Não acredite nas palavras
Não acredite nas palavras, nem todas são boas, verdadeiras, honradas, algumas querem mesmo é te prejudicar, te humilhar. Principalmente aquelas que ainda não conhecemos. Outro dia, uma destas palavras estava tilintando dentro de minha cabeça e aguardando a hora certa para sair pela boca, que é por onde saem todas as palavras, más ou boas.
Estava eu com alguns amigos e a todo o momento aquela palavra me chamando a atenção. De tanto se bater pelas paredes de minha cabeça ela encontro a saída e a tal hora certa e então, no meio de muitos amigos, todos da pior espécie de gozador, todos da mais fina estirpe de tirador de onda, eu disse, envolvido numa euforia e na imensa felicidade de estar entre bons amigos e batucando naquela roda de samba: Amigos vocês são todos uns ignóbeis!.
Imediatamente o samba acabou, o silêncio tomou de conta, instalou-se em todos os cantos do bar, olharam para mim e eu percebi que havia falado a maior asneira do ano. Com certeza vacilei! Fiquei parado esperando as risadas e galhofadas. O que é ser ignóbeis? Perguntaram. Imediatamente o alívio tomou conta de mim. Aliviado (não olhe para lugar nenhum, não estou lhe mostrando nada, do tipo ali viado). Comecei a bolar na cabeça um significado agradável para aquela palavrinha intrometida que eu não tinha a menor noção do que seria.
Porém meu alívio não durou muito tempo. Quando fui abrir minha boca para a resposta, o Maneco, que não sei de onde, tirou um dicionário e despejou, para o meu desespero. "'Ignóbil significa aquele que não tem nobreza; baixo, desprezível, vil, abjeto'. É isto que você pensa de nós Gerso?" Até eu explicar que focinho de porco não é tomada, tive que amargar alguns dias fora do samba.