A carta – capítulo 16
– Argemiro, aonde cê vai, homem?
– Na oficina.
– A essa hora?
– O cara fecha tarde.
– Fazer o quê?
– Hoje eu descubro onde está internado Cabo Jorge.
– A oficina fica aonde?
– Santa Cecília, Lolinha. Por quê?
– Então o homem na Santa Casa.
– Ele tem convênio. Ia fazer o quê num hospital público?
– Santa Casa não é bem um hospital público. E lá tem o setor de convênio.
– Você é uma gênia Lolinha!
– Sou nada. Só penso antes de fazer.
– Tá me chamando de quê, Lolinha?
– De estabanado. Sossega. Amanhã cê vai lá.
– É, possa ser.
– Vem comer enquanto tá quente.
– Então bóra.
Enquanto mastiga a carne com arroz e feijão, Argemiro calcula o impacto de sua chegada no hospital e a cara do velho cabo de polícia:
– Eita, mundo réio! Que vai ser bonito!