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    Comunicação

    Porque entrei na guerrilha

    POR QUE ENTREI NA GUERRILHA, material até o momento inédito, escrito no calor da luta, no momento mesmo da ação, do enfrentamento político e militar com o inimigo, é um pungente depoimento histórico, a visão do combatente expressa em versos. Este trabalho possui também, além da contribuição histórica e documental, valores culturais e artísticos. O […]

    POR QUE ENTREI NA GUERRILHA, material até o momento inédito, escrito no calor da luta, no momento mesmo da ação, do enfrentamento político e militar com o inimigo, é um pungente depoimento histórico, a visão do combatente expressa em versos.

    Este trabalho possui também, além da contribuição histórica e documental, valores culturais e artísticos. O poeta-combatente escolheu a forma da narrativa em verso popular, tão difundido nas regiões interioranas do norte e nordeste brasileiro, denominado poema de cordel.

    Recorreu o poeta a essa forma, já consagrada, e incorporada a nossas letras, que permite a expressão do vigor criativo, da inventividade, pela qual se descobre e revela a alma do povo, através da língua do povo. Beto Quaresma é pseudônimo do guerrilheiro Lúcio Petit da Silva, nascido em 1/12/1943 em Piratininga (SP). Beto teve iniciação política nas lides do movimento estudantil. Foi membro do Diretório Acadêmico do Instituto Eletrotécnico de Engenharia, encarregando –se do setor de cultura.

    Participou das atividades do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) Escrevia para o jornal “O Dínamo” do Diretório Acadêmico, poemas e crônicas sobre os problemas sociais brasileiros. Em meados de 1970 dirigiu-se para o Araguaia, onde distinguiu-se como excelente mateiro. Pertencia ao Destacamento Helenira Resende e foi promovido a vice- comandante do mesmo com a morte do comandante José Carlos, em 14/10/1973. Além da atividade política e militar, encontro tempo no Araguaia, para escrever poemas e literatura de cordel que eram recitados pelos camponeses da região e nas sessões de terecô (rito religioso local).

    Está desaparecido desde o dia 14/1/1974, após intenso tiroteio com o inimigo.

    Eu que nunca fui poeta
    Que nunca fui cantador
    Hoje vou contar a vida
    De um homem trabalhador.
    Limpe bem o seu ouvido
    E ponha muito sentido

    Me ouça peço o favor
    Eu nasci não sei bem onde
    Maranhão ou Ceará
    Andei Piauí e Goiás
    Rolando ao Deus dará
    Morei no Norte e Nordeste
    Viajando mais que a peste
    Vim me plantar no Pará

    Tinha uma casa famosa
    Canteiro de alho e coentro
    Muita fruteira plantada
    No meu sítio lá do centro
    Morando perto do porto
    Deixei todo esse conforto
    Me soquei por mata a dentro

    Naquele tempo eu havia
    Cinco quadras empreitado
    Com dinheiro que o Banco
    Tinha dado emprestado
    Eu pagaria depois
    Que colhesse todo o arroz
    Já batido e ensacado

    Entreguei o meu arroz
    Junto com muito parceiro
    Porém um cabra safado
    Nos botou no atoleiro
    O dono da cooperativa
    Que do inferno ninguém livra
    Fugiu com o nosso dinheiro

    Havia nesta cidade
    Um juiz sem consciência
    Que ao Banco deu razão
    Sendo fraco e sem ciência
    O pobre sempre sai mal
    Ficaram com o meu local
    Eu paguei a diligência

    Mudei prá nova morada
    Onde tinha muita caça
    Da estrada fica longe
    Cristão por aqui não passa
    Vou trabalhar sem patrão
    E se dinheiro me dão
    Não aceito nem de graça

    Bem importante é o local
    Onde vim me situar
    Os quatro aceiros da roça
    Já acabei de marcar
    Eu estou esperançoso
    E como não sou preguiçoso
    Amanhã vou trabalhar

    Peitei da rede pro broque
    De espinhaço dolorido
    Cedo entrei tarde saí
    Sem ver o sol já pendido
    Levei a empuca no peito
    Aumentando muito o eito
    Deixei foi cipó caído

