Ciência, aquele obscuro objeto de pensamento e uso
Permitam-me começar por um exemplo de utilização da ciência pela sociedade, de certo modo extremo e mesmo caricatural. A ciência particular neste caso é a Economia, e ao lidar com este exemplo não consideraremos a questão de saber se a Economia é uma ciência comparável com a Física, a Química, a Astronomia, a Biologia e outras ciências naturais. É fato que a ciência, atualmente, é um conceito bastante extenso e admite uma variedade de fundamentos epistêmicos. Em seus propósitos; todas as ciências na medida em que têm a pretensão de ser "Ciência" (e nelas incluo as ciências sociais tanto quanto as ciências da natureza e as ciências formais como a matemática) partilham muitas características comuns.
Sua essência profunda ou seu núcleo duro é o conhecimento, que é algo que devemos aceitar como verdadeiro – mesmo se somente relativamente verdadeiro – mas que, ao mesmo tempo, podemos entender e aceitar como verdade com nossas mentes livres. Tendo afirmado isto, penso que já estabeleci – embora ainda não explicitamente – o problema fundamental que está na raiz da pergunta que estamos a debater: "A ciência falhou na sociedade?". (1)
Voltemos agora ao exemplo particular. Nos anos que seguiram o golpe de estado no Chile, em 1973, o ditador-presidente, general Augusto Pinochet, contratou o time de proeminentes economistas da linha das concepções de Milton Friedman (os quais ficaram conhecidos como 'Chicago boys') e ofereceu-lhes a economia e a sociedade chilenas como um campo no qual poderiam experimentar suas teorias. De modo a liberá-los de obstáculos a estas aplicações (obstáculos de natureza política e social), Pinochet garantiu estabilidade política e social durante 17 anos ao custo de repressão, terror político e crimes contra o gênero humano. (2) Neste caso seguramente a ciência, ou pelo menos a ciência econômica, falhou na sociedade.
Contudo, a maioria dos cientistas negaria que esse é um bom exemplo argumentando que não se testou ainda a ciência, nem mesmo a Economia, mas um determinado modelo teórico de uma disciplina particular em condições muito peculiares. Não existiriam coisas semelhantes ocorrendo com a Física ou mesmo com a Biologia. Mas, estamos tão seguros disto? É suficiente relembrar os experimentos criminosos dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (por exemplo em prisioneiros no campo de concentração Struthof na Alsácia ocupada), ou ainda ponderar sobre as muitas possibilidades que surgem dos avanços atuais na Física e na Química e acima de tudo na Biologia, com transplantes de órgãos e as transformações genéticas.
Atitudes e performances explicitamente criminosas não são os únicos usos indevidos da ciência. Como elas são casos extremos, mostram melhor e mais imediatamente a que conseqüências desastrosas a eficiência do conhecimento científico pode levar, seja na ausência de preocupações éticas e humanas, seja quando escolhas políticas e ideológicas cegas são impostas a uma inadequadamente denominada 'ciência' que, em verdade, só é adequada para apoiar aquelas escolhas.
Voltemos agora, para finalizar, ao exemplo tomado da economia. O Fundo Monetário Internacional quando empresta dinheiro aos países do Terceiro Mundo requer como contrapartida dos governos assistidos decisões econômicas que são consideradas como o único caminho para resolver seus problemas, isto é, implicitamente, a solução científica do ponto de vista da ciência econômica aplicada à sociedade. Esta ciência, diga-se de passagem, é anunciada como a verdade obrigatória mas, ao mesmo tempo, é esquecida a outra exigência de uma afirmação científica à qual já havia aludido: que ela deve ser também compreendida e admitida como verdade por mentes livres.
