A magnífica revolução de fevereiro de 1979 eclodiu à base das aspirações de nossa nação à liberdade e à independência do jugo do imperialismo, em particular do norte-americano, ao melhoramento das condições catastróficas de vida das massas laboriosas e à instauração de uma sociedade democrática. Essa revolução acha-se atualmente numa fase crítica de sua evolução natural devido a que os inimigos jurados da revolução de 11 de fevereiro, desde os primeiros dias, começaram a preparar complôs, provocações no interior e fora do Irã contra a grande vitória conquistada por nosso povo. Eles puseram em movimento todos os meios de agitação, todas as manobras políticas, econômicas e militares com aquele fim. A propaganda envenenada do imperialismo no exterior ensaiou, e ensaia, mostrar nossa revolução como "um passo atrás", procurando justificar, assim, perante a opinião internacional, as maquinas contra-revolucionárias dos imperialistas face a nossa pátria. Seus mercenários do tipo do partido democrata do Curdistão e seus acólitos no interior do Irã, sob a máscara de apoiar “o povo" e o "direito dos povos" à autodeterminação (que corretamente aplicado é um justo direito), tentam conquistar por dentro a fortaleza da revolução e sujeitar o país novamente ao imperialismo.

Os monopolistas norte-americanos, além das providências belicosas indiretas contra a revolução iraniana, empreendidas em geral pela mão de seus agentes, realizaram um ataque militar direto que fracassou vergonhosamente no Tabas (região do centro do Irã).
As provocações de certas minorias nacionais e religiosas, os golpes de Estado, a intervenção militar direta, as sabotagens e atentados a bomba etc. constituem um balanço negro da atividade conspirativa do imperialismo frente à revolução. Todas estas provocações, malgrado as arremetidas contra o corpo sólido de nossa revolução, mostraram as debilidades do imperialismo diante da vontade férrea do nosso povo em defendê-la.

Os imperialistas estadunidenses, após cada derrota, atacam com ódio redobrado a revolução iraniana. Logo que se patenteou o fracasso total de seus complôs, empurraram o exército iraquiano baas, bem equipado, à agressão ao Irã, a partir de vários pontos do Oeste e do Sul.

É evidente que os manejos contra-revolucionários do imperialismo americano realizaram-se, e realizam-se, com a aprovação do social-imperialismo russo que, ele também, põe em ação os diferentes meios à sua disposição no interior do Irã (como o partido democrata do Curdistão, o partido Tudeh etc.) no sentido de levar adiante empreendimentos comuns relacionados com a conjura imperialista.

Ninguém ignora o apetrechamento do exército baas iraquiano pelos social-imperialistas soviéticos, nem o envio ao Iraque de armas de variados tipos feito pela Europa Oriental.
Os mercenários norte-americanos, além dos complôs de seus amos, dedicam-se no Sudeste do país (Beluchistão) ao banditismo, fomentam clima de insegurança, atuando no quadro dos planos contra-revolucionários em longo prazo, sob a direção de conselheiros estadunidenses, disfarçando-se em defensores do povo beluchi e beneficiando-se dos recursos que o governo paquistanês põe à sua disposição.

O elevado número de remanescentes do antigo regime do Xá, em particular de militares, na Turquia, no Iraque e no Egito (somente na Turquia há 10 mil soldados e oficiais iranianos sustentados por Washington), está em contínua mobilização a fim de se encontrarem aptos para o dia "D" do ataque ao Irã.

Os imperialistas ianques não escondem mais seu propósito de derrubar a República Islâmica. Fazem abertamente intensa propaganda entre seus mercenários, como o "general Ariana", incentivando-os a apresentar aos iranianos essa derrubada como a única alternativa possível.
Sim, a magnífica Revolução de fevereiro de 1979 acha-se numa situação crítica, entre a vida e a morte: cedo ou tarde chegará o momento em que terá de afrontar, no curso de uma guerra decisiva, as "alternativas" imperialistas.

Que irá acontecer à revolução iraniana? A fim de responder a esta pergunta é preciso ter em conta dois fatores: em primeiro lugar, o povo e o movimento democrático; em seguida, os dirigentes do país.
Nosso valente povo oprimido, apesar de sua nobreza e de seus recursos limitados, fez enormes sacrifícios em defesa da revolução e das suas conquistas; nada economizou neste domínio. Vertendo seu sangue, sacudiu o jugo infando do imperialismo sobre o Irã e lançou-mão corajosamente de seus filhos como escudos para deter a agressão dos imperialistas e seus agentes. Pode-se afirmar sem a menor dúvida que, se a nação iraniana, por iniciativa própria, não tivesse defendido com todas as suas forças a independência e a integridade territoriais do Irã, o exército baas iraquiano teria podido separar, em alguns dias, o Cuzistão do Irã, pois o exército iraniano estava desorganizado.

