A trajetória de luta e coerência teórica do Partido Comunista do Brasil é, mais uma vez, reafirmada por esta coletânea de documentos partidários lançada pela Editora Anita Garibaldi.
Em 1922, um punhado de dirigentes operários e populares fundou aquele que se tornou o partido político de vida mais longa em nosso país, o Partido Comunista do Brasil. Ao nascer, já trazia a marca do programa revolucionário, da recusa à harmonia e colaboração entre o capital e o trabalho, e da compreensão de que esta contradição será superada em uma sociedade avançada.

Sua história tem sido tumultuada, com fortes ataques da repressão e de ditaduras das elites que muitas vezes anunciaram seu fim, e ameaças liquidacionistas advindas das próprias fileiras. Mas sempre encontrou novas forças para combater tais obstáculos, para se reorganizar e seguir sua missão histórica.

Depois das mudanças explicitadas no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) e na própria URSS, a partir de 1956, o núcleo revisionista local, dirigido por Luis Carlos Prestes, rompeu a legalidade partidária, impôs um programa reformista, o abandono do marxismo-leninismo e da luta de classes – criando, assim, outro partido, com outro nome. A ação do núcleo revolucionário do Partido foi imediata. A reorganização – consumada em fevereiro de 1962 – acontecia, assim, como uma imposição da luta de classes e da defesa do programa revolucionário abandonado pelos revi sionistas contemporâneos.

A partir desses acontecimentos, abriu-se uma nova etapa na vida partidária – cujos principais documentos estão transcritos no livro Em defesa dos trabalhadores e do povo brasileiro.
Após a fase de reorganização, o Partido lutou contra o regime militar de 1964, convocando a união contra a ditadura e o imperialismo; dirigiu a resistência armada do Araguaia; fundamentou a crítica contra as variantes do revisionismo no Brasil e no mundo; após a conquista do fim da ditadura militar, influiu nos rumos da transição democrática e na Constituinte de 1987/88.

No período da crise da ex-URSS e Leste europeu, que consolidou o retorno daqueles países ao capitalismo, atualizou a elaboração teórica defendendo o marxismo-leninismo, a revolução proletária e elaborando um projeto socialista – expresso no Programa Socialista – que reflete a assimilação da realidade brasileira.

O PC do Brasil deu, na década de 1990, grande contribuição para a luta teórica e prática contra o neoliberalismo e seus representantes tupiniquins. A par desse combate tem se destacado na luta pela unidade dos democratas, progressistas e nacionalistas pela construção de um novo rumo de desenvolvimento para o país, baseado na autonomia do povo brasileiro e na soberania de nossa pátria.
Desde a reconquista da legalidade, a partir de 1985 – o maior período legal de sua história de quase oito décadas -, cresceu e se fortaleceu orgânica e teoricamente, firmando-se em todo o país.
Os 25 textos reunidos nesta obra histórica têm um grande mérito: ao registrar a ação das últimas quatro décadas do Partido Comunista do Brasil, mostram a continuidade da tradição revolucionária iniciada com a sua fundação em 1922 e reafirmada em 1962.

O livro Em defesa dos trabalhadores e do povo brasileiro apresenta documentos, muitos deles inéditos para os estudiosos e, em parte, para a própria militância comunista, que acompanham quatro décadas de luta política e teórica e expressam as marcantes mudanças no cenário internacional, na vida do país e de seu povo – em especial, a dos trabalhadores e sua vanguarda.

Comissão Editorial

EDIÇÃO 59, NOV/DEZ/JAN, 2000-2001, PÁGINAS 81