– Por que ela faz isso, Alfredo? Agride todo mundo! Até quem quer ajudar!

      – Ela tem só quinze anos, Maria.

      – Isso não é desculpa, Alfredo! Não é desculpa!

      – Não se trata de desculpa. Parece que ela… é… arrastada pra isso. 

      – Ah, então a culpa é minha. 

      – Culpa? Não, culpa não. É que ela parece se revoltar com o fato de ninguém, nem mesmo você, conseguir penetrar no casulo de sentimentos que nem ela mesma sabe de que são feitos.

      Silêncio.

      – É. Saber-se só pra toda a vida não deve ser uma boa consciência mesmo. 

      – E falamos de cadeira, eu e você.

      – E temos, ambos, mais de 30.

      – Pois é.

      – E o que fazemos? 

      – Dormimos, cada qual no casulo de si, que amanhã é dia de branco.