A crise na Ásia e o conflito no Afeganistão: a questão do terrorismo
Os termos "terrorismo" e "terrorista" vêm sendo fartamente utilizados pelos meios de comunicação de massa, depois das ações ocorridas em 11 de setembro. Cabe aqui um breve histórico sobre o conceito de "terror" e seus desdobramentos.
PODE-SE classificar, grosso modo, em quatro tipos as ações ditas "terroristas", e diversos são os exemplos com o desenrolar da história: o terror religioso e fundamentalista (no caso de muçulmanos, cristãos e judeus extremistas que muitas vezes fazem de seu corpo uma arma de guerra); o do tipo mercenário (os que se movem por dinheiro. Essa gente tem até uma revista em nível mundial, denominada Soldiers of Fortune e agiu muito em território africano nas décadas de 60 e 70 do século passado); o nacionalista (como o Exército Republicano Irlandês; e o ETA, no país Basco); e, por fim, os ideológicos – sejam eles de esquerda ou de direita (o caso das milícias norte-americanas, das quais era membro Timofhy McVeigh, na ação em Oklahoma). (1)
Os termos passam a ser mais largamente empregados na história a partir de 1793, na França de Robespierre. Até o inventor da guilhotina, Guillotan, teve sua cabeça cortada por esse instrumento no período denominado de "terror". Muito repercutiu, no final do século XIX, o caso do assassinato do Czar da Rússia Alexandre II, em 1891, por uma organização revolucionária, da qual o irmão de Lênin participava, autodenominada Vontade do Povo. Os livros de história geral dão como certo o assassinato do Arquiduque Francisco Ferdinando – perpetrado pelo estudante integrante do grupo Mão Negra, de origem servia -, como o estopim para o início da I Guerra Mundial.
É emblemático o "choro" coletivo acerca das vítimas norte-americanas do dia 11 de setembro, e não há aqui nenhum motivo para justificar ou compreender as atitudes de quem destruiu as torres – ações e métodos, esses, condenáveis. Mas, um conjunto de perguntas deve, e precisa, vir à tona, sob pena de ampliar-se ainda mais o pensamento único, a versão única dos fatos e a hegemonia dos Estados Unidos em plano mundial.
Assim, pergunta-se quem chorou pelo ataque, com apoio norte-americano, no mesmo dia 11 de setembro, há 28 anos, ao Palácio La Moneda onde perdeu a vida o presidente socialista Salvador Allende? E, ainda, tal ataque teria sido "democrático"? Quem chorou, há nove anos, entre os dias 16 e 19 de setembro, quando as falanges cristãs estupraram e mataram mais de 3 mil palestinos, mulheres, crianças e idosos, do acampamento de Sabra e Chatila no Sul do Líbano? Por acaso esse massacre não contou com o apoio integral de Israel e dos Estados Unidos? O que foi esse ato – terrorismo ou ato de guerra? Ao todo, no período em que Israel ocupou o sul do Líbano, as organizações humanitárias contabilizam mais de 20 mil mortes. Agora mesmo, durante os ataques norte-americanos ao Afeganistão, quem chora pelas mortes dos palestinos massacrados pelos tanques israelenses na Cisjordânia e em Gaza? Quem chorou pelos milhares de iraquianos civis mortos na Guerra do Golfo (decorrente do boicote econômico norte-americano em dez anos)? E os 150 mil afegãos mortos em suas diversas guerras; os 200 mil iranianos bombardeados em oito anos de guerra entre vizinhos; os 200 mil guatemaltecos – indígenas, em sua grande maioria -, mortos em genocídios perpetrados com armas e orientação norte-americanas? E os vietnamitas?
