PALESTINOS NA FORMAÇÃO DO MUNDO ÁRABE
Princípios: Na guerra do Golfo, que teve origem no dia 2 de agosto com a invasão do Kuwait pelo exército iraquiano, a discussão relativa à legitimidade do território e sobre o Emirado é polêmica, havendo argumentos a favor e contrários. Qual a legitimidade da reivindicação histórica do povo iraquiano sobre o território do Kuwait?
Hassan El-Emleh: Antes de falar do Kuwait, da sua origem histórica, do meu ponto de vista, esta guerra não era só pelo Kuwait, nem tem origem histórica nele. Esta guerra significou que uma nação ou um povo pequeno passou a linha traçada pelas potências. O governo do Iraque chegou a ser forte militarmente, tinha influências no Médio Oriente e passou da linha traçada pelas potências. Assim, estas queriam quebrar a liderança desse país, deste governo para voltar à linha que elas traçaram para ele. Aparentemente tinham a intenção de libertar o Kuwait, mas, na realidade, os americanos e seus aliados queriam acabar com governo de Sadam Hussein, porque ele é nacionalista e poderia ter uma influência no nacionalismo árabe, que pode ser um perigo contra o interesse americano no Oriente. Então, o Kuwait não era o ponto principal desta guerra, por isso você está vendo até agora os EUA ocuparem o Iraque. E por que o estão ocupando? Se era para a libertação do Kuwait, já foi libertado. O imperialismo inventou duas guerras civis, uma no Sul e outra no Norte do Iraque. Por que isto? Porque queria esconder os crimes de guerra que fez no país, através da guerra civil em seu interior. Para dizer que toda essa destruição do Iraque é por causa da guerra civil e não pelos ataques americanos. Outra coisa muito importante, eles estão tentando, e vão seguir tentando até o máximo, acabar com o governo da Sadam Hussein. Esse é o ponto mais importante desta guerra. Por isso o Iraque está destruído. E quem vai reconstruir? Logicamente os americanos! Custará bilhões de dólares para reconstruir o Iraque. Se fica Sadam Hussein, os americanos não tomarão parte na reconstrução do Iraque. Então é preciso tirá-lo de qualquer jeito. Primeiro para acabar com a influência do arabismo, depois para dar aos EUA o direito da reconstrução.
Agora, voltando ao Kuwait, na verdade ele nunca foi um país. Se você olha o mapa da antiga Mesopotâmia, e olha o do Iraque agora, não precisa pensar duas vezes para ver que o Kuwait é parte do Iraque. O Kuwait simplesmente, na época dos otomanos, tinha uma família feudal, que dominava o lugar. Ao chegarem os ingleses, deram o direito a essa família de governar esse pedaço de terra a que pertencia; província de Basrah, como chamavam os otomanos.
A palavra Kuwait significa, em árabe, pequena colônia. A Mesopotâmia é uma região de seis mil anos, uma potência, na época anterior ao islamismo e na época do islamismo. Quem acredita que não tenha hoje uma saída ao mar? A Inglaterra antes de proclamar a família Al-Sabah como príncipes, sempre soube que o Kuwait era parte do Iraque.
Na verdade, a "independência" do país em 1961 estava ligada com a política de nacionalização do petróleo, que o governo do Iraque estava tomando, como ele iria nacionalizar toda a exploração, a Inglaterra resolveu então ficar com aquele pedaço.
Princípios: A imprensa afirma que os palestinos foram derrotados junto com Sadam, já que apoiaram o Iraque. Afinal de contas os palestinos foram derrotados pelas suas posições nesta guerra? Hassan
El-Emleh: A OLP não estava a favor de ocupar o Kuwait. Por isso o presidente Arafat (l) foi o primeiro a sair com um plano de retirar o Iraque do Kuwait: nós nunca fomos a favor da ocupação. Estamos com o Iraque, porque somos contra a presença estrangeira no golfo arábico. Estamos contra a interferência estrangeira nos assuntos árabes. Nós já declaramos sempre que os árabes devem resolver seus problemas entre eles mesmos. Por isso quero deixar claro: nós não fomos a favor da ocupação: Quem sofre ocupação territorial nunca pode apoiar outra. Acreditarmos que o Iraque tem direito ao seu pedaço.
Princípios: Os comentaristas internacionais e nacionais durante a guerra passaram a chamar Sadam Hussein de ditador sanguinário. Quando ele fez a guerra contra o Irã, ele era chamado presidente Sadam Hussein. Os governos árabes não são exemplos de democracia nessa região. Neste caso nem de democracia burguesa, se assim se pode dizer. Em especial sobre o regime iraquiano, o que o senhor tem a nos dizer sobre a democracia interna do Iraque? Há alguma procedência sobre o que se proclama na imprensa sobre Sadam Hussein?
