No tempo em que passei entre o pessoal de marinha, num curso da Capitania dos Portos em Santos, era comum ouvir a expressão "o mais antigo" para designar uma referência hierárquica – o militar que tem mais tempo de arma, ainda que este "mais tempo" fosse de apenas um dia. Dizem que durante a ditadura, esta tradição foi considerada um critério na disputa por postos em autarquias e estatais.

      Talvez por esta referencia, é que um militar reformado, considerando-se o mais antigo da rua, decidiu tomar uma decisão. Não uma decisão despótica, tão fora de moda, mas, uma decisão que contemplasse a democracia participativa, a fim de colocar-se em consonância com os tempos atuais.

      Reuniu os moradores numa assembléia que deliberou pelo fechamento da rua, colocando guaritas nas duas extremidades, e assim, privatizando o espaço público.

      Pessoas que transitam por ali, e, são forçadas a fazer um caminho mais longo, no inicio, acharam um pouco estranho, mas, aos poucos começam a ver aquilo como algo natural, como que já "acostumadas" ao que talvez seja o mais antigo vicio da história desse país e a razão direta de nossa miséria: a supressão do espaço público em favor do interesse privado.