A convite do professor Hermano Tavares, Reitor da Universidade de Campinas (Unicamp), João Amazonas – presidente nacional do Partido Comunista do Brasil – esteve visitando aquela instituição no dia 23 de abril último. Amazonas participou, inicialmente, de um café da manhã em que estiveram presentes, também, o deputado estadual Jamil Murad, os presidentes estadual e municipal do PCdoB, o vereador do PCdoB de Campinas, Sérgio Benassi, Fernando Pupo (secretário de planejamento da Prefeitura do Município de Americana), a professora Helena de Freitas (presidenta da ANFOPE), o diretor da Faculdade de Educação Luís Carlos Freitas, dentre outros.

Na oportunidade, Amazonas colocou a necessidade da Universidade debater uma questão extremamente importante para a comunidade acadêmica e também para a sociedade: o Brasil está prestes a comemorar seus 500 anos e a sua Universidade tem apenas 70 anos. É necessário, pois, avaliar qual foi a contribuição da Universidade brasileira no processo histórico do país e qual seu papel futuro – em que parece prevalecer, em certo sentido, uma visão única de mundo político, econômico, social e cultural; e, ainda, como a Universidade brasileira vai debater a fundo a questão da ciência do ponto de vista de um projeto nacional. O professor Hermano Tavares, em concordância com Amazonas, reafirmou de fato estar na hora de a Universidade se envolver de forma mais efetiva neste debate e passar em revista o tema de qual Universidade o Brasil precisa hoje. Destacou também que o processo de desmonte do Estado brasileiro e os cortes promovidos pela atual política econômica estão inviabilizando o atendimento à população, particularmente na área de saúde, a exemplo do Hospital das Clínicas da Unicamp, que é o maior da região.

Amazonas e Tavares discutiram também a necessidade da Unicamp realizar esforços visando contribuir na solução dos problemas que envolvem as Ossadas de Perus e da Guerrilha do Araguaia, onde podem estar presentes inúmeros lutadores do povo e que foram assassinados no período da ditadura militar.

No momento seguinte, João Amazonas visitou o Arquivo Edgard Leuenroth que possui um dos mais completos acervos do movimento operário e comunista da América Latina. Foi recebido pelo diretor e funcionários do Arquivo que, emocionados, tiveram a oportunidade de conversar com o veterano militante comunista. O Manifesto Comunista editado em 1923, materiais sobre a manifestação do Largo da Concórdia e até um jogo de xadrez com peças de argila construído por Pedro Pomar na prisão, foram alguns dos materiais mostrados aos visitantes. Além de fazer a doação de seu novo livro e de diversos materiais do Partido, Amazonas gravou um depoimento que ficará à disposição da comunidade científica no Arquivo Edgard Leuenroth.

A seguir, o dirigente comunista esteve reunido com professores para uma conversa informal em que se debateu a situação política e econômica atual do país. Estavam presentes os professores Paulo Micelli (diretor do Instituto de Filosofia, Ciências e História), Geraldo Giovanni (diretor da Faculdade de Economia), Wilson Cano (diretor do Cesit), Armando Boito (diretor do Centro de Estudos Marxistas) e Márcio Porchmann.

A visita permitiu melhorar os contatos do Partido Comunista com setores da intelectualidade e abriu novas perspectivas para o estreitamento de laços com importantes segmentos de opinião na sociedade brasileira.

EDIÇÃO 54, AGO/SET/OUT, 1999, PÁGINAS 78