próprios a salvaguardar a paz. Podemos discutir amigavelmente essas questões no meio de partidários sinceros da paz. Somente uma cousa nos importa: a necessidade e a urgência imperiosa da união pela paz.

Impõe-se, em primeiro lugar, a união entre os trabalhadores. Estes vêem com clareza crescente a relação direta existente entre a política governamental de guerra e de reação e a política de baixos salários e de esmagamento das massas laboriosas. Os operários compreendem cada vez melhor que a sua luta por melhores salários e pela defesa de seus direitos e liberdades deve se ligar à batalha geral pela paz, que é a batalha decisiva. A redução do orçamento de guerra permitiria satisfazer a milhões de trabalhadores e de infelizes. A denúncia do Plano Marshall e a rejeição da tutela americana permitiriam conter o declínio de nossa economia nacional e dar a todos trabalho e pão.

Os representantes dos mineiros filiados à Confederação Geral do Trabalho e à Força Operária da localidade de Guesnain, no Norte, elaboraram em conjunto a lista de suas reivindicações, tais como a que se refere aos 3.000 francos, as aposentadorias, a extensão aos mineiros do norte da África das condições de trabalho vigentes para os seus camaradas franceses, a supressão das sanções infligidas por motivo de ações grevistas, etc. Além disso, a resolução tomada em conjunto declara:

“Os representantes das organizações CGT e FO constatam que a política de guerra, levada à prática pelo governo, não serve senão aos interesses dos grandes banqueiros; exigem com firmeza a cessação da guerra imunda do Viet-Nam que conduz a morte e a miséria para dentro dos lares operários;
Reclamam energicamente a diminuição do orçamento de guerra, no montante de 600 bilhões, afim de reconstruir o nosso país e de satisfazer às reivindicações operárias.”
Como vemos, a unidade de ação não se limita mais ao domínio das reivindicações e não tem um caráter puramente econômico. Começa a se organizar para a batalha da paz, contra a guerra do Viet-Nam e contra a preparação da agressão anti-soviética.

                                                         As Lutas da Classe Operária

O ARBÍTRIO governamental, a repressão e as manobras dos divionistas não podem fazer recuar a classe operária da sua ardente luta pelo pão, pela liberdade e pela paz. Ao contrário, a classe operária dá provas de uma combatividade crescente. Há três anos vem travando grandes lutas reivindicatórias que lhe permitiram arrancar concessões parciais e frustar os projetos de arbitragem obrigatória. Essas lutas elevaram ainda mais a conciência de classe dos trabalhadores.

Em novembro de 1947, em seguida às decisões do Congresso da CGT, os operários de numerosas corporações se punham em greve por aumento de salários. Schuman e Jules Moch falaram logo em “sedição” e “insurreição”. Colocaram o país em estado de sítio. Ordenaram que uma Assembléia servil aprovasse textos de leis celeradas que atentam contra o direito de greve e são dirigidas contra as organizações operárias.

A campanha inimiga de mentiras, de calúnias e de violências redobrou em 1948 contra os heróicos mineiros. Nossos camaradas lutaram corajosamente durante dois meses apesar do enorme aparato policial em metralhadoras, canhões e tanques. Jules Moch emitia diariamente verdadeiros comunicados de guerra, de guerra civil contra os mineiros, dos quais quatro camaradas foram assassinados pelas tropas de choque da reação. Que me seja permitido, do alto desta tribuna, saudar a memória desses quatro proletários, tombados pela grande causa da classe operária, e assegurar às suas famílias a nossa afeição e a nossa solidariedade.

Em fins de 1947 o velho traidor Jouhaux, protegido de Bouzanquet, associado de Peyré, entregou-se, pela terceira vez, a uma manobra divisionista. Mas os tempos mudaram. Não estamos mais em 1920 nem em 1939. Sem subestimar o mal causado pela cisão sindical, pode-se constatar que a pretensa Forca Operária não atingiu os obietivos que lhe indicavam os seus fornecedores de dólares americanos. Um número relativamente pequeno de sindicalizados acompanhou os divisionistas. Muitos outros permaneceram fora de qualquer sindicato, mesmo quando continuam a confiar na CGT cuja influência permanece preponderante, como se pode contastar em todas as eleições para as caixas de seguro social ou dos delegados das empresas.

Outro índice na mudança dos tempos é o fato de que, alguns meses apenas após a cisão, a unidade de ação nas campanhas por aumento de salários se realizava entre sindicalisados e organizações da CGT, da CFTC e da FO, apesar da oposição dos dirigentes divisionistas. Após a primeira cisão, em 1920, teriam sido necessários cerca de quinze anos para a renovação dos laços de unidade de ação entre sindicalizados da Confederação e dos outros sindicados.

Em 25 de novembro de 1949. sob o signo da unidade, uma poderosa greve se desenrolou em todo o país pela reivindicarão dos 3000 francos e contra a arbitragem obrigatória. Onze anos antes, quase exatamente na mesma data, em 30 de novembro de 1938, declarava-se uma greve de vinte e quatro horas contra os decretos-leis Daladier—Reynaud. Não teve o mesmo êxito. Contudo, em 1938, a greve fôra decidida pelo Congresso da CGT então reunificada, mas com um Jouhaux como secretário geral e toda uma quadrilha de muniquistas e de hitleristas da espécie de um Belin, na direção de várias grandes federações da indústria. Em 1949 a greve foi “decidida” pels Força Operária, mas foi preparada e dirigida pela CGT que tem como secretário geral Benoit Frachon e que conduz com firmeza a bandeira da unidade sindical. Em 1938 a greve se desenrolou nas condições de uma grande confusão provocada pela capitulação de Muniqne, confusão que o Partido Comunista, o único que se levantou contra a traição, ainda não conseguira fazer desaparecer inteiramente. Em 1949 a greve se desenrolou nas condições de um novo impulso do movimento operário e democrático na França e através de todo o mundo. O êxito da greve de 25 de novembro confirmou os progressos do campo mundial da democracia e da paz.

A luta pelos 3.000 francos se desenvolve em todo o país, arrastando sucessivamente os trabalhadores de todas as corporações, metalúrgicos, têxteis, construção civil, transportes, empregados, trabalhadores de serviços públicos, funcionários. A maioria dessas greves são dirigidas em comum por comitês de greve de que fazem parte os representantes das organizações sindicais de todas as tendências e dos não sindicalizados. Os sindicalizados da Confederação Geral do Trabalho, os trabalhadores cristãos, os sindicalizados da Força Operária e os que não fazem parte de organizações estão todos unidos na luta. Os grevistas têm contra si os patrões, o governo, as suas forças policiais e seus agentes divisionistas. Têm a seu favor todas as pessoas honestas; são apoiados pela solidariedade ativa dos comerciantes e dos camponeses. Toda a população de Saint-Denis tomou parte nas manifestações que libertaram o secretário da Prefeitura local e os trabalhadores do gás que se tinham recusado a responder a requisição do furador de greve Bidault.

A união e a ação possibilitada pela união é que permitirão a vitória dos partidários da paz sobre os fautores de guerra. Na nossa luta pela união deve-se desenvolver um esforço todo particular junto a nossos irmãos, os trabalhadores socialistas.

       Convencer o Trabalhador Socialista, Denunciar a Atividade dos Dirigentes da SFIO

O TRABALHADOR socialista não quer a guerra. É contra a guerra imunda do Viet-Nam. Não participa de forma alguma do ódio zoológico dos Ramadier e dos Guy Mollet contra a União Soviética. O trabalhador socialista não gosta da polícia de choque de Jules Moch, pela qual não se sente muito orgulhoso, nem dos fanáticos armados de porrete e de revólver do general De Gaulle. Assim é que um militante socialista de Lille, há pouco tempo, chegou precipitadamente à nossa Federação porque acreditara que se preparava uma manifestação fascista contra a nossa sede e desejava se encontrar ali para nos ajudar a defendê-la. O operário socialista não acredita mais nas promessas de baixa dos preços; reclama os 3.000 francos. Em todos esses pontos, e em muitos outros, o operário socialista pensa da mesma maneira que o seu companheiro de miséria, que seu irmão, o operário comunista. Devemos portanto convence-lo de que o seu lugar é nas fileiras dos que lutam pela paz, pela liberdade, pelo pão de todos os trabalhadores.

Nas discussões com os operários socialistas deve-se usar de uma linguagem fraternal e convincente, sem se deixar jamais empolgar e clamar superfluamente, nem empregar palavras que possam ferir sua suscetibilidade. Isso não quer dizer que devamos renunciar à denúncia vigorosa da política de traição dos dirigentes socialistas. Nunca admitimos a renúncia à crítica do Partido Socialista e de seus dirigentes, mesmo quando estávamos ligados pelo pacto de unidade de ação. Jamais aceitamos deixar de dizer a verdade.

