Rastros do Império – Bases econômicas da hegemonia dos Estados Unidos
O traço distintivo daquela “primeira onda” é sua não subordinação à dinâmica colonial inglesa, pois dependeu das características da dissolução feudal verificada naqueles países. Ou seja, tais processos de industrializações não foram determinados exclusivamente pela tutela do mercado capitalista mundial, mas pelas particularidades econômicas originárias e lutas sociais plasmadas em cada país.
A especificidade norte-americana reside na diferenciação desenvolvida entre o Norte (ou Nordeste) e o Sul. No Norte, a configuração da pequena propriedade, a utilização de uma força de trabalho mais especializada na agricultura e artesanato (fugidia dos conflitos político-religiosos europeus), a existência de meios naturais semelhantes aos do velho mundo, propiciaram uma divisão social do trabalho avessa às grandes plantações escravistas do Sul. Fatores estes que apressaram a expropriação de pequenos produtores independentes para o trabalho assalariado. Por outro lado, era ali inexistente o peso da nobreza e seu estamento aristocrático, a Igreja funcionava despossuída de seus conhecidos privilégios, sendo muito reduzido o monopólio dado às companhias comerciais pela metrópole. Florescem assim o artesanato, as manufaturas como os moinhos de cereais, a construção naval, a produção de alimentos e bebidas, a mineração do ferro e a
metalurgia. Posteriormente, o tráfico e o contrabando expandem a relação comercial das colônias de povoamento para o Caribe e o Norte da África. Desse modo, integravam-se estímulos do comércio mundial e também do capital comercial metropolitano inglês à dinâmica mercantilista gerada pelo capital comercial nativo nortista.
Os EUA tornaram-se uma potência industrial no final do século XIX. Com a Segunda Guerra, consolidam-se como a potência imperialista que, hoje, procura impor sua hegemonia ao mundo
O processo norte-americano de conformação industrial estabelece então uma relação de “complementaridade restrita” com a Inglaterra (e o mercado mundial), pois exportando produtos primários e importando capitais e meios de produção britânicos, passou a desenvolver capitais industriais individuais. Para tal, foi decisivo o “ciclo ferroviário”, funcionante como: a) poderoso catalisador de demanda e amplificador de mercados e meios de produção – ferro, carvão e maquinaria; b) integrador do mercado nacional e estimulador da produção mercantil local; e c) receptor de apoio creditício do Estado, alavancado pelos bancos de investimentos. Diferentemente do padrão inicial de industrialização inglês (têxtil), os Estados Unidos construíram o departamento de bens de produção (DI: máquinas e equipamentos – instalações) "que lidera o movimento de acumulação e constituição das bases técnicas do capital" (Oliveira, 1985).
Entre 1776 (independência) e 1860, sem os tradicionais bloqueios retardatários à acumulação, posicionando-se com neutralidade nas guerras napoleônicas (2), os Estados Unidos prosperam beneficiando-se do mercado mundial. O Norte vai desenvolvendo a grande indústria e em 1840-60 internaliza a produção de bens industriais. Em 1860, o Norte dos Estados Unidos tinha 110 mil estabelecimentos industriais, o Sul 18 mil estabelecimentos; Nova Iorque produziu 400 milhões de dólares em mercadorias (mais de 4 vezes a produção da Virgínia, Alabama, Lousiania e Mississipi juntos). O Norte tinha dezenas de estabelecimentos fabricantes de motores marítimos – o Sul nenhum –, e seu sistema ferroviário alcançava 33 mil quilômetros espalhados a Leste e Sudeste, sendo de 14 mil a do Sul. Em 1861, os Estados Unidos, ainda atrás da Inglaterra, já superavam a produção manufature ira da Alemanha e da Rússia; com apenas 40% da população da Rússia possuíam um contingente urbano duas vezes maior, produziam 830 mil toneladas de ferro (a Rússia, 350 mil), consumiam 15 vezes mais energia proveniente de modernas
fontes de combustíveis, detendo uma quilometragem de estradas de ferro 30 vezes maior que a russa – e mesmo 3 vezes superior à da Grã Bretanha. Segundo Paul Kennedy, os Estados Unidos já tinham se tomado "um gigante econômico" (Kennedy, 1989). A Guerra Civil (1861-65), que expressa contradições agudas entre o Norte capitalista e o Sul escravista, resulta na vitória do Norte progressista.
Extingue-se o trabalho escravo, expande-se a pequena propriedade para Oeste, via ampliação da malha ferroviária. A reorganização do Sul, maciçamente algodoeiro, combina elementos para vigoroso avanço do mercado interno e acumulação do capital nos Estados Unidos (Proni, 1997).