    Trabalhei dia e semana
    Do braço ficar inchado
    Mas quando a folha secou
    Amolei o meu machado
    Enfrentei foi muita linha
    Comendo caça e farinha
    Vi o mato derrubado

    Fui tratar da farinhada
    No fim de agosto passado
    Mas quando chegou setembro
    Com o rancho fracassado
    Fui logo caçar um meio
    Enfrentei trabalho alheio
    De roçar quinta de gado

    Por sorte todo o verão
    Foi sem muito aguaceiro
    O sol queimou queimando
    Secou até no aceiro
    Bem a sete de setembro
    De certo que bem me lembro
    Botei fogo com o isqueiro

    Quando o fogo terminou
    O seu trabalho fecundo
    O chão ficou bem limpinho
    Não vacilei um segundo
    Construí um novo rancho
    Roça limpa sem garrancho
    É a melhor coisa do mundo

    Nesse tempo apareceu
    Roubando todo posseiro
    Um grande ladrão de terras
    Chegou dizendo o grileiro
    No INCRA sou registrado
    Sou agente autorizado
    Do governo brasileiro

    O presidente falou
    Que a terra foi reservada
    Para a criação de gado
    Essa matona fechada
    Que de onça ainda tem rastro
    Vai virar um grande pasto
    Será toda derrubada

    O grileiro sem vergonha
    Prá aumentar minha desgraça
    Um dia em casa chegou
    Com um sargento e um praça
    Embora saia uma guerra
    Não deixo a minha terra
    Só se subir na fumaça

    Ao ouvir minhas palavras
    O grileiro foi embora
    Dizendo que voltaria
    Prá me botar para fora
    Eu sei que ele saiu cedo
    Porque ficou foi com medo
    Aqui tem homem na hora.

    Um vizinho esmorecido
    Veio em casa pra dizer
    Que o grileiro era forte
    O melhor era vender
    Não dou ouvido a fuxico
    Daqui não saio eu fico
    O fim disto eu quero ver

    E quando a primeira chuva
    Matou do chão a secura
    Plantei melão e maxixe
    Quiabo e muita verdura
    De melancia e tomate
    De fruteira e abacate
    Vamos ter muita fartura

    Tivemos mesmo fartura
    Foi o que se sucedeu
    Porém prá minha tristeza
    Nenhum lucro tirei eu
    Sem estrada prá exportar
    E ninguém prá comprar
    Muita fruta se perdeu

    Logo que o inverno chegou
    Do sol apagando o brilho
    Só com chacho e facão
    Ajudado por meu filho
    Fomos plantar só nós dois
    A roça cheia de arroz
    E meia quadra de milho De dia eu cortava o mato
    Com o facão já bem cotó
    De noite o mato crescia
    Batia no mocotó
    Era a pura jitirana
    Subindo em riba da cana
    A malva de fazer dó

    Com o arroz já parindo
    A febre me deixou fraco
    Mulher e filhos doentes
    Ficaram no meu barraco
    E eu não tendo outra escolha
    Vendi o arroz na folha
    A dez cruzeiros o saco

    Viajei prá Marabá
    Passando no entroncamento
    Um soldado procurou
    E eu não tinha documento
    Cinco cruzeiros o praça
    Para beber de cachaça
    Me roubou nesse momento

    Achar recurso é difícil
    Para quem é lavrador
    E que tem pouco dinheiro
    Sem remédio nem doutor
    Sem vaga no hospital
    O pobre morre do mal
    Ou sofre que é um horror

    Ali o roubo e ganância
    Andam compactuados
    Olhos das autoridades
    Para isso vivem fechados
    Preço de medicamento
    É de tal avultamento
    Que os pobres são depenados

    Diz o povo que pro pobre
    Se Deus dá o diabo tira
    Além da doença peguei
    Uma danisca de pira
    Na roça o arroz secava
    A minha força não dava
    Para enfrentar a juquira

