Um dia
todos os homens serão amigos do tempo.
Não mais blasfemarão contra a manhã
e sua luz desperta
e nem contra o trânsito,
o relógio de ponto
e a noite que os obriga dormir (apagar
seus pensamentos sob as cabeças e seus
corpos; afogar no travesseiro a vida sonhada,
os projetos futuros, a leitura não feita
e o tempo fortuito, pouco, sempre atrasado
e corrido).

Não é o caso de amanhecermos sempre em riso, auroras e cores.
E nem me venham com histórias de flores, cânticos e hosanas
nas alturas!
Amanheceremos com o tempo simplesmente. Com o tempo,
tomaremos o café e o rumo de nossas vidas.

Sorrindo? Cantando?

Não: senhores do tempo.