Agora, sim, é a guerra
Ignoraram as advertências. Foram entrando, achando que aquelas areias eram suas. As tvs mostraram ao mundo um passeio, com direito a recepção de boas vindas por parte do agredido.
Aí a ilusão foi-se diluindo sob o sol, a golpes de areia ao vento: moços de vinte e um anos, nascidos em algum lugar da América do Norte, mortos e capturados. Outros jovens, filhos das mesmas areias que cegam o invasor, sucumbem debaixo de bombas inteligentes. Emboscadas, crianças aos prantos, helicópteros abatidos à espingarda, o povo esfaqueando ianques pelas costas…
O passeio terminou. Agora, sim, é a guerra. Já não há mais espetáculo. Por mais que se esforce, a CNN nada pode agora. E a ONU, poderia? Alguma sigla poderia?
Quantas lágrimas de mães serão necessárias para encharcar o deserto? Quantas cabeças infantes precisam ser estouradas? Quanto petróleo é suficiente para aplacar a sede do Texas? Quantas praças devem ser lotadas para que cesse a insanidade do pigmeu medíocre?
E, digam-me, o que pode a poesia contra tudo isso?