Como poderíamos deixar de estigmatizar a atitude dos dirigentes da Seção Francesa da Internacional Operária? Estes tornaram-se propagandistas zelosos do imperialismo americano. Os dirigentes socialistas não são mais somente defensores dos interesses de sua burguesia, tornaram-se agentes do imperialismo estrangeiro.

Quando dispunhamos, em conjunto, da maioria na primeira Assembléia Constituinte, recusaram a nossa proposta de um governo socialista ecomunista que teria se apoiado na classe operária e em todo o povo da França com o objetivo de levar à prática uma política de progresso, liberdade e de paz de acordo com as aspirações populares. Ao acordo com os trabalhadores comunistas, os dirigentes socialistas preferiram o entendimento com os chefes reacionários do MRP e os fósseis do radicalismo. Foram os promotores da política da chamada “terceira força”, que era um disfarce de sua política nefasta à classe operária e de sua política favorável à reação e ao fascismo. Afastaram-nos do governo com o objetivo de restituir os postos de comando aos homens da reação e do partido americano.

Os dirigentes socialistas são os defensores e os empressários mais zelosos do Plano Marshall e do Pacto do Atlântico. Foram, com Moutet, os promotores da guerra imunda contra o povo vietnamita. Foram, com Jules Moch, os fura-greves e os organizadores da repressão contra os trabalhadores. Fizeram votar leis eleitorais iníquas que facilitaram seu conchavo vergonhoso com os piores reacionários por ocasião das eleições municipais, e que reduziram a nossa representação no Conselho da República em proveito do RPF, agrupamento pretensamente popular e pretensamente francês. Acabam de se pronunciar pela instituição de um escrutínio de lista majoritária que facilitaria as coalizões anti-comunistas, por ocasião das próximas eleições, e que permitiria, segundo pensam, afastar-nos completamente da Assembléia Nacional. Aprovaram as leis super-celeradas e as agravaram sob o pretexto de melhorar o seu texto.

Essa última posição assumida pelos dirigentes socialistas emprestou a verdadeira significação à demissão dos ministros socialistas. Obrigados a manobrar sob a pressão das massas, cada vez mais descontentes, os dirigentes socialistas acreditaram ser possível tirar as suas castanhas do fogo e se apresentar como vestais. Acreditaram ser possível bancar os oposicionistas. O “cretinismo parlamentar” os cega. As exigências dos seus patrões americanos, a lógica inflexível da luta de classes, forçaram-nos, pela votação de leis super-celeradas, a se desmascararem mais depressa do que o desejavam.

É claro que, sem uma denúncia sistemática dessa, política de traição dos dirigentes socialistas, não podemos dar um único passo no caminho da unidade de ação, não podemos lutar efetivamente pela paz. Uma cousa, porém, são os dirigentes socialistas e outra os trabalhadores socialistas. Não se deve confundir os trabalhadores enganados com aqueles elementos que os enganam. Não se deve esquecer, igualmente, que a frente única se forja é na ação. Os entendimentos com os militantes socialistas de base não são ainda a frente única, mas podem nos conduzir a esse objetivo. Os acordos entre os militantes e organizações no plano local não são úteis senão na medida em que permitem organizar e levá-los efetivamente a ações práticas.

                                     União Pela Ação Com os Trabalhadores Católicos

É TAMBÉM necessário um grande esforço no sentido de estender e reforçar a união com os trabalhadores católicos. Os trabalhadores cristãos e suas organizações sindicais levam à prática a frente única na sua luta reivindicatória. Numerosos católicos, protestantes, padres e pastores são membros dos conselhos comunais pela liberdade e a paz. Tomando posição contra a guerra do Viet-Nam, uma assembléia recente de cento e einquenta militantes cristãos declarou:

“a paz deve ser feita com todas as forças unidas na lula de resistência vietnamita” (isto é, com o governo de Ho Chi Minli. M. T.).
Esses militantes

“consideram que nenhum cristão pode condenar os que, sendo em eoneiência contra a continuação desta guerra, recusam-se a trabalhar para ela, e não poderia aprovar as medidas de repressão tomadas contra os mesmos”.
Aos trabalhadores católicos ou protestantes temos dito e repetido que não se trata, para uns e outros, de renunciar às suas convicções ou às suas crenças. Trata-se de nos unirmos para defender o que é nosso bem comum: a paz, a independência de nossa pátria, nossas liberdades, nossas crianças e nossos lares.

Pensamos, com Diderot, que:

“a suposição de um ser qualquer colocado fora do universo material é impossível”.
Respeitamos, porém, as crenças e as opiniões dignas de respeito. E dirigimo-nos ao trabalhador cristão dizendo-lhe:

“De preferência a discutir para se saber se há um paraíso no céu, unamo-nos para que a terra não nos seja mais um inferno e para que os nossos filhos não conheçam os horrores da guerra.”
Os nossos apelos à união não resultaram inúteis uma vez que o Vaticano sentiu a necessidade de fulminar, com a proibição de exercer o ministério religioso e com a excomunhão, os católicos que se uniram a nós e não desejam se afastar de nós.

Alguns socialistas e, mais frequentemente, alguns professores, pretendem encontrar uma contradição entre a nossa política de mão estendida e a necessária defesa da escola láica. Não há, porém, no caso, nenhuma contradição. Somos de opinião que o ensino oficial, tanto quanto o ensino chamado livre, é um ensino de classe, porque

“as idéias dominantes de uma época sempre foram as idéias da classe dominante”.(4)

Todavia, sempre defendemos e continuaremos a defender a escola láica, a escola separada da Igreja. Consideramo-la um progresso sobre a escola confessional. Mas não somos partidários do “laicismo”, somos leigos.

Não substituímos com novos ídolos os antigos, com novas “tolices metafísicas” as que fizeram época. Lutamos para libertar o espirito do homem de toda superstição, ao libertar o homem de toda exploração, de toda opressão.

Quanto aos professores socialistas, pedimos-lhes se dirigirem a seus representantes que votaram a lei Poinsot-Chapuis que permite subvenções às escolas confessionais. Pedimos-lhes que se dirijam sobretudo a seus dirigentes que põem em prática a unidade com os chefes reacionários do MRP e os príncipes da Igreja para a defesa dos interesses da burguesia. No que nos diz respeito, preferimos nossa união com os trabalhadores cristãos e com os sacerdotes para a defesa da paz e da independência nacional.

O Plano Marshall e a preparação para a guerra imperialista aceleram o processo de ruina e de proletarização das classes médias. Os comerciantes estão carregados de impostos; os artesãos e os pequenos industriais são afastados do mercado pela concorrência americana. O número das falências aumenta; as pequenas empresas fecham as suas portas. O desespero se apodera de uma massa de pessoas modestas que vêem a inflação diminuir as suas economias cada vez mais. Muitos poderiam se deixar enganar pela demagogia fascista se não nos mantivessemos vigilantes e se não os apoiássemos nas suas justas reivindicações. Todos podem e devem ser arrastados para a batalha pela paz e pela independência nacionais.

                                                             Nosso Trabalho no Campo

A SITUAÇÃO é idêntica para os trabalhadores do campo; os camponeses pagam sempre o tributo mais pesado para a guerra. Constituem o grosso dos batalhões da “soldadesca” que é sacrificada em primeiro lugar. Os camponeses odeiam a guerra. Prontos para defender a sua terra, a defender a sua pátria, opõem-se violentamente às expedições coloniais que matam os seus filhos e que aumentam os seus impostos. O renascimento do perigo alemão os inquieta. Não encontram razões que explique o fato de que o nosso país deva fazer guerra à sua amiga e aliada, a União Soviética, por conta dos capitalistas americanos.

Os camponeses, às voltas com numerosas dificuldades, sabem quais são os responsáveis pela situação em que se encontram. São os governantes, esses eaixeiros do grande capital, esses executores das vontades dos americanos. Nessas condições, os camponeses não podem senão se voltar para os seus únicos defensores, para os comunistas.

Para grande furor dos inimigos do povo, o nosso Partido goza de uma influência bastante grande no campo. Somos o Partido mais forte em muitos departamentos rurais, como o somos nas grandes cidades e centros industriais. Tal fato nos impõe obrigações. É por esse motivo que inscrevemos especialmente na ordem do dia deste Congresso as questões de nosso trabalho no campo.

