– Vamo morrer hoje?

      – Hoje?!

      – É.

      – Eu e você?

      – É: eu e você mais os minino.

      – Ah, hoje não. Deixe pra morrer amanhã.

      – Olha que Noélia já foi.

      – Foi de quê?

      – Bala perdida.

      – Gosto não. Coisa mais sem graça.

      – É, mas sai na telévisão.

      – Lá isso é. Mas não paga a pena. Se é pra morrer, tem que ser uma coisa assim… mais emocionante. Acha não?

      – Pra mim tanto faz. Quero é ficar livre logo. Detesto pendenga. Se tem que fazer, tem que ser rapidinho. Senão, fico numa consumição que me acabo.

      – Ixe, que aperreio. Espere até amanhã, menina! Custa?

      – Queria aproveitar que terminei o serviço mais cedo, ué.

      – É que eu tenho uma prestação pra pagar, mulher. E depois tem a janta dos minino. Vão tudo de barriga vazia?

      – Então tá então: amanhã.

      – Combinado. Liliinha! Ô, Lilinha! Vem pra dentro, peste!