    Com dinheiro eu faria
    Como o mineiro já fez
    Compraria muita lona
    Se o pobre tivesse vez
    Nisto eu ponho minha fé
    O arroz cortado no pé
    Colheria em menos de mês

    Dei meu arroz de terça
    Prá quem quisesse ganhar
    Deixei duas linhas perdidas
    Que acabaram por secar
    Desta feita esta colheita
    Posso dizer que foi feita
    Em meio de muito azar

    Depois do começo da guerra
    Todo mês em casa vem
    O pessoal da malária
    Aquele povo do CEM
    Se muito conversador
    É mesmo investigador
    Disto eu sei muito bem

    Borrifou com BHC
    Enquanto ia dizendo
    Que o mosquito ia morrer
    Ao cheirar esse veneno
    Morreu foi minha gatinha
    A ninhada da galinha
    E muito pato pequeno

    Procurou se eu tinha visto
    Da mata algum guerrilheiro
    Respondi que esse povo
    Anda é muito vasqueiro
    Nunca encostam aqui
    E caçando nunca vi
    Nenhum modo nem piseiro

    Na verdade eu conhecia
    Todo o grupo guerrilheiro
    E com eles aprendi
    A razão do cativeiro
    Eles vivem na labuta
    Prá por meio dessa luta
    Libertar o povo inteiro

    Conheci que no Brasil
    Existe uma ditadura
    Que entrou há muitos anos
    De velha já está madura
    Esse governo feroz
    É para o povo o algoz
    E carrasco não se atura

    Quando bati o arroz
    Foi grande a tristeza minha
    Ao ver que era bem pouco
    O arroz que ainda tinha
    Separo o que vou plantar
    E quando o arroz acabar
    Eu escapo na farinha

    Acabou todo o legume
    Nem da dívida estou livre
    E para o meu desengano
    Da boa esperança que tive
    Ao ver a roça queimada
    Já não sobrava mais nada
    De teimoso o pobre vive

    No Pará tem cinco males
    É nisto a verdade pura
    Muito pior que as pragas
    Da Sagrada Escritura
    que me perdoem dizer
    Tudo fazem para ver
    O pobre na sepultura

    Posso logo ir dizendo
    Tanta doença é a primeira
    A segunda é todo inseto
    Roubo de rico a terceira
    Quarta o imposto maior
    Por fim o INCRA é pior
    e o pobre fica sem beira

    Todo inseto se alimenta
    Do suor que era meu
    Vem curica e capivara
    De rama o rato roeu
    Vem lagarta e vem pulgão
    Rouba o governo ladrão
    Só quem não come sou eu
    E por querer o destino
    Perdi a minha riqueza
    O fato que sucedeu
    Aumentou minha tristeza
    Com uma febre danada
    De uma dor de pontada
    Morreu a pobre Tereza

    Na rua o INCRA chegou
    Montou logo um escritório
    Dizendo que para o pobre
    Daria muito adjutório
    Mas prá quem foi registrado
    Muito bem documentado
    E selado no cartório

    Prá começo de conversa
    Vinha um agrimensor
    Prá medir todos os piques
    Da terra do lavrador
    Cobrando muito dinheiro
    Era quinhentos cruzeiros
    Prá qualquer lado que for Um quilômetro de terra
    Dois milhões me custaria
    Se eu tivesse esse dinheiro
    Pro governo não daria
    Não vivia na descrença
    Não é de qualquer doença
    Que Teresa morreria

    E prá tirar os papéis
    Era um outro tormento
    Gastando tanto dinheiro
    De ninguém dar vencimento
    Roubava nosso delegado
    E o fiscal descarado
    Prá assinar o documento

    Da terra sei que o governo
    Ia cobrar o imposto
    Prá fazer sua criação
    O pobre ia ter desgosto
    É melhor não assinar
    Não sair e não pagar
    A lutar estar disposto

    Reuni com os moradores
    Prá valer nossos direitos
    Tudo isso em segredo
    De noite com muito jeito
    E juntando tanto pobre
    Logo, a gente descobre
    que é preciso ter peito

    A união dos lavradores
    O problema resolveu
    Vamos acabar com o mal
    Se ele ainda não cresceu
    Preparei a minha brasa
    Quando num dia lá em casa
    O fiscal apareceu.