Hassan El-Emleh: Particularmente sempre sou contra a política de um partido único, sempre fui a favor de vários partidos e democracia. Infelizmente não existe no Oriente Médio até agora uma democracia em sua plenitude. Nunca cheguei a saber em toda minha vida, que tinha um país árabe que mudou o seu presidente pelo voto direto. Falam da democracia do Líbano. Isso não existe. O Congresso, o Parlamento do Líbano desde 1972, não mudou. Outra coisa, é um parlamento baseado no conceito religioso. Isso não é democracia, porque se sou eleito porque sou muçulmano ou porque sou cristão então não existe democracia. Democracia tem que eleger-se sem olhar que sou negro, muçulmano, cristão, católico.
O Iraque, também como outros países do Médio Oriente, não é uma democracia. Sadam Hussein foi duro com seus inimigos internos, mas trabalhou para seu país. Ele deu passos gigantes na construção do Iraque, especialmente na área de educação, na área de saúde, na área de transporte, reforma agrária, em todos os sentidos ele investiu. Se considerarmos o Iraque um país moderno ao lado dos outros, observamos que Sadam usou o dinheiro do Iraque no próprio país, ao contrário de outros países em que o dinheiro do petróleo está sendo aplicado fora. Agora isso não quer dizer que ele seja democrático. Eu não via democracia no regime iraquiano.
Todos os países pagaram pelo sistema de partido único. Estive na Argélia, vi como também a Argélia pagou caro por ter um partido único. Esperemos que Sadam Hussein fique no poder e que o Iraque se torne uma democracia. Eu o criticava quando ele perseguia seus opositores políticos. Apóio seu nacionalismo e seu arabismo e o trabalho que fez por seu país, porém não sou a favor dessa ditadura nem de outra, infelizmente isso existe em todo o Médio Oriente. Por que não falar da Síria? E acaso a Arábia Saudita é democrática? E acaso o Kuwait é democrático? E o Egito? E acaso qual é o país democrático? Quero saber.
Princípios: Qual seria a análise das perspectivas do futuro no Oriente Médio, dos desdobramentos depois do pós-guerra e o papel que a OLP joga nessa conjuntura internacional?
Hassan El-Emleh: É uma resposta difícil. Ninguém acreditava que o Irã estava preparando 100 mil soldados para entrar em guerra civil contra Sadam, antes mesmo que a guerra tivesse acabado. Ninguém acreditava que a Síria podia mandar um exército a favor dos americanos. Acho que a solução do problema exige um pouquinho de paciência. Esta guerra mostrou aos Estados Unidos que Israel não serve mais aos interesses no Médio Oriente e que as linhas seguras de Israel são uma farsa, a melhor linha segura de Israel e a melhor maneira de servir aos interesses de todo o mundo do Médio Oriente é ter paz entre todos os países e povos da região. Eu acho que a paz está como uma luz no fim do túnel. Na verdade temo pelo futuro do Iraque. Temo pela loucura de Israel quando se vê encurralado e tiver que ceder algo. Mas, acho que o mundo inteiro tem que ver que chegou um momento dos palestinos terem seu lar próprio, e que os palestinos foram injustiçados. É preciso que se faça justiça para eles. Será que o mundo vai aceitar essa humilhação? Até quando?
A solução exige dos dois lados renúncia de algo, porque se cada um vai decidir com seu fanatismo, com seu extremismo, nunca chegaremos a um acordo.
Eles temem os palestinos, porque sabem que somos muito bem preparados. Inclusive os árabes temem um Estado Nacional Palestino (2). Chegou o momento de criar um lar palestino, em seu território, na Palestina. A Conferência é o ponto mais importante para se chegar à paz. E se Israel pensa em resolver o problema entre ele e os países árabes apenas, então está caminhando para o lado errado, para o lado agressivo, porque, na verdade, o problema é o povo palestino e tem que ser resolvido com os palestinos. Não se poderá resolver os problemas de minha casa conversando com meus vizinhos, tem que conversar comigo. Será que Shamir tem o direito de escolher quem me representa? Ou eu escolho quem me represente? Precisamos uma Conferência Mundial de Paz para que as potências coloquem seu peso e sua influência e se chegue a um acordo. Não há outro jeito, tem que ser resolvido entre palestinos e israelenses. Por que todas as potências ficaram juntas para obrigar o Iraque a retirar-se do Kuwait? Por que usaram as Nações Unidas? As Nações Unidas eram como uma "Conferência Mundial de Paz" contra o Iraque, não era isso? Não usaram doze resoluções da ONU contra o Iraque? Israel não foi criado pela ONU? Por que agora não se pode discutir debaixo do teto das Nações Unidas o problema palestino?
Mas, estou vendo uma luz no túnel e estou otimista. Não sou pessimista. Graças à luta dos irmãos iraquianos, que mexeram toda a situação do Oriente, que estava parada. Essa luta iraquiana não vai ser em vão.
Se ela não ocorresse, talvez a situação iria ainda ficar anos parada, sem solução. Para um futuro melhor, sem agressão americana, sem agressão israelense, sem agressão das potências que querem roubar a energia e o sangue dos árabes, devemos continuar a lutar. Chegou o momento de abrir os olhos e resolver tudo.