Após a Primeira Guerra, os Estados Unidos alcançam o lugar de primeiro credor mundial
Mesmo rapidamente, interessa destacar diferenças fundamentais nas industrializações dos Estados Unidos, da Alemanha e do Japão. Contando, em maior ou menor grau, com o apoio de seus Estados, as burguesias alemã e norte-americana mobilizaram capitais próprios na implantação industrial. Mas, distintamente da Alemanha, nos Estados Unidos as relações umbilicais da indústria com os bancos dão-se num momento posterior à afirmação industrial, advindo os trustes e o moderno sistema financeiro. Na Alemanha forma-se desde o início a estreita relação entre bancos e indústria, isto servindo de motor à acumulação que era potencializada pelos recursos financeiros colocados à disposição dos industriais. A industrialização japonesa por sua vez, é impulsionada após a agressão militar norte-americana, em meados do século XIX, quando deliberadamente o Estado passa a
considerá-la como questão de soberania nacional a partir de 1867.
Os Estados Unidos: da fase monopolista à crise de 1929-33
O período que sucede 1870 – o curso dos últimos 25 anos do século XIX – é marcado por substantivas alterações sistêmicas no capitalismo. A tecnologia da Revolução Industrial, composta de ferro, carvão, máquina a vapor, e especializada essencialmente por "homens práticos", dá o salto para a II Revolução Industrial. Agora, o aço, a eletricidade, o motor a combustão, a química pesada (e, subsequentemente, o telégrafo sem fio, o telefone, o automóvel e o avião) necessitam decisivamente da pesquisa científica e do planejamento tecnológico produtivo. Generalizam-se as sociedades por ações que passam a predominar em indústrias, bancos, mineração, transportes e outros. Intensifica-se a concorrência-concentração capitalista, requerendo altas somas de capital e grandes unidades produtoras. É fácil perceber seus direcionamentos ao aço (motores, geradores elétricos, turbinas), à eletricidade (luz, refinamento de cobre, alumínio, soda cáustica), à química industrial (química orgânica, catálise para manufatura da soda amônia, ácido sulfídrico) e ao petróleo (óleo, jazidas, combustíveis). A Standard Oil Company, por exemplo, data de 1870. (Magdoff, 1978) E a concentração-centralização do capital foi fenômeno fortemente influenciado pela crise do sistema, ocorrida entre 1873-96 e também denominada de a Primeira Grande Depressão.
A crise, na verdade, expressava a fase inicial do declínio do liberalismo burguês, da etapa concorrencial do capitalismo. Já Engels identificava-a claramente, em novembro de 1886, no prefácio à edição inglesa de O Capital, de Karl Marx. Observava então Engels que "o funcionamento do sistema industrial da Inglaterra está emperrado. O livre-cambismo esgotou seus recursos"; diz ele, ainda, analisando o movimento protecionista que então assolava o centro industrializado: "a indústria estrangeira, que se desenvolve rapidamente, enfrenta a produção inglesa, por toda a parte, em mercados protegidos por tarifas aduaneiras" (Marx, 1967).
De outra parte, encontra-se no próprio e consagrado estudo de Marx, publicado em 1867, a definição precisa do caráter intrínseco do movimento de concentração e centralização do capital que se “sublevava”. De acordo com Marx, a acumulação se daria através da concentração crescente dos meios de produção, ocorrendo ao mesmo tempo "repulsão recíproca de muitos capitais individuais", simultaneamente a uma "força de atração existente entre eles (…) a concentração de muitos capitais já formados (…) a transformação de muitos capitais pequenos em poucos capitais grandes" (Idem, ibidem). Nos Estados Unidos, a intensificação da fusão do capital bancário com o industrial indica também a transformação de ricaços da indústria e das estradas de ferro em banqueiros.
"Foi assim que construtores de trustes, como os senhores Rockefeller, Rogers, Hvenemeyer, e dirigentes de estradas de ferro como Harriman, Gould, Drew, ou Vanderbilt se tomaram banqueiros ou diretores de companhias de seguros, enquanto banqueiros como J. P. Morgan organizavam combinações na indústria do aço e da navegação e participavam em diversas diretorias de companhias ferroviárias e industriais" (John Hobson, apud Oliveira, 1985).
Data também das duas últimas décadas do século XIX a introdução da “administração científica do trabalho” – o taylorismo – na grande empresa de estrutura oligopólica, no bojo da expansão da produção capitalista no período. Como diz Harry Braverman, entre outras coisas o taylorismo utilizava do monopólio sobre o conhecimento para controlar os distintos passos do processo de trabalho e seu modo de execução, passando a fazer parte do novo paradigma produtivo e tecnológico (Mattoso, 1995).