A mídia, em uniforme de campanha, fala e martela o tempo todo sobre o "maior atentado terrorista da história". Qual história? O que se pode dizer do bombardeio da cidade alemã Dresden, 16 dias após à rendição alemã, onde morreram 225 mil pessoas, em dois ataques com intervalo de 34 minutos? Foi ou não um ato terrorista dos norte-americanos (2)? E as 150 mil pessoas mortas em ataques com bombas atômicas, em agosto de 1945, nas cidades japonesas Hiroshima e Nagasaki? Essas ações foram de guerra, ou um terrorismo de Estado? Como esquecer 800 mil ruandenses massacrados em 94 com apoio norte-americano? Sem falar do ditador Idi Amin Dada, de Uganda, que, literalmente, comia o seu povo? Como bem o mencionou o professor Cristóvão Buarque, "os que fizeram o ataque aos prédios norte-americanos têm nome e têm rosto. Mas quem mata as crianças que morrem de fome todos os dias no mundo?". (3)
Os EUA que hoje choram e clamam por vingança são os mesmos que sustentaram a ditadura terrorista do Xá Reza Pahlevi, do Irã; os mesmos que apoiaram e sustentaram Menahem Beguin – terrorista do Irgun, fichado no Reino Unido; que invadiram a baía dos Porcos em Cuba; desestabilizaram o governo popular sandinista com o financiamento aos "contras", que resultou no escândalo conhecido como "Irã-Contras"; que sustentaram longamente o regime de Apartheid, na África do Sul, bem como se tornaram em braço militar fascista da Unita, em Angola, que até hoje inferniza a vida do povo angolano; e também sustentaram os ditadores ligados ao narcotráfico, como Hugo Banzer e Anastácio Somoza, respectivamente na Bolívia e na Nicarágua; atacaram e dizimaram boa parte da população do Vietnã e de Camboja e anexaram parte do México à força.
O ataque perpetrado pelo Irgun sobre o hotel King David em Jerusalém, que matou quase 70 jornalistas e hóspedes, cuja operação foi idealizada e organizada pelo ex-primeiro ministro de Israel, Menahem Beguin, prêmio Nobel da Paz; que também apressou a saída das tropas britânicas da Palestina e a criação do Estado de Israel, por acaso não foi um atentado terrorista, apoiado pelos EUA, que sempre defenderam o Estado racista de Israel?
Um dos mais vigorosos intelectuais norte-americanos, Noam Chomsky -que, como todos, condenou os métodos que perpetrou as ações do dia 11 de setembro -, tem outra abordagem sobre o assunto. Segundo tal análise, os EUA estão recebendo, hoje, a resposta a tudo o que fizeram em relação a outros países. Lembra a destruição de uma fábrica de medicamentos no Sudão, ocorrida durante o segundo mandato Clinton, o qual impediu toda e qualquer investigação internacional sobre o assunto e ainda disse, ao mundo, a mentira de que tal fábrica produziria armas químicas. Essa destruição significou a perda da metade de toda a produção farmacêutica desse país. (4) Chomsky ainda afirma: o que há de novo nesses atentados do dia 11 de setembro, é que pela primeira vez, desde 1812, os EUA foram atacados em seu próprio território. (5)
Mais, ainda, há um outro massacre que não pode e não deve ser esquecido: sobre a Aldeia My Lay, ocorrido em 16 de março de. 1968. Esse atentado terrorista ocorreu no auge da guerra contra o Vietnã e quando mais de 400 mil soldados norte-americanos encontravam-se nesse país da Ásia. O 20° Regimento de Infantaria Norte-Americano massacrou civis daquela localidade, matou todas as mulheres, jovens e crianças e os poucos homens que lá se encontravam. Ninguém sobreviveu ao massacre; nenhum guerrilheiro vietnamita foi morto. Na época, o general Westmoreland, comandante em chefe das forças norte-americanas na Ásia, chegou a afirmar: os vietnamitas "não tinham nem corações nem mentes" (sic).
A ONG norte-americana NY Transfer of News Collective – A Service of Blythe Systems – catalogou todas as intervenções militares dos EUA e acabou concluindo que o século XX deveria ser chamado de "o século das intervenções militares norte-americanas", tamanho o número de operações no exterior perpetradas pelas forças armadas estadunidenses (6)
Pesquisa semelhante, do jornal La Jornada do México aponta o número exato, levando-se em conta a pesquisa desde a guerra da independência norte-americana, em 1776: foram 216 ações em que os norte-americanos enviaram tropas para o exterior.