Princípios: A legitimidade da posse das terras da Palestina está diretamente ligada à ocupação eventual que o antigo povo hebreu teve naquela região. Gostaríamos que o senhor falasse um pouco das origens históricas do povo palestino e da sua presença na Palestina.
Hassan El-Emleh: A Palestina foi ocupada pelas tribos dos cananeus (3) há cerca de 3.000 anos a.C. e eram tribos semitas que emigravam da Península Arábica, para o Norte e ocuparam a Palestina, inclusive, até Jerusalém que, segundo a história, foi construída pelos cananeus. Dizem que lá viveu um rei há quase 2.000 anos a.C. que se chamava Salem, o pacífico. Salem era um nome religioso, era um homem de paz. Ele usava Jerusalém como a sua casa. Quando as tribos cananeus ocuparam a Palestina naquele tempo, chamavam o lugar de Terra de Canaã (4). Os judeus são tribos também de origem semita que emigraram da Península para o Iraque, perto de uma cidade de Ur, perto da Babilônia, Caldéia. E eram tribos dirigidas por patriarcas e sempre emigravam de um lugar para outro, buscando lugar melhor para seus gados, para sua gente.
As tribos dos hebreus imigravam do Iraque para a Palestina. E diz a história religiosa que o profeta Abrão, que era patriarca de uma das tribos dos hebreus (5), sonhou que estava falando com Deus, e que Deus prometera a ele uma terra, a Terra de Canaã, que era ocupada pelos cananeus. Em 2.000 a.C., ele passou para a Palestina e foi recebido por Salem, sendo bem tratado. A religião fala que ele migrou para lá com suas tribos. Agora a história diz que eles foram ajudados pelos icsos que ocuparam o Egito.
Moisés, que era filho de uma egípcia, sem pai conhecido, e foi criado no Palácio do faraó lembrou: "nós chegamos da Palestina, e vamos voltar à Palestina". Moisés se perdeu por 40 anos no deserto saindo do Egito em 1250 a.C. e seus descendentes só chegaram na Palestina no ano 1000 aproximadamente, quer dizer, ficaram quase 200 anos lutando para entrar na Palestina. Moisés morreu sem entrar na Palestina, só entrou na Jordânia.
Diz a lenda religiosa, que Deus prometeu aos judeus um lar na Palestina, mas nunca teria prometido expulsar os árabes cananeus da Palestina, nem tampouco falou com Moisés, nem com Abraão para matar os Palestinos ou os árabes cananeus. Por isso, não concordo com a história que diz que eles são os donos da Palestina, pois ficaram pouco tempo nela, especialmente em Jerusalém, e nunca ocuparam toda a região. Com o tempo, eles se dividiram em dois Estados, do Norte e do Sul e depois ficaram sempre vassalos de outros países, sejam os persas, sejam os assírios, sejam os babilônios, seja de Roma, no tempo de Jesus Cristo, até que saíram da Palestina.
Princípios: Como podemos classificar a formação histórica do povo árabe?
Hassan El-Emleh: A história nos diz que havia dois centros que sofriam migrações para outros lugares: a Arábia e o Norte da Índia, do outro lado. Sempre a Península Arábica era de onde saíam os imigrantes, porque é um lugar deserto, árido, e às vezes fica anos e anos na seca. Então as tribos árabes saíam buscando um melhor lugar para seus gados. Anualmente, ocupavam o Iraque (Mesopotâmia), Síria, Sul da Síria (Palestina), Jordânia, Líbano, chegavam ao Egito e ao Norte da África até Marrocos. Por isso, quando os árabes muçulmanos saíram da Península Arábica, depois do profeta Mohamed (6) eles foram até a fronteira com a Turquia.
Na Síria, no Sul da Síria, no Líbano, em todos esses lugares falavam o mesmo idioma, eram a mesma raça, era a mesma história, o mesmo sangue árabe.
Princípios: A Palestina ocupa uma posição estratégica na região, ligando vários continentes e sendo, desde a antiguidade, ponte de passagem para grandes rotas de comércio. Assim, ela é uma região essencial para qualquer plano de obtenção da hegemonia estratégica da região do Oriente Médio. Como foi o processo das sucessivas invasões que a Palestina sofreu na história? Hassan El-Emleh: O lugar estratégico da Palestina, obrigava a passagem por ali das caravanas do comércio que vinham de dois lugares: uma rota que chegava do Iêmen, na Costa do Mar Vermelho e da Etiópia, da Somália, passando por Meca até sobre a Palestina. Entravam na Síria e às vezes seguiam para a Itália e para o Sul da Europa. Outra linha do comércio, chegava da Índia através do Golfo Arábico, passava pelo Kuwait, Iraque, depois entrava na Síria para chegar ao Sul da Europa.
O profeta Mohamed começou sua vida fazendo esse comércio. Ele anualmente fazia uma viagem até Síria e Palestina, inclusive o avô do profeta, que está enterrado em Gaza, morreu numa dessas viagens. Como lugar estratégico do comércio, a Palestina também era cobiçada pelos vizinhos. Ela foi ocupada pelos egípcios várias vezes, pelos babilônios, pelos assírios, pela Grécia, pela Pérsia e depois por Roma. Obrigatoriamente todas as caravanas tinham que passar por lá.