Trata-se, em primeiro lugar, de fazer os camponeses participar mais amplamente da batalha pela paz. Trata-se do aperfeiçoar o nosso programa de luta pela defesa das reivindicações agrícolas e de colocar em toda a sua amplitude o problema da terra. A terra deve pertencer ao camponês que a trabalha. Trata-se de estabelecer, com precisão, sobre que camadas sociais devemos nos orientar e nos apoiar no campo. Devemos nos apoiar nos trabalhadores agrícolas, tão numerosos sobretudo nas regiões de grande cultura e nos pequenos agricultores, sejam eles arrendatários meeiros ou proprietários de sua parcela de terra. Devemos apoiar os camponeses trabalhadores contra os grandes proprietários de terra e os grandes fazendeiros capitalistas da Beauce ou de Soissonnais.

Trata-se de mostrar claramente ao camponês da França que se lhe apresentam dois caminhos: o caminho do capitalismo, para o qual o arrasta atualmente a grande burguesia; é o caminho da exploração, da inevitável expropriação, da miséria e da guerra. Ou o caminho que lhe propomos seguir, em aliança com a classe operária, o caminho do socialismo, e isso significa enfim a terra aos que a trabalham, A RESTITUIÇÃO da terra àqueles que dela foram despojados isso significará, no campo tanto quanto na cidade, a expropriação dos expropriadores, a felicidade e a paz para todos.

                                                    As Mulheres na Batalha Pela Paz

NA BATALHA pela paz as mulheres estão muito naturalmente nas primeiras fileiras. Muito frequentemente, são as mulheres, é a sua grande organização, a União das Mulheres Francesas, que tem tido a iniciativa de numerosas ações contra a guerra. As mulheres se encontram na vanguarda das manifestações populares. Em Saint-Pierre-des-Corps elas se deitaram sobre os trilhos para impedir a partida de um trem carregado de material de guerra.

Mães vieram a Paris, procedentes de todo o país, para exigir do ministro da Guerra os corpos de seus filhos mortos na Indochina, ou para reclamar a volta imediata de seus filhos que ainda estão vivos. Jules Moch tratou brutalmente essas pobres mães, respondendo a seus apelos com a violência policial. Uma mãe de sete filhos, cega, foi pisada selvagelmente.

As mulheres francesas garantiram às mulheres vietnamitas que empregariam todos os seus esforços no sentido de fazer cessar a guerra imunda o mais cedo possível e para que o Viet-Nam goze de sua plena independência.

As mulheres francesas remeteram solenemente às mulheres soviéticas uma bandeira tricolor com o seguinte juramento bordado em letras de ouro:

“As mães da França jamais darão os seus filhos para a guerra contra a União Soviética”.
Queremos manifestar o nosso orgulho pelo fato de que as mulheres, membros do Partido, tenham sabido expressar em todas as circunstâncias e em todas as tribunas, o sentimento profundo das mulheres de Franca que se levantam contra a guerra. Desejamos citar, como exemplo, o espírito de unidade que anima e que permite uma colaboração confiante e fecunda entre todas essas francesas de opiniões e de crenças diferentes, unidas na sua luta corajosa pela paz e a felicidade de seus filhos.

                                                                     As Lutas da Juventude

FOI TAMBÉM na batalha contra a guerra que as organizações da juventude reforçaram a sua autoridade e a sua influência. Os operários jovens procuram um ofício e um salário convenientes. Os estudantes e os jovens diplomados vêem se fechar diante de si as portas do futuro. As moças percebem salários de fome. Aos jovens e às moças, vítimas do desemprego, a burguesia tem a oferecer o alistamento na guerra contra o povo do Viet-Nam. Os jovens franceses, porém, não querem morrer em benefício dos acionistas do Banco de Paris e dos Países Baixos e das sociedades exploradoras da borracha. Os jovens franceses não querem servir de carne para canhão para os imperialistas americanos.

Há algum tempo os dirigentes da Juventude Operária Cristã vieram solicitar o apoio de nosso Partido e de sua Fracção Parlamentar para as reivindicações que a JOC formula em favor dos soldados: fixação do tempo de serviço, aumento do soldo, gratuidade dos transportes para os licenciados, franquia postal; aumento do abono às famílias dos soldados que sejam os seus arrimos, melhoramento da alimentação.

Pudemos responder a nossos jovens camaradas que não somente apoiaremos as suas reivindicações, mas que já tinham sido objeto de propostas precisas de nossa Fracção Parlamentar, como, por exemplo: isenção do serviço militar após doze meses na ativa, soldo a 30 francos, fumo gratuito, aumento do prêmio pago em produtos alimentícios, meio litro de vinho por dia, etc.

Como se vê, toda a juventude formula as mesmas reivindicações, trava a mesma batalha pela paz e pela independência nacional. Os nossos jovens camaradas da União da Juventude Republicana de França e da União das Moças de França devem poder contar com o apoio de todo o Partido, para levar a bom termo a sua tarefa de união de toda a juventude na luta pela paz e pela felicidade.

Nessas condições a batalha pela paz e pela independência nacional se desenvolverá no nosso país. O Partido Comunista participa ativamente do esforço de todos os homens de boa vontade. Apela, por outro lado, à união e à ação para que seja estabelecido um governo de União Democrática e Nacional, um governo francês que será um governo de honestidade e de paz.

                                                             O Nosso Programa

O nosso Partido apela à união e à ação para obter a realização do programa seguinte:

Denúncia do Plano Marshall, do Pacto do Atlântico e de todas as convenções anexas. Participação ativa da França em todos os esforços encaminhados no sentido do estabelecimento de uma paz democrática, justa e duradoura, baseada no respeito à Carta: das Nações Unidas. Reafirmação da aliança franco-soviética, garantia de paz e de segurança para a França;
Interdição absoluta da arma atômica. Estabelecimento de um rigoroso controle internacional para garantir a aplicação dessa proibição. Todo governo que empregar em primeiro lugar a bomba atômica será considerado criminoso de guerra. Conclusão de um pacto de paz entre a França, a União Soviética, os Estados Unidos, a Inglaterra e a República Popular da China;
Aplicação dos acordos de Potsdam sobre a desnazificação e a desmilitarização da Alemanha. Reconhecimento da República Democrática Alemã, que respeita esses acordos. Denúncia dos acordos celebrados com o governo fantoche da Alemanha Ocidental; rutura com esse governo que se encontra a serviço dos fautores de guerra americanos. Aplicação, com respeito à Alemanha, de uma política que salvaguarde a nossa segurança, os nossos direitos às reparações e que apoie as forças democráticas e fantoche da Alemanha;
Fim imediato da guerra do Viet-Nam e repatriamento do corpo expedicionário. Reconhecimento da República democrática do Viet-Nam. Apoio aos povos coloniais na sua luta pela liberdade e a independência;
Aumento geral dos salários e ordenados com aplicação da escala móvel. Pagamento imediato dos 3.000 francos por més a todos os assalariados. Aplicação da lei sôbre convenções coletivas com um salário mínimo garantido. Satisfação às legítimas reivindicações dos ex-combatentes e vítimas da guerra, ex-prisioneiros de guerra, desempregados, aposentados, acidentados e trabalhadores em idade avançada;
Defesa de nossas indústrias contra a ofensiva e as ameaças do imperialismo americano; Renovação da agricultura francesa por uma política baseada em preços agrícolas remuneradores e estáveis, na proteção de nossas culturas essenciais contra os grandes exportadores de além-Atlântico e outros;
Restabelecimento de relações comerciais normais com os países do Centro e do Este da Europa;
Reforma democrática do sistema fiscal. Diminuição considerável das despesas militares. Reserva de grande parte desses créditos para a reconstrução e a execução de um vasto plano de construções residenciais;
Consolidação das conquistas democráticas, notadamento o seguro social, ameaçadas pelos grandes capitalistas franceses e americanos;
Defesa da legalidade republicana e das liberdades constitucionais (direito de greve, liberdade de manifestação do pensamento, liberdade de reunião, de associação e de manifestação). Revogação das leis super-celeradas. Revogação do decreto De Gaulle que permite privar arbitrariamente os cidadãos de seus direitos cívicos. Abandono de todas as perseguições contra os operários que defendem o seu pão, contra os patriotas que defendem a paz, contra os representantes do povo fiéis e seus mandatos. Desarmamento e dissolução dos grupos para-militnres de guerra civil organizados pelo RPF;
Revisão das medidas de clemência tomadas em relação a numerosos traidores. Castigo dos corruptores e dos corrompidos. Libertação dos combatentes da Resistência, dos grevistas e dos partidários da paz arbitrariamente encarcerados, perseguidos ou condenados.
Tal é o programa que submetemos à aprovação das massas populares!

A sua luta pode impor e imporá a aplicação desse programa. Quando a correlação de classe se modificar, a repercussão desse fato se fará sentir inevitavelmente no plano parlamentar e governamental. É em vão que homens mesquinhos acreditam poder, por meios torpes e por desprezíveis conchavos eleitorais, conter a crescente ofensiva das massas populares. Os mesmos resultados obteriam se tentassem obrigar o rio a voltar asua fonte.