    Procurou pelo caminho
    Eu na hora respondi
    Cuidado com os guerrilheiros
    Andam muito por aí
    Eles te matam fiscal
    Te comem assado em sal
    Com jacuba de açaí

    O fiscal então fugiu
    Como o diabo foge da cruz
    Ia levar uma peia
    De ficar obrando pus
    Assombrei esse malvado
    Porque o INCRA é encravado
    Só embuança produz

    A terra não vou deixar
    Escute bem meu ouvinte
    Que o INCRA fique sabendo
    Que pobre não é pedinte
    Se o governo quer tomar
    Passo por riba do azar
    Quem fala é o cano da vinte

    E depois desta vitória
    Cresceram as uniões
    Se juntaram lavradores
    Os tropeiros e os peões
    Prá ajudar a guerrilha
    Derrotar a camarilha
    Dos militares ladrões

    Quatro ou cinco moradores
    Formam uma irmandade
    Um vem ajudar o outro
    Estando em dificuldade
    Uma roça prá brocar
    Com cinco pra enfrentar
    É a maior facilidade

    Muita raiz ter no chão
    E um paiol separado
    Onde ninguém possa ver
    Com arroz e milho guardado
    Pois se o exército chegar
    A gente pode escapar
    Se estiver aperreado

    Com arroz e com farinha
    Com inhame e macaxeira
    Ajudo a abastecer
    Toda a força guerrilheira
    Padim Cícero dizia
    Que um dia o pobre ia
    Roubar de sua capoeira

    Se o exército acampar
    Ou passar por uma estrada
    Chegando um guerrilheiro
    A notícia será dada
    Pois com a sua informação
    Ajuda na execução
    De assalto ou emboscada

    Disse um vizinho meu
    Que era bem remediado
    Com o governo ninguém pode
    Tem o exército armado
    A aeronáutica e a polícia
    A marinha e a milícia
    Pro povo manter peado

    Respondi que com o exército
    O povo unido podia
    E que prá nação armada
    Outra força não havia
    Nada empata o seu caminho
    Pois quem come um
    boi sozinho
    Não come tudo num dia

    Retalho o boi e manteio
    Trato logo de salgar
    No sol ou fogo bem manso
    Ponho tudo prá secar
    Como a carne de pescoço
    Vou roendo até o osso
    Dia a dia devagar

    Vamos entrar com cuidado
    Em cada batalha enfrentada
    Assim sua força será
    Pouco a pouco escabrejada
    Desse modo o inimigo
    Levará o seu castigo
    Numa guerra prolongada

    Um vizinho então chegou
    Correndo prá me avisar
    Que com cabo e bate-pau
    O grileiro ia voltar
    Não respeito autoridade
    Que vem de lá da cidade
    Para o pobre humilhar

    Nesta hora eu conheci
    Que o grileiro então era
    Aliado dos milicos
    Governo da besta-fera
    O chumbo de um cartucho
    Ele vai levar no bucho
    De vinte fiquei na espera

    Sei que cinco guerrilheiros
    Ao saber da situação
    Vieram prá me ajudar
    A emboscar a guarnição
    Sabendo disso o grileiro
    Ficou foi muito treteiro
    E não deu aparição

    A vida me ensinou
    Que não adianta ficar
    Esperando uma melhora
    Todo ano a trabalhar
    Bem com razão que se diz
    Deste governo a raiz
    É preciso arrancar Já vivi muito na vida
    Já vi a morte de perto
    Eu rolei por muitos anos
    Uma coisa digo e é certo
    Se é prá viver cativo
    Antes morto do que vivo
    Eu na luta me liberto

    Digo a roça vai ser
    Este ano bem diferente
    Todos vão se melhorar
    Vou plantar boa semente
    Vou cultivar outro chão
    Vou plantar revolução
    No coração desta gente

    Nem é preciso dizer
    Qual foi o meu paradeiro
    Hoje ajudo a libertar
    Todo o povo brasileiro
    Junto com gente disposta
    Levo a mochila nas costas
    Hoje sou um guerrilheiro