Há outro aspecto relevante (geralmente esquecido por vários autores) no desenvolvimento monopolista da industrialização norte-americana, brilhantemente estudado por Lênin. Minuciosamente considerados, o Norte industrial, o Sul escravista e o Oeste em colonização, Lênin analisa o papel das transformações na agricultura dos Estados Unidos, país que, segundo descreve, "não possui concorrente que os iguale (…) [no] desenvolvimento do capitalismo no final do século XIX e início do século XX". Centrando sua pesquisa sempre de 1900 a 1910, Lênin constata 'notável' identidade de evolução no crescimento do número de empresas grandes e pequenas, tanto na indústria quanto na agricultura: de 29% e 25% nas empresas industriais, e de 13,3% e 11,9% nas da agricultura, respectivamente. Relativamente ao preço dos produtos na indústria, e ao preço dos conjuntos dos bens das propriedades, Lênin destaca ocorrer, nas pequenas e médias empresas industriais e agrícolas, uma redução do valor (em milhõesde dólares) da participação: nos dez anos os preços dos produtos da grandes empresas cresceram 44,8%, tendo os das propriedades na agricultura crescido 117,3%.
Dentre as inúmeras conclusões importantes do trabalho de Lênin – como a do grande crescimento do número de operários assalariados em todas as regiões dos Estados Unidos: Norte 40%, Sul 50% e Oeste 66% –, deve-se visualizar que também a dinâmica capitalista na agricultura (quer pela aceleração do desenvolvimento na grande propriedade extensivamente, quer pela exploração quanto ao volume intensivamente em terras menores), foi poderoso fator de integração dos circuitos de valorização do capital monopolista em ascensão (Lênin, 1980). O comércio mundial triplica entre 1880-1913. A economia internacional toma-se policêntrica, no andamento do declínio britânico.
Em 1913 os Estados Unidos haviam se transformado na maior economia do mundo, sendo igualmente responsáveis• por mais de um terço da produção industrial. Em 1914 chegaram a produzir 455 milhões de toneladas de carvão, bem mais do que as 292 milhões da Inglaterra; eram o maior produtor de petróleo e o maior consumidor de cobre do planeta. Sua produção de ferro-gusa era superior a da Alemanha, Grã-Bretanha e França somados, sendo sua produção de aço quase igual a dos três países. Os Estados Unidos já produziam e possuíam então mais veículos motorizados que o resto do mundo; e, em sua imensa área plantada, a eficiência de suas máquinas agrícolas conjugava-se aos baixos preços de seus produtos – auxiliados por uma rede ferroviária de 400 mil quilômetros e navios a vapor. Em matéria de tecnologia, seus grandes monopólios como a Singer, a Dupont, a Internacional Havester, a Colt ou a Standard Oil, eram frequentemente considerados os melhores. Ainda em 1914, não sem motivos, os Estados Unidos tinham renda nacional de 37 bilhões de dólares e uma renda per capita de 377 dólares. Grã-Bretanha e Alemanha, possuíam, respectivamente, 11 bilhões e 244 dólares, 12 bilhões e 184 dólares. Após a Primeira Guerra mundial, os Estados Unidos alcançam o lugar de primeiro credor, quando os ingleses perderam cerca de 25% de seus investimentos globais, principalmente aplicados nos Estados Unidos.
Num resumo, entre a Primeira Guerra e o colapso capitalista de 1929-33: a) a assimetria mundial em favor dos Estados Unidos já estava plenamente constituída; b) sua presença na Primeira Guerra deu-se de maneira breve – mas em momentos decisivos –, o que apenas reforçou seu poderio econômico; c) a proeminência de uma economia baseada no mercado interno reduzia sua dependência externa; e d) distintamente do longo exercício hegemônico britânico, agora com seu padrão ouro-libra em pedaços, os Estados Unidos se recusaram a cumprir o papel de “estabilizador global”.
Na década de 1920, os Estados Unidos tornaram-se o primeiro exportador mundial, e o segundo importador, seguindo a Grã Bretanha. Em 1929, controlavam 42% da produção mundial total, enquanto, somados, Grã Bretanha, Alemanha e França abarcavam menos de 28%. Por tais razões, na Grande Depressão, ou mais precisamente entre 1929-32, os Estados Unidos viram despencar suas exportações e importações (trigo, borracha, cobre, seda, algodão, estanho e café, principalmente) em taxas iguais a 70%. E entre 1929-31, a produção de automóveis norte-americana caiu em 50% (Hobsbawn, 1995; Kennedy, 1989).
A convulsão mundial econômica, política e ideológica do interregno catastrófico é deflagrada pela desintegração da Bolsa de Valores de Nova Iorque. O boom econômico norte-americano assentava-se num crescimento baseado na expansão do crédito ao consumo de bens duráveis e enorme endividamento familiar. A atração de capitais produtivos, bem como da poupança familiar, para a valorização financeira, detona uma gigantesca onda especulativa. A especulação enrosca-se na superprodução e a depressão origina uma taxa de desemprego de 27%. Visto sobre outro ângulo, os anteriores acordos de Versalhes, as duras reparações de guerra impostas – nomeadamente à Alemanha –, instrumentalizaram o poder financeiro norte-americano que, na crise, reflui sua participação no mercado mundial, limitando os fluxos de capitais para a Europa.
