Ele ligou e disse que retornaria. Depois, apareceu em algum ponto da cidade informando ao mundo que existia e que a aguardava no pra sempre de si. A repórter foi conferir a informação e considerou irrelevante aquele sentimento e despautou a transmissão via cabo satélite internet.

      Ela acordara mais cedo para evitar a lua e supendeu a saia do tempo em que menina rompia a aurora com o riso de quem viera de muitas primaveras. Ouviu o recado e nem quis saber se era sétimo ou primeiro andar ou algum outro patamar em que a vida se faz assim menos dorida e mais sensível a tudo que cheire a orvalho e procissão de almas em demanda de um seu sentido.

      Quando me contaram essa história, duvidei. Lia a matéria da pacifista morta pelo tanque sionista. Passado o impacto das imagens, ficou o ódio depositado. Coberto de cinzas, ele converteu-se em melancolia e na certeza de que, em algum lugar deste mundo, tem que existir uma história assim, sem pé nem cabeça, mas plena de signos que nos resgatem da morte e celebrem, de algum modo, a vida.