A classe operária e o povo de França percorrerão o seu caminho, quaisquer que sejam os obstáculos. Quanto mais elevada for a muralha que pretendem levantar contra ela, tanto mais alto a maré popular se erguerá.

Depende de nós, comunistas, que se produzam o mais depressa possível as modificações necessárias. Depende de nós, de nossos esforços, de nossa tenacidade, que se desenvolva irresistivelmente e até a vitória completa a batalha pela paz e pela independência nacional.

                                                                       V — O Partido

A SITUAÇÃO internacional, como vemos, é caracterizada pela agressividade crescente do campo imperialista e anti-democrático que prepara uma terceira guerra mundial, e pelos progressos contínuos do campo democrático e anti-imperialista que luta pela paz e pela independência dos povos.

Nessa situação nova, o Partido Comunista Francês, que luta à frente das massas populares pela paz e pela independência nacional, aumentou a sua influência e a sua autoridade.

Trinta anos de esforços e de combates incessantes pela paz prepararam o nosso Partido para esta grande batalha que decide da sorte da França e de toda a humanidade.

O Partido Comunista é o Partido da paz. Nasceu na luta pela paz, em torno dos homens que se levantaram do fundo de suas trincheiras sangrentas contra a primeira guerra imperialista. O Partido Comunista cresceu na luta pela paz. Combateu a intervenção das potências imperialistas contra a Revolução de Outubro, mal esta se iniciava. Combateu as guerras do banditismo colonial em Marrocos e na Síria. Combateu, SOZINHO, a nefasta política dita de “não-intervenção” e a vergonhosa capitulação de Munique que encorajaram Hitler na sua guerra contra a França e o mundo inteiro.

Depois, no próprio solo da Pátria entregue ao inimigo pelos muniquistas e os vichiistas, traída pelas suas pretensas elites, SOZINHO, o Partido Comunista levantou a bandeira da independência nacional, a bandeira da libertação da França por meio da luta armada contra os invasores e contra os traidores.

Dezenas de milhares de franceses, formados e educados pelo Partido Comunista, — que é uma escola de generosidade, de devotamento e de sacrifícios, — tombaram para que a França viva, uma França livre, independente e democrática. Outros combatentes, porém, se levantavam cada vez mais numerosos:

“De todas as sementes confiadas à terra, escreveu Balzac, é o sangue derramado pelos mártires que faz levantar as mais copiosas searas.”
E agora, de novo SOZINHO, como Partido, o nosso Partido Comunista combate os planos americanos que pretendem a escravizaçâo da França e o desencadeamento da terceira guerra mundial. Fomos os primeiros a denunciar o Plano Marshall como um instrumento de escravizaçâo e de guerra. Fomos os primeiros a denunciar o Pacto do Atlântico como uma empresa de agressão e de guerra.

E já a maioria dos franceses, abertamente ou no fundo de seu coração, dão razão a nosso Partido e mostram-se reconhecidos pelo fato de havermos dado prova, uma vez mais, de clarividência e de coragem.

O Partido é o depositário das esperanças de todo um povo que se recusa à escravidão e à guerra. É o depositário das esperanças de todo um povo que quer viver e prosperar num ambiente de liberdade e de paz.

A classe operária, todo o povo trabalhador, todos os deserdados vêem ao Partido Comunista o seu único defensor, a sua única esperança. Vêem os nossos militantes, homens e mulheres, jovens e velhos, se colocarem em todas as circunstâncias na frente de combate. Vêem se levantar uma jovem geração de franceses e de francesas comunistas que serão dignos de seus gloriosos avós, dos SEMARD, dos PERI, dos CATELAS, dos FABIEN, dos DEBARGE, das DANIELLE CASA NOVA e de todos os nossos heróis mortos pela França e pelo comunismo.

                                            O Povo Reconhece Quem São Seus Amigos

OS JOVENS mineiros, lançados nas prisões por Jules Moch, os jovens parisienses que preencheram na casa de saúde a fórmula de adesão ao nosso Partido, a jovem Tourangelle de 20 anos, encarcerada em Bordeaux, todos e todas atingidos pela sua atividade a serviço do povo, a serviço da paz, dizem, em cartas comovedoras, do seu devotamento do seu reconhecimento ao Partido. Podem ficar certos de nossa afeição e de aossa solidariedade fraternais.

Sim, o povo reconhece quem são seus amigos. Após a libertação, em todas as eleições nos manifestou a sua confiança por uma votação cada vez maior. Por ocasião das últimas eleições legislativas, o povo francês nos deu o primeiro lugar, com cerca de 30% dos sufrágios. As eleições municipais de 1947 e as eleições cantonais de 1949 melhoraram ainda mais as nossas posições na qualidade de Partido mais influente.

Por ocasião das eleições municipais, apesar da coalizão social-degaulista, obtivemos o primeiro lugar nas cidades de mais de 4.000 habitantes. Eis a distribuição dos eleitos nas cidades de mais de 9.000 habitantes em que impera o caráter proporcional: 

                             

A partir de outubro de 1947, em todas as eleições parciais realizadas nas grandes cidades, salvo raras exceções, como Rouen, ganhamos mais votos e conseguimos eleger maior número de representantes, principalmente em Havre, Epernay, Romilly, Firminy, Grenoble, Issy-les Moulineaux, Reims, Tulle, Issoudun, Cahors e Calais.

Nas eleições cantonais de 1949 a estatística oficial teve que reconhecer que estamos muito à frente no primeiro escrutínio:

                                                      

Não se votava senão na metade dos cantões de província, e nesses as eleições se desenrolaram em condições difíceis; porém, mesmo nessas circunstâncias, ganhamos 150.000 votos a mais do que em 1945; o Partido Socialista perdeu ali 500.0000 votos.

A partir de março de 1949 ganhamos três postos de conselheiros gerais: Aiguebelle, Houdain, Luzarches. No cantão de Saint-André-de-l’Eure faltaram poucos votos a nosso candidato para que ele, nas eleições de desempate, fosse eleito contra o candidato degaulista que deve a sua eleição à manutenção do candidato socialista. Não é sem interesse notar que os três êxitos eleitorais do Partido foram conseguidos em cantões muito diferentes. Aiguebelle, nos Alpes, é um cantão montanhoso, habitado por pequenos camponeses. Houdain é o centro da bacia mineira, e está situada num cantão que foi, durante meio século, um feudo do Partido Socialista. Em Luzarches, Seine-et-Oise, ao lado das grandes explorações rurais de tipo capitalista e de seu operariado agrícola duramente explorado, encontramos nos seus lotes de terra os operários, os empregados e os pequenos funcionários que os trens conduzem todas as manhãs para a capital.

Nos resultados eleitorais desses três cantões tem-se a confirmação da grande influência de nosso Partido em todas as camadas da população trabalhadora, na cidade e no campo. Forte pela confiança das massas, o nosso Partido enfrenta, com êxito, os ataques furiosos de seus adversarios coligados. Os inimigos do povo acreditam poder reduzir a nossa influencia ao empregar contra nós todos os meios: mentiras, calúnias, chantagens, provocações e a repressão. Enganam-se redondamente. O fracasso de suas manobras anti-comunistas salta aos olhos. Confissão disso são os seus projetos de reforma eleitoral. Em vista de não poderem diminuir a quantidade de votos que nos sao destinados, desejariam considerá-los nulos. Se fosse-mos supor que a aritmética eleitoral permitiria uma tal escamoteação, a realidade social e política não mais subsistiria.

E a realidade é a luta do povo de França contra a reação, a miséria, a guerra, pela paz e pela independência nacional. A realidade é a confiança do povo em nosso Partido Comunista, o Partido da classe operária, o Partido do futuro, o Partido da França.

Temos plena conciência dessa realidade empolgante, mas cheia de responsabilidades. Temos conciência dos nossos deveres para com a classe operária, para com todo o povo, para com a França. Isso explica o fato de que, longe de nos deixar dominar pela presunção, consideramos sob um ponto de vista crítico e em vigilância constante a nossa própria atividade. Não queremos enxergar somente o que, no nosso trabalho, está ou parece estar certo, queremos também e sobretudo ver o que está errado ou é débil.

            Sobre os Defeitos e os Erros Que Tem Como Efeito Enfraquecer a Nossa Ação

DESEJAMOS, muito particularmente, chamar a atenção do Partido sobre os defeitos e os erros que têm por efeito enfraquecer a sua ação e em consequência enfraquecer a batalha pela paz e pela independência nacional.

