E Menem renunciou. Na verdade, renunciar é coisa pra presidente eleito. O homem desistiu. Mas ele já foi presidente. Então pode renunciar à candidatura? Deve poder. Se pode um partido ter dois candidatos na mesma eleição, renunciar, mesmo não sendo nada, é questão de semântica.

      Impressiona-me a Argentina. Ontem verti lágrimas em inglês por ela aqui. Hoje registro meu espanto. Não é bem espanto… é… um… sei lá o que é.

      Cê veja: o FMI joga tudo no vinagre, praticamente dissolve o país. A classe média reclama do curralito, o povo empobrece mais do que é possível e crível, a nação fica à deriva. Entra e sai presidente em questão de horas. Duhalde assume e o povo continua reclamando. A oposição lança candidatura e o governo lança duas – ou seja: o campo dominante cinde-se – mas quem ganha é o governo!

      O argentino apostou na mudança com segurança? A oposição de verdade não ganhou a confiança das massas? O eleitor não suporta mais o laquê do Menem, daí procurou algo mais sóbrio?

      Ah, mas o Kirchner é progressista! Tem saudade do Allende e gastou uma hora de papo com o Lula. Não quer nem saber de Alca. O negócio dele é Mercosul… Nãão, tudo pode não passar de cena. A retirada do Menem pode bem ser um acordão das elites para deixar o Kirchner mais à vontade para recuar… Eu li Maquiavel, tá pensando o quê?

      Sinceramente? Não sei.

      Chile e Argentina são nações incógnitas. A primeira, dividida, convive com o passado, compôs com ele e todas as mortes que ele carrega consigo. A Argentina ainda está na fase do mexe os mesmos de lugar para ver como é fica. Ambas paralisadas a meio caminho de algum lugar…

      A gente, olhando a América do Sul, incluindo aí Venezuela e Brasil, com seus tempos e contra-tempos, fica com a impressão de que a saída fechou-se em algum ponto e jogaram fora a chave. Falta o quê, meu deus?

      “Um Moisés e o povo concluir, por si, sua própria caminhada”.

      Amém.