A União Soviética passa praticamente incólume pela Grande Depressão. O nazismo alemão, nos anos 1930, utiliza amplamente o Estado na construção de sua máquina de guerra. Os Estados Unidos, apesar do New Deal rooseveltiano (combate ao desemprego e defesa da renda através do gasto público), só se recuperariam plenamente da “dèbâcle” a partir da Segunda Guerra.
Pós-Guerra e crise de hegemonia do império
Mais uma vez quase ilesos no pós-guerra, os Estados Unidos passam a ser o pólo hegemônico da redefinição da economia capitalista mundial. Isso ocorre a partir do “coesionamento de guerra” dos blocos financeiros, econômicos e regionais, que processam um reordenamento “para fora” do funcionamento de sua economia. O que inicia a marcha para obtenção da supremacia absoluta em fluxos de comércio, da produção industrial e da disponibilidade de reservas. Paralelamente, sustentados em sua associação monopolista financeira, difundem amplamente seu padrão de industrialização baseado na grande indústria; controlam novos mercados e fontes de matérias-primas, forjam a conglomeração monopolista expandindo a exportação de capitais (e investimentos diretos), em geral dirigidos para o financiamento e a formação de novas grandes empresas. Estrutura-se a hegemonia norte-americana capitalista, também tecnológica e político-militar. O que não foi possível sem a reprodução de sua matriz manufatureira, via remontagem econômica da Europa e do Japão.
De 1942 a 1944 (acordos de Bretton-Woods) é construída uma articulada rede institucional (Conselho de Segurança da ONU, FMI, BIRD, GATT, principalmente), passo a passo sob completo comando dos Estados Unidos. Em 1947 os Estados Unidos rompem os “acordos de Ialta”, e colocam na ordem-do-dia a ideologia da “guerra fria” e da bipolaridade contra a crescente influência da União Soviética. Os Estados Unidos oficializam a doutrina Truman, anunciam ajuda a qualquer país que lute contra o comunismo, apóiam os governos da Grécia e Turquia no combate ao movimento revolucionário, e exigem o fim das coalizões com comunistas nos governos da França e Itália (abril e maio de 1947). Aprovam o Plano Marshall, constante de fabulosos recursos destinados a reconstrução européia e japonesa (3).
Parece, então, convincente enxergar quatro fases que vão da consolidação da hegemonia norte-americana, até as contradições que impuseram seu declínio: 1) da reconstrução européia a meados da década de 1950, marcada por sua “completa e indiscutível hegemonia”; 2) daí até a meados da década de 1960, que combinaria expansão das grandes corporações norte-americanas, com as respostas dadas pelos países envolvidos na difusão de seu padrão de industrialização – ou à hegemonia “consentida”; 3) deste período até meados dos anos '970, caracterizado por uma “transnacionalização global”, diferenciação dos centros e “crise de hegemonia”; e 4) uma desestruturação da “ordem internacional” com desdobramento desta crise (4).
Em 1994 os EUA provocam desvalorizações nas moedas européias atropelando os acordos do fim de guerra
Essencialmente, pode-se afirmar que a reversão do predomínio absoluto dos Estados Unidos no desenvolvimento da internacionalização capitalista do período, decorre em última instância da própria concorrência inter-capitalista. Já em 1948, atropelando as regras recém criadas – como o sistema de paridade cambial fixo –, os Estados Unidos provocam maciças desvalorizações das moedas européias. Aceitam também medidas protecionistas contra seus produtos na Europa e no Japão, ao tempo em que abrem seu imenso mercado interno, para aqueles países. Assim, logo entre 1948-52, os beneficiários do Plano Marshall tiveram um crescimento da produção industrial da ordem de 39%; o volume bruto de suas exportações cresceu em 33%. Em 1958, o saldo do balanço de pagamentos em conta corrente mostrou-se superavitário em 660 milhões de dólares, tendo a melhoria alcançado o Japão. Naquele mesmo ano, os países da Comunidade Econômica Européia estabeleceram a conversibilidade de suas moedas, enfraquecendo a ditadura do dólar. Junto a um padrão manufatureiro e comercial intra-regional, um subsistema bancário-financeiro processa a reprodução ampliada dos excedentes de capitais privados. Portanto, esse movimento de difusão de padrão de produção e consumo é gerador de dinamismo econômico em inúmeros mercados nacionais – inclusive na periferia semi-industrializada.
Já não há a "ameaça" do comunismo. Mas poderá haver um colapso financeiro baseado na autofagia que move o centro da economia capitalista
No início dos anos 1960, os Estados Unidos tentam resolver os problemas resultantes dos déficits na balança de pagamentos e fiscal. Funcionavam na condição de emissores da moeda-reserva internacional; surgem os efeitos do avanço da concorrência dos países centrais. Começa o esgotamento do padrão industrial norte-americano e operam-se mudanças no complexo eletrônico, refletindo as inovações para o setor eletromecânico, fonte do vigor industrial no Japão e na Alemanha posteriormente (Canuto & Laplane, 1995).