Pois para compreender a economia aplicada as pessoas não podem separá-la – e de fato não a separam – da vida política e social, porque elas têm a intuição vital e quase inata de que não existem razões pelas quais a economia deva estar acima dessas outras dimensões das quais as pessoas têm ao menos alguma experiência. A conseqüência da crise econômica asiática confirmou recentemente de modo espetacular que essa intuição é bem fundamentada. Começa a haver uma concordância geral de que soluções monetárias ou puramente econômicas levam às catástrofes. O próprio Henry Kissinger, antigo Secretário de Estado do governo dos EUA, recentemente reconheceu este fato. (3)
Mas, ele também reconheceu a responsabilidade decisiva que 'assumiu no estabelecimento de ditaduras de extrema direita na América Latina, e, em especial, no – digamos – patrocínio dos 'Chicago boys' no Chile? (4) Pelo menos disso não fez sequer menção.
Outro fato recente interessante é que, pela primeira vez desde muitos anos, o Prêmio Nobel de Economia foi dado, em 1998, para Amartya Sen, considerado por muito tempo como heterodoxo com respeito aos padrões usuais da disciplina. (5) Na concepção deste economista a ciência da Economia não está separada de outras dimensões, tais como condições humanas, considerações éticas e pensamento filosófico. A fome, tanto quanto crescimento econômico, as escolhas coletivas e a teoria da justiça são dignos de consideração do ponto de vista econômico (6); e o argumento de que a fome está relacionada não com situações de carência de alimentos mas sim com situações de repartição de renda altamente desiguais, não é uma afirmativa ideológica, mas uma demonstração científica.
Falando de modo mais geral, a Ciência não está acima de todo o resto, mesmo que seja "o mais exitoso empreendimento intelectual humano na história registrada", como afirma o argumento de nosso Forum desta noite. Ao mesmo tempo este argumento prossegue perguntando se, talvez, uma das razões de nossos problemas com a ciência e a sociedade não decorra de que "nossos sistemas tradicionais de crença foram destruídos". Mas não estou seguro de que tais sistemas ajudariam a impedir os maus usos da ciência, na medida em que foram os responsáveis no passado por uma quantidade de distúrbios e dificuldades até piores que os presentes. Eu preferiria dizer que nós devemos (quero dizer a sociedade, isto é, nós mesmos na sociedade) entender melhor o que a ciência é e quais são os objetivos da sociedade. Isto não seria crença, mas consciência. A primeira questão, o que é a ciência?, refere-se a uma reflexão epistemológica; a segunda a uma questão axiológica (sobre valores, éticos e metafísicos). E, como corolário, podemos nos perguntar, como cientistas, intelectuais e cidadãos, onde e quando a sociedade (isto é, nós mesmos, em nossas organizações políticas, sociais e acadêmicas) debate tais questões?
A sociedade preocupa-se com a formação de cientistas e técnicos: ela organiza instituições acadêmicas e científicas com este propósito. Mas, ao mesmo tempo, existe alguma preocupação – fundamental e regular – da sociedade e destas instituições no sentido de se ter uma visão intelectual completamente responsável e crítica sobre o que a ciência é, bem como no sentido de se confrontar esta ciência e suas várias dimensões com os valores que nossa sociedade tem escolhido (tais como, por exemplo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos)? (7)
Geralmente tais questões são consideradas como estranhas à competência dos cientistas e dos leigos, e quando incidentalmente alguma resposta específica é necessária, busca-se uma resposta juntos aos peritos ("experts"). Mas para tais questões não existe nenhum "perito", nenhum especialista, porque elas não pertencem a uma determinada região circunscrita do conhecimento, mas são parte inerente das dimensões da ciência e deveriam ser pensadas quando se obtém uma formação em ciências, e deveriam também estar presentes na informação e nos debates da vida política de uma sociedade composta por cidadãos livres.