Embora se possa afirmar que são coisas diferentes. Todavia, se for verdade que no dia 11 de setembro morreram mais de 6 mil norte-americanos em duas operações de guerra realizadas em seu território nesse mesmo dia; lamentavelmente, em todos os demais dias do ano morrem, em toda a terra, exatamente 35.613 crianças, ou de fome, ou massacradas, ou assassinadas, ou estupradas, ou devido a doenças tratáveis; enfim, perdem a sua vida. Quem é o culpado disso? Esse criminoso não tem rosto, não pode ser visto. Será de todo errado responsabilizar um sistema, especialmente o capitalismo norte-americano, por essas mortes? Será que essas mortes todas, e diárias (13 milhões ao ano), nada têm a ver com o neoliberalismo, que vigora em todo o mundo?
Em diversos momentos, Bush chegou a discursar como um "cavaleiro branco" da Ordem Ku Klux Klan, ao defender uma "nova" Cruzada Branca contra o Islã; guerra, essa, racista e xenófoba, e tão fundamentalista quanto à dos xiitas muçulmanos. Isso repercutiu tão mal entre os muçulmanos e os árabes do mundo todo (respectivamente, 400 milhões e 1,3 bilhão), que ele acabou sendo obrigado a visitar a maior mesquita de Nova York. Caso essa cruzada ocorresse, como diz Bourdokan, seria a "Nona Cruzada do Ocidente contra o Oriente". Entre os ocidentais, muitos desejam que os templos sagrados para as religiões monoteístas fiquem nas mãos do Ocidente. Registre-se a declaração do General Allemby, de 1917, ao cruzar os portões de Jerusalém para a implantação do Mandato Britânico: "Hoje terminaram as cruzadas". Apenas três anos depois disso, em 1920, o General Francês Gouraud, tão logo suas tropas chegaram a Damasco e cruzaram o Mausoléu de Salah El Din (Saladino, como é conhecido no Ocidente; considerado libertador, do ponto de vista dos árabes de Jerusalém) afirmou: "Voltamos… Saladino". Essa visão ainda prevalece no interior de muitos setores sociais e da direita norte-americana. (7)
Resta a pergunta: o bombardeio norte-americano ao Afeganistão desde o dia 7 de outubro será considerado pelo mundo inteiro, o que mesmo? Um ato de "guerra" ou um ataque de um Estado terrorista? Que culpa tem o povo afegão pelos mortos norte-americanos?
Guerra contra o Afeganistão ou massacre imperial a militantes tribais?
O local onde ocorre o conflito é uma região estratégica do planeta. Concentra em termos populacionais três quartas partes (75%) do número total de habitantes, se for levado em consideração o que se denominou Eurásia, em geografia (isso inclui a China, a Rússia e a índia). Essa região concentra ainda 65,3% de todas as reservas petrolíferas povoadas do mundo. Os Estados Unidos produzem apenas 9,8% de petróleo mundial, mas consomem 25,6% desse mesmo total (se todos os países deixassem de exportar óleo cru para os EUA, suas reservas próprias durariam apenas 4 anos). Isso por si só demonstra, de forma inequívoca, a importância que a região acaba tendo no mundo atual. (8) Mas será que isso seria justificativa para a presente guerra?
O que vem ocorrendo desde o dia 7 de outubro passado não é uma guerra; mas sim, um massacre. E um massacre perpetrado pela maior potência imperialista do planeta contra um povo mal armado, famélico, sofrido, sem praticamente nenhuma possibilidade de resistência. Usa-se a expressão, tal qual se fez dez anos atrás no Golfo, "ataques cirúrgicos". Na história recente de atentados terroristas norte-americanos contra povos e países, o que talvez tenha sido mais preciso foi o que pretendia matar Muammar Khadafi, quando sua tenda em Trípoli (na Líbia) foi covardemente bombardeada por caças norte-americanos, mas que acabou matando sua filha adotiva de cinco anos – e o pior de tudo é que a reação dos norte-americanos foi a seguinte: "Ela era adotiva mesmo".
