Arrebatada a última semente, o que me sobrará?
O chão e
a fertilidade de sua secura?
O sol e a infelicidade de sua presença?
Ou a fome e a impunidade de seus delitos?

Ninguém veio e nem virá
acudir os meus olhos
e plantar meus sonhos.
Destas veias feitas em braços
é que vão brotar o meu destino
e a vereda que nele se destina.

Calada a boca da fome,
dividida essas sesmarias,
atados os punhos da injustiça,
sobrar-me-ão
a fatalidade da colheita
e as glórias do verão;
as cantorias de viola
e o vôo de meus grãos.