Afinada com grandes temas
Ele contou sua aventura para Princípios, uma história feita com palavras e imagens, enriquecida com o artigo de Eron Bezerra, de Manaus, que ajuda a compreender a complexidade e a riqueza da Amazônia, essa região cobiçada por potências estrangeiras.
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O país vive mudanças importantes, muitas das quais representam ameaças tangíveis à vida do povo e à soberania da nação. O cientista político Décio Saes analisa as relações do projeto neoliberal com várias facções das classes dominantes brasileiras, e mostra as divergências que cada uma delas tem com ele; Luis Paulino mostra como a reforma fiscal que o governo quer fazer busca fortalecer o projeto hegemônico das classes dominantes; Marcos Gomes investiga as relações entre neoliberalismo e as fusões bancárias, Socorro Gomes denuncia o atentado contra o patrimônio público que a privatização da Vale do Rio Doce poderá representar; José Carlos Ruy, por sua vez, examina o balanço de fim de ano feita pelo governo e pela grande imprensa, e procura o fio que conduz dos escritos antigos de Fernando Henrique Cardoso (os que ele mandou esquecer) às convicções que ele exibe à frente do governo.
Outro assunto de destaque, nesta edição, é a eleição parlamentar que, no fim do ano passado, impôs pesada derrota ao projeto neoliberal na Rússia. O Partido Comunista da Federação Russa teve desempenho notável, conquistando um terço do parlamento – e só não conquistou mais porque o voto distrital misto, adotado naquele país, distorce profundamente os resultados eleitorais, favorecendo os setores conservadores. Luís Fernando analisa o sentido dessa vitória comunista e comenta o programa do partido vencedor, cujos principais trechos estão aqui reproduzidos. Aprofundando a compreensão do terreno político e social sofrido pelo Leste europeu, João Amazonas aponta o papel decisivo que teve, nessa derrocada, a degeneração do Partido Comunista. A situação mundial é também assunto do dirigente chinês Jiang Zemin, cujo discurso no 50º aniversário da ONU examinou o mundo multipolarizado que vai surgindo depois do fim da Guerra Fria.
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A revista PRINCÍPIOS chega à sua 40ª edição, decorridos quinze anos de existência. São números significativos em um país de tradições politicas e culturais tão frágeis. Na segunda fase, iniciada na edição de número 19, em agosto de 1990, com um novo projeto gráfico, a revista tem circulado regularmente de três em três meses. Definindo-se como uma revista de orientação Marxista, voltada à política, à teoria e a informação, Princípios dedicou a maior parte de seus artigos aos temas da crise e das perspectivas do socialismo, do desenvolvimento do marxismo, e da conjuntura política nacional e internacional, abordando, em especial, a nova ordem imperialista mundial, a política neoliberal e sua aplicação no Brasil, além das lutas de resistência a esse projeto. Se há uma falha que a revista não cometeu foi a da omissão face aos temas mais candentes da vida nacional.
Abordamos também temas relevantes da cultura, das ciências e das artes, da sociedade, em artigos políticos, teóricos, informativos e históricos. Para isso Princípios tem mobilizado, numa escala que ainda consideramos insuficiente, diversos autores brasileiros, de modo que 80% dos artigos desse segundo período foram escritos por autores nacionais, e 20% por autores estrangeiros. A qualidade dos artigos é heterogênea, com seria de esperar. Autores experientes e talentosos dividem as páginas da revista com estreantes. Políticos, acadêmicos, jornalistas são referência predominante entre nossos autores. Nem todos compartilham uma perspectiva marxista para o Brasil, e as siglas partidárias são variadas. Essa diversidade tem sido um patrimônio que a revista vem constituindo – um patrimônio que deve ser investido na ampliação de seu projeto, no aumento das assinaturas e da circulação, na diversificação dos autores e na qualidade dos artigos. Esse projeto está a serviço de um projeto maior: aquele dos que não aceitam a ordem capitalista como a única alternativa para o Brasil e para o mundo, dos que buscam prosseguir em novas condições a luta por um Brasil socialista.
Comissão Editorial
EDIÇÃO 40, FEV/MAR/ABR, 1996, PÁGINAS 3