O mais grave desses defeitos é a subestimação do perigo de guerra e, ao mesmo tempo, a subestimação das forças da classe operária, das forças de campo da paz que tem a possibilidade de derrotar os fautores de guerra. Em princípios do ano passado tivemos que dar o alarma até na Conferência de nossa Federação do Sena. A Conferência Federal fora preparada e se processava sem que fosse colocada a questão decisiva da luta pela paz. Uma comissão de luta pela paz tinha, sem dúvida, sido designada pela Conferência. Nela não incluíram, porém, os que seriam mais especialmente encarregados dessa tarefa que consideravam secundária: as mulheres, os jovens e os intelectuais. Nenhum dirigente federal, nenhum secretário de secção e nenhum secretário de célula de empresa assistiu às reuniões da comissão de luta pela paz.

Tratava-se de um sintoma de um mal muito sério contra o qual interviemos vigorosamente a fim de que fosse remediado sem demora. É preciso dizer que as nossas advertências lograram êxito. Neste ano a Conferência do Sena teve oportunidade de assinalar os importantes progressos dos comunistas da capital na batalha pela paz.

O mal, porém, ainda não desapareceu inteiramente. Em Paris e nas províncias encontram-se ainda membros do Partido que se comportam como cegos ou indiferentes diante das manobras dos fautores de guerra e dão prova de uma incrível passividade. Alguns membros do Partido, influenciados pelas campanhas do inimigo, pensam que “tudo isso não passa de propaganda”! Singular concepção de propaganda, diga-se de passagem. O sangue que se derrama em Viet-Nam, é propaganda? Os 600 bilhões de francos para as despesas militares, trata-se de propaganda?

E a próxima chegada de material de guerra americano, é também propaganda?

Há, também, alguns membros do Partido que recuam diante da afirmação de nossos sentimentos de amizade e de confiança para com a União Soviética, não percebendo o papel capital que ela representa na batatha pela paz. Um professor de Chaumont, que ingressou no Partido após a Libertação, considerava simplesmente inoportuna a declaração do Birô Político relativamente à vontade do povo de França de não fazer guerra contra a União Soviética. Em Lot, alguém julgava que se “falava demais da União Soviética e de Stálin”.

Será um comunista aquele que não sente uma afeição sem reservas em relação à Revolução Socialista de Outubro, base da revolução proletária em todo o mundo? Será comunista aquele que não guarda, uma afeição sem limites por Stálin, o chefe, o amigo, de quem celebramos com fervor o 70.º aniversário?

Os que duvidam e os que hesitam a propósito da União Soviética estão na realidade mergulhados no nacionalismo o no chovinismo. Rompem com os princípios do internacionalismo proletário formulados precisamente por Stálin em primeiro de agosto de 1927:

“Internacionalista é o que está disposto a defender a URSS sem reservas, sem hesitação, incondicionalmente porque a URSS é a base do movimento revolucionário mundial e é impossível defender e fazer progredir o movimento revolucionário sem defender a URSS porque aquele que pensa defender o movimento revolucionário mundial sem e contra a União Soviética, coloca-se contra a revolução e rola inevitavelmente para o campo dos inimigos da revolução”.
Sim, romper com o internacionalismo proletário, projetar-se no nacionalismo, manifestar a menor reserva a propósito da União Soviética, falar dela como de um “outro país”, não fazer distinção entre o Estado Socialista e as potências imperialistas, é inevitavelmente virar as costas à classe operária, ao socialismo. Não é isso justamente o que aconteceu à Tito e à sua camarilha de aventureiros que se passaram para o campo dos imperialistas fautores de guerra e se tornaram os piores inimigos de seu povo, do movimento operário internacional e os piores inimigos da União Soviética?

Alguns membros do Partido hesitaram, por vezes, em proclamar o direito do povo vietnamita e de todos os povos coloniais à auto-determinação. Ora, Lênin nos ensinou que:

“O centro de gravidade da educação internacionalista dos operários nos países opressores deve consistir forçosamente na propaganda e na defesa da liberdade de separação para os países oprimidos. Sem isso não há internacionalismo”.

                                                        Os Erros Oportunistas

OS DESVIOS oportunistas não servem senão para frear a atividade do Partido. Certas secções e federações não tomam parte de espécie alguma na ação dos Combatentes da Liberdade e da Paz. Nos departamentos de Aisne, Morbihan e Vienne não há nenhum ou há poucos Conselhos Comunais e Comitês de Defesa da Paz. Nesses departamentos e em alguns outros, como em Gers, Finistêre, Oise, Somme e Vendée por ocasião da votação pela paz, o número de cédulas recolhidas foi muito inferior à cifra dos sufrágios que o Partido obteve nas eleições. Não houve nenhum ou poucos delegados desses mesmos departamentos nas Segundas Assembléias Nacionais dos Combatentes da Liberdade e da Paz.

Em Lorient e em Toulouso as organizações do Partido, influenciadas por elementos oportunistas, não empreenderam nenhuma luta política contra a fabricação de material de guerra.

Os oportunistas mostram-se espantados e surpresos com a combatividade das massas. Por dez e vinte vezes ouvimos camaradas dizerem após uma manifestação vitoriosa: “Jamais acreditaríamos em tal sucesso”. Esses dirigentes não dirigem cousa alguma. Arrastam-se, sem perspectivas e sem entusiasmo, à reboque do movimento das massas. Têm medo desses massas que transtornam os seus pequenos hábitos de tranquilidade.

Alguns militantes comunistas dos sindicatos se deixaram arrastar por algum tempo pelo “paternalismo” dos patrões. Sem o notarem, ajudavam os seus patrões e transformar os Comitês de empresa em organismos de colaboração de classe, quando os Comitês de empresa podem e devem constituir os pontos de apoio da luta pelas reivindicações da massa. Alguns delegados de secção tornavam-se auxiliares do patrão, ao invés de organizarem a luta dos operários pelo aumento dos salários e pela melhoria das condições de trabalho. Esses “moços de servir”, tão justamente denunciados pelos camaradas Frachon e Monmousseau na “Vida Operária” (La-Vie Ouvrière) se colocavam acima dos regulamentos que regem democraticamente os sindicatos. Não prestavam conta alguma de suas atividades aos sindicatos.

Os militantes comunistas de Ivry deram provas, em princípios deste ano, de uma lamentável passividade oportunista. Nessa cidade operária onde a prefeitura há vinte e cinco anos se acha em nossas mãos e onde o Partido conta com 2.500 membros em 40.000 habitantes, os dirigentes da secção, embora tenham sido advertidos na véspera, não souberam organizar a resposta imediata dos trabalhadores ao reide motorizado dos degolistas. Os fascistas tiveram a possibilidade de desfilar pelas ruas da cidade. Somente as mulheres das casas de cômodos souberam impedir a invasão de seus imóveis pelos fascistas, que foram bombardeados com projéteis de várias espécies que lhes eram atirados pelas janelas.

Que grave subestimação, pelos militantes de Ivry, da ameaça fascista que cresce quanto mais se acentua a ameaça de guerra! Que esquecimento das lições de nossa luta vitoriosa contra o fascismo em 1934 e 1935!

Não permitíamos, naquela época, que se realizasse qualquer tentativa de manifestação fascista sem uma resposta eficaz dos trabalhadores.

                                                                   O Sectarismo

OUTRO erro grave, que prejudica consideravelmente a ação do Partido e particularmente os seus esforços no sentido de unir, contra a guerra, toda a classe operária, todos os partidários da paz, é o SECTARISMO que o Comitê Central não cessa de combater. Também nesse domínio muitos dos nossos militantes têm menosprezado a rica experiência do passado. Esquece-se a própria história de nosso Partido. Esquece-se a nossa luta apaixonada, tenaz e perseverante no sentido de fazer triunfar apesar e contra os dirigentes socialistas, a frente étnica da classe operária e de organizar, na base dessa frente única proletária, a Frente Popular anti-fascista. A unidade é um combate. Um combate incessante que se trava com o objetivo de se conseguir que o trabalhador socialista, enganado pelos seus chefes, compreenda a verdade.

Há camaradas que não percebem as modificações que os acontecimentos provocam no estado de espírito dos trabalhadores socialistas. Esses camaradas continuam a repetir:

“É tempo perdido procurar convencer os socialistas”.
Não fazem diferença entre o s dirigentes traidores e os operários enganados que ainda os seguem. Por vezes os camaradas que se resignam tão facilmente à rutura com os operários socialistas são eles próprios socialistas. Devem acreditar que, após haverem abandonado o Partido Socialista, não há ali ninguém que seja digno de interesse, pessoa alguma que possa, da mesma forma que eles, tornar-se um verdadeiro militante revolucionário. Que erro e que espírito de auto-suficiêneia!