Princípios: Apesar de todas as tentativas de conquista da Palestina, nunca os invasores conseguiram, em tempo algum, impor sua cultura, sua língua, seus costumes aos árabes. Fale-nos um pouco sobre a relevância da cultura árabe para a civilização ocidental.
Hassan El-Emleh: Temos de falar da civilização árabe antes do islamismo e depois do islamismo. Porque se a influência da civilização árabe antes do islamismo era forte, depois ficou ainda mais. Antes, através das guerras e das caravanas de comércio, chegava a civilização árabe para o mundo europeu, mas, na verdade, o mais importante da civilização árabe que chegou à Europa, veio depois do islamismo. Era através do comércio ou através da Espanha, que os árabes ocuparam, ou através de Constantinopla, que os turcos ocuparam. Porque os árabes tinham um grande trabalho de conservar as civilizações antigas, seja da Mesopotâmia, seja dos egípcios, seja dos gregos ou romanos ou até da Índia, ou da China. Eles conservaram essas civilizações enriquecendo-as e passando-as ao mundo europeu.
Princípios: Sabemos que de todos os planos de conquistas estratégicas da região, talvez o mais bem sucedido tenha sido o plano sionista. A tese que se deveria assegurar um lar nacional judaico aos judeus na Palestina é até anterior ao próprio movimento sionista moderno. Quais informações o senhor pode nos dar a respeito dessa raiz histórica do sionismo?
Hassan El-Emleh: Por que os judeus foram perseguidos? Eles foram muito perseguidos, mas a única raça que não perseguiu os judeus foram os muçulmanos árabes. Eles queriam criar um lar nacional e não pensavam em criá-lo na Palestina. Não importava o lugar, inclusive alguns deles pensavam em fazer no Brasil, outros na Argentina, outros na África, em Uganda, até que realizou-se o Congresso da Basiléia, na Suíça, que influenciou os judeus a formarem a decisão de ir para a Palestina. Alegando os laços históricos que existem com a Palestina, então tinha que ser lá. Tentaram através do sultão da Turquia, para que ele permitisse a entrada dos judeus ou de sionistas naquele momento na Palestina. O sultão não aceitou. Então, os judeus aliaram-se com a Inglaterra, para criar seu espaço físico definitivo. E ali começou o sionismo a trabalhar efetiva e ativamente para fazer seu Estado na Palestina.
Quando a Inglaterra entrou na Palestina fez a declaração de Balfour (7), em 1917. Trabalhou 30 anos para criar o Estado judeu na Palestina em 1947, concretizando o projeto sionista na Palestina.
Princípios: O movimento sionista consegue um impulso maior depois do congresso da Basiléia em 1897. Mas, fala-se inclusive, que "Lar Nacional Judaico" não se refere necessariamente à criação de um Estado judeu. Seria apenas uma localidade onde pudessem habitar. De qualquer maneira o sionismo moderno tomou um rumo diferente daquele do século passado. Assim, por favor, fale sobre o sionismo hoje, seus objetivos, propostas e métodos de ação.
Hassan El-Emleh: O lar nacional quer dizer lar, e não Estado. Na verdade, o que significava Estado? Eu talvez possa até divergir. Mas, a declaração de Balfour era para criar um Estado nacional judaico na Palestina. Por quê? Porque a Inglaterra exigiu da Liga das Nações um mandato na Palestina. Então, a Liga das Nações deu um mandato de 30 anos para que a Inglaterra fizesse todo o possível e impossível para criar um Estado sionista na Palestina. Cumprindo com este mandato, a Grã-Bretanha mandou o primeiro governador para a Palestina, um sionista declarado que governou de 1921 até 1925-1926. Aliás, ele chegou à região com o exército por todos os lados para protegê-lo, pois ele tinha medo de um atentado dos palestinos e colocou sua casa fora de Jerusalém. Ele abriu as portas da Palestina para a imigração judaica.
Quem acredita que uma potência como a Inglaterra, a primeira potência daquele tempo, não tinha condição de impedir a imigração clandestina para Palestina? A Palestina tem 200 km. Como, diariamente, entravam milhares de pessoas sem que a Inglaterra soubesse?
Princípios: O mandato da Liga das Nações, no artigo 22, expressa que ele era para implementar a declaração de Balfour?
Hassan El-Emleh: Sim, e inclusive deu à Agência Judaica a oportunidade política de dirigir o país com as autoridades britânicas. Então, os ingleses trabalharam cinicamente, para criar esse lar. Parece-nos que o europeu sente uma culpa por perseguir os judeus. Para apagar essa culpa resolveu criar um lar sionista numa terra alheia.