A formação do mercado de eurodólares impulsiona a saída de bancos americanos, o que, de um lado escapa do controle de políticas econômicas, e de outro fortalece a produção e o comércio na Europa. Intensificam-se as pressões contra o dólar, desequilibra-se a balança de pagamentos, tendo os Estados Unidos praticamente fechado o mercado financeiro de Nova York a tomadores estrangeiros, controlando suas empresas internacionalizadas para limitar a exportação de capitais.
Apesar de sua força tecnológica em maquinaria pesada e agrícola, produtos primários, industriais e serviços, os Estados Unidos sofrem derrota comercial na exportação de manufaturados avançados para Alemanha e Japão. Em fins dos anos 1960, a crise norte-americana combina déficit fiscal – gastos militares, guerra do Vietnã (5) – e comercial, uma vez que "durante os anos 1950 e 1960 a balança comercial americana foi sistematicamente superavitária a despeito da posição deficitária do balanço global" (Belluzzo, 1995). Dito mais enfaticamente, desde a década de 60 a posição dos Estados Unidos continuou a desgastar-se em novas tecnologias e patentes, indústrias-chave, ativos financeiros e balanço de conta-corrente e no poder de compra internacional (Kennedy, 1993). Buscam então os Estados Unidos segurar a corrosão do dólar, através da sobrevalorização, o que naquele momento não detém a perda de competitividade da indústria norte-americana frente às européias e japonesas.
Localizando os “anos cruciais” das mudanças entre 1968-73, Arrighi afirma que os mercados de eurodólares e eurodivisas tiveram alta repentina, crescendo em seguida explosivamente por vinte anos. Naqueles seis anos abandonaram-se o dólar e o sistema de paridades fixas, em troca do sistema de taxas de câmbio flutuantes (Arrighi, 1996).
“Globalização” financeira e retomada norte-americana – um debate
No começo dos anos 1970, chegava ao fim o período denominado pelos franceses de “Trinta Anos Gloriosos”, ou de “Era de Ouro” do capitalismo pelos ingleses. De fato, a contraposição à União Soviética e ao “campo socialista”, o avanço das lutas proletárias e do sindicalismo, mobilizaram as elites burguesas em torno das receitas keynesianas. Entre 194573, cresceram significativamente o produto, a renda e o emprego nos países do centro capitalista.
A crise que por sua vez somou-se à reciclagem dos petrodólares (pós-alta vertiginosa dos preços do barril de petróleo), caracterizou-se por inflação, falência de corporações, aumento do déficit público, colapso do dólar, estagnação econômica relativa e desemprego; bem como pela emergência da restruturação tecnológica-produtiva ou III Revolução Industrial. Elas foram manifestações estruturais, oriundas do declínio da economia norte-americana, agravada pela emissão frenética de títulos públicos pelo Tesouro dos Estados Unidos, para cobrir o rombo agora presente em todas as contas. Os Estados Unidos detonam unilateralmente o padrão ouro-dólar e o sistema de paridades fixas já em 1971 (Chesnais, 1996). Formaliza-se a morte da peça fundamental de Bretton- Woods e com isto a desregulamentação dos mercados financeiros. A desregulamentação passou a ser necessidade da lucratividade obtida em fluxos de curto prazo, na medida em que as taxas flutuantes significavam também ter “proteção” de custos no setor privado. Como bem lembra Eatwell, no sistema BrettonWoods o risco cambial era suportado pelo setor público; com seu fim, o risco "foi privatizado" (Eatwell, 1996).
Em 1979, o Banco Central norte-americano eleva as taxas de juros, provocando desvalorizações sucessivas em todas as moedas internacionais. Fato que sucedeu a declaração de Paul Volcker, presidente do Banco Central, ao abandonar uma reunião do FMI: o dólar manteria sua situação de padrão internacional e que a hegemonia da moeda ia ser restaurada (Tavares, 1997). Seguem-se políticas deflacionistas e recessão mundial, acompanhadas de violento endividamento externo dos países dependentes. Sempre lançando mão de instrumentos de Estado (Banco Central e Tesouro), de 1981 a 1984, o governo Reagan recompõe o patrimônio bancário e os fundos de pensão, bombardeados pelas taxas de juros.
