Antes de ontem encontrei um amigo "das antigas" que aqui vou chamar carinhosamente de Perivaldo, por lembrança do personagem Peri, herói do romance O Guarani de José de Alencar, o qual dizem ter sido um dos fundadores do mito do brasileiro.

      Então, vinha o Perivaldo numa estica que só vendo, com seus quinze a vinte quilos a mais. O Perivaldo sempre foi um sujeito de palavriado radical, "tipo revolucionário", destes que botam a banca de quem sabe fazer a coisa certa. Vai daí que, papo vai e papo vem ele me contou que comprou um apartamento no litoral norte, condomínio fechado, muito seguro, uma porção de metros quadrados na boca da praia. Condomínio fechado Perivaldo? E não é aquele que bloqueou a passagem da praia? "É, mas a mulher é que escolheu… Sabe como é né?" (…). O papo continua e fico sabendo que o Perivaldo virou homem de governo (qualquer governo), apenas com o incômodo de se movimentar de uma função pra outra. "Sabe como é né?" (…).

      De repente, não sei por que, deu uma vontade louca de saber a posição do Perivaldo sobre a invasão e privatização de trechos do lago Paranoá em Brasília. Então, o Perivaldo disse que era contra, mas, "se todo mundo tá pegando um pedacinho… Sabe como é né?" Não, não sei o "como é", e também não o sabe toda a grande aldeia dos aimoré.