Qual direito dá à Inglaterra, como um país que ocupou a Palestina, de criar em nosso país um Estado nacional sionista, quando existe o povo palestino ali? Ao não consultar o povo palestino, este se levantou contra o sionismo desde 1919 e os levantes ocorreram em 1919, 1921, 1925, 1929, 1936, 1939. Todos os anos tiveram levantes palestinos, porque o palestino sentira que a Inglaterra estava trabalhando contra ele. O palestino era proibido de ter uma faca de cozinha e os sionistas preparavam campos militares e a Haganah (8) crescia dia-a-dia. Formava um exército, moderno, equipado com todos os armamentos.
Princípios: Após o término do império turco-otomano em 1917, as potências imperialistas acertaram a partilha dos países do Oriente Médio através do acordo Sikes-Picot (9), o qual foi confirmado posteriormente pela conferência de San Remo (10) em 1920. Qual o significado e a posição da liderança árabe sobre esse acordo que dividiu o Oriente Médio?
Hassan El-Emleh: Para nós, os dias mais difíceis da história foram os da declaração de Balfour e o do acordo Sikes-Picot, porque queriam dividir os árabes para governá-los e para poder criar um território sionista. A desgraça dos árabes começa aí. E agora a história se repete de novo. Os americanos estão fazendo o mesmo, cada dia dividindo mais os árabes, criando atrito entre os árabes, afastando uns dos outros porque sabem que a união do mundo árabe é um perigo contra os interesses deles. A divisão foi o melhor caminho para poder governar o mundo árabe e para poder criar um lar nacional judaico na Palestina.
Princípios: A declaração de Balfour, tem tanta importância que chega a ser citada em literatura e colóquios dos juristas internacionais, integra o texto de criação do Estado de Israel. Qual é, para os árabes, o significado histórico e jurídico dessa declaração?
Hassan El-Emleh: Para mim, quem melhor analisa a declaração Balfour é Henry Cattan (11). Quando o general Allemby (12), comandante das forças britânicas que ocuparam o mundo árabe, entrou pelo rio Jordão, nesse dia fizeram a declaração Balfour. Eles estavam esperando o seu exército entrar na Palestina para fazê-la. Os europeus sempre tinham ódio e medo do islamismo, do arabismo. Queriam dividir os árabes, queriam dividir os muçulmanos para poder governá-los e acharam o melhor, que era enxertar um tumor que se chama Israel. A Inglaterra fez esta declaração quando ela não tinha nenhum direito de fazê-la. Inclusive naquele tempo, nem sequer ocupava toda a Palestina. Um país, uma potência que ocupe a Palestina, não tem nenhum direito, nem histórico, nem jurídico, de dar uma declaração dessas quando ela tinha um acordo com os árabes de criar uma país árabe. Ela enganou os árabes, ela mentiu para os árabes, não cumpriu o que prometeu e no mesmo momento fez a declaração. Por quê? Porque através desse tumor canceroso, que se chama Israel, ela poderia seguir soberana. Por isso ela continuou dominando o mundo árabe até a década de 1950, quando cedeu o lugar a outra potência, os Estados Unidos.
Israel foi plantado pela potência inglesa e foi criado e protegido pela potência americana, uma plantou e a outra regou e cuidou, para chegar aonde está agora. A reação contra isso começou a crescer com o nacionalismo árabe de Gamal Abdel Nasser (13) e o arabismo de Sadam Hussein.
Princípios: Agora queríamos entrar em uma questão polêmica: o processo de migração forçada dos judeus para a Palestina de modo que se criasse uma situação onde a Liga das Nações apreciasse a proposta dos sionistas pela qual se criaria o Estado de Israel. Se, por um lado, é fato que na Europa, em especial, os judeus foram perseguidos, por outro, alguns acordos entre a Agência Judaica e até mesmo com o Partido Nacional Socialista da Alemanha, beneficiaram essa imigração forçada. Como o senhor vê essa questão?
Hassan El-Emleh: Os sionistas usaram todos os meios para chegar à Palestina. Não vou entrar em detalhes neste ponto porque, como se falou, é polêmico. Mas, é histórico que o sionismo usou o nazismo, o fascismo e a perseguição européia para sair como vítima e chegar na Palestina. Ele não se importou com o sofrimento do povo judeu para chegar à Palestina. Na verdade houve muitos acordos sinistros na Europa e não é necessário agora repeti-los, mas houve isso inclusive com Eichmann. Quando ele foi capturado na Argentina. Ele não acreditou que Israel poderia processá-lo porque tinha muitos laços com a Agência Judaica na Europa. Infelizmente, como se falou, a Europa perseguiu os judeus e eles tinham que fugir de lá. Mas, não cabe a nós palestinos pagar a conta dos erros europeus. Não cabe a nós pagar os erros dos outros.
Nós assimilamos e recebemos o judeu livre, inclusive nós demos a eles até albergues e comida e demos tudo que podíamos dar no começo. Sentíamos que era um ser humano perseguido por outro. Infelizmente, eles escondiam na alma o desejo de matar um palestino para ocupar a casa dele.
