Estava sempre ali. Imóvel. Sentada perto do fogão. Passaram-se os carnavais, baixavam os canaviais e ela estava sempre ali, sentada, se apequenando.

      Um dia lhe deram de presente um radio de válvulas que só funcionava duas vezes por dia – por causo – da interrupção no fornecimento de energia. A "voz do rádio" lhe encantava e tornou-se a sua pouca alegria até o dia em que morreu, sozinha, perto do radio despedaçado no chão, compondo uma história simples, fácil de ser narrada mas talvez difícil de ser compreendida.