Logo Grabois Logo Grabois

Leia a última edição Logo Grabois

Inscreva-se para receber nossa Newsletter

    Comunicação

    A mosca

    – Morrer aqui e não findar sob as luzes incompletas da cidade, feito coisa amorfa no suscitado turbilhão das coisas? Que fim levaram minhas asas de libélula? Para que serviu tanto zumbido aos ouvidos dos homens se agora me esvai o grito nesse queimar de coisas? Eis que, sobre a fruteira no domingo sonolento, a […]

    POR: Elder Vieira

    1 min de leitura

    – Morrer aqui
    e não findar
    sob as luzes incompletas da cidade,
    feito coisa amorfa
    no suscitado turbilhão das coisas?
    Que fim levaram minhas asas
    de libélula?
    Para que serviu tanto zumbido
    aos ouvidos dos homens
    se agora me esvai o grito
    nesse queimar de coisas?
    Eis que,
    sobre a fruteira no domingo sonolento,
    a mosca escarra seu último suspiro
    depois de um baque frontal
    contra o inseticida.

    A mosca, consumida,
    inacabada sob as horas,
    face às múltiplas imagens de seus olhos,
    escuta o gemido da tarde
    e o esvoaçar das companheiras
    indiferentes ao seu extermínio,
    a seu aniquilamento.
    E sufoca
    na esperança
    de ainda poder zunir
    sobre um lixo melhor
    pela manhã…