Nós sempre falamos muito claro, diferenciamos muito a religião judaica do sionismo. Sionismo para nós é um trabalho político, é um movimento político que visa a retirar o palestino de sua terra e colocar um judeu no lugar dele. A religião judaica é a religião do judeu, é uma religião do mundo que acredita em Deus, como nós também acreditamos em Alá. Então há muita diferença entre judaísmo e sionismo. Sionismo é o movimento que visa a tirar o palestino da sua raiz, temos que combatê-lo, mas o judaísmo não.
Não temos nada contra o judeu. O judeu brasileiro é brasileiro, o judeu russo é russo, a diferença entre um russo cristão e um russo judeu é a religião de cada um, a casa onde rezam. Os dois são russos, inclusive a maioria dos judeus da Europa não é sionista.
Princípios: Sabemos que historicamente os judeus eram proprietários de no máximo 59% (14) das terras na Palestina. Quando a ONU votou em 1947, o resultado foi de 33 votos a favor da partilha, 13 contra e 10 abstenções, a URSS votou a favor. Por que em sua opinião isto se deu?
Hassan El-Emleh: A partilha primeiramente era uma decisão, uma resolução da Assembléia Nacional da ONU, não uma decisão do Conselho de Segurança. A resolução da Assembléia não tem obrigatoriedade de ser executada e a resolução do Conselho sim. Ainda que não tenha sido uma resolução do Conselho de Segurança, protestamos contra isso, porque sabemos que o Estatuto da ONU não lhe outorga o direito de dividir um país.
A ONU tem direito de perguntar ao povo de um país, como uma maneira de preservar a autodeterminação, quais os seus objetivos com a terra, se aceita a divisão etc. Infelizmente, dividiram a Palestina, sem nos perguntar nada. Por quê? Porque a influência inglesa e americana em cima dos outros era enorme e ela arranjou até pela força os votos que queria para essa partilha. Agora, a respeito do voto russo-soviético, primeiro, nós diferenciamos o Partido Comunista da União Soviética e o seu governo.
O governo tem suas obrigações internas e externas, o partido tem seu idealismo. Quando o partido chega a ser governo ali ele torna-se diferente. O governo da URSS apoiou a partilha, segundo meu ponto de vista, baseado em duas coisas: Primeiro, como ele é governo oriundo do Partido Comunista, e o Partido humanamente acha que qualquer ser humano tem direito à terra sem agredir o direito do outro, acaba votando favoravelmente a Israel. Mas, ele não votou a favor de Israel agredindo o direito palestino. Votou conservando o direito dos palestinos de criar seu lar nacional na Palestina. Em segundo, tem a política do governo russo que naquele tempo não tinha influência no Médio Oriente, em nenhum lugar, ao contrário, era alheio à região. Todo o Médio Oriente era dominado por governos feudais ou reinos antigos, por ditadores que eram todos do eixo imperialista inglês, francês e americano. Então a URSS pensava que Israel ia ser o único país democrático e socialista do Oriente Médio, mais próximo do governo russo do que qualquer outro governo feudal árabe aliado a França, Inglaterra ou América. A URSS imaginava que talvez através de Israel pudesse ocupar espaço político no Oriente Médio, porque ela não tinha nenhum "pé" sequer na região. Olhando no mapa daquele tempo o Iraque era governado por um governo pró-inglês Nuri Said (15). O Egito era governado pelo rei Farouck (16), um corrupto. A Jordânia pelo rei Abdallah (17), quase feudal. A Arábia Saudita nem se fala, até hoje é um país quase feudal: a África toda, sendo que Tunísia e Argélia eram todos franceses. A Líbia era dirigida por Sanuci (18), mais feudal que qualquer outro país, proibido até o uso do carro. O Iêmen proibia o uso do rádio. Assim, o que podia esperar a URSS desses governos? Então ela achou que iria nascer um país mais moderno, democrático.
Nesse sentido, houve erro de governo. Não estou falando erro do Partido. O Partido, ao contrário, apoiou entendendo que cada um tem direito de viver. Agora, até eu posso dizer uma coisa, naquele tempo nós éramos como a mãe da criança que queriam dividir em dois, então ela preferia o filho vivo que morto, ela não aceitava a divisão do filho, infelizmente, talvez tenha nos faltado um pouco de visão política naquele momento, para poder captar o momento certo.
Princípios: Israel, após a proclamação do seu Estado, foi admitido na ONU em 11 de maio de 1949, sem entregar, como determina a Carta das Nações, o mapa definindo quais eram as suas fronteiras. Fale-nos sobre o projeto dos sionistas na construção do chamado "Grande Israel".
Hassan El-Emleh: Dizem, eu não vi, que na porta do Knesset (19) em Israel estava escrito "Do Nilo ao Eufrates, a terra de Israel". Que quer dizer isto? É o plano para crescer e fazer o grande Israel, que desça do Cairo até Bagdá. Eu pergunto, se Israel não está em guerra com os vizinhos por que até agora não definiu as suas fronteiras? Por que até agora não definiu a sua constituição? Por que não aceita uma conferência mundial para definir suas fronteiras? Por quê? Por que ele claramente, abertamente, está declarando guerra aos vizinhos?