Quando criticamos o sectarismo de alguns camaradas, dão-nos a seguinte resposta, que se repete em toda a parte, e que nos permite julgar de sua seriedade:

“Sim, sem dúvida, quanto ao Comitê Central vocês têm razão, mas aqui, tratamos com socialistas de uma espécie particular!”
Naturalmente não se trata senão de uma desculpa esfarrapada, de um pretexto com o qual tentam justificar a ausência de qualquer esforço real junto aos trabalhadores socialistas.

Às vezes nos respondem: “Aqui não há mais socialistas.” Não é verdade. O Partido Socialista, em virtude da política de traição de seus dirigentes, perdeu muitos dos seus eleitores e membros. Conserva, porém, uma influência que é preciso não subestimar. Além disso, não se tornam comunistas todos os trabalhadores que se afastam do Partido Socialista. Permanecem mais ou menos sob a influência do partido que abandonaram. Continuam imbuídos da ideologia social-democrata. Não os ajudaremos se desembaraçarem do “social-democratismo” se nos limitarmos à propaganda. Será a luta comum que levará esses operários a dar o passo decisivo. No esforço pela unidade, não se deve negligenciar os trabalhadores que foram membros do Partido Socialista e que permanecem desorganisados.

É ainda o sectarismo que impede a aplicação de nossa política justa de mão estendida aos trabalhadores católicos. Por vezes o sectarismo em relação aos operários cristãos se reveste do caráter de um recuo oportunista em face da verborragia anti-clerical dos mestres socialistas, desses pequenos burgueses fanfarrões e bombásticos que preferem “declarar guerra, à religião” segundo as palavras de Engels, de preferência a lutar contra a guerra e contra os seus dirigentes, traidores da classe operária.

Os sectários, tanto quanto os oportunistas, não confiam nas massas desprezam as massas. Mantêm-se afastados da vasta frente única de luta pela paz. Não estão sindicalizados ou não participam de nenhuma atividade sindical. Recusam-se a militar nas organizações de massa: cooperativas, associações de ex-combatentes e de ex-prisioneiros de guerra, comitês de mulheres, agrupamentos de resistência, uniões de locatários e adoentados, círculos de juventude, associações de moças, clubes esportivos, sociedades culturais, de partidários do laicismo, etc.

Lênin, na sua obra sobre A Doença Infantil do Comunismo criticou os comunistas que se recusam a militar nas organizações de massa, mesmo que sejam dirigidas por reacionários e que, por isso, abandonam os trabalhadores à influência e à direção política do inimigo de classe e de seus agentes.

Percebe-se claramente que o Partido não pode avançar e não pode levar a bom termo o seu trabalho de organização e de direção das massas na batalha pela paz sem a luta constante nas suas próprias fileiras contra todos os desvios. O Partido deve empreender uma luta vigorosa nas duas frentes: contra os desvios oportunistas e contra os desvios provocados pelo sectarismo. Deve combater, sem tréguas, os portadores desses desvios e os conciliadores que estão sempre dispostos a desculpar e a justificar os oportunistas e os sectários e que impedem a luta contra tais desvios.

Os conciliadores não compreendem ou não querem compreender que não se trata de catar pulgas em elefantes, mas de se garantir a aplicação da linha do Partido. Não compreendem que o perigo representado pelos desvios de direita ou de esquerda, aumenta precisamente em razão da agravação da luta de classes. Os conciliadores não compreendem que os desvios traduzem a pressão ideológica do inimigo capitalista sobre os elementos fracos da classe operária e sobretudo da pequena burguesia, da qual o Partido não está isolado por uma muralha chinesa.

“O proletariado, explica Stálin nas “Questões do Leninismo”, não é uma classe fechada. Sem cessar, vê-se a ele afluirem elementos de origem camponesa, pequeno burguesa e elementos proletarizados. Ao mesmo tempo verifica-se um processo de decomposição das camadas superiores do proletariado, principalmente entre os dirigentes sindicais e os parlamentares que a burguesia mantém com o super-lucro tirado das colônias… Todos esses grupos pequeno burgueses penetram, de um modo ou de outro, no Partido; trazem para ele o espírito de hesitação e de oportunismo, o espírito de desmoralização e de incerteza. São eles principalmente que representam a fonte do fracionismo e da desagregação, a fonte de desorganização do Partido que minam por dentro… É por esse motivo que a luta impiedosa contra tais elementos e sua expulsão do Partido são as condições preliminares do êxito das lutas contra o imperialismo.”
Num período como o que atravessamos, os elementos instáveis se agitam e fracassam. São rejeitados pelo Partido, enquanto que homens novos aparecem. Stálin declarou por ocasião da realização do XV Congresso do Partido bolchevique:

“O Partido é um organismo vivo. Como em todo organismo, nele se produz uma renovação de substância; o que caducou, o que já passou de época é eliminado, o que é novo e em formação vive e se desenvolve… É assim que o Partido cresce e continuará a crescer.”

                                                                A Vigilância Revolucionária

O PARTIDO cresce e progride a despeito dos elementos oportunistas ou sectários que desejar iam fazê-lo dar marcha à ré. Cresce e progride a despeito das tentativas sorrateiras do inimigo de golpeá-lo por dentro.

Os militantes, entretanto, e as organizações do Partido estão longe de opor sempre uma barreira intransponível a essas tentativas de penetraçâo policial. Os trabalhadores, com a sua retidão inata, não podem conceber a que ignóbeis processos de espionagem e de provocação recorrem os seus inimigos de classe. Muitos camaradas manifestam uma tal credulidade e uma tal ingenuidade de que os espiões se aproveitam para a execução de sua vil tarefa. Os processos dos traidores Rajk e Kóstov demonstraram, porém, que esses espiões e seu chefe Tito se encontravam de há muito a soldo dos serviços de espionagem anglo-americanos.

Não sofreu o nosso Partido, antes da guerra, com a atividade desorganizadora do grupo policial Barbé-Célor e de seu aliado Doriot, que era um agente hitlerista? Felizmente conseguimos desmascarar esses canalhas e atirá-los fora do Partido. A partir desse momento, obtemos um sucesso após outro na luta anti-fascista e na organização das massas.

Pode-se acreditar que os governos atuais e seus patrões americanos não tentam infiltrar os seus agentes no movimento operário e democrático? Não vemos a utilização que fazem de sua agência titoista e dos grupelhos trotskistas? O Partido deve dar provas de uma firme vigilância revolucionária para desvencilhar-se, desmascarar e afastar de si os elementos indecisos, policiais, espiões e provocadores que a burguesia procura e sempre procurará introduzir nas nossas fileiras.

O respeito aos princípios do centralismo democrático, o controle de baixo para cima, a prática constante da crítica e da auto-crítica, a verificação do trabalho de cada um, podem permitir o afastamento rápido dos elementos perigosos que tentarem penetrar no Partido.

No período decorrido a partir da realização do nosso último Congresso, o Comitê Central teve que advertir os militantes de algumas federações — em Aisne, Aube, Morbihan e principalmente em Somme — a respeito dos princípios do centralismo democrático. Tivemos que recordar-lhes as lições elementares sobre a organização e os métodos de um Partido Comunista.

                                                        O Centralismo Democrático

O CENTRALISMO democrático exige que a discussão seja inteiramente livre no Partido até que se chegue a uma decisão obrigatória para todos. As organizações do Partido de todos os graus elegem democraticamente as suas direções que devem prestar contas regularmente. As decisões dos organismos superiores, a partir do Congresso e do Comitê Central, devem ser levadas à prática por todos os membros e todas as organizações do Partido.

A disciplina a que os comunistas se obrigam livremente não exclui mas pressupõe a discussão, a luta das opiniões. Naturalmente, a discussão deve se desenvolver dentro do quadro dos princípios do Partido, dos princípios do marxismo-leninismo. Um camarada de Somme, sob o pretexto de que tinha o “direito de dizer o que bem entendesse”, se fazia, na tribuna da Conferência, eco das tagarelices e das calúnias do inimigo. Mostramos-lhe que ele se afastava das posições do Partido. Não reconhecemos aos agentes do inimigo e aos que pensam como o inimigo, a “liberdade” de propagar no Partido as suas concepções reacionárias e anticomunistas. Ou melhor, tomamos a “liberdade” de expulsar esses indivíduos do Partido. Em que teria se transformado o nosso Partido, o que seria do movimento operário francês, se tivéssemos permitido que Doriot agisse à sua vontade, nas nossas próprias fileiras, sob o pretexto de sua “liberdade de opinião”? Nas direções das federações de que se trata, não havia trabalho coletivo. Cada qual fazia o que bem entendia. Reinava um deplorável espírito de família, isto é, justamente o contrário do espírito de Partido. O espírito de compadrío, o espírito de clã enfraquecem o espírito de Partido e prejudicam a coesão e a ação do Partido.