O grande desenvolvimento das chamadas inovações financeiras também deveu-se à absorção e cobertura do risco cambial, o que demandou outros instrumentos, fim das barreiras regulatórias e mesmo restruturação das instituições das finanças internacionais. Tendo como características centrais a mobilidade, liquidez e cobertura de risco – predominantemente de títulos financeiros negociáveis –, as “inovações” generalizam-se no centro do capitalismo. Crescem espantosamente os “derivativos” (para swaps [trocas no câmbio e/ou juros], opções [não obrigação de venda ou compra], e futuro [datas estipuladas]) (6). No caso dos Estados Unidos, é o próprio Banco Central que institucionaliza o apoio aos commercial papers, via linhas de crédito no sistema bancário, bancando o "principal instrumento de expansão financeira" de sua economia. Aparece ainda a fusão de funções em “corporações multifuncionais”, onde ocorrem definição, gestão e realização da riqueza “financeirizada” (Braga, 1993; Idem, 1997).
Para Braga, este é o padrão sistêmico de riqueza do capitalismo contemporâneo, que se inicia nos Estados Unidos a partir já de meados dos anos 1960, compreendendo: a) alterações monetário-financeiras no tripé moeda-crédito-patrimônio; b) gestão dos bancos centrais sobre liquidez e taxa de juros; c) surgimento de conglomerados produtivo-financeiros acoplados; internacionalização do regime de taxa de câmbios flexíveis e sua incidência restritiva sobre as finanças públicas; desregulamentação financeira da condução das políticas de globalização pela hegemonia dos Estados Unidos (Braga, 1997; Tavares & Melin, 1997).
Os episódios importantes acontecidos entre 1985-87, foram a desvalorização do dólar e a baixa da taxa de juros, por decisão conjunta dos Estados Unidos e o G7, com repercussões sérias em bancos japoneses – os maiores detentores de títulos da dívida pública norte-americana. Há desregulamentação do mercado financeiro de Tóquio, fortalecimento do iene, deslocamento de capitais e empresas para Estados Unidos, Ásia e Europa. Visando à moeda única, o Banco Central alemão coordena as políticas monetárias do Sistema Monetário Europeu, e em Londres, a desregulamentação provoca crises sucessivas até o crash em Nova Iorque, em 1987. Em 1989, os Estados Unidos rompem a coordenação pactuada, baixam novamente os juros e impulsionam a saída de fundos de pensão para Ásia e América Latina; salta a “globalização” de mercados de futuro e câmbio. Entre 1992-95, crises bancárias e cambiais passam ao Banco Central dos Estados Unidos a coordenação e monitoração da flutuação , do dólar frente às moedas principais, dando a este definitivamente posição dominante nos mercados financeiros globalizados (Tavares & Melin, idem) (7). No começo dos anos 1970 a “era de ouro” do capitalismo chega ao fim
Finda a bipolaridade mundial, segue o debate que constata terem os Estados Unidos se constituído em potência militar única e possuidor de gigantesco poderio financeiro. Mas, em 1993, Kennedy lembrava a dívida nacional dos Estados Unidos de quase 4 trilhões de dólares, e dizia que as dimensões econômicas são uma mistura de força e fraquezas (Kennedy, 1993). Segundo Chesnais, a “tríade” (Estados Unidos, Europa e Japão) é gerente da acumulação predominantemente financeira, o que não anularia o papel dos estados nacionais; mas a superioridade no domínio das finanças possibilita aos Estados Unidos (sua agências, alianças e seu Estado) impor a conclusão do processo de desregulamentação e liberalização comercial e financeira, de modo que não haja retrocesso na flexibilização salarial e trabalhista. O sistema estaria, por outro lado, marcado por fraca acumulação industrial, condições de emprego cada vez mais raras e profunda regressão social e política (Chesnais, 1997). De acordo com Braga, a perversidade da instabilidade contemporânea combina alta especulação financeira com crescimento mínimo, onde nem colapso nem desenvolvimento, denunciaria um padrão de riqueza econômica, social e historicamente limitado (Braga, 1997). Conceição Tavares e Melin (1997), argumentando amplamente, reafirmam a hegemonia norte-americana, mas enxergam nela precariedades e contradições: os Estados Unidos, se trocarem o papel de gestores hegemônicos da atual ordem internacional pelo centro do comando imperial (“em favor de estratégia imperialista ofensiva”), poderiam introduzir um forte elemento de instabilidade institucional na correlação de forças precárias, ainda que nitidamente definida que hoje lideram.
Duas questões
1. O capitalismo deste final do século transmutou-se num gigantesco cassino flutuante. Nele há identidades e diferenças com o ambiente que circundou a grande crise de 1929-33. De um lado, a assimetria polarizada pelos Estados Unidos, que novamente vivenciam um boom baseado num crescimento onde um terço de sua população investiu em fundos mútuos, está afogada em dívidas de consumo e empréstimos ao consumidor, calculando-se em 25% do consumo do atual crescimento por cartões de crédito. Com um PIB próximo aos 8 trilhões de dólares, o valor de mercado das Bolsas norte-americanas (sendo 5% os controladores de 95% das ações) corresponderia a 160% do produto bruto. Entre 1973 e 1995, os salários tiveram perda de 16%, recuperando apenas 3% em 1997 (entrevista de Doug Henwood, à Carta Capital, 13-05-1998). J. K. Galbraith fala em bolsões de miséria, principalmente nas grandes cidades, alertando para "séria desordem social" caso os Estados Unidos deixem de ajudar os pobres; é taxativo na existência de uma bolha especulativa no mercado financeiro norte-americano (oriunda também de fusões, aquisições, junk bonds), "e outras manifestações de insanidade financeira”; recorda o falatório sobre uma nova era, das vésperas de 1929. (Carta Capital, 10-06-1998).
