Cana marvada
Eles tinham se encontrado no bar e de lá saíram tarde da noite, bêbados e cantarolando pelas ruas.
– Para onde você vai? – Perguntou o mais velho.
– Vou para o bairro Debaixo. E você? – Respondeu e perguntou o mais novo.
– Que coincidência descabida. Também vou para lá. – Abriram a garrafa de cana e foram bebendo e cantando pelas ruas.
No bairro Debaixo o mais novo disse:
– Agora vamos nos separar. Tenho que tomar este rumo.
– Tomar o quê? Não vai dividir seu ingrato?! – Falou indignado o mais velho.
– Não doido. Abestalhado. Estou falando que vou por esta rua.
– Que coincidência descabida. Também vou por aí.
– Que bótimo então a vamos. Entendeu? A vamos de ir. – E ria com vontade o mais novo.
– Que seja injusto assim o destino meu jovem amigo. Aqui nos separamos. Tenho que ir por aqui. Pela praça.
– Porra aonde meu velho?
– Não rapaz. É p-o-r a-q-u-i que eu vou.
– Poxa não é que eu também! – Respondeu o mais novo.
– Que coincidência descabida!
E continuaram. Cantando, rindo, brigando, xingando, jogando pedras nos cachorros. Cachorros que sempre viam em duplas.
– Acertei em dois com uma única pedra. – Falava o mais velho.
– Não eram duas? – Perguntava o mais novo.
E na frente de uma casa amarela o mais velho falou:
– Bom meu jovem é aqui que eu fico. Aqui que eu moro. – E apontou para a casa.
– Que coincidência descabida – falou o mais jovem – é aqui que eu moro.
– O que!? – Perguntou o mais velho morrendo de ciúmes e achando que a mulher o havia trocado por outro mais novo.
– É sim, é aqui que eu moro. E você? Que história é esta de morar aqui? – Perguntou o mais novo igualmente ofendido.
E assim o clima foi esquentando, um dizendo que era ali que morava, o outro dizendo que ia pegá-lo. Esquentou tanto que saíram dos entretantos e foram direto para os finalmentes. Rolaram-se no chão, um segurando o pescoço do outro e o outro segurando a orelha de um, quando uma mulher abriu a janela e falou:
– Bonito heim?! Pai e filho brigando no meio da rua!