    Prá melhor compreender
    O que fazer e falar
    Encontrei um professor
    Tratei logo de estudar
    Na leitura eu era bobó
    Hoje prá fazer um ó
    Não preciso me sentar

    Conheci que no Brasil
    Para o povo progredir
    O imperialismo estrangeiro
    É preciso destruir
    Derrubar a ditadura
    Nem que a luta seja dura
    Nova nação construir

    Neste país hoje em dia
    Só quem manda é militar
    De presidente a prefeito
    Essa corja é titular
    É tudo pura opressão
    Já não existe eleição
    Para o governo mudar

    Imperialismo meu irmão
    É roubo de nação forte
    Sem riqueza este país
    Vive à beira da morte
    A produção já é curta
    E muito ainda nos furta
    O americano do norte

    Toda indústria do país
    O estrangeiro tem na mão
    Seja máquina ou cerveja
    Automóvel, caminhão
    Remédio e medicamento
    Adubo ferro e cimento
    Tecelagem e fiação

    Em Rio Doce Serra Norte
    A riqueza mineral
    Que vem do fundo da terra
    É roubada no total
    Sai cassiterita e urânio
    Manganês ferro e titânio
    Diamante ouro e cristal

    Castanha café e cacau
    O americano cobiça
    Madeira e peles se vão
    Come a carne maciça
    Do nosso gado zebu
    Leva até o urubu
    Para lá comer carniça

    Mas tem também brasileiro
    Com estrangeiro conluiado
    São grandes industriais
    Donos de nosso mercado
    Também o rico banqueiro
    Dono de muito dinheiro
    No governo está montado.

    No sul a terra que existe
    É do grande fazendeiro
    De café cacau e cana
    Pecuarista ou mineiro
    E o lavrador explorado
    Vive cuidando de gado
    É agregado ou meeiro

    Na cidade o operário
    Sem a casa para morar
    Na mata o lavrador
    Sem roupa para usar
    Dois irmãos de sofrimento
    Sustentam o esbanjamento
    Do governo militar

    Contra o povo este governo
    Usa de toda maldade
    Com exército e polícia
    Prende e mata na cidade
    Não há outra solução
    Do que a revolução
    Para ganhar a liberdade

    O imposto que o povo paga
    Compra arma e avião
    Para esta ditadura
    Oprimir toda a nação
    O pobre está revoltado
    E para se ver libertado
    Luta de fuzil na mão

    Ainda não disse meu nome
    Sou Alfredo ou Carretel
    Não importa quem eu seja
    Sou Antônio ou Manoel
    Eu sou homem do povo
    Que constrói um Brasil novo
    Vou cumprindo o meu papel

    O romance terminou
    Mas não findou minha história
    O povo dirá o final
    Até o dia da vitória
    Posso dizer que se o pobre
    Defende uma causa nobre
    Tem também a sua glória

    * Beto Quaresma: Pseudônimo do guerrilheiro Lúcio Petit da Silva, nascido em 1º-12-1943, em Piratininga (SP). Beto teve iniciação política nas lides do movimento estudantil. Foi membro do Diretório Acadêmico do Instituto Eletrotécnico de Engenharia, encarregando-se do setor de cultura.
    Participou das atividades do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE). Escrevia para o jornal O Dínamo do Diretório Acadêmico poemas e crônicas sobre os problemas sociais brasileiros. Em meados de 1970 dirigiu-se para o Araguaia, onde distinguiu-se como excelente mateiro. Pertencia ao Destacamento Helerina Resende e foi promovido a vice-comandante do mesmo com a morte do comandante José Carlos, em 14-10-1973. Além da atividade política e militar, encontrou tempo no Araguaia para escrever poemas e literatura de cordel, que eram recitados pelos camponeses da região e nas sessões de terecô (rito religioso local).
    Está desaparecido desde o dia 14-01-1974, após intenso tiroteio com o inimigo.

    EDIÇÃO 12, DEZEMBRO, 1985, PÁGINAS 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58

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