– Pai o que é que tem na barriga da minha mamãe? Está tão grande.

      – Um irmãozinho minha filha. Você não pediu um?

      – Pedi pai, mas eu queria um que fosse como eu, que andasse, tivesse boca e braços.

      – Mas ele vai ter, meu amor. Daqui a seis meses.

      – Por que pai, por quê?

      – Por que o que minha filha?

      – Por que você e a mamãe são tão enrolados? Por que complicam tudo?

      – Não somos nós meu amor. É a natureza, espera mais um pouco.

      – E ainda põe a culpa nos outros. Não quero mais. A Fê pediu um para os pais dela e chegou no mesmo dia. O Zezinho pediu um carrinho pro pai dele e ele comprou na mesma hora. É sempre assim.

      – É sempre assim o que meu amor?

      – É sempre assim, tudo que eu peço para vocês tem que demorar, tenho que esperar. Eu peço: "pai compra uma bicicleta" e você diz: "espera o fim do mês meu bem". Eu peço uma bola e você diz: "só um pouquinho meu amor" e eu tenho que esperar. Sabe quanto tempo faz que eu pedi um irmãozinho, sabe?

      – Não, quanto?

      – Eu também não sei, você sabe muito bem que eu ainda não aprendi a contar os dias.

      – Calma minha princesa, nós vamos lhe dar seu irmãozinho. Você só tem que esperar um pouco mais.

      – Empresta um dinheiro?

      – Pra quê?

      – Vou pedir pro pai da Fê. Ele é mais rápido.