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    Comunicação

    Augustiana

    O gatos caminham lá fora. Do pó, surgem como panteras espreitando a noite. Não, não são de quimeras, seo Augusto, nem de aneladas formas de sonhos (ou pesadelos). São feras. Feras que nos espreitam à noite a fim de devorar-nos quando adormecermos cansados. Cansados de trabalhar o dia no aço, mastigá-lo nas engrenagens dentadas                      alimentadas […]

    POR: Redação

    3 min de leitura

    O gatos caminham lá fora.
    Do pó, surgem como panteras espreitando a noite.
    Não, não são de quimeras, seo Augusto,
    nem de aneladas formas de sonhos (ou pesadelos).
    São feras.
    Feras que nos espreitam à noite
    a fim de devorar-nos quando adormecermos cansados.
    Cansados de trabalhar o dia no aço,
    mastigá-lo nas engrenagens dentadas
                         alimentadas de uma população desdentada
                         e ausente: das listas de natal
                                             das festas e banquetes
                                             das filas de açougues
                                             dos lençóis em noites
                                                                   ardentes.

    Os gatos é que nos espreitam, seo Augusto,
    não os vermes.
            Os vermes, nós os amassamos entre os dedos
    com a farinha, nosso alimento sem feijão;
    os englobamos em nossas células alucinadas
    e os tornamos parte de nós e do mundo

    Os gatos, seo Augusto,
    os gatos são o problema.
    Não vão só nos devorar os olhos, meu amigo,
    vão nos devorar inteiros, em grande bocados,
    e não vão deixar um resto de memória,
    um ai para fazer remédio.

    Os gatos, seo Augusto,
    eles são feito classe, feito esfinge…

                              Devoremo-los ou eles nos traçam!