Estando em Aracaju, Sergipe, aos dez, onze anos, discuti com minha mãe por não querer usar calças. Tava um calor de lascar e íamos a um passeio. Mãe, com a peça na mão, e eu, reclamando:

     – Mas tá muito calor! Por que tenho que vestir calça?

      – Veste logo isso, menino! – retrucava ela, com cada vez mais impaciência.

      – Eu quero ir de short…

      Quando ela fechou de vez a cara e me lançou aquele olhar inconfundível de tão terrível, vesti os panos. Fiz bico, cara de choro, mas vesti.

      Não percebi no ato – e nem poderia –, mas ali começou minha trajetória rumo ao homem. E ali mesmo começava minha resistência.