Por outro lado, a economia mundial no período imediatamente anterior à Grande Depressão, não obstante taxas altas de desemprego em países da Europa (de 10% a 18% na Grã Bretanha, Alemanha, Suécia, Dinamarca e Noruega – nos Estados Unidos, 4%), havia identidade num ponto fundamental. Maurice Dobb (1978) descreve os anos de 1925 a 1929 como sendo de gigantesco auge do investimento mundial, ou grande boom de investimentos.
Hobsbawn (1995) também assinala os anos de boom da década de 1920 (1924-29), e que os preços e o boom desmoronaram em 1929. Uma situação, portanto, inteiramente distinta da que ocorre hoje nos países do G-7, e mesmo da OCDE, que nos anos 1990 não ultrapassaram medíocres 2% de taxas médias de crescimento (8); ou ainda que em todos os países do G-7, de 1961 a 1990, houve acentuado declínio do crescimento da produtividade global (relação entre Produto e pessoa empregada), com redução máxima no Japão e mínima nos Estados Unidos e Reino Unido, o mesmo na produtividade da indústria manufatureira de 1964 a 1992, no G-7 (9).
Assim, mesmo não havendo agora a “ameaça do comunismo”, não pode haver dúvidas sobre o desastre de um colapso financeiro baseado na autofagia especulativa que move a economia do centro imperialista. A falência de demanda, vigente em 1929-33 – diante de um quadro atual de estagnação econômica relativa, preços das principais commodities em queda e desemprego massivo generalizado simbolizaria apenas um leve infarto num jovem hígido.
2. Dois dos mais consistentes ideólogos do imperialismo norte-americano, o renomado economista Lester Thurow e o velho estrategista de Estado – também consultor de oligopólios Henry Kissinger, insistem há alguns anos na tese da “multipolaridade” mundial. Desconsiderando a “unipolaridade”, Thurow, em fundamentada análise, assevera que os Estados Unidos certamente possuem poder militar, mas que eles estariam completamente incapazes de utilizá-lo a menos que alguém os ameace diretamente, e isto ninguém faz; fala que o papel econômico dos Estados Unidos após a Segunda Guerra, fluiu por uma seqüência particular de eventos, que resultaram numa redução de sua participação de mais de 50% do PNB mundial no final dos anos 1960, para pouco menos de 25% hoje, aduzindo serem eles o segundo mercado do mundo, atrás do Mercado Comum Europeu. Para Kissinger, o novo sistema internacional irá em direção ao equilíbrio até na área militar, mesmo que leve algumas décadas, tendências estas ainda mais pronunciadas na economia, onde a predominância americana já está em declínio; a fragmentação atual abrigaria um sistema de no mínimo seis grandes potências: Estados Unidos, Europa, China, Japão, Rússia e, provavelmente, Índia (Thurow, 1997; Kissinger, 1997).
Penso que são sobre a base destas visões estratégicas que devemos compreender o terremoto que varre a região asiática. Prestes a completar um ano – e antecedendo à aparente irreversibilidade do “Euro” –, o que se convencionou chamar de “pólo asiático”, sob a liderança do Japão, está sendo desmontado. Trata-se de ingenuidade política imaginar ali apenas fenômenos de ordem econômica. Esses fundamentalmente explicados pelo endividamento gigantesco dos “tigres” (principalmente Coréia do Sul, Tailândia, Indonésia e Malásia) e transformados em poderosas plataformas exportadoras, impulsionadas pelo Estado, destacadamente para Estados Unidos, Europa e América Latina. Mas a constatação de que a fragilidade possibilitou ataques especulativos maciços, inicialmente contra o baht tailandês, o ringgitt malaio e a rupia indonésia, não articulava na análise a estagnação japonesa de quase 8 anos, e os desdobramentos econômicos – mas de claro sentido geopolítico – subsequentes. Com efeito, o FMI hoje já controla a política econômica da Coréia do Sul, da Tailândia e da Indonésia. Gigantes norte-americanas do setor automobilístico já anunciaram compra de um grande volume de ações da Kia Motors, Samsung, e Daewoo coreanas, por exemplo.
