Querem matar mais um Paulo. Desta vez é Paulinho. Como o primeiro, esse também é Fonteles. Como aquele, o segundo é parlamentar; comunista; combatente. O assassino é o mesmo. Está solto há anos, impune, e à vontade para cometer mais um crime dentre os muitos que já cometeu.

      Não conheci Paulo. Conheci e conheço Paulinho. Foi nos anos de UJS, em que participamos de muitos congressos. Não lembro bem em que data, estive em sua casa, quando da realização do Encontro de Jovens da América Latina e Caribe em Defesa da Amazônia. Acho que era esse o nome. Recordo que chegamos de viagem, fomos até sua casa para um banho e nos recompor. Banhei-me, enxuguei-me e fui até a sacada onde estavam todos reunidos. Paulinho franziu o nariz e me perguntou "Você usou sabonete Phebo, não foi?", ao que respondi meio constrangido com um "É".

      O esclarecimento não tardou: a casa de Paulinho ficava vizinha da fábrica de sabonetes Phebo. O cheiro de rosas tomava conta do bairro todo. Rimos. O pessoal da casa fazia questão de usar outros sabonetes, de cheirar outros perfumes. Até hoje, quando calha de eu comprar um Phebo, me lembro do episódio.

      Mais tarde, soube que Paulinho tinha-se feito vereador em Belém. Quem me deu a notícia foi um entusiasmado Rovilson, companheiro de coordenação nacional da já referida UJS. Disse comigo: "Foi cumprir seu destino". No mesmo instante, pensei no primeiro Paulo e roguei a todos os ancestrais da luta do povo que olhassem por aquele cujo destino a cumprir não estava depositado a sete palmos do chão, mas a muitos anos no "futuro radioso dos povos".

      Hoje venho aqui renovar meu Amém.