Bendita massa polar
O bafo gélido da Antártida
Tangeu a poluição do céu paulistano.
Então, veio esse raro-azul, mais
Belo que o manto de uma santa,
Mais puro do que uma fita
No cabelo de uma criança.
O céu parece que se vestiu
Com aquela antiga farda
Da escola´pública.
Os olhos, vitimados pela
Ditadura do cinza,
Se assustam com a limpeza do tecido celeste.
É como se São Paulo tivesse sido
Transportada para o Planalto Central,
Para o Nordeste onde
O azul do céu tem a agressividade das
Plumagens das aves silvestres.
As Delícias do Amargo & Uma Homenagem poemas – Adalberto Monteiro
Editora Anita Garibaldi, 2006
Adalberto Monteiro, Jornalista e poeta. É da direção nacional do PCdoB. Presidente da Fundação Maurício Grabois. Editor da Revista Princípios. Publicou três livros de poemas: Os Sonhos e os Séculos(1991); Os Verbos do Amor &outros versos(1997) e As delícias do amargo & uma homenagem(2007).