Ainda assim, com toda a sua tecnologia, os tais mísseis "inteligentes" vêm sucessivamente errando os seus alvos (ou acertando?). Apesar de a mídia vir dando pouco destaque, nas primeiras semanas de bombardeio ao povo afegão, os EUA destruíram um escritório da ONU, um depósito da Cruz Vermelha Internacional, um escritório dos Médicos Sem Fronteiras (ganhadores do prêmio Nobel de 1998); mesquitas e escolas já foram bombardeadas e, mais recentemente, destruíram um hospital com mais de 100 mortos, entre mulheres e crianças.
Uma série de jornalistas e intelectuais questiona essa "guerra", e a reação que vem sendo mostrada nas TVs, pedindo paz. Discutem, ainda, a razão do ódio de muitos povos e países em relação aos Estados Unidos. O jornalista Fritz Utzeri produziu recentemente um belo trabalho sobre os episódios. Começa seu artigo contando a história de uma criança da Costa do Marfim que pergunta à enfermeira se os seus cotos de braços irão crescer novamente e se terá novamente as suas mãos decepadas por minas terrestres, espalhadas pelo mundo afora (aliás, a ONG que combate tais minas também ganhou recentemente o Nobel da Paz); a seguir argumenta: na luta do bem contra o mal, "(…) como reduzir o abismo entre o camponês afegão, a criança faminta do Sudão, o Severino da cesta básica e o corretor da Wall Street? Como explicar às crianças de Bagdá, que acabam morrendo por falta de remédios, bloqueados pelo Ocidente, que o mal se abateu sobre Manhattan? Como convencer os chechenos de que os últimos acontecimentos dos EUA são absurdos? Alguém se incomodou com o sofrimento e as milhares de vítimas civis, inocentes, do massacre de Grozny, a capital da Chechênia? Como explicar para a menina da Costa do Marfim o sentido do termo 'civilização', quando ela descobrir que as suas duas mãos amputadas não crescerão jamais?". (9)
Robert Fisk, jornalista do The Independent, experiente em cobertura de conflitos no Oriente Médio, observa o sentimento daqueles que, no mundo todo, recebem as bombas norte-americanas sobre suas cabeças, mesmo que jogadas por outros. "Não se trata de uma guerra da democracia contra o terror – o que vai fazer o mundo tentar se convencer nos próximos dias. Trata-se de mísseis e helicópteros norte-americanos esmagando lares palestinos e ambulâncias libanesas". (10)
Susan Sontag, que junto com Noam Chomsky foi uma das primeiras vozes destoantes em relação às análises desses episódios, questiona o termo "covardes" que foi atribuído aos autores dos atentados do dia 11 de setembro. E indaga sobre quem seria covarde. Os seqüestradores que aceitam a morte no cumprimento de sua missão, ou os pilotos norte-americanos que atiram bombas em populações civis da estratosfera para não sofrer represálias? (11)
O jornal The Guardian, inglês, insuspeito defensor das idéias conservadoras, chegou a afirmar em um editorial que Bin Laden seria absolvido em um tribunal internacional isento, tamanha a insuficiência de provas contra ele apresentadas pelo governo norte-americano. (12) É preciso dizer que, mesmo mais recentemente, com os diversos ataques com o vírus Antraz, o próprio FBI e a CIA não apresentaram sequer uma prova em que fosse detectado algo que possa relacionar as ações de 11 de setembro aos muçulmanos e ao grupo de Bin Laden (Al Qaeda). (13)
Para os Estados Unidos, essas suas ações sempre dirigidas ao exterior -em especial o apoio descarado que vêm dando a Israel nos últimos 54 anos – não são percebidas pelos povos árabes. E mais do que isso: os bombardeios perpetrados por Israel contra os palestinos, com armamento norte-americano, poderiam, em algum momento, ser esquecidos por esse povo sofrido do Oriente Médio. (14)
