É possível a economia brasileira crescer com juros altos e com uma dívida externa que não pára de aumentar, mesmo sendo paga religiosamente? Essa é a pergunta que muitos brasileiros fazem ao ministro da Fazenda e ao presidente do Banco Central. Os dois teimam em dizer que sim. Mas a vida tem demonstrado que isso não passa de ilusão.

      Parece haver dentro do governo Lula duas formas de ver as coisas. Uma, é essa do Ministério da Fazenda, que quer um superávit primário elevadíssimo (sobrar dinheiro para pagar o FMI) e nem quer ouvir falar em aumento do salário mínimo. Outra, é a que a gente vê, por exemplo, no BNDES e na maioria da base parlamentar do governo, que quer destravar os investimentos e por dinheiro na produção, para gerar emprego e distribuir renda.

      De fato, a turma desenvolvimentista tem razão. A política macro-econômica que vem sendo aplicada é praticamente a mesma de FHC, que levou o Brasil à situação que vive hoje. Ela contém o crescimento econômico em nome do controle da inflação e do equilíbrio das contas do governo. No entanto, não faz nem uma coisa, nem outra.

      O preço dos produtos e dos serviços, todos sabemos, quem acaba dizendo se baixa ou sobe são os monopólios, as mega-empresas. O escândalo envolvendo a venda da Embratel é um exemplo: a Telefónica e a Telemar planejavam comprar a antiga estatal para monopolizar o mercado e ter o poder de reajustar as tarifas de telefone “pelo teto”, isto é: pelo valor mais alto. A maracutaia foi parar nos jornais e a Embratel, nas mãos de uma empresa mexicana. 

      Quanto às contas do governo, a gente sabe que enquanto não for resolvido o problema das dívidas externa e interna, elas vão continuar desequilibradas, o rombo nunca vai fechar e o país vai ficar sempre refém do FMI e dos EUA. O que se paga de juros impede que o dinheiro seja aplicado na produção e nos programas sociais.

      Dependente cada vez mais de dinheiro de fora, o país é obrigado a aumentar a remuneração do especulador para atrair capital externo. Isso desestimula a produção nacional e o investimento em novas tecnologias, faz cair o consumo e aumenta o desemprego.

      Portanto, resumindo a ópera toda, não haverá desenvolvi­mento enquanto a chamada política macro-econômica não mudar, certo?

      Alguém, pelamordedeus, pode explicar isso pro tonho que tem a chave do cofre?!