A escuridão nos apavora
e o medo, severo,
no resigna.
despertamos de olhos fechados
para o tempo,
protestando contra a luz,
ingerimos nossos pães
e nossos sonhos sem ao menos considerá-los
e nos transladamos para o mundo, pela porta.

Mas a manhã insiste:
cospe em nossas caras
o frio e a fumaça e no
ônibus persiste: — O outro aí ao lado existe!

Acende em nossas testas
o fogo das máquinas
e planta em nossas bocas
a cólera do brado, do grito,
da coragem que nos arrebata
e nos alimenta;
da vontade que nos une
e nos assemelha…

e que decresce, um tanto a cada hora,
até que os dias se façam menos nossos
e mais grises…