Descanto
Nada a declarar. Lira muda. Nem sombra de pensamento. O mundo, esse “manancial inesgotável”, gira longe, passa ao largo dos sóis que nos habitam e tão próximos que não mais o vemos.
É aquela dor tantas vezes sentida que, incorporada, nos insensibiliza. É o pra quê isso tudo nos tirando o ânimo de dizer. È a força das coisas. Mas, serei eu as coisas? Carlos se revoltaria. Mas com que armas me revoltar?
A palavra mente sempre? Não é fato, é desenho que pouco diz? É memória do que foi dito ou prenúncio de manhãs?
Há quem presentifique auroras nunca vindas. Há quem, com ela, perpetue sombras.
Quisera que o canto despertasse as gentes. Mas ele é feito de uma música muda, cantada na cabeça, votada à razão.
Do extremo deste promontório, lançamos vocábulos ao oceano. A pedras os recolhem no íntimo de si. As ondas, vêm e vão, alheias a eles e sua intenções.
Fazer o quê, Vladmir?