Muitos são os que não entendem o mar.
Titã sem respeito por nenhuma vontade,
é massa não moldável
e esconde sentidos que reluta em revelar.

Há que escrutá-lo.
Mergulhar fundo em seus segredos de abismos
e de lá emergir ciente de suas montanhas ignoradas.

Risco enorme:
e se, no encantamento do mergulho,
afogamo-nos na vastidão do silêncio líquido, abissal?
E se nos falham as bússolas?
E se o comando nos abandonar?

O mar é, de fato, encruzilhada:
caminho do se perder e do encontrar.
Que o digam os argonautas;
que o cantem os peitos nobres de navegar.