O movimento democrático e revolucionário, elemento consciente e organizado da nação, fez também os maiores esforços no sentido de preservar as conquistas da revolução democrática e a integridade do Irã, mobilizando para tal finalidade seus melhores militantes.
Nosso intrépido povo e o movimento democrático e revolucionário constituem as reservas essenciais e a muralha da luta antiimperialista e democrática. Possuem um grande potencial de combate.

“As prisões da República Islâmica estão cheias de presos políticos. A única lei que domina a cena política é o sentimento de ódio e vingança dos mulás contra as forças revolucionárias, atéias ou religiosas”.

Contudo, nossa avaliação da prática dos dirigentes iranianos é diferente. Os critérios que utilizamos para avaliar sua atividade são os seguintes: a atitude diante do imperialismo e da questão do reforçamento ou do enfraquecimento da luta antiimperialista. Desgraçadamente, as posições tomadas contra o imperialismo americano pelo aiatolá Komeini e pelos mulás que o apóiam limitam-se a slogans e ao plano político. Em outros terrenos, notadamente no econômico, nenhum passo foi dado contra ele. Ao contrário. Por isso as condições sociais e econômicas das massas laboriosas vão de mal a pior, a inflação e a carestia sobem continuamente e o número de desempregados atinge 4 milhões (numa população de 36 milhões). A indústria teve em 1980 um déficit de 16 bilhões de tumans (mais de 2 bilhões de dólares).

O ataque às conquistas da revolução de fevereiro efetuado pelo governo intensificou-se amplamente, ao mesmo tempo em que se degradava o nível de vida do povo e desaparecia a segurança pessoal, jurídica e profissional. Deste modo, dois anos e meio depois da vitória da revolução, todos os jornais e organizações democráticas e patrióticas foram proibidos. Uma atmosfera de repressão terrível domina nossa pátria. As pessoas são executadas sem julgamento sob a "acusação" de serem partidárias de tal ou qual organização revolucionária ou democrática, ou então de ter distribuído volantes ou jornais “i1egais".

As prisões da República Islâmica estão cheias de presos políticos. A única lei que domina a cena política é o sentimento de ódio e de vingança dos mulás contra as forças revolucionárias, atéias ou religiosas. Citamos um exemplo: cinco membros do nosso Partido, sob acusações mentirosas e sem importância, foram executados apressadamente e sem julgamento pelos verdugos do regime e isto no momento em que nosso partido sustentava firmemente as posições antiimperialistas dos dirigentes iranianos e apoiava incondicionalmente a guerra patriótica do Irã contra o exército de agressão iraquiano. Em defesa desta causa o Partido teve numerosos feridos e mártires. Nenhuma organização nem grupo democrático denunciou com mais força os imperialistas e demonstrou com fatos da realidade o perigo que eles representavam para a independência e a liberdade de nossa pátria.
Entrementes, os mulás, ignorando as leis científicas que regem a luta social, por sua incapacidade, sua ignorância política e seus métodos cegos preparam o caminho para o retorno da dominação imperialista. Com efeito, a destruição da unidade nacional, das conquistas democráticas da revolução, a supressão das liberdades e o esmagamento das organizações revolucionárias e patrióticas, a execução diária de patriotas, o domínio de um punhado de hezbolah sobre a vida, os bens e a dignidade das massas, tudo isto joga papel negativo no reforçamento da unidade popular e impede a mobilização dos trabalhadores contra os seus inimigos. Em conseqüência, e devido ao agravamento das contradições sociais, a atenção do povo desvia-se da questão do conflito contra o Iraque e se concentra nos problemas internos. A guerra perdeu sua importância primordial para o reforçamento da unidade do povo e para a sua mobilização contrária ao imperialismo.

Por isso, cada patriota, ao mesmo tempo em que luta contra os imperialistas, se vê obrigado a enfrentar os obstáculos e dificuldades internas que enfraquecem a frente de luta antiimperialista.
 
* Extraído de um documento do Partido do trabalho do Irã.

EDIÇÃO 4, MAIO, 1982, PÁGINAS 26, 27, 28