Um dos mais expressivos poetas contemporâneos, Ruy Espinheira Filho nasceu em Salvador, Bahia, em 1942. A infância, no entanto, passou no interior, entre Poções e Jequié. De volta à capital no começo dos anos 1960, quando faz o curso clássico no Colégio Central da Bahia, começa a escrever seus primeiros trabalhos. “Só bem mais tarde, em 1974, resolvi publicar meu primeiro livro de poemas”, conta Ruy. “Por minha conta, em uma gráfica em Feira de Santana, com um dinheiro que ganhei num concurso literário – poesia e ensaio – na Universidade Federal da Bahia”. Era Heléboro, edição de quinhentos exemplares, distribuídos entre amigos e escritores. Carlos Drummond de Andrade definiu o livro como “poesia concentrada e de sutil expressão”.

A partir daí, Ruy não parou mais. Publicou crônicas e foi cronista do jornal Tribuna da Bahia de 1969 a 1981. Em 1979, a editora Civilização publica Julgado do vento, segundo livro de poemas, e, em 1981, o autor vence o Prêmio Nacional de Poesia Cruz e Souza, do estado de Santa Catarina, ao qual concorreram 2.300 poetas de todo o país, com As sombras luminosas. Editou ainda três livros juvenis e, em 1990, reuniu seus poemas num volume da Editora Brasiliense: A canção de Beatriz e outros poemas. “Situo-me, na poesia, numa vertente muito desconhecida, cujos poetas costumam sentir o mundo, a vida, o tempo, em que tentam expressar os efeitos em si mesmos dessa difícil caminhada”, diz. “O que quero dizer é que a poesia é, para nós, algo bem acima da mera inteligência organizada. Assim, não a confundimos com os enganosos frutos de habilidades e cacoetes de grupos e movimentos, por mais que soframos sob as ditaduras que se sucedem – e às vezes duram décadas – na República das Letras”.

Atualmente, Ruy Espinheira Filho divide seu tempo entre a preparação de poemas e ensaios e as aulas de literatura que ministra na Universidade Federal da Bahia. No final de julho, conversei com o autor em sua casa próxima a Salvador, no município de Lauro de Freitas. Contando com sugestões de Arnaldo Xavier e Antônio Cury para esta entrevista, falamos sobretudo de poesia e da vida.
Roniwalter Jatobá

Princípios: O poeta, certamente, não vive numa redoma de cristal. Hoje, estamos assim: globalização da economia e da cultura; formação de blocos econômicos; vírus letais, ebola e aids; terrorismo high tech e a ampliação dos desequilíbrios sociais no mundo inteiro. São aspectos que repercutem no processo de criação. Como você, com sua poesia, se situa nesse contexto histórico?

Ruy Espinheira Filho: O poeta é apenas um ser humano. Assim, os impactos do mundo e da vida o atingem como a qualquer um. Ou melhor: atingem ainda mais, devido a sua particular sensibilidade, que capta tanto o que está acontecendo quanto o que vai acontecer. Aquela história de que os artistas são “as antenas da raça”, como dizia Ezra Pound, não é só frase de efeito, é coisa séria. Eles percebem, mesmo, antes dos outros. Vêem adiante. Não é à toa que os poetas são chamados de vates, isto é, capazes de vaticinar, profetizar. Se o mundo tivesse o costume de ouvir a voz dos artistas, suas advertências, muita situação trágica poderia ser evitada. Quantas vezes os artistas denunciaram, por exemplo, o nazismo, antes que ele atingisse a monstruosidade a que chegou? Inúmeras vezes e em toda parte. Mas o mundo, infelizmente, preferiu dar ouvidos à retórica da trapaça, do interesse mais vil, que terminou na peroração dos canhões, do genocídio, do cogumelo atômico. E o pior é que não aprendemos convenientemente as lições. Os artistas de hoje, como os de ontem, põem sua sensibilidade a serviço de todos, mas poucos nos escutam. Seja como for, eles, os artistas, continuarão fazendo o que sempre fizeram – trabalhando pelo homem, para o homem, tentando iluminar a vida. A idéia de que um poeta é alienado, um vivente do mundo da Lua, é absolutamente idiota. Os poetas – como todos os artistas – sempre viveram com os pés na Terra. Por isso sabem, por isso percebem. E se envolvem com tudo o que diz respeito à condição humana. Nada que é humano é alheio a eles, como no verso de Terêncio. Quanto à minha literatura, não é exceção, sou um homem entre os homens, e o que escrevo emana dessa condição.