Por outro lado, às seguidas desvalorizações do iene japonês, mesmo fortalecendo suas exportações e empresas na Ásia (calcula-se entre 500 a 800 bilhões de dólares de dívidas não-pagas de curto prazo do sudeste ao Japão) e nos Estados Unidos, iniciou-se também no Japão o processo de desregulamentação comercial-industrial, desejada com volúpia pelo neoliberalismo norte-americano. A
recente crise japonesa de junho de 98, além de dar prosseguimento a esse processo, poderá ser ingrediente explosivo na relação com o Tesouro dos Estados Unidos e Wall Street, e com os circuitos da desregulamentação financeira “globalizada”.
Assim, deve ficar claro que também o surgimento da moeda única européia, datada para ano que vem, força um certo jogo de “roleta russa” na relação Estados Unidos e Japão (o temido resgate dos títulos públicos norte-americanos). Exige também uma definição dos países da América Latina – especialmente do Brasil – a propósito de uma peça geopolítica dos Estados Unidos: a Alca.
* A. Sérgio Barroso é membro da executiva nacional da CUT.
Notas
(1) No importante estudo O processo de industrialização: do capitalismo originário ao atrasado, Carlos Alonso Barbosa de Oliveira considera ocorrer a “segunda onda” industrializante – Japão, Rússia e Itália – entre 1870 e 1890.
(2) O especialista em guerra e pilhagem imperialista H. Kissinger é claro:
"Jefferson definiu as Guerras Napoleônicas como uma disputa entre o tirano da terra (a França) e o tirano do mar (a Inglaterra) – em outras palavras, as partes na contenda eram moralmente equivalentes". Ver Diplomacia, p. 26.
(3) L. Thurov calcula em 2% do PNB dos Estados Unidos na época, equivalente a 140 bilhões de dólares/ano hoje.
(4) Ver especialmente TEIXEIRA, A. Internacionalização do capital e hegemonia norte-americana, cap. III, op. cit.; FIORI, J., partes 3 e 4, op. cit.; POCHMANN, M. Trabalho e pauperização no capitalismo: passado e presente, cap. I; e MATTOSO, J. Segunda revolução industrial e padrão de desenvolvimento, cap. 1. (5) De outra parte, e num panorama sobre a corrida armamentista, informa L. Fernandes que "o comércio mundial de armas como um todo registrou uma grande expansão dos anos 1960 para os anos 1980 (…) Até o final dos anos 1970, os Estados Unidos ainda mantinham a posição de maior vendedor de armas do mundo. A participação soviética nesse comércio passou de 19% em 1969, para 28% em 1972, 32% em 1976, e 34% em 1978"; In: URSS – ascensão e queda: a economia política das relações da União Soviética com o mundo capitalista, p. 173, São Paulo, 1991, Anita Garibaldi.
(6) Segundo M. Baer, "o mercado de opções e futuros de taxas de juros saltou de um valor de 583 bilhões de dólares em 1986 para 3.518 bilhões em 1991 (em termos mundiais) e os swaps de juros passaram de 400 bilhões de dólares para 2.750 bilhões, no mesmo período"; ver: “Os desafios à reorganização de um padrão monetário internacional”, Campinas, Economia e Sociedade, IE/UNICAMP, 6/96. E Braga informa, por outro lado, que no começo dos anos 1990, na economia japonesa existia entre ativos financeiros mais propriedades imobiliárias, o equivalente a 35 trilhões de dólares, enquanto seu PNB somava 3 trilhões – títulos e ações correspondiam a 21 trilhões de dólares (BRAGA, J., 1993).
(7) Não só. No início dos anos 1990, os Estados Unidos redirecionaram sua política industrial-tecnológica, partindo de seu complexo industrial-militar. Questão ainda em evolução, medidas estratégicas tomadas já no primeiro governo Clinton conteriam:
"Melhoria das medidas fiscais em favor de Pesquisa e Desenvolvimento; investimento em infra-estrutura tecnológica; promoção de tecnologias avançadas de produção; assistência ao desenvolvimento de uma outra geração de automóveis; melhoria das tecnologias de educação e formação; investimento na economia de energia". Ver o consistente artigo de Fábio Erber e José Cassiolato, “Política Industrial: teoria e prática no Brasil e na OCDE”, Revista de Economia Política, n° 17, 05-06-1997.
(8) Conforme a OCDE, entre 1992 e 1995, a média anual do crescimento do PNB foi de 0,7% no Japão, de 1,1% na Alemanha, e de 3,2% nos Estados Unidos; ver: “A crise japonesa”, de E. Filho, In Poder e dinheiro, op. cit.
(9) John Eatwell, com base em dados da OCDE, assinala a queda do crescimento da produtividade na indústria manufatureira da Alemanha de 4 para 2,9; nos Estados Unidos de 3,1 para 2,8; e no Japão de 9,6 para 5,7 (período de 1964-1975 e 1983-1992), in Desemprego tem escala mundial, p. 28, op. Cit.
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