Ciência e Tecnologia não estão separadas, e uma importante característica da ciência contemporânea, diferentemente das concepções dos antigos e da ciência clássica até o século XVIII, é sua forte e essencial ligação com aplicações e com tecnologia, embora sejam claramente distintas. Esta relação constitutiva emergiu no curso do desenvolvimento da ciência, através de transformações e mutações nos objetos, propósitos e práticas da ciência, o que ocorreu dentro dos contextos das transformações sociais e culturais desde o Renascimento europeu até os tempos modernos e presentes.
Tem-se, por vezes, atribuído esta transformação ao poder das idéias, tornando-se Francis Bacon e René Descartes como os precursores das novas concepções e, eventualmente, condenando-os por isto. (8) Essa seria uma visão idealista porque mudanças de larga escala nas civilizações e nas sociedades não podem obviamente ser atribuídas a poucas atitudes ou obras intelectuais notáveis. Ao contrário, atitudes e obras intelectuais são reflexos no mundo das idéias dessas mudanças materiais e culturais, do mesmo modo que implicam mudanças nas mentes. E não deveríamos nos esquecer, de modo algum, que esses filósofos e intelectuais (poderíamos também incluir os pensadores do século XVIII) não foram somente proponentes do domínio do homem sobre a natureza, mas, também e acima de tudo (isto sendo bem verdade pelo menos para Descartes e a maioria dos filósofos do Iluminismo), defensores da liberdade de pensamento e da universalidade da capacidade dos homens em entender a natureza e a si mesmos.
Este duplo argumento da razão e da ciência nos tempos modernos está exatamente no coração de nossa reflexão sobre a ciência e a sociedade. Longe de condenar a razão e a ciência, deveríamos prestar uma atenção ampliada em sua capacidade de compreender, construir e criticar. Pode bem ser que, depois de um período de triunfalismo positivista e visão exageradamente otimista sobre a possibilidade de conquistas sociais, tecnológicas e científicas, a função crítica e o modo de pensamento da razão e da ciência deveriam tornar-se agora de uso mais amplo. Pois hoje podemos avaliar melhor os perigos do caminho que estamos coletivamente percorrendo. Nosso tempo necessita, de fato, de mais ciência, e não de menos ciência, do mesmo modo que ele necessita de uma compreensão mais profunda da ciência e um conhecimento mais amplo de seus possíveis efeitos sobre as transformações do mundo bem como sobre as transformações do homem. E ele necessita mais que nunca integrar este conhecimento e compreensão ao sistema de valores éticos e morais que foi coletivamente escolhido, e que continuamos coletivamente a escolher com dificuldades mas com determinação (ao menos esperamos que seja assim). Isto pode ser deste modo porque a ciência é, antes de tudo, compreensão e conhecimento, que é em si mesma um valor, como a arte e seus objetivos de expressar significações (que eu chamaria transcendentes, no sentido de uma superação).
A despeito de sua indissolúvel ligação com a possibilidade de aplicações e tecnologias, a ciência mantém ainda como sua própria natureza e núcleo profundo a busca do conhecimento, isto é, de uma representação simbólica coerente (ou de um conjunto de tais representações), o que lhe assegura, mesmo que de modo provisório, uma visão inteligível de mundo. Este conhecimento, fruto do uso da razão, é não somente assegurado e adquirido, mas uma busca que não tem fim. Muito freqüentemente, nos tempos contemporâneos, este caráter primordial e essencial da ciência, isto é, conhecimento e pesquisa vivos, que se referem em última instância à atividade livre da mente humana, é ocultado pelas conseqüências úteis e práticas do corpo de conhecimentos coletados da atividade científica.
É seguro que se alguém (a sociedade, por exemplo) der primazia aos aspectos úteis da atividade científica, em detrimento de suas aquisições intelectuais, não mais teríamos Ciência, nem qualquer perspectiva de progresso real na nossa compreensão do mundo. Sobreviveríamos num estado de consumidores de tecnologia, e os produtores desta tecnologia iriam eles mesmo rapidamente encontrar limites na obtenção de melhorias previsíveis em nosso estado de conhecimento. Pois, sendo concebida na mente do homem frente ao mundo, o conhecimento científico é criação, isto é, invenção, imprevisível a longo prazo. É somente graças a esse caráter criativo e imprevisível que a ciência abriu tantos caminhos no campo do conhecimento e progrediu tanto, objetivando uma representação global coerente e inteligível e sob alguns aspectos obtendo êxitos em tais propósitos. Dificilmente posso pensar em um tipo diferente de processo para o futuro do conhecimento.