Princípios: Dá para ficar alheio à situação da maioria da população brasileira com seus problemas sociais crônicos?

Ruy Espinheira Filho: Não, não dá. Mas isso não significa que o artista tenha de ficar toda hora soltando manifestos e gritos de revolta e desespero. Isso ele também pode fazer, e deve fazer, e às vezes tem mesmo de fazer, mas sua obrigação maior é realizar a melhor arte possível. E com toda liberdade, sem compromisso com siglas, partidos e quejandos. Porque seu único compromisso é com o Homem, com a vida, aos quais serve com a sua arte.

Princípios: Sua poesia, às vezes, reflete com emoção o drama dos párias, como o dia-a-dia de uma prostituta no poema A canção de Beatriz, de A canção de Beatriz e outros poemas. Há, porém, uma crítica, sobretudo jornalística, que torce o nariz para textos sobre a situação marginal de brasileiros, como se vivêssemos no Primeiro Mundo, ou como se quisesse que os escritores tapassem o sol com a peneira. O que você acha disso?

“De tão colonizados, às vezes, até pensamos que somos do Primeiro Mundo”

Ruy Espinheira Filho: Nunca estivemos tão colonizados como hoje. Tão colonizados que, às vezes, até pensamos que pertencemos ao Primeiro Mundo. Arranhamos algum inglês, bebemos álcool importado, comemos sanduíches plastificados – e esquecemos o Brasil. Coisa de macaquitos pedantérrimos, como vemos essa tal “crítica jornalística” a que você se refere. Mas o artista sabe que só pode produzir arte digna desse nome se estiver atento ao seu meio e seu tempo. Quanto ao mais, o chamado Primeiro Mundo não é só Hollywood, museus e maravilhas eletrônicas. Ele é também o Harlem, a Bósnia-Herzegovina, o neonazismo. No entanto, aqui ficamos nós, deslumbrados com o Primeiro Mundo, sem pensar que o deslumbramento é algo que ofusca e, a partir de certo ponto, cega.

Princípios: A poesia produzida nos anos 1970 foi abundante, e muitos poetas deixaram seus registros sobre o cotidiano da época. Em qualidade, salva-se alguém do período?

Ruy Espinheira Filho: Dos que conheço, não. Foi uma geração que, meio sufocada pela ditadura, fez o possível para gritar sua revolta, mas o grito foi apenas grito, não chegou a se conformar como arte.

Princípios: Também nos anos 1970 a geração de poetas parece que ficou assinalada por uma crise contínua, dividida entre concretismo, práxis, Violão de rua – tendências que se digladiaram na década anterior. Houve avanços?

Ruy Espinheira Filho: De vez em quando alguém se ergue para dizer que a poesia está em crise. Ora, a crise é a atmosfera da arte. Mais: é a sua própria essência. Toda criação é, sempre, crítica. o que faltou aos poetas da geração mencionada foi orientação, ou seja, leitura, estudo. Se eles tivessem conhecido a reflexão estética de Mário de Andrade, que foi quem melhor pensou a literatura entre nós, não se teriam deixado aviltar pelas influências a que você se refere. Quanto ao Violão de rua, que a Civilização Brasileira publicou entre 1962 e 1963 (três números ao todo), sua proposta era clara: a difusão de uma poética claramente engajada na luta em favor da justiça social, da revolução socialista etc. Eticamente, perfeito. Esteticamente, discutível (com exceções, claro). Quanto a “avanços”, não vi nada. Na verdade, não sei o que se chama “avanço” em matéria de arte.