Quando Israel bombardeou o Iraque em 1982 e destruiu uma usina nuclear, por que o mundo não protestou? Por que atacou o Iraque? Por que ninguém abriu a boca? Por que Israel tem direito de atacar? Israel está em estado de guerra com todos os países árabes até que se realize uma conferência mundial e Israel aceite uma fronteira segura, uma fronteira conhecida e uma constituição.
Princípios: Os árabes, com esse conflito permanente com Israel, depois de 1947, tiveram várias guerras. As mais famosas são as de 1948, 1956, 1967, e 1973. Dessas guerras, desses conflitos, na sua opinião, qual o mais importante, mais relevante e dando os detalhes mais significativos desse processo?
Hassan El-Emleh: Olha, não acho uma guerra mais importante que a outra, porque Israel através de todas as guerras tentou crescer mais para construir o "Grande Israel". A guerra de 1948 (20) é muito importante, porque criou o Estado de Israel. A guerra de 1956 (21) para Israel foi também muito importante, porque o mais bravo combate ao imperialismo era realizado pelo nacionalismo árabe. Em 1967 (22) ela tenta acabar completamente com esse nacionalismo. Em 1973 (23) ocorreu uma guerra de Kissinger (24), que queria mover a situação do Oriente Médio. Assim, ele iniciou esta guerra, só para poder traçar uma linha entre Egito e Israel.
Princípios: Sabemos que durante os anos que Nasser esteve à frente do governo Egípcio, este procurou de todas as formas e maneiras construir, na prática, a Nação Árabe. Chegou a organizar a República Árabe Unida. Sobre a questão de nação, confunde-se muito a diferença entre povo árabe e nação árabe. Por favor, aborde esses aspectos e nos explique se há um povo árabe, há uma nação árabe? Ou há povos árabes ou nações árabes?
Hassan El-Emleh: O povo é um grupo de pessoas que vive dum determinado território com fronteiras reconhecidas e este povo domina um idioma e uma história e aspirações comum a todos, com uma mesma tradição, uma mesma cultura etc. A nação também tem quase o mesmo sentido, um grupo de pessoas que vive em uma determinada área, mas tem uma forma mais ampla. A nação pode ter a mesma história, mas talvez não tenha a mesma língua. Do ponto de vista árabe, nação é muito mais ampla, muito mais abrangente que um povo. A nação pode ser dividida em vários povos, mas um povo não pode ser dividido em várias nações. Não quer dizer que a nação é obrigatoriamente dividida em povo. Às vezes a nação é povo, mas às vezes a nação são vários povos, como a a Iugoslávia que tem vários povos que formam a nação iugoslava. A palavra nação é muito mais abrangente que a palavra povo. Entre os árabes temos povo sírio, iraquiano, palestino, o povo marroquino são 23 povos ao todo. Assim falamos de uma nação árabe, com vários povos.
Lejeune Mato Grosso de Carvalho é sociólogo, professor da UNIMEP.
Hassan El-Emleh é palestino, brasileiro naturalizado, mora no Brasil há mais de 20 anos, onde exerce atividades de pequeno comerciante. Quando residente em Hebron, Palestina, sua cidade natal, era professor de história da Palestina.
Foi presidente por duas gestões da Federação das Entidades Árabe-Palestino-Brasileiras e atualmente é diretor da Sociedade Árabe-Palestino-Brasileira de São Paulo.
Foi um dos participantes do Congresso Nacional Palestino, que proclamou em novembro de 1988, o Estado Palestino.
NOTAS
1. Líder da OLP, Nasceu em Jerusalém em 1929, formado em engenharia. É um dos fundadores do grupo guerrilheiro palestino "Al-Fatah", o maior da OLP. Em fevereiro de 1969 assume a presidência da Comissão Executiva da OLP.
2. O Estado Palestino moderno foi oficialmente proclamado em 15 de novembro de 1988 em Argel, Argélia; por ocasião da reunião do Conselho Nacional Palestino (CNP), órgão de deliberação máxima da OLP.
3. Termo comumente utilizado para definir povos que falam línguas de origem semítica e que habitavam a região da Palestina na antiguidade, entre eles podemos citar os assírios, os babilônios, os amoreus, os arameus, os fenícios, os árabes, os hebreus e os etíopes.
4. Segundo a lenda bíblica, Canaã era filho de Cam e neto de Moisés e os Cananeus e seus descendentes. Habitavam a região da Palestina e da antiga Fenícia, hoje Líbano.
5. Eram um dos povos que habitavam a região da Palestina, segundo a lenda bíblica, se originam de tribos seminômades que habitavam os grandes desertos da região sírio-árabe e do Iraque.
6. Fundador do islamismo. Nasceu em Meca, em 570 e morreu em Medina, em 632, ambas as cidades consideradas sagradas para a religião islâmica e que ficam na Arábia Saudita. Foi o primeiro chefe do Império Islâmico. Sua doutrina, que fundamenta o islamismo, hoje seguido por mais de um bilhão de pessoas, é a terceira religião monoteísta da terra, que não renega as anteriores, o judaísmo e o cristianismo. Seu nome em árabe era Muhhamad Ali e a tradução para o Português é Maomé.