Contudo, não podemos ignorar que hoje a ciência, fundada no seu próprio caráter primordial e constitutivo, contém em si mesma a capacidade potencial ou virtual da tecnologia e do poder da tecnologia. E que este poder é efetivo dentro de um sistema econômico cujo motor é a produção, relacionada com o lucro e com a competição do mercado.
Pensando sobre a ciência e produzindo reflexões sobre ela devemos considerá-la através de todas estas dimensões, pois essa é sua realidade. Isto traz à tona a necessidade do ensino e da divulgação dos aspectos históricos e epistemológicos da ciência, simultaneamente ao ensino e à divulgação das ciências particulares. E também a necessidade de uma formação que não seja puramente científica ou técnica, mas que abra espaço para os elementos culturais que permitam a todos não deixar seu senso ético e humano ser atrofiado pela urgência, pela eficiência e pela pressão social.
* Michel Paty é diretor de pesquisa no Centre National de Ia Recherche Scientifique (CNRS) e Université Paris 7-
Denis Diderot, Paris, físico, filósofo e historiador da ciência. É autor dos livros La matiere dérobée (Paris 1988 – A matéria roubada, EDUSP, 1995), Einstein philosophe (Presses Universitaires de France, 1993), Einstein les quanta et le réel (a aparecer), e de dois livros de divulgação sobre Einstein e sobre d'Alembert (Les Belles Letfres, Paris, 1997 e 1998).
Este texto é uma contribuição ao Forum: Has Science Failed Society?, National Science Week, Dublin Institute Df Technology, Dublin/Irlanda, 5 de Novembro, 1998. (9) Tradução do original em inglês ('Science, that obscure object of thought and use') para o português por Olival Freire Jr, com revisão de Sylvia G. Garcia
Notas
(1) O argumento a ser discutido no Forum, em 5 de novembro de 1998, colocava a questão: "Has science failed society? É sugerido que a ciência falhou na sociedade fornecendo-nos ferramentas que somos incapazes de usar responsavelmente porque nossos sistemas tradicionais de crença foram simultaneamente destruídos. Contudo, a ciência foi a mais bem sucedida atividade humana na história registrada. A sociedade falha deixando de dar o respeito adequado aos cientistas, a menos que eles se engajem em esforços visando o crescimento material ou militar. O planeta enfrenta a destruição oriunda de duas alianças: Ciência, tecnologia e lucro; Ciência, tecnologia e ideologia extremada ".
(2) Ver o relato da Comissão "Verdade e conciliação ", designada pelo Presidente chileno Patricio Alwyn, em 9 de maio de 1990, e concluída 10 violações dos direitos humanos perpetradas no país entre 11 de setembro de 1973 e 11 de março de 1990". Ver também as investigações subseqüentes da Corporação de reparação e conciliação que sucedeu aquela comissão, que divulgou suas conclusões em 1996. Cf. artigo de Jean-Claude Buhrer em Le Monde, 14 nov., 1998, p.5 ("Le document qui accuse la dictature").
(3) Henry Kissinger; "Le FMI fait plus de mal que de bien ", Le Monde, 15 outubro, 1998, pp. 1, 17.
(4) Isto, que era sabido,foi recentemente estabelecido oficialmente desde a abertura, em outubro último dos arquivos oficiais do governo dos EUA. A publicação dos documentos pela Internet (http:// www.seas.gwu.edu/nsarchive) pelo National Security Archive, uma associação não-governamental criada em 1985 por jornalistas independentes, evidencia a forte responsabilidade do Presidente Richard Nixon, do Secretário de Estado Henry Kissinger e da Central Intelligence Agency na desestabilização do governo chileno do Presidente Salvador Allende e na tomada do poder por Pinochet.