Os dirigentes da secção de Mussy, em Aube, manifestando-se descontentes com a crítica, porém justificada, dirigida a um camarada da direção federal, decidiram não distribuir os carnets do Partido. Nesse departamento, alguns secretários federais, dando provas de uma irresponsabilidade total, não comparecem mais à sede da federação, não assistem mais às sessões do organismo para o qual foram eleitos. Pode-se encontrar nesses fatos deploráveis provas de devotamento ao Partido? Não se trata, ao contrário, de manifestações de individualismo exasperado e de sobrevivências do espírito social-democrata que devemos de todo reprimir?

Em Morbihan o ex-secretário federal permitiu a exclusão, pela maioria de um comitê de secção, por motivos anódinos, do prefeito de uma importante localidade, sem que dessem explicações políticas à população. Numa sessão do Comitê federal o representante do Comitê central chamara a atenção dos presentes para o estado da federação que regredira, e criticara numerosos erros oportunistas. Ao invés de levar em conta essas críticas fraternais, mas firmes, o ex-secretário federal, que resistia à autocrítica, insuflava o Comitê federal à uma espécie de rebelião contra o Comitê central.

Em Somme, o secretário da secção de Longuean excluira sem razão, e pelo birô de secção, um membro do Partido. Posteriormente, a direção federal da qual participava, sem ter sido eleito regularmente, o aludido secretário da secção de Longueau, ratificou a exclusão. Foi o ponto de partida do chamado caso de Longueau e dos incidentes que surgiram entre o camarada Prot, um dos vinte e sete do Caminho de Honra, e os dirigentes da Federação de Somme. O inimigo se congratulava e profetizava a liquidação do Partido Comunista em Somme. O Comitê Central interveio. Uma comissão, composta de camaradas designados pelas duas partes, procedeu a uma averiguação aprofundada. Formulou conclusões publicadas pela nossa imprensa e aprovadas, após ampla discussão, pela secção de Longueau e pela Conferência Federal de Somme. A discussão foi conduzida na base de princípios. A crise foi salutar, permitiu o desenvolviment» dos membros e dos organismos do Partido. Consolidou-se a unidade do Partido em Somme. O inimigo teve que mudar de tom.

                                                         Elevar o Nível Ideológico

OS DEBATES travados na Conferência de secção de Longueau e na Conferênica Federal de Somme fizeram surgir as sobrevivências do anarco-sindicalismo que imperou outróra nesse departamento.

É indispensável desenvolver os esforços de todo o Partido com o objetivo de elevar o nível ideológico geral, para educar os novos quadros e para reeducar os antigos. Devemos fazer ainda mais no sentido de desenvolver as escolas, os cursos, os círculos de estudos, multiplicar as conferências educacionais, em suma, todo o trabalho sob a direção do nosso camarada François Billoux.

Devemos desenvolver maiores esforços para conseguir uma maior difusão dos Cahiers du Communisme, da Nouvelle Critique, das obras teóricas e políticas.

É igualmente necessário fazer cessar as resistências à crítica e à autocrítica. Demos um passo encorajador nos últimos tempos. Nossos militantes desvendaram sem temores as fraquezas e os defeitos de sua atividade. Não se deixaram prender pelas “palhaçadas” de nossos adversários que esquadrinham os nossos discursos e os nossos artigos na tentativa de encontrar aí matéria para novos ataques anti-comunistas. Os nossos militantes seinspiram nos ensinamentos de Lênin, que escreveu em “Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo”:

“A atitude de um Partido político em face de seus erros, é um dos critérios mais importantes e mais seguros para se julgar se esse Partido é sério e se cumpre realmente os seus deveres para com a sua classe e para com as massas trabalhadoras. Reconhecer abertamente o seu erro, descobrir as suas causas, analisar a situação que lhe deu origem, examinar atentamente os meios de corrigir esse erro, eis a marca de umPartido sério, eis o que se chama, para ele, cumprir as suas obrigações, educar e instruir a classe e depois as massas.”

                                                       Problemas de Organização

ALGUMAS palavras sobre os problemas de organização e dos quadros. O tesoureiro do Partido fez a entrega de 786.855 carteiras acompanhadas de 6.248.650 selos mensais em 1949, contra 798.459 carteiras e 6.493.062 selos em 1948, e 907.785 carteiras e 13.432.370 selos, então bimensais, em 1947. Após um recuo sensível em 1948, constatamos uma consolidação de nossos efetivos em 1949.

Trata-se de um fato muito importante, levando-se em conta as exigências maiores do Partido para com todos os seus membros, neste período de agravação da luta de classes. Perdemos alguns aderentes que se inscreveram no Partido nos anos de relativa facilidade, logo após a Libertação. Esses recuaram diante das dificuldades da luta. Alguns elementos pequeno-burgueses, inconsistentes e timoratos por natureza, surgiram como um corpo estranho no Partido que se viu obrigado a rejeitá-los.

Em compensação, o Partido recrutou novos membros entre os proletários que se revelaram mais ardentes e mais firmes nas batalhas que se travam há três anos. Disso resulta uma melhoria da composição social do Partido, uma firmeza maior de nossas fileiras, uma maior coesão ideológica e política.

As novas adesões seriam bem mais numerosas e nossos efetivos aumentariam rapidamente se desaparecessem enfim os defeitos que persistem no trabalho de organização do Partido: a negligência quanto aos problemas do recrutamento, a incompreensão do trabalho nas empresas, a ajuda insuficiente das direções de federação e de secção às células de empresa e de aldeia.

Existe também entre certos camaradas uma tendência sectária que afasta do Partido numerosos trabalhadores considerados injustamente como demasiadamente “frouxos”. O secretário de uma célula de aldeia, escreve:

“Somos menos numerosos mas assim é melhor. Estamos agora no meio de bons comunistas.”
Ora, o BOM comunista não é o que faz o máximo de esforços para recrutar novos aderentes e transformá-los em BONS comunistas, capazes politicamente e bem ligados às massas!

                                                     O Trabalhao nas Empresas

O CAMARADA Lecoeur assinalou com justeza, em vários artigos, que o problema do trabalho nas empresas não era uma questão formal, secundária e que seria resolvido de acordo com os métodos de administração. Trata-se de uma questão política da mais alta importância que diz respeito à própria concepção de nosso Partido, do Partido leninista de novo tipo. O Partido não estaria em condições de cumprir com essas tarefas que são as mais urgentes e as mais imperiosas — e, antes de tado, de conduzir a luta pela paz e pela independência nacional — se não estivesse enraizado profundamente nas empresas, se não agrupasse nas suas celulas de empresa os trabalhadores mais concientes e mais ativos.

“A influência real de um Partido é aquilatada pelas ações que é capaz de organizar e dirigir,” disse-nos Stálin em 1925.
O que é verdade para o Partido em geral é também para a célula ou a secção do Partido numa determinada empresa. A célula deve difundir na empresa as idéias e as palavras de ordem do Partido. Deve editar o seu próprio jornal e divulgar a imprensa e a literatura do Partido. Pelos seus militantes, membros do sindicato, deve ajudar a secção sindical na elaboração das reivindicações da corporação e na organização da luta pela vitória das reivindicações. Cabe à célula, porém, o dever de apresentar perante os operários todos os problemas políticos e indicar todas as soluções do Partido. A célula representa papel capital na mobilização das massas e na preparação e direção das ações de massas.

Em geral os comitês do Partido não se preocupam muito do trabalho nas empresas, da criação de células em todas as fábricas, da ajuda sistemática às células que já existem. Talvez explique esse fato a composição defeituosa de certos comitês onde os operários se encontram frequentemente em minoria, mesmo nas localidades industriais.

O essencial no trabalho de organização, disse Stálin, é o controle da execução das decisões, é a escolha judiciosa dos homens.

Tomar uma decisão é uma cousa; aplicá-la, é outra. Quantas direções tomam decisões “justas” mas que não são nunca aplicadas ou não o são senão imperfeitamente?

                                                                Os Nossos Quadros

O PARTIDO tem feito progressos no seu trabalho de preparação e de distribuição dos quadros. Mas muito falta fazer. Possuímos uma massa de homens e de mulheres de um devotamento ilimitado. Não sabemos sempre ajudá-los como é necessário, aconselhá-los política e praticamente, procurar com eles os meios de se vencer as dificuldades que possam encontrar. Os dirigentes, de diversas categorias, não mantêm sempre uma atitude fraternal, compreensiva e paciente para com os militantes. Alguns dirigentes não sabem ouvir, escreveu o camarada Veyrac, das fábricas Renault. Como se pode ajudar os militantes se não se começa por ouvi-los? Como se pode ensinar qualquer cousa aos militantes e às massas se não se sabe aprender junto aos militantes, junto às massas?

