O povo timorense acabou por conquistar sua independência, mas o novo país nasce enfrentando sérias dificuldades, fruto da guerra, do número de mortos e da destruição que se abateu sobre o país. Nosso vínculo histórico e cultural nos coloca a necessidade de darmos o apoio para seu erguimento como um membro digno na comunidade internacional

A independência do Timor Leste é resultado de uma demorada luta do povo timorense. Foram mais de 25 anos de aprisionamentos e massacres por parte do governo da Indonésia. Desde a ocupação, mais de um terço da população foi assassinada.

A barbaridade dos assassinatos em massa dos timorenses pela ocupação indonésia desencadeou em todo o mundo movimentos de solidariedade ao povo timorense, particularmente em Portugal, onde pude participar de um congresso internacional de solidariedade ao Timor Leste, representando o Congresso Nacional.

Esse congresso deu-me elementos para constituir no Brasil, junto com outros deputados, um grupo parlamentar de apoio à luta do povo timorense. Fui dirigente desse grupo que chegou a ter mais de 100 integrantes e realizamos diversas atividades em busca de apoio à luta dos timorenses.
Quando o prêmio Nobel da Paz foi concedido ao bispo Carlos Ximenes e a Ramos Horta fui convidado a participar em Oslo da entrega, novamente representando o Congresso Nacional brasileiro.

Foi um evento muito importante e, em função de todo esse movimento de solidariedade – e principalmente da luta armada e política da Frente Timorense de Libertação Nacional (Fretilin), liderada por Xanana Gusmão – o povo timorense acabou por conquistar sua tão merecida independência.
O Timor Leste é um país que já nasce enfrentando sérias dificuldades, fruto da guerra, do número de mortos e da destruição que se abateu sobre a nação. É o sexto país mais pobre do mundo, segundo dados da ONU e ainda necessita muito de nossa solidariedade. Nós, que fomos solidários na luta pela liberdade, devemos ser solidários também na luta pela reconstrução do Timor.

Devemos desenvolver um trabalho junto à sociedade na Comissão de Relações Exteriores, da qual o nosso companheiro, o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB/SP) é o presidente, para pressionar o governo brasileiro a dar um apoio mais decisivo ao processo de reconstrução do Timor.

Temos um vínculo histórico e cultural com esse povo, do qual boa parcela fala o português e que, assim como nós, foi colônia portuguesa. Vejo como necessária a entrada do Timor Leste na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa na próxima conferência, aqui no Brasil. O grupo parlamentar de apoio fez intervenções para que o Timor Leste tomasse parte das reuniões da Comunidade.

Nas últimas reuniões ele havia participado apenas como um ouvinte, mas agora estão criadas as condições para o Timor Leste se incorporar à Comunidade como integrante. Essa participação é importante porque estabelece vínculos e estimula os países da Comunidade a contribuírem durante o difícil processo de reconstrução.

Aldo Arantes é deputado federal pelo PCdoB/GO.