(5) Amartya Sen, "o economista da pobreza", é um cidadão indiano, atualmente professor de Economia do Trinity College, Cambridge (Reino Unido), autor de livros fundamentais como Collective choices and social welfare. 1970; On economic inequality. r ed., 1973 (Veja a recente edição do mesmo título, aumentada com um anexo sllstancial por James E. Fosrer & .-marrya Sen. "On economic inequal after a century", Oxford University Press, Oxford, 1997; Oxford lndia Paperbacks, Delhi, 1998); Poverty and Famines. An essay on Entitlement and Deprivation, Oxford University Press, Oxford, 1981 (também, Oxford India Paperbacks, Delhi, 1999); Inequality reexamined, Oxford University Press, Oxford, 1992 (também, Oxford India Paperbacks, Delhi, 1995; 3" impressão, 1998); Ethics and Economy, 1992. E, em colaboração, Jean Dreze & Amartya Sen, Hunger and public action, Oxford University Press, Oxford, 1989 (Oxford India Paperbacks, Delhi, 1993; 4th impression, 1999). Amartya Sen contribuiu recentemente para o World Report on Culture: culture, creativity and markets, UNESCO Editions, Paris, 1998: ver A.Sen, "Valeurs asiatiques et croissance économique", Le Monde, 27 outubro 1998, suplt., p. Vi.
(6) Estes estão entre os temas que Amartya Sen tem estudado. Ver Le Monde, 16 outubro 1998, p. 4; Christian Schmidt, "Oui, l'économie demeure une science sociale ", Le Monde, 27 outubro 1998, suplt., p. vi; Marc Fleurbaey, Nicolas Gravei, Jean-François Laslier, Philippe Mongin & Alain Trannoy, "Le Nobel à Amartya Sen, une consecration pour I'économie normative ", Le Monde, 3 nov., 1998.
(7) A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada em 10 de Dezembro de 1948 por quase todas as nações na ONU. Uma simpática edição popular em sete línguas foi publicada por ocasião do seu quadragésimo aniversário pela Amnesty International Belgique Francophone com ilustrações por Folon: Déclaration universelle des droits de l'homme, Folio, Bruxelles, 1988. Sobre a questão de um direito comum da humanidade, ver por exemplo Mireille Delmas-Marty, Vers un droit commun de l'humanité. entretien avec PhilippePetit, Textuel, Paris, 1996. Cerca de 150 nações membros adotaram em 18 de Julho de 1998, em uma conferência em Roma, uma resolução no rumo da criação de uma Corte Internacional de Justiça. (8) Como Pierre Thuillier fez em seu, aliás muito penetrante, livro, La grande implosion, Seuil, Paris, 1995. Esta ficção política analisa as razões de por que nossa civilização pode implodir; como seu subtítulo mostra:
"Report on the collapse of the West, 1999-2002 ". Infelizmente (e significativamente) este livro passou largamente despercebido. Pierre Thuilllier morreu subitamente em setembro último.
(9) Participantes da Mesa do Forum:
Brendan Goldsmith (Professor de Matemática e Presidente do Dublin Institute of Technology) como Presidente, Leo Enright (Jornalista da BBC, com especial interesse na exploração espacial), John Gormley (Deputado do Partido Verde no parlamento irlandês), Michel Paty (Diretor de pesquisa no CNRS e Université Paris 7 – Denis Diderot), Denis Weaire (Professor no Trinity College, Dublin, e Presidente da Sociedade Européia de Física).
EDIÇÃO 52, FEV/MAR/ABR, 1999, PÁGINAS 70, 71, 72, 73, 74, 75