200 multinacionais mandam no mundo

O capital multinacional pulou de 17% do PIB mundial nos anos 1960 para mais de 30% em 1995 (Le Monde Diplomatique, abril/1997). Ele impões suas regras a povos e governos e é dominado por 200 empresas gigantes. Nove países (Japão, EUA, Alemanha, França, Reino Unido, Suíça, Coréia do Sul, Itália e Holanda) tem 96% das empresas e 96% do seu volume de vendas. São poderosas e influenciam governos, mesmo nos países ricos. No Japão, por exemplo, 37% das despesas do Partido Liberal Democrático (PLD) são pagas pela Mitsubishi. Nos últimos anos, o Japão vem disputando com os EUA a liderança entre essas empresas: em 1982, os EUA tinham 80 empresas na lista, caindo para 53 em 1995; o Japão, ao contrário, passou de 35 para 62 no mesmo período.

Barbárie

Em junho, a justiça do Egito anulou um decreto do governo que proibia a mutilação genital feminina (extirpação do clitóris) em hospitais públicos. Ponto para os religiosos fundamentalistas: “Trata-se da nossa religião”, disse o xeque Yusef Al Badri, um líder religioso egípcio. “Nós rezamos, fazemos jejum e operamos as mulheres”. Maha Atiya, coordenadora da campanha contra a mutilação genital feminina da Organização Egípcia dos Direitos Humanos ficou chocada: “Isto é extremamente doloroso”. Esse ritual foi condenado na Conferência de População e Desenvolvimento, em 1994, no Cairo, e na Conferência Mundial da Mulher, em Pequim, em 1995. Ele atinge 2 milhões de meninas e adolescentes por ano, em 28 países da África, países árabes e do sudeste asiático. A Organização Mundial de Saúde, da ONU, calcula que já vitimou 130 milhões de mulheres.

Marx na Web

Partidos comunistas de quase todos os países; notícias sobre Marx, Engels, Lênin e outros teóricos marxistas; organizações e comitês revolucionários de todo canto – tudo isso está ao alcance dos internautas de esquerda. O endereço é: www.pcdob.org.br, cuja home page dá acesso à uma extensa lista de links (ligações) marxistas. Experimente!

Pax americana

Com um orçamento militar atual de 270 bilhões de dólares, o governo norte-americano gasta com as forças armadas, sob Bill Clinton, mais do que Lyndon Johnson gastava em 1965 e Richard Nixon em 1975. Os gastos militares americanos são, hoje, três vezes maiores que os da Rússia e quase duas vezes a soma dos gastos da Grã Bretanha, França, Alemanha e Japão. São, também, 39% dos gastos militares de todos os países, que somam 680 bilhões de dólares – quase o PIB do Brasil! A pobreza no mundo – I

Cerca de 1,3 bilhão de pessoas sobrevive com menos de um dólar por dia; perto de um bilhão são analfabetas; mais de um bilhão não tem acesso a água; cerca de 840 milhões tem fome ou insegurança alimentar; 507 milhões, nos países menos desenvolvidos, tem esperança de vida inferior a 40 anos. A distância entre os ricos e os pobres aumenta aceleradamente: em 1960, os 20% mais ricos da Terra tinham renda 30 vezes maior que os 20% mais pobres; em 1995 ela era 78 vezes maior. Os dados são do Relatório do Desenvolvimento Humano de 1997, editado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

A pobreza no mundo – II

Acabar com a pobreza no mundo não é tarefa impossível, segundo o PNUD. Para garantir ensino básico a todos, o custo anual seria de 6 bilhões de dólares; saúde e nutrição básicas, 13 bilhões; saúde reprodutiva e planejamento familiar, 12 bilhões; abastecimento de água e saneamento de baixo custo, 9 bilhões. No total, 40 bilhões de dólares – ou seja, 0,16% do PIB mundial, ou 5,8% dos gastos militares de todo o mundo. “A falta de compromisso político, não de recursos financeiros, é o obstáculo real que se opõe à erradicação da pobreza”, diz o Relatório sobre o Desenvolvimento Humano de 1997.

O preço do medo

Os gastos com segurança, no Rio de Janeiro, correspondem à metade dos gastos semelhantes feitos em toda a França, diz um estudo da Fundação Getúlio Vargas. No Rio, alcançam 6,2 bilhões de reais por ano, e na França, 13 bilhões. É a soma dos gastos feitos nos setores público e particular (pagamento de segurança privada, sistemas de alarme e seguros). O efetivo das empresas de segurança cariocas é de 190 mil homens, cinco vezes maior que os efetivos somados das polícias militar e civil locais.

Famílias falidas nos EUA

Em 1996, 1,2 milhão de cidadãos norte-americanos pediram falência – 29% a mais que em 1995. É um recurso que a justiça dos EUA permite aos inadimplentes, para evitar que os credores tomem seus bens. O calote atinge 40 bilhões de dólares, e o cartão de crédito é o principal responsável – hoje, cada família norte-americana deve, em média, US$ 3.400 no cartão; há dez anos, a média era de US$ 1.600.

EUA, desemprego e desesperança

“Nos Estados Unidos, o desemprego não é de apenas 4,8%”, diz o economista Jeremy Rifkin, autor do livro O fim do emprego. “Existem 6 milhões de pessoas que simplesmente desistiram de procurar emprego, por desesperança, e quando esses desempregados são considerados na estatística, a taxa sobe para mais de 9,2%”.


Vietnã – balanço da guerra

O governo do Vietnã divulgou em junho a extensão dos danos que a guerra contra os EUA causou ao país. O conflito, terminado em 1975 com a derrota da maior potência imperialista, deixou 3 milhões de mortos, 4,4 milhões de feridos e 2 milhões de afetados por produtos químicos. No fim da guerra, o país tinha 43 milhões de habitantes (1974); isso significa que a guerra atingiu um em cada cinco habitantes do país.

EDIÇÃO 46, AGO/SET/OUT, 1997, PÁGINAS 70, 71