Alguns pedaços vão ficando no caminho, outros permanecem até secar. O ramo de lírio, todo avesso ao lirismo, encheu de bichos o compartimento da bolsa. Sobrou o movimento de estirar as mãos com o olhar e os lábios de "eu vou te amar pra sempre".

      A vida é assim (eu acho) — a coisa é uma, mas nunca é a mesma coisa. Daí vem que, em alguns casos, para dar conta de uma coerência interna, talvez seja necessário ter à mão uma frase de Nelson Rodrigues, ou próximo dela: "Se os fatos não comprovam as palavras, pior para os fatos".

      Não. Não é difícil preencher com a imaginação todo o enredo da história sugerida no primeiro parágrafo, mas, pra que não fique "faltando um pedaço", digo que eles foram felizes para sempre, ao tempo em que o lírio secou e a memória tornou-se cúmplice dos fatos — nunca mais se encontraram.