Sob um sol de domingo
(o que há de especial
num sol, no domingo)?
o cão
passeia pela cidade
seu faro último.
Nas pêndulas de sua carne
e nos pelos alourados,
fica assim, só,
em meio a tantos comparsas
e a tanto vento.
Não se deixa partir no último
suspiro
e luta por negar-se como
o milho.
Sob um céu claro de domingo,
(Ele, o cão, não vê nada
de especial num céu de domingo,
nem no domingo
com sua carne
de abandono)
passeia
seu facho de pele
acesa nas ramas
do planeta
e espreita
a todo instante
trair-se
para tornar-se fátuo
alimento sincero
a forjar-se
e alimentar-se
sem nomes
homens
ou essas pequenas coisas da cidade.