Alguns números de estatísticas mostram que o Afeganistão não possui, e nunca possuiu, "alvos" que possam ser chamados dessa forma. Sua infra-estrutura vem sendo desmontada desde a guerra contra a União Soviética em 1979. Para se ter uma idéia, no auge da guerra do Vietnã, os EUA realizaram mais de 400 mil ataques a esse país; uma média diária de mil aviões atacando a cada dia. Na guerra do Golfo, durante apenas 43 dias, 118.661 ataques aéreos partiram em direção a alvos militares, o que eleva a média diária para impressionantes 2.759 ataques por dia. No Afeganistão, apenas 60 alvos foram listados em uma semana e um máximo de 40 ataques vêm sendo realizados por dia, em média, nos bombardeios de 7 a 14 de outubro. (15)
Quem ganha com toda essa guerra? Evidentemente, em primeiro lugar, ganha Bush, que almeja a credibilidade que nunca teve, tanto do povo quanto da mídia. Ganham os defensores intransigentes da globalização capitalista (16) – tanto que diversos editoriais de periódicos norte-americanos chegaram a entoar em alto e bom som: "Adeus a Seatle" (do The New York Times), numa clara referência às dificuldades das ONG's de conseguirem mobilizar, pelo menos em curto prazo, os imensos contingentes, que, como no caso de Gênova, depois do assassinato pelos carabinieri de Berlusconi, mataram o jovem ativista Cario Giuliani, de 23 anos. Finalmente, ganha a indústria armamentista, em especial, a norte-americana. (17)
Conseqüências previsíveis e mais imediatas que podem ser listadas de todos os últimos acontecimentos há pelo menos as seguintes:
a) restrições cada vez maiores às liberdades civis, inclusive em países não envolvidos mais diretamente no conflito;
b) pensamento único cada vez mais único. Vozes antiglobalização e anti-neoliberais cada vez menos ouvidas;
c) recrudescimentos de conflitos étnicos e religiosos, em especial, perseguições a árabes e muçulmanos de forma indiscriminada;
d) aumento de conflitos regionais, guerras cada vez mais "quentes";
e) volta à corrida armamentista; e
f) crescimento da xenofobia.
A grande parte dos defensores da paz justa e duradoura em termos mundiais, pergunta-se se haveria algum caminho possível, a não ser a retaliação que ora promovem os EUA. Uma resposta mais óbvia é a de que não se deveria responder à violência com mais violência. É preciso interromper esse ciclo. Dever-se-ia dar continuidade às investigações para identificar os culpados e levá-los a um julgamento justo em cortes sob leis internacionais e isentas.
Ahmed Ben Bella, ex-dirigente argelino, por ocasião de sua estada, em janeiro de 2001, em Porto Alegre, para o I Fórum Social Mundial afirmou: "(…) este sistema que já enlouqueceu as vacas está agora enlouquecendo a gente". E Eduardo Galeano completa: "(…) e os loucos, loucos de ódio, atuam igual ao poder que o gera".
Neste momento, grosso modo, pode-se resumir, em plano mundial, duas posições que se despontam -duas opiniões, duas visões distintas – dentre as análises feitas depois dos acontecimentos do 11 de setembro: de um lado, os que passam a reconhecer, de forma mais ou menos explícita, que os EUA pagam um preço pelo que fizeram com os povos de todo o mundo, pela sua arrogância, pela sua política externa belicista e que precisam alterar esse rumo; e, de outro lado, os que defendem a "solução final", ou seja, o endurecimento completo, a militarização, a perda praticamente total dos direitos civis, e defendem a continuidade dos bombardeios ao Afeganistão e a todos os países que derem cobertura aos tais grupos "extremistas". Desejam subjugar a maioria dos povos que lutam contra as políticas neoliberais.
