Chega descendo o sarrafo. O primeiro a pegar porrada é Zezinho que, desperto pelo estilhaçar do vidro do Corsa em que trabalhava, posta-se diante de Argemiro em desafio. Esse, por sua vez, roda o pau com uma agilidade de idos quinze anos – não havia como ele quem manejasse tão bem o taco; abrira muita cabeça em contendas.

      Toninho vem lá de dentro para saber o que era aquilo. A oficina já está de pernas pro ar a essa altura; seus cinco funcionários no chão, sangrando ou gemendo de alguma luchação. Assim que vê Argemiro, arma-se com um cano de ferro e parte pra dentro do caos. Trocam golpes e contra-golpes. A primeira pancada pega Toninho nas costelas e faz saltar a barra de sua mão. A segunda atinge-o na nuca e ele tomba, desacordado.

      Argemiro segue em sua saga de arrebentar o mundo: invade o escritório e faz tudo em pedaços. Cumprida a missão a que se propusera, chega junto de Zezinho, que luta por conter a hemorragia no nariz:

      – Avise a esse cabra sem vergonho que, se quiser acertar um restinho de conta, que me procure. Tô esperando.

      Sai marchando em seu passo arretado, como que vestido num gibão.