“Não se faz poesia com programas de gabinete, mas com vida, muita vida”

Princípios: Como você situa a sua poesia em relação a essas tendências?

Ruy Espinheira Filho: Minha poesia vem da tradição da poesia luso-brasileira. Influências mais marcantes: Camões, Pessoa, Bandeira, Drummond, entre dezenas de outros. Quanto aos movimentos ditos vanguardistas de 1945 para cá, considero-os pobres e reacionários. Não se faz poesia com programas de gabinete, palavras-de-ordem, mas com talento, sensibilidade, estudo e estudo. E com vida, muita vida. As tais vanguardas são cheias de “verdades”, de fórmulas, de imposições que, no final, acabam gerando apenas – mutatis mutandis – uma espécie de neoparnasianismo, com o criador substituído pelo ourives bilaquiano. A forma é o seu conteúdo, como diria o poeta norte-americano Jack Gilbert, para quem a poesia não é apenas uma felicidade formal, pois deve haver, acima da técnica, uma voz cantando significativamente a vida do homem. Assim, minha poesia rejeita essas tais tendências – que, felizmente, já morreram, embora certas pessoas ainda não saibam disso…

“O poema é um universo uno, completo, que começa e acaba em si”

Princípios: Você é cronista, romancista e poeta, Em que gênero se sente melhor?

Ruy Espinheira Filho: Na poesia. Ela me acompanha desde a infância.

Princípios: Dizem que a poesia baiana está sendo feita por autores da música popular, como Gilberto Gil e Caetano Veloso. É isso mesmo, não conhecem o que é feito ou não sabem o que é poesia? Enfim, quem é quem na poesia da Bahia?

Ruy Espinheira Filho: Na verdade, isso não é só dito da poesia baiana como já foi dito, por um desses concretistas de plantão, da poesia brasileira como um todo. Gil e Caetano são grandes compositores, mas eu não os chamaria de poetas, como não chamaria de compositor o João Cabral de Melo Neto. Ora, direis, certas letras de música são poemas. Não, digo eu, não são. Alguns poemas, sim, podem ser musicados, assim como as melodias recebem letras, mas continuam sendo poemas e as letras continuam sendo letras. O poema é um universo uno, completo, que começa em si e em si acaba. Cumpre-se plenamente e basta-se a si mesmo, gerando sua própria música, seus próprios ritmos e significados. A letra da música não: é parte de algo maior – a composição. Toda a “orquestração” do poema, por assim dizer, está no poema. Na canção popular, é adicionada à letra (ou vice-versa). Agora, algumas letras têm alto valor poético, o que é outra coisa. Um valor às vezes bem maior do que o da maioria dos poemas que rolam por aí. Mas continuam sendo letras – não poemas. Como certos romances densamente poéticos continuam sendo romances. Por fim, não se pode ver no caso nenhuma pendenga de superioridade/inferioridade. Tanto o poema quanto a letra de música são obras de arte, cada qual com suas características. Tanto num quanto noutro pode-se fazer coisas admiráveis – ou porcarias. Chamar um letrista de poeta não é, pois, um elogio – é só bobagem. Assim, se alguém me pergunta dos poetas da Bahia, os nomes que me lembro são os de Antônio Brasileiro, Florisvaldo Mattos, Myriam Fraga, Affonso Manta, Fred Souza Castro, Jehová de Carvalho, Carlos Anísio Melhor, Roberval Pereyra, Ildásio Tavares, Maria da Conceição Paranhos, Cid Seixas, João Carlos Teixeira Gomes, Adelmo Oliveira – para ficarmos só nesses autores que fazem, realmente, poemas.

Princípios: E no Brasil?

