Morei numa cidade em que havia muitas Marias. Maria era minha tia, vizinha de dona Maria, e mais dia menos dia, nascia alguma Maria.

      Nas festas e casamentos, dançavam Maria e Maria. Nos velórios sempre havia – presente alguma Maria, uma Maria que chorava ou Maria que morria. Se Maria estava ausente, Maria estava doente ou foi visitar Maria. Quase não se podia, ser mulher sem ser Maria.

      Nas novenas era Maria quem puxava ave Maria, se Maria se cansava, outra Maria assumia. E Maria é quem dizia da Maria que batia no Marido que bebia, e de Maria em Maria, fez-se a fama do lugar, e Maria é quem me disse que esta história é estultice – "não é coisa pra contar".