O movimento progressista europeu – que ganhou as ruas -, tem levantado bem alto a bandeira da dissolução da OTAN, organização militar que perdeu completamente seu significado há 10 anos, quando desapareceu a URSS, e conseqüentemente, o Pacto de Varsóvia. Essa organização, recentemente ao completar seus 50 anos, alterou seus estatutos de forma a pretender tornar-se uma organização militar mundial, uma espécie de exército planetário, a serviço, claro, dos Estados Unidos.
Lejeune Mato Grosso Xavier de Carvalho é professor da Universidade Metodista de Piracicaba, presidente da Federação Nacional dos Sociólogos e membro da Academia de Altos Estudos Ibero-Árabes de Lisboa.
Notas
(1) ARBEX JR, José, Terrorismo: um legado da história, 9 de outubro de 2001, 3 páginas, que circulou na Internet em língua espanhola, sem maiores referências.
(2) Alguns historiadores chegam a afirmar que essa cidade precisaria ser destruída pelo fato de, nos escritórios subterrâneos da SS de Hitler, haver um farto material para comprovar a existência dos campos de concentração de japoneses nos Estados Unidos e os maus tratos a que estes foram submetidos durante a II Guerra Mundial.
(3) BUARQUE, Cristóvão, "O teatro do bem contra o mal", Correio Brasiliense, 19 de setembro de 2001.
(4) CHOMSKY, Noam, "Atentado foi uma resposta cruel às atrocidades dos EUA", La Jornada, 14 de setembro de 2001, México.
(5) ______, "EUA terão que optar entre força e lei", Folha de São Paulo, 22 de setembro de 2001, p. 8, Caderno Especial.
É importante deixar registrado que intelectuais do porte de Chomsky, como Susan Sontag e Edward Said, entre outros, não têm quase nenhum espaço na mídia norte-americana, apenas no exterior onde são mais conhecidos.
(6) GROSSMAN, Zoltan, "Terrorism: A Century of US Military Interventions", NY Transfer of News Collective -A Service of Blythe Systems, 10 de agosto de 2001, 8 páginas.
(7) BOURDOUKAN, Georges, "A nona cruzada", Caros Amigos, n.° 55, Ano V, outubro de 2001, p. 20.
(8) SAUER, Ildo Luis, "O ataque terrorista nos EUA e o petróleo". Caros Amigos, n.° 55, Ano V, outubro de 2001, p. 17.
(9) UTZERI, Fritz, "Quem cria lobos…", Jornal do Brasil, 17 de setembro de 2001.
(10) FISK, Robert, "Bush caminha para uma armadilha", Folha de São Paulo, Caderno Especial, 17 de setembro de 2001, p. 10.
(11) Comentários extraídos de: COSTA, Antônio Luiz Monteiro Coelho da. "Inteligência Sob ataque", Carta Capital, 26 de setembro de 2001, n° 158, ano VII, p. 36-38.
(12) SADER, Emir, E as provas contra Bin Laden? Alguém viu?. Correio eletrônico recebido pela Internet sem data.
(13) BERGMAN, LOWELL & NATTA Jr, Don Van. Nenhuma rede de apoio aos seqüestradores foi descoberta até agora. Tradução de George El Khouri Andolfato, UOL/Mídia Global, 25 de setembro de 2001, 3 páginas, publicado originalmente no The New York Times.
(14) Ver, em relação a esse assunto, o excelente artigo, do Prof. Dr. Edward Said (palestino radicado nos Estados Unidos) publicado, inicialmente, no jornal árabe, El Ahram, do Egito, de 19 de abril de 2001, intitulado "Estas são as realidades".
(15) BOLUNAME NETO, Ricardo, "Ação demonstra dificuldade para a definição de alvos", Folha de São Paulo, p. A15, 9 de outubro de 2001.
(16) ARBEX JR, José, "O Reichtag de Bush", Revista Caros Amigos, nº 55, Ano V, outubro de 2001, p. 10-11
(17) DAO, James, "Crise impulsionará indústria bélica", Folha de São Paulo, Caderno Especial do dia 23 de setembro, p. 5.
EDIÇÃO 63, NOV/DEZ/JAN, 2001-2002, PÁGINAS 28, 29, 30, 31, 32