Ruy Espinheira Filho: Ah, o Brasil é muito vasto, há muita gente escrevendo e que não conheço, mesmo porque as nossas editoras não estão interessadas em poesia, preferem ficar em cima da imbecilidade consumidora de livros de tarô, magia, auto-ajuda, psicologismos baratos e que tais. Mas citarei três poetas com quem mantenho correspondência constante: Paulo Henriques Britto, Alexei Bueno, e Jayro José Xavier, os dois primeiros do Rio e o terceiro de Niterói.

Princípios: No poema As meninas, do livro Julgado do vento, a última frase é assim: “O passado não passa”. As suas raízes poéticas buscam rumo também no futuro?

Ruy Espinheira Filho: Tudo o que nós temos, de fato é o passado. É dele que somos feitos. O que somos é o que fomos. Quanto ao futuro, creio que aí é só terreno das possibilidades. Ele não existe e, quando existir, não será mais futuro, será presente – que logo será passado. Mas, deixando de lado as filosofias, prefiro responder citando Manuel Bandeira: “O futuro diz o povo que a Deus pertence. A Deus? Ora, adeus!”

“Não gosto do poder nem dos poderosos, geralmente figuras pouco higiênicas”

Princípios: Artistas de vários segmentos políticos antagônicos sempre mantiveram aproximações – formação de grupos “estéticos” (irmãos Campos e Ferreira Gullar, no concretismo) e governamentais (Carlos Drummond de Andrade, no período getulista, e, hoje, Jorge Amado e João Ubaldo Ribeiro, na República Nova e no Estado ACM). Com exceção de mordomias, a proximidade com o poder faz bem?

Ruy Espinheira Filho: Creio que há aí duas perguntas. Quanto aos grupos, nunca fui chegado. Nunca apreciei trabalho em grupo, muito menos em se tratando de algo tão pessoal quanto a criação estética. O que acaba acontecendo é que tudo dá em conchavo, igrejinha, máfia. O sujeito deixa de fazer arte (se é que a fez em algum tempo) e passa a desenvolver uma espécie de sindicalismo que não tem nada a ver com a criação, é só politicagem em busca do poder na República das Letras. E a palavra poder me leva à segunda pergunta, a que respondo dizendo que o poder nunca me fascinou, muito pelo contrário. Não gosto do poder nem dos poderosos, geralmente figuras muito pouco higiênicas. A aproximação com o poder, para quem tem estômago capaz de tanto, pode ser útil, sim, mas o poder não concede as suas benesses gratuitamente. Cobra caro, pesadamente caro. No mínimo, exige silêncio. Geralmente, porém, exige mais: cumplicidade. Assim, como não quero me sentir amordaçado por minhas próprias transigências, e menos ainda suporto viver com patifes, mantenho-me longe do poder e dos poderosos. E mais ainda: critico-os sempre que posso, que um dos deveres do artista é apontar a nudez do rei.

Princípios: Poetas e prosadores, principalmente engajados em partidos de esquerda, têm necessidade – e vontade – de criar uma arte atuante e de qualidade, mas infelizmente, a grande maioria morre na praia. Em nosso ponto de vista, pecam sobretudo pela falta de leitura, pois muitos não leram a boa literatura brasileira, nem mesmo os clássicos do período soviético. Há outros pecados?

Ruy Espinheira Filho: Literatura nunca é coisa fácil de se fazer – e uma das mais difíceis é a literatura engajada, que acaba se transformando em panfleto, cartilha, xaropada “edificante” que ninguém aguenta. Quando o artista se torna excessivamente intencional acaba fazendo besteira. Digamos que ele seja um bom lírico, mas ache que, por questões de credo político, deve escrever poesia de combate. O resultado é óbvio: fracasso. É algo muito complicado esse negócio de se traçarem programas para a arte. O artista deve se manter livre, pois só assim pode criar plenamente. Veja Drummond: num determinado momento, principalmente em A rosa do povo, produziu uma poesia social que é a melhor já escrita entre nós. Mas aquilo nasceu-lhe de dentro, das emoções deflagradas pela história, não de mera atitude metingueira. E há mesmo, em diversos casos, falta de leitura e de vivência adequadas. O que prevalece é a boa intenção, mas não é com boa intenção que se faz boa literatura. E às vezes a boa intenção é tão descontrolada que acaba falsificando situações e forçando a barra na construção de heróis totalmente inverossímeis.