É verdade que não são sempre os melhores militantes que se encontram nas direções. O camarada Dobrénine, do X.º distrito de Paris, colocou muito bem a questão. Não deve haver duas categorias de membros do Partido: os que dizem e os que fazem. É muito justa esta afirmação.

Infelizmente, nas direções encontram-se frequentemente os que dizem, os que falam bem. Acontece também que se indica o que deseja muito ser indicado. Não se leva muito em conta as considerações que devem nos guiar na escolha dos quadros:

EM PRIMEIRO LUGAR: o mais profundo devotamento à cansa da classe operária, a fidelidade ao Partido, provada nas lutas, nas prisões, na execução das tarefas.

EM SEGUNDO LUGAR: a mais estreita ligação com as massas. Não precisamos de doutrinadores pedantes, mas de dirigentes populares, que eonheçam bem as massas e que sejam por elas conhecidos.

EM TERCEIRO LUGAR: o espírito de iniciativa e de responsabidade, a capacidade de se orientar rapidamente e de tomar uma decisão por si mesmo em toda as situações.

EM QUARTO LUGAR: O espirito de disciplina e a firmeza bolchevique tanto na luta contra o inimigo de classe quanto na intransigência cm relação a todos os desvios do marxismo-leninismo, e na aplicação resoluta de todas as decisões tomadas pelos organismos regulares do Partido.

                                                      Os Problemas da Imprensa

NA SUA luta pela paz, o Partido dispõe de uma arma incomparável, representada por L’Humanité e o conjunto de nossa imprensa.

Todos os nossos diários em conjunto atingem a uma tiragem de um milhão e meio de exemplares. Os semanários editados ou sustentados pelo Partido, em escala nacional, rodam em conjunto mais de dois milhões de exemplares. Os semanários federais, inclasive os do Sena, têm uma tiragem de 600.000 exemplares.

Contudo, quantos militantes e direções do Partido se desinteressam totalmente dos problemas da imprensa, da redação e sobretudo da difusão de nossos jornais? Impõe-se grande esforço do Partido nesse domínio.

L’Humanité melhora diariamente a sua apresentação e o seu conteúdo. É o grande jornal da classe operária, o jornal do povo, o jornal da paz. Permitam-me prestar uma homenagem a seu diretor, ao nosso caro Marcel Cachin, e à seu auxiliar imediato, Etienne Fajon… a toda sua redação e ao pessoal da administração, a seus valentes distribuidores e aos militantes tão devotados dos Comitês de Defesa de L’Humanité.

Os delegados ao Congresso têm em seu poder o relatório financeiro do Comitê Central. Em grande parte a caixa do Partido é alimentada pelas contribuições retiradas dos honorários de nossos representantes nas diversas assembléias. Constitui honra e orgulho para nós o fato de que os nossos representantes continuam a viver como operários com uma ajuda de custas muito modesta, isto é, 25.000 francos, enquanto que para muitos outros os 100.000 francos mensais não são suficientes e por isso manobram nas águas sujas da corrupção.

É motivo de honra e orgulho para nós o fato de que nenhum representante comunista nunca foi atingido pela lama dos escândalos político-financeiros.

Com que calor aclamamos o Presidente da nossa fração à Assembléia Nacional, o nosso camarada Jacques Duclos, quando fazia Jules Moch engulir as suas calúnias sobre os recursos de nosso Partido!

Desde já devemos obter ainda um aumento das receitas provenientes das quotas e das subscrições. Todo membro do Partido deve pagar a sua quota regularmente e de acordo com a taxa fixada. Toda organização do Partido deve se esforçar no sentido de recolher a contribuição financeira dos simpatizantes e de todos os que aprovam a ação do Partido e querem apoiar a sua luta. As células, as secções e as federações devem resrular normalmente o montante das finanças ordinárias e dos solos e denositar na caixa central a importância das subscrições que lhe são destinadas.

É preciso que as comissões de controle financeiro cumpram com conciência a sua tarefa, verifiquem periodicamente as finanças das diversas organizações do Partido, com o faz para o Comitê Central a Comissão Central de Controle Financeiro.

                                                                                    Conclusão

CAMARADAS!

Acabamos de examinar os problemas da vida interna do Partido, de sua organização, da formação dos quadros. Chamamos a atenção de todos sobre os defeitos, as debilidades e os erros que entravam o desenvolvimento do Partido e de sua luta à frente das massas populares. Assim procedemos porque temos a preocupação de executar bem a nossa tarefa, e antes de tudo, de contribuir com honra para a grande batalha pela paz e pela independência nacional.

Nos próximos dias, com todos os Partidários da Paz e para aplicação das decisões de Estocolmo, vamos decuplicar os nossos esforços no sentido de que se manifeste em massa a eondenação popular contra a arma atômica, arma de agressão e de extermínio dos povos.

Ao lutar pela paz, lutamos pelo socialismo e pelo comunismo. Lutamos pela mais bela e mais justa das causas.

O comunismo está na ordem do dia. Todos os ataques, todas as calúnias e todas as perseguições dirigidas contra o comunismo não podem senão engrandecê-lo e reforçá-lo.

Evocam-se frequentemente os progressos do catolicismo nos primeiros séculos de nossa era. Os primeiros cristãos eram perseguidos pelos privilegiados da época, pelos proprietários de escravos. A sociedade eseravagista estava, porém, condenada, e acabou por desaparecer para dar lugar a uma sociedade nova, à sociedade feudal que correspondia ao desenvolvimento das forças produtivas e às novas relações de produção.

Decorreram, porém, três séculos entre a conversão de Paulo até o Édito de Milão que fazia do catolicismo, ainda limitado à bacia do Mediterrâneo, a religião do império romano.

Mas decorreram apenas setenta anos entre o aparecimento do Manifesto Comunista e o triunfo da Revolução Socialista de Outubro. E, no primeiro centenário da obra imortal de Marx e Engels, 800 milhões de homens, do Elba ao Pacífico já romperam as cadeias do sistema imperialista e empreenderam a construção da nova sociedade. E dezenas e dezenas de milhões de outros homens, nos países ainda devastados pelo capitalismo, sustentam as idéias de Marx e Engels, de Lênin e Stálin.

As forças produtivas na atual sociedade capitalista entram violentamente em conflito com as relações de produção baseadas na propriedade de todas as riquezas da nação por uma minoria parasitária e na exploração e na miséria da imensa maioria dos produtores, privados de qualquer propriedade. A sociedade capitalista está condenada. Deve ceder o lugar ao socialismo e ao comunismo. As novas relações de produção, baseadas na propriedade coletiva dos meios de produção, permitirão um desenvolvimento ilimitado das forças produtivas e de todas as faculdades do homem que se torna senhor da natureza. Então a felicidade e a paz reinarão em toda a terra. Então, segundo as palavras de Marx, haverá para todos “pão e rosas”

Ao trabalho, camaradas, à luta, camaradas, confiantes nas forças da classe operária, confiantes nas forças do povo, certos de que o futuro, acontoça o que acontecer, pertence ao comunismo.

Travemos com ardor e confiança a batalha pela paz, pela independência nacional e pela França.

VIVA O PARTIDO COMUNISTA FRANCÊS!

VIVA A FRANÇA LIVRE, DEMOCRÁTICA E INDEPENDENTE!

VIVA O COMUNISMO!

VIVA A PAZ!

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Notas:
(1) J. Stálin — “Cuestiones del Leninismo”, pág. 524, Ediciones en Lenguas Extrangeras — Moscou, 1941.
(2) K. Marx – “O CAPITAL”, Livro primeiro, tomo III, pág. 98 — Bureau d’Editions — PARIS. 
(3) V. I. Lênin — O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo, pg. 140 Editorial Vitória, 1947, Rio. 
(4) K. Marx e F. Engels — “Manifesto do Partido Comunista”, pg. 43, Editorial Vitória, 1949, Rio. 

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“As forças da paz e, em primeiro lugar, os Partidos Comunistas, devem faser tudo para que a propaganda em favor da guerra, do ódio racial e do ódio entre os povos, efetuada pelos agentes do imperialismo, encontre a condenação severa de toda a opinião democrática, para que nenhum ato dos provocadores de uma nova guerra fique sem resposta, resposta que pode tomar as formas mais diversas, inclusive o boicote em massa dos filmes, jornais, livros, revistas, companhias radiofônicas, organizações c personalidades que fazem, a propaganda de guerra”.
M. SUSLOV