7. Lorde Arthur James Balfour, ministro do Exterior Britânico de Sua Majestade. Ficou famoso por assinar a declaração que leva o seu nome, endereçada ao Barão de Rotschild, datada de 2 de novembro de 1917.
8. Fundada desde a época do Império Turco-otomano na Palestina, essa organização paramilitar sionista desenvolveu centenas de massacres contra a população palestina local, visando a que estes fugissem, deixando para trás as suas terras. A Haganah foi também embrião do futuro exército sionista de Israel após 1948.
9. Em junho de 1916, Mark Sykes, representando o governo da Inglaterra, concluiu o acordo de divisão do mundo árabe, com o Cônsul Geral da França, no Líbano, Georges Picot. Esse acordo foi denunciado por Lênin após a revolução Bolchevique na URSS em 1917.
10. O ano de 1920 marca a consolidação do Mandato Britânico outorgado à Grã-Bretanha pela Liga das nações. A conferência de San Remo homologa a Declaração Balfour e o Tratado de Sévres, celebrado em 10 de agosto do mesmo ano, entre a Turquia e as Potências Aliadas da época, ratifica em seu artigo 95, a dominação britânica da Palestina.
11. Advogado palestino, residente em Jerusalém, onde leciona como professor assistente na Faculdade de Direito. Formado pela Universidade de Paris, sua principal obra, A Palestina e o Direito Internacional, é prefaciada pelo conceituado professor Dr. W. T. Mallison Jr.
12. Marechal Edmund Henry Hynman Allenby, Visconde de Sua Majestade, a Rainha da Inglaterra, comandou o III Exército Inglês na ocupação da Palestina, Damasco, Alepo, entre 1916 e 1918.
13. Líder nacionalista árabe, que viveu entre 1918 e 1970, tendo dirigido o Egito de 1954 até sua morte. Criador do Pan-Arabismo chegou a proclamar a República Árabe Unida entre o Egito e a Síria. Pregava que todos os povos árabes deveriam se constituir em uma só nação.
14. A realidade da Palestina antes da partilha era a seguinte: os judeus detinham 5,67% das terras, 11.149 km2 e os palestinos 94,33% de 125.532 km2. O plano de partilha da ONU distribuiu as terras da seguinte maneira: para os judeus 56,47% 114.942 km2), para os árabes 42,88 (11203 km2) e 0,65% (177 km2) pertenceria ao território de Jerusalém,
que teria administração da ONU.
15. Nuri Al-Said, governou o Iraque de 1949 a 1958, quando foi assassinado pela revolução de julho.
16. Governou o Egito no período de 1937 até 1952, quando abdicou (ou foi forçado a tal ato por Nasser). Extremamente reacionário e corrupto, foi derrotado com seu exército pelo Hagannah de Israel na guerra de 1948.
17. Com a fixação das fronteiras da Jordânia com a Palestina em 1928 pelo império Britânico, impôs-se uma Constituição que dava a Abdallah. filho do Rei Faiçal, e todos os seus descendentes, o poder de legislar, administrar o Estado Jordaniano, denominado Reino Hachemita da Jordânia (a partir de 1946). Abdallah governa a Jordânia até ser assassinado em 1951, quando seu filho, Talal, pai do atual Rei da Jordânia, Hussein, assume o trono por apenas 2 anos.
18. Idris Al-Sanuci, ou Idris I, governou a Líbia por imposição dos ingleses de 1949 até 1969, quando o Cel. Muammar Kadaffi o depôs.
19. Knesset é o parlamento de Israel. É de Câmara Única. Sua primeira reunião ocorreu somente em 14 de fevereiro de 1949.
20. Após a proclamação do Estado de Israel, em 14 de maio de 1948, iniciou-se uma guerra contra cinco países árabes. Estavam envolvidos a Síria, o Egito, a Jordânia, o Iraque e o Líbano.
21. Em 1956 Nasser toma decisão histórica de nacionalizar o Canal de Suez, administrado até então pelos ingleses. Nesse momento, é invadido pelos exércitos da França, Inglaterra e de Israel, que se aproveita da situação.
22. Ocorre entre os dias 5 e 10 de junho de 1967. É conhecida mundialmente como a "Guerra dos Seis Dias". Esta foi a terceira guerra entre árabes e Israel. A vitória dos israelenses foi incontestável e as linhas de ocupação do seu exército no cessar-fogo passaram a ser a nova fonteira desse país.
23. Iniciou-se em 6 de outubro de 1973. É denominada de "Guerra do Yom Kippur", em uma alusão à surpresa que os egípcios, sob o comando de Annuar El-Saddat, impuseram aos israelenses que comemoravam uma das suas datas religiosas.
24. Henry Kissinger foi Secretário de Estado dos Estados Unidos, que teve influência na política externa americana no período que compreende de 1968 a 1976 (nos governos de Richard Nixon e Gerald Ford).
EDIÇÃO 21, MAI/JUN/JUL, 1991, PÁGINAS 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24