“Só alcançamos justiça social com o socialismo, jamais no capitalismo”

Princípios: Apesar da fragmentação das referências ideológicas, do neoliberalismo caboclo tipo FHC, o socialismo está vivo. É, a nosso ver, a melhor opção para a humanidade, ao contrário da diretriz egoísta do capitalismo, que, inclusive, vem aumentando a miséria, em benefício de poucos. Como o poeta vê o mundo, hoje?

Ruy Espinheira Filho: O mundo, na verdade, nunca foi grande coisa. O homem, fiel à sua natureza de predador, faz miséria desde a sua origem. Mas é muito pior do que outros predadores, pois é predador de sua própria espécie. Homo homini lupus. E continua o mesmo no mundo de hoje – vejam-se as guerras, as tiranias, os fanatismos assassinos. Mas continuamos a lutas para controlar esse animal, essa fera, o que só poderá ser conseguido com educação e justiça social. Justiça social que, a meu ver, só alcançaremos realmente com o socialismo, jamais com esse capitalismo hidrófobo que trucida os mais fracos. No caso do Brasil, estamos vivendo um momento altamente preocupante. O Estado deve ser um meio, não um fim. Um meio posto a serviço do cidadão, tanto para cobrar-lhe deveres como para garantir-lhe direitos. No Brasil, porém, o Estado só se interessa pelo que pode tirar do cidadão, passou de meio a fim, e nada faz para desfazer o clima de “salve-se quem puder!” E quem pode? Só os poderosos, os ricos, os que sempre formaram a “elite” do país. Que sempre estiveram a salvo e que agora estão mais a salvo do que nunca, com FHC investindo pesadamente na omissão do Estado – pelo menos quando se trata de direitos do trabalhador, funcionários, sem-terra etc. Ou muito me engano, ou, em breve, o país estará dividido em duas classes: os muito ricos, uns poucos, e os miseráveis, quase todos.

Princípios: O que vem aí de novo na sua produção literária?

Ruy Espinheira Filho: Um livro de poemas, já contratado pela Nova Fronteira, e um romance, aguardando decisão na Civilização Brasileira. Estou também iniciando um longo ensaio sobre Criação, Arte e Crítica na obra de Mário de Andrade.

“Mário de Andrade foi quem melhor pensou a literatura e a arte no Brasil”

Princípios: Por que Mário?

Ruy Espinheira Filho: Porque, como já disse antes, ele foi quem melhor pensou a literatura – e a arte em geral – no Brasil. Não foi somente o papa do Modernismo. Foi mais, muito mais. Fazendo arte – poesia, conto, romance, teatro – e escrevendo sobre quase tudo – literatura, artes plásticas, música, folclore – deixou-nos uma herança tão rica que ainda hoje, 50 anos depois da sua morte, continua a nos oferecer riquezas novas. Só as lições que encontramos em sua correspondência – até o momento, foram publicados, se não me engano, 17 volumes – já lhe valeriam a imortalidade. Uma dessas grandes lições foi dada à pintora Anita Malfatti, e vale para todos nós. Quando Anita se rendia ao conservadorismo, como se rendeu e se entregava a questiúnculas estéticas, ele lhe escreveu lembrando que arte não era aquilo – opção por técnicas, estilos etc. – mas algo bem mais alto e profundo, porque arte, escreveu ele, “é feita com carne, sangue, espírito e tumulto de amor”. Enfim, a riqueza de Mário está aí, só precisamos nos apossar dela – que é o que ele queria.

EDIÇÃO 39, NOV/DEZ/JAN, 1994-1995